A demissão de Mari Alkatiri desbloqueia a actual situação, felizmente, mas não resolve a crise timorense. Quanto a isso não haja ilusões.
O epílogo -- ou talvez não... -- terá lugar nas próximas eleições legislativas, que ocorrerão em 2007 se se mantiver o actual calendário eleitoral.
Nessa altura, Xanana Gusmão terá de se empenhar pessoalmente na campanha eleitoral para as eleições legislativas, apoiando de forma clara, um partido, um programa e um candidato a Primeiro-Ministro.
Pura e simplesmente, Xanana Gusmão não pode deixar ganhar a FRETILIN.
Dito isto, os perigos são óbvios: Xanana Gusmão corre o risco de a FRETILIN voltar a ganhar, o que tornaria a sua situação pessoal e política muito complicada.
A procissão ainda vai no adro.»
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domingo, junho 25, 2006
Por Malai Azul 2 à(s) 22:34
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
4 comentários:
Deste blog português tomei a liberdade de trazer para aqui este post:
http://puxapalavra.blogspot.com/
TIMOR-LESTE ou a difícil criação de um Estado
A longa mensagem dirigida por Xanana Gusmão ao “ao Povo Amado e Sofredor e aos Líderes e Membros da FRETILIN” em 22 do corrente mês, disponível aqui, é um documento que acentua a imagem de completa inadequação do herói da resistência timorense às suas funções de PR. Só lido. É um longo repositório de quezílias antigas que vêm desde a resistência, passa pelas emigrações, por conversas pessoais, palpites, ajustes de contas, frustrações, arrogância, acusações tremendas, e total desprezo pelo Estado de direito.
Apela a que os
“Espíritos e Antepassados, levantem-se para olhar por este povo! Ossos que estão espalhados por todos os cantos, ponham-se de pé, Sangue que foi vertido por todos os cantos, juntem-se de novo para ver aqueles que querem estragar o povo, que querem ver o povo sempre a sofrer, que querem ver o povo sempre a morrer.
Mostrem-se, mostrem a vossa força! O vosso filho está aqui, que vos implora, para olharem por este Povo, para libertar este Povo do jugo dos sedentos de sangue."
Segundo opinião de alguns Xanana Gusmão tendo sido o heróico chefe de guerrilha e objecto de todos os carinhos nunca conseguiu aceitar a situação de não ser o centro do poder e das atenções no novo regime democrático, que deixa poucos poderes ao PR. O despeito e a falta de estatura política estarão na base dos actuais desenvolvimentos num pano de fundo da grande fragilidade das estruturas de um Estado nascente e de poderosos interesses ligados ao petróleo e gás natural que esbarram na falta de "colaboração" do Governo.
A mensagem referida não é apenas uma mensagem “inadequada”de alguém que perdeu o sentido de Estado. Parece ser o acto culminante de um processo golpista para o derrubamento do poder legalmente constituído.
Não é possível, apenas com os dados que são públicos, conhecer os complexos meandros da crise. Nem avaliar os erros e imprudências do Governo. No entanto o que parece é que Xanana não tem capacidade para ser sequer o promotor e estratego do golpe. Parece antes alguém manipulado que aproveita a situação.
Xanana não presta apoio institucional ao Governo que expulsa 600 militares insubordinados (erro de avaliação de forças por parte do Governo) e que comandados pelo major “australiano” exigem a demissão de Mari Alkatiri com ostensivo aplauso dos media australianos. Xanana pelo contrário junta-se a estes e a alguns opositores do Governo no apoio aos revoltosos. Simultaneamente surge o tiroteio e terror que lança a população da capital em fuga para a montanha, incendeia e destrói edifícios governamentais, ataca ou ameaça residências de membros do Governo incluindo a do Primeiro Ministro. Não se sabe quem nem a mando de quem. Xanana que faz? Dá apoio institucional ao Governo? Não, acusa-o de responsável pelo caos e recebe uma delegação duma manifestação que pede a cabeça do 1ºM e entre abraços e tiradas populistas pede-lhes para não incendiarem mais casas.
A sua Mulher australiana repete semana após semana para os media do seu país que o 1ºM ou se demite ou é demitido.
Depois fala-se de um esquadrão da morte armado pelo ex-ministro Rogério Lobato para matar os dirigentes desafectos ao 1ºM. Xanana confirma mas o chefe do dito esquadrão da morte não só não mata ninguém (felizmente) e a única coisa que faz é aparecer junto de Xanana a denunciar a verdadeira ou inventada tramóia, a receber os seus abraços e ficar na fotografia da exotérica e populista mensagem de Xanana.
A cada atitude destemperada e golpista de Xanana assistimos, em entrevistas à Lusa e à comunicação social internacional, a um 1ºM calmo, a denunciar o golpe, a procurar entendimentos com o PR e a manter o respeito pela legalidade.
O Governo pode ter muitas culpas no cartório, mas foi elogiado pelos países doadores e até, pasme-se pelo Banco Mundial, pela gestão honesta dos recursos doados e de, com a Noruega, ser o exemplo internacional da transparência nas negociações do petróleo.
No Causa Nossa Ana Gomes tem uma opinião muito diferente desta. [Link].
No blog Timor-online:
“Exemplos de projectos concretos em Timor-Leste e abortados pelo golpe de EstadoEssa é que é essa o investimento estava a bom ritmo, havia um interesse crescente dos investidores estrangeiros no país. estava à beira de instalação de fábricas várias - indústria conserveira de peixe, de marisco, componentes electrónicos para diversos fins, entre outras actividades. Tudo isto junto traria milhares de postos de trabalho, imensa formação profissional e muita capacitação nacional. (o texto completo link)”
Também em Timor-online
“b) [Xanana Gusmão] Despiu-se definitivamente do seu papel de Chefe de Estado para se deixar enrolar na teia da animosidade, do ressaibo, do rancor, da aversão, do ódio, e do ressentimento de que resultou uma Declaração 'Presidencial' à Nação em que o Chefe do Estado de Timor-Leste se 'abstrai' da existência do Estado, sai da esfera do Estado, para se concentrar e para limitar-se à esfera do pessoal e do mesquinhoc) Apela emocionalmente ao fim da violência ... para se dirigir ao ‘Povo’ afirmando com voz trémula que “ganhámos a guerra!”. (texto completo link) .
# posted by Raimundo Narciso @ 02:02
E doutro blog português vai outro texto;
http://abrangente.blogspot.com/
AI, TIMOR...
Aconselhado por John Howard (Austrália), Yudhoyono (Indonésia), pelo
bispo de Bacau, e possivelmente por Lisboa, Xanana Gusmão disse que já não
se demite. Admira-me que Xanana não tenha cidadãos timorenses capazes de
o aconselharem, quando se trata de avaliar uma situação de crise. Um político, ainda que seja um presidente, precisa sempre de bons conselheiros, por forma a avaliar as variáveis políticas sempre que há que tomar uma decisão. O que aconteceu com a ameaça de Xanana, dizendo que se demitia, se Mari Alkatiri não renunciasse ao cargo de primeiro-ministro, foi uma chantagem, um sinal de fraqueza, e de falta de traquejo político. Numa situação destas, Xanana não devia "ouvir" aqueles que defendem um "golpe palaciano", devia ir para o terreno, a Maubisse, Ermera, Ailéu... falar com o povo, e não apenas com os peticionistas que estão armados e acantonados numa região rica em café, e que parece ser uma região independente de Timor, onde quem manda são os "coroneis e jagunços".
E deste outro blog portugu^^es deixo o link aos comentários que são o mais interessante:
http://grandelojadoqueijolimiano.blogspot.com/2006/06/sobre-o-que-se-passa-em-timor.html#comments
Sobre o que se passa em Timor
Quinta-feira, Junho 22, 2006
Tenho apenas duas perguntas:
- Quem é que vendeu a Timor as armas que andaram a ser distribuidas aos civis?
- A GNR foi reconvertida para guarda pretoriana?
Publicado por irreflexões às 12:37:00 PM.
Passei um tempo muito curto em Timor e tenho seguido as notícias sobre a crise timorense que em tão curto espaço de tempo já foi intitulada de, primeiro etnica, depois de má governação, depois económica, depois politica.
Até na designação a atribuir à CRISE não há consenso.
Na altura da minha curta passagem por Timor fiquei com a sensação que o Estado era artificial e as relações institucionais não eram mais do que relações pessoais de favores, de dívidas e de ódios adiados do tempo da resistência.
A minha sensação da altura torna-se hoje numa realidade dura e com graves custos para o desenvolvimento e soberania de Timor Leste senão vejamos:
O normal é que quem ocupa altos cargos de Estado mantenha uma relação institucional e cuidada com a imprensa.
Em Timor são de carácter permanente e quase diárias as intervenções de elementos dos vários orgãos de soberania na imprensa.
Este exagero leva a que se tenha estabelecido uma cultura de não diálogo institucional, como é normal, transportando para fora do Estado os conflitos e desacordos o que leva à pessoalização das Instituições.
Então deixam de existir a Presidência da República, o Governo e o Parlamento Nacional como orgãos de soberania e passam a ser o Xanana Gusmão, o Mari Alkatiri e o Lu-Olo.
É esta cultura que levou o Estado Timorense à situação actual e por isso o mundo assiste a um discurso não do Presidente da República mas sim do guerrilheiro Xanana Gusmão em pleno braço de ferro não com o Primeiro Ministro mas sim com Alkatiri.
Uma oposição que diz que vai entregar as "chaves" de orgãos de soberania a Xanana Gusmão, não o Presidente da República mas o lider em quem confiam.
Um Procurador-Geral que afirma publicamente que matou pessoas, violadores da lei, desertores do exército a serem tratados como figuras de destaque nacional.
É o caos institucional e o funcionamento à margem de uma lei que não conhecem e por isso é artificial.
Timor vive o clima de um povo que é gerido não por orgãos de soberania mas sim por uma espécie de guerrilheiros em tempo de ajuste de contas.
E o povo, o povo timorense em nome de quem todos dizem actuar está esquecido nos campos de refugiados.
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