domingo, junho 25, 2006

São seis e trinta e oito

Amanhã de manhã está prevista a reunião do Comité Central da Fretilin e Ana Pessoa chega de Bali.

Até já.

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7 comentários:

Anónimo disse...

Boa madrugadaa.... já boa manhã para todos os que estão em Timor que aquisão muito poucos obviamente.

Sigam a leitura deste blog desde o seu início e tirem a ilações que cada um tirar.

Acabo de entrar aqui e deparo-me com este post.

Diz o post "São seis e trinta e oito", na datação do mesmo são ainda, quando foi introduzido 06h10... pode ser um desacerto de hora.

Não li nenhum post ainda abaixo ou qualquer comentário também abaixo após a última vez que aqui vim.

Se fizer como qualquer pessoa ficar-me-ei por aqui, se não for, e devem ser bastante irei por aqui a baixo para tentar perceber afinal o que andam para aqui a escrever.

Ora vamos lá.... até já. Eu avisei que era chato mesmo.

Por Timor-Leste sempre! E não é o A, B ou C...

Anónimo disse...

Timor: de exemplo para o mundo a sonho adiado?
Com tudo aquilo que se tem passado em Timor recentemente, passará aquela jovem nação de exemplo de sucesso no âmbito das acções de paz e desenvolvimento das Nações Unidas a um sonho frustrado? Não quero acreditar nisso, por razões que explicarei, das quais a primeira fica já explicitada: sou desde o início dos anos 90 um defensor da independência de Timor (antiga colónia portuguesa com uma história e identidades próprias), quando ainda muitos fechavam os olhos ao genocídio que, desde a invasão em 1975, a Indonésia perpetrava contra aquele pequeno e indefeso povo, apoiada sobretudo pelos Estados Unidos e pela Austrália. Em 1999, depois de um acordo entre Portugal e a Indonésia, sob a égide da ONU, que lhes dava a possibilidade de escolherem entre uma autonomia na Indonésia ou a independência, foram muitos os povos que estiveram ao seu lado (com os portugueses a mobilizarem-se de forma inédita), especialmente quando escolheram ser livres e foram massacrados numa estratégia maquiavélica dos militares indonésios com a conivência, até à última hora, de velhos comparsas.
Hoje, ao ver o que se passa na Ilha do Crocodilo, sou obrigado a recordar essas antigas contrariedades a que estiveram sujeitos. Porém, actualmente há muitos fazedores de opinião (inclusive portugueses) que defendem a tese de que o problema nada tem que ver com agentes externos e que a estratégia dos timorenses é sempre a mesma: não assumem a responsabilidade pelos seus problemas e disparam num qualquer inimigo externo. Nada mais ridículo!
Dir-me-ão que a actual situação é diferente porque o problema agora é entre timorenses apenas – de acordo. Mas é preciso ver que não falta quem se esteja a aproveitar dos problemas normais, tendo em conta as circunstâncias históricas, deste Estado jovem e incipiente, para tirar daí benefícios.
Timor passou por mais de 400 anos de colonização portuguesa e por 24 de opressão indonésia. Quer num quer noutro período não houve desenvolvimento estruturado, não houve formação de quadros técnicos, não houve educação, não se deu aos timorenses capacidade de decisão dos seus destinos! Agrava-se o cenário com toda a violência física e psicológica arquitectada para aniquilar a identidade e desejos independentistas dos timorenses. Após o referendo, com a colaboração das nações “amigas”, sob o chapéu internacional da ONU e dos seus profissionais da solidariedade, começou a difícil tarefa de construir um Estado a partir do zero, nomeadamente recrutando e formando os futuros quadros da administração pública, um exército, uma polícia, um governo transitório, e definindo as linhas orientadoras que traçariam a forma do futuro país. A tarefa, dados múltiplos condicionalismos, não era fácil. Terá havido bons exemplos da ajuda externa, com toda a certeza, mas houve bem mais ingerências excessivas, descontextualizadas e sem respeitar a vontade local, além de milhões e milhões de dólares (grande parte com sotaque português) deitados ao lixo em elevados vencimentos de funcionários que nada fizeram ou fizeram muito mal – nada de novo, diga-se de passagem. A frágil saúde do país recém formado, quando foi abandonado pelas Nações Unidas, contra a maioria das opiniões, incluindo a do Secretário Geral, sobretudo no que diz respeito à segurança interna, deu nisto. Não sendo esta a causa de todos os actuais problemas, certamente responsabilidade dos próprios timorenses, foi pelo menos uma boa “ajuda”.
Tendo vivido 3 anos em Timor, numa intensa relação com as pessoas (locais e estrangeiros), pude, além do que já sabia de leituras antigas, constatar as dificuldades inerentes à criação de um país livre, democrático e desenvolvido. Um dos países mais pobres do mundo, senão o mais pobre, procurando a sua identidade, com múltiplas divisões internas (mas não simplistas entre Lorosae e Loromonu, como agora se quer fazer crer; está criado um novo problema), que muita gente quer explorar para reinar.
Para a Austrália – e seus amigos –, que considera Timor o seu backyard, o problema de Timor é o seu primeiro-ministro Mari Alkatiri, que, nas palavras do seu homólogo, não sabe governar!
O governo – Mari já o admitiu – foi autista, deixou crescer um problema real dentro das forças de segurança, nem sempre ouviu o povo como devia, é um facto. Cometeu, entre outros, o erro grave de desvincular das FDTL cerca de um terço dos militares, abrindo, a par com o desemprego jovem e a pobreza generalizada, uma enorme brecha na sociedade timorense. A Fretilin, partido histórico no poder (ganhou as eleições com 54% dos votos em 2001), tem esquecido que na cultura timorense não funciona nada bem a máxima “the winner takes it all”. Os timorenses, e bem, não gostam que se ignore o perdedor, para não dizer que não gostam de modelos em que há perdedores, preferindo que todos saiam vencedores, contando com o contributo de todos para a construção dos seus ideais. Mas será isto suficiente para explicar o que se está a passar? Não!
Além disso, há eleições democráticas no próximo ano – porque não esperam os que querem opções diferentes? Porque há interferência externa – basta ver a campanha de intoxicação na imprensa australiana afecta ao governo – procurando usufruir da instabilidade ou instigando-a. O maior interessado é a Austrália e a sua política de polícia da região, assim como de domínio sobre os recursos naturais nela inscritos, caso do petróleo timorense – tudo isto com o apoio dos americanos! Não é despicienda para o caso a excelente negociação sobre a exploração do petróleo que Mari Alkatiri conduziu com sucesso, bem mais favorável aos interesses timorenses do que estava previsto, nem a sua clara opção pelo Português como língua oficial, criadora de identidade própria, nem ainda a sua não subserviência a interesses externos, venham de onde vierem. Curiosamente, o governo que acusam de não saber governar, ainda em Abril foi elogiado pelo Presidente do Banco Mundial: «Em poucos anos, o povo de Timor-Leste construiu das cinzas e destruição de 1999 uma economia funcional e uma vibrante democracia ». Do mesmo modo, a Comissão Europeia acabou de atribuir, a 19 de Maio, para o desenvolvimento das zonas rurais, 18 milhões de euros, tendo em conta que «desde a independência, em Maio de 2002, Timor-Leste tem feito progressos notáveis com vista à construção de um país forte e bem governado». Como diria um notável aveirense, e esta hein?
Para concluir, aquilo que mereceria uma abordagem bem mais completa, impossível pela escassez de espaço, pode dizer-se que o povo de Timor tem razões de queixa diversas (cabendo parte à governação), mas que só com a exploração externa das suas fragilidades e cobertura encapotada a revoltosos e bandidos comuns, somadas a silêncios e conivências internas, pode acontecer aquilo que nos é dado ver. É triste, porque como pude verificar no terreno – ninguém me disse -, os timorenses são um povo bom e não merecem isto!

No Pantalassa
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Um abraço,
Rui

Anónimo disse...

Então, não dizem nada?! Ainda estão a dormir, ou quê?

Foram pra sede da Fretilin, à cata de notícias frescas?
Vá lá, venham daí essas notícias que amalta quer saber o que se passa. Ou não passa nada?!

Anónimo disse...

mas, o que é isto? Já passa das 10 e meia e o Malai Azul não dá sinal?

Já sei, foi participar na reunião do CC da Fretilin!

Está descoberto o mistério da tua identidade!!!!

eh eh, agora foste apanhado!...

Anónimo disse...

"Se for preciso, Díli fica cheia de gente da Fretilin"

NQue soluções vão estar em cima da mesa na reunião da Fretilin?

A Fretilin é um partido grande, há muitas possibilidades. Tudo está em aberto, a discussão é aberta e livre, o Comité Central escolherá a melhor.

Alkatiri já disse que aceitará a demissão, se o comité central o decidir...

Mari Alkatiri não aceita nada. Mari foi eleito pelo partido, portanto respeitará a decisão do Comité Central. Não é uma questão de aceitar ou não. Ele tem de cumprir as decisões do partido.

Quer comentar a declaração do Presidente?

Foi, de facto, muito dura. Fala de toda a história, de toda a luta que foi feita pela Fretilin, e por ele também, de toda a luta que tivemos nas montanhas contra a Indonésia. Ele sobreviveu, e foi a Fretilin que o nomeou para liderar a luta. Fiquei triste com algumas coisas que ouvi.

Qual é a intenção do Presidente?

O que o Presidente quis fazer foi convencer os nossos militantes a virarem-se contra a liderança da Fretilin. Mas não vai conseguir, vai ser muito difícil.

Quando esteve com Xanana, falou da declaração?

Ele disse-me que tinha de ser assim, que tinha de dizer as coisas abertamente. Eu respondi-lhe que só queríamos uma solução sem violência e que respeite a Constituição. Depois, pedi-lhe tempo para reunir o Comité Central e tomarmos a nossa decisão.

Este movimento é organizado?

É sistematizado, passo a passo. Tudo está a ser feito para provocar a demissão do Governo. Não é de hoje.

E se a pressão aumentar?

Chega a um ponto que não toleraremos. A qualquer momento a Fretilin pode encher Díli com 50, 60 mil manifestantes. A qualquer momento, sem violência reivindicando a nossa vontade política.

Isso seria uma situação explosiva...

Não acredito. Estes que andam por aí são miúdos, certamente recebem dinheiro ao fim do dia, recebem gasolina para os carros e comida. Hoje estranhei que alguns desses jovens levam bandeiras da Austrália.

Vão convocar uma manifestação?

Não. Vamos ver o que vai acontecer. Não queremos confrontos, estamos a tentar uma solução no quadro da legalidade democrática. Mas se for preciso, a qualquer momento, Díli estará cheia de manifestantes da Fretilin.

Sente-se seguro em sua casa?

Eu tenho seguranças em minha casa, mas aqui no bairro do Farol, onde vivem muitos ministros, não há australianos, quase nenhuns. Vão passando blindados, mas quando passam os manifestantes, já não se vêem blindados.

E a questão da distribuição de armas?

O que posso dizer é que a Fretilin nunca distribuiu armas a ninguém, e eu nunca permitiria uma coisa dessas. Só não percebo como é que há uma acusação tão grave contra o ex-ministro, que fica preso, e os homens que receberam as armas discursam ao lado do Presidente. JPF
a véspera de uma reunião que pode revelar-se decisiva para o partido e para o Governo, o presidente da Fretilin falou ao DN, na sua casa em Díli. Lu-Olo considera que se está perante um movimento organizado, passo a passo, para provocar a demissão do Governo e que Xanana pretende virar os militantes do partido contra a sua direcção.

Fonte: DN

Anónimo disse...

Como estão as coisas? Não há novidades? Há intervalo para almoço?

Anónimo disse...

"A qualquer momento a Fretilin pode encher Díli com 50, 60 mil manifestantes"

Esta muito mal. de 200,000 para 50-60,000 e muita fruta (perdida).
Afinal o povo esta realmente com Xanana!

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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