domingo, junho 25, 2006

Entrevista DN a Francisco Lu'Olo

DN
25.06.2006

Na véspera de uma reunião que pode revelar-se decisiva para o partido e para o Governo, o presidente da Fretilin falou ao DN, na sua casa em Díli. Lu-Olo considera que se está perante um movimento organizado, passo a passo, para provocar a demissão do Governo e que Xanana pretende virar os militantes do partido contra a sua direcção.

"Se for preciso, Díli fica cheia de gente da Fretilin"

Que soluções vão estar em cima da mesa na reunião da Fretilin?

A Fretilin é um partido grande, há muitas possibilidades. Tudo está em aberto, a discussão é aberta e livre, o Comité Central escolherá a melhor.

Alkatiri já disse que aceitará a demissão, se o comité central o decidir...

Mari Alkatiri não aceita nada. Mari foi eleito pelo partido, portanto respeitará a decisão do Comité Central. Não é uma questão de aceitar ou não. Ele tem de cumprir as decisões do partido.

Quer comentar a declaração do Presidente?

Foi, de facto, muito dura. Fala de toda a história, de toda a luta que foi feita pela Fretilin, e por ele também, de toda a luta que tivemos nas montanhas contra a Indonésia. Ele sobreviveu, e foi a Fretilin que o nomeou para liderar a luta. Fiquei triste com algumas coisas que ouvi.

Qual é a intenção do Presidente?

O que o Presidente quis fazer foi convencer os nossos militantes a virarem-se contra a liderança da Fretilin. Mas não vai conseguir, vai ser muito difícil.

Quando esteve com Xanana, falou da declaração?

Ele disse-me que tinha de ser assim, que tinha de dizer as coisas abertamente. Eu respondi-lhe que só queríamos uma solução sem violência e que respeite a Constituição. Depois, pedi-lhe tempo para reunir o Comité Central e tomarmos a nossa decisão.

Este movimento é organizado?

É sistematizado, passo a passo. Tudo está a ser feito para provocar a demissão do Governo. Não é de hoje.

E se a pressão aumentar?

Chega a um ponto que não toleraremos. A qualquer momento a Fretilin pode encher Díli com 50, 60 mil manifestantes. A qualquer momento, sem violência reivindicando a nossa vontade política.

Isso seria uma situação explosiva...

Não acredito. Estes que andam por aí são miúdos, certamente recebem dinheiro ao fim do dia, recebem gasolina para os carros e comida. Hoje estranhei que alguns desses jovens levam bandeiras da Austrália.

Vão convocar uma manifestação?

Não. Vamos ver o que vai acontecer. Não queremos confrontos, estamos a tentar uma solução no quadro da legalidade democrática. Mas se for preciso, a qualquer momento, Díli estará cheia de manifestantes da Fretilin.

Sente-se seguro em sua casa?

Eu tenho seguranças em minha casa, mas aqui no bairro do Farol, onde vivem muitos ministros, não há australianos, quase nenhuns. Vão passando blindados, mas quando passam os manifestantes, já não se vêem blindados.

E a questão da distribuição de armas?

O que posso dizer é que a Fretilin nunca distribuiu armas a ninguém, e eu nunca permitiria uma coisa dessas. Só não percebo como é que há uma acusação tão grave contra o ex-ministro, que fica preso, e os homens que receberam as armas discursam ao lado do Presidente.

JPF

6 comentários:

Anónimo disse...

"O que posso dizer é que a Fretilin nunca distribuiu armas a ninguém, e eu nunca permitiria uma coisa dessas. Só não percebo como é que há uma acusação tão grave contra o ex-ministro, que fica preso, e os homens que receberam as armas discursam ao lado do Presidente". Isto que o Presidente do Parlamento Nacional, Francisco Lu'Olo disse é o maior libelo contra o Sr. Gusmão e os seus golpistas.

Anónimo disse...

Não percebo nada. A ver se percebo:

"... Lu-Olo, disse que durante os 24 anos, transportava a bandeira da FRETILIN no seu saco; talvez fosse verdade, porém eu nunca vi. Quando eu andava como membro do Comité Central da FRETILIN, fui até o centro do país para organizar de novo a resistência, eu lembro-me que ele, Lu-Olo, estava escondido em Builó. Talvez estivesse a tecer o saco para guardar a bandeira da FRETILIN. Lu-Olo diz também que quem abandonou a FRETILIN é traidor e não tem história. Palavras ocas sem sentido, porque se é traidor, eu sou o primeiro traidor, eu sou o maior traidor deste povo e desta terra. Deixei a FRETILIN para libertar a nossa terra e todo o nosso povo. Porque eu não matei a FRETILIN e continuo a respeitar a FRETILIN, assim Lu-Olo pode ser Presidente para ser o sábio que levanta primeiro o cartão no Parlamento Nacional, para a maioria seguir, votando contra ou a favor. Se eu me sentisse como traidor sem história, para regressar à FRETILIN, Lu-Olo nunca chegaria a ser Presidente da FRETILIN alguma vez. ..."

e ainda;

"... Perguntem ao Lu-Olo, porque é que mais tarde, tomou ele sozinho a Comissão Directiva da FRETILIN no mato. Não é porque Ma Huno e Mau Hodu foram capturados e Konis morreu? Neste mundo, algumas pessoas esquecem rapidamente os mortos que lutaram pela independência, pior do que isso, cospem para cima das suas campas. ..."

As citações são de Xanana Gusmão que recentemente escreveu o maior libelo que tenho visto, para a História assumida.

Anónimo disse...

estara anonimo a tentar expor qualquer contradicao? Nao a vejo.

Anónimo disse...

Mas entao a fretilin nao e o povo e o povo a fretilin? Sera que o Rogerio Lobato nao faz parte do povo ou da fretilin?
Nao destribuiu armas? vou ali e ja volto.

Anónimo disse...

É bom que se zanguem as comadres para se descobrirem a verdades!
Isto é velho, mas muito verdade!
Siga a marinha!

Anónimo disse...

"O que posso dizer é que a Fretilin nunca distribuiu armas a ninguém, e eu nunca permitiria uma coisa dessas. Só não percebo como é que há uma acusação tão grave contra o ex-ministro, que fica preso, e os homens que receberam as armas discursam ao lado do Presidente."

Para além de que quem recebeu as armas deveria estar a ser ouvido por um Juiz e não ao lado do Presidente da República pergunta-se:

Porque é que aceitou as armas se sabia que era ilegal?

Porque é que não foi de imediato ao Prsidente da República e à
Policia denunciar o Ministro do Interior?

Porquê só agora?!

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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