Expresso, 09/02/07
Por: Micael Pereira
Ainda a monte, o militar rebelde acusado de tentativa de golpe, finta a Justiça e os políticos, refugiando-se nas montanhas
Com o seu inimigo Mari Alkatiri livre para se recandidatar a primeiro-ministro, o tempo corre a favor do major Alfredo Reinado, o líder militar dos rebeldes. Quem sabe o que fará e porque é que ninguém o captura?
Mais uma vez, o líder militar da rebelião contra as forças armadas timorenses em Maio do ano passado parece ter desaparecido do mapa sem deixar rasto, fugindo ao controlo dos militares australianos. As informações mais recentes da ONU revelavam que o major Reinado se encontrava em Ermera, duas horas a oeste de Dili, cercado por tropas australianas.
Rste facto foi desmentido por várias fontes contactadas pelo Expresso, que garantem que, nos últimos dias, o rebelde terá abandonado o local, acompanhado pelo seu grupo de centenas de homens armados.
“Neste momento, só sabemos que saiu desta zona. Desconhecemos o seu paradeiro e deixámos de ter forma de o contactar, por razões de segurança”, confessa, a partir de Ermera, o major Marcos Tilman, um dos responsáveis militares pelo movimento de 600 desertores do Exército que estiveram na origem do caos político em Timor que lavaria à resignação do ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri.
Há duas teses em Dili para explicar o estatuto de intocável concedido a Reinado. A primeira, e a mais sólida entre os simpatizantes da Fretilin, é de que tem a protecção do Presidente Xanana Gusmão e dos australianos, servindo como ponta-de-lança contra Alkatiri, numa guerra pelo poder.
A segunda teoria é menos conspirativa e mais lógica: é difícil perceber qual o alcance do apoio popular ao major foragido, mas ninguém parece disposto a descobrir isso da pior forma, já que os peticionários (como são conhecidos os 600 desertores do Exército) e uma boa parte dos loromunos (timorenses dos distritos mais ocidentais) vêem nele um herói e um líder.
A longa e evidente impunidade de Alfredo Reinado tem causado estranheza nos juízes internacionais destacados para o país. “O seu caso está a pôr em risco o sistema judicial e o Estado de direito em Timor”, lamentou um dos magistrados ao Expresso. Nenhum dos contingentes policiais ao serviço das Nações Unidas tem ordens para cumprir o mandato de captura emitido em nome do antigo comandante da Polícia Militar, dede que ele se evadiu da prisão de Becora, a 30 de Agosto do ano passado, com mais 56 homens.
Cláudio Ximenes, presidente do Tribunal de Recurso – o equivalente ao Supremo Tribunal da Justiça português -, limita-se a constatar que o Ministério Público não concluiu o inquérito-crime sobre as mortes provocadas pelo major e pelos seus homens, num ataque contra uma coluna do Exército. Prefere não comentar um alegado acordo que Reinado terá assinado com o procurador-geral da República, Longuinhos Monteiro, em que o major escolheria o tribunal e responderia apenas pelo crime de posse ilegal de armas.
Para já, a verdade é que os políticos têm preferido mantê-lo solto a ir buscá-lo às montanhas.
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segunda-feira, fevereiro 12, 2007
O intocável Alfredo Reinado
Por Malai Azul 2 à(s) 01:44
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
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