quinta-feira, junho 15, 2006

East Timor: when nation-building destroys

Spiked
Thursday 15 June 2006

Philip Cunliffe


On 14 June 2006, United Nations secretary-general Kofi Annan announced that UN peacekeepers had to return to East Timor, only a year after they were withdrawn. Nearly 2,000 Australian troops – more than the Australian force in Iraq – are already patrolling the streets of the capital Dili (1). They were called in to help restore order after the country began to spiral into strife earlier this year, following the sacking of striking soldiers.

By all accounts, the situation is grave. Over 100,000 people have fled Dili and scores have been killed in the unrest. Disturbing as it is, the violence alone cannot account for the level of attention that it has attracted, when compared with the situation in Iraq or Sudan. So what is it about this tiny Pacific state that makes it so important?

East Timor is one of the world’s newest states, having become independent on 20 May 2002. But what made this ‘independence’ different is that it was granted by the UN. From October 1999 to 2002, East Timor was ruled by a UN governor-general, Sergio Vieira de Mello (later killed in Iraq), as part of the United Nations Transitional Administration in East Timor. UNTAET was established after immense Western pressure on Indonesia to hold a referendum on East Timorese independence in August 1999.

UNTAET was widely hailed as an example of successful nation-building, as indicated by the fact that it was Vieira de Mello who was despatched to represent the UN in Baghdad. In addition, the arrival of an Australian-led intervention force in East Timor in 1999 was seen by many as a timely intervention to defend the Timorese from the wrath of retreating Indonesian forces.

East Timor was held up as a shining example of successful humanitarian intervention, in contrast to the perceived failure to react to the conflicts of the early and mid-1990s (notably Rwanda and Bosnia). ‘Never before has the world united with such firm resolve to help one small nation establish itself’, Kofi Annan proclaimed on the day the UN granted East Timor its independence. Only weeks before the conflict erupted earlier this year, World Bank President Paul Wolfowitz described the country as a ‘vibrant democracy’ (2).

The BBC’s Jonathan Head retrospectively admits the extent to which compassion for the Timorese infected the media coverage back in 1999: ‘Journalists are supposed to stay detached from their stories but, of course, that is a myth. Back in 1999 every journalist was gunning for [East Timor] during its heroic bid for independence. East Timor was unusual for a “country in crisis” story because of the extraordinary levels of sympathy it aroused ... it was a story which had a happy ending.’ (3) With the current TV pictures from Dili reminiscent of 1999, but with no Indonesians to revile, it seems that the foreign correspondents’ and international dignitaries’ picture-postcard ‘happy ending’ has gone horribly wrong.

Many commentators have claimed that the incompetence and divisiveness of the Timorese leadership are responsible for the crisis (4). In truth, the crisis exposes the failure of UN nation-building, and the emptiness of the independence that it purported to offer.

Jarat Chopra, head of district administration in the UNTAET operation until 2000, wrote: ‘The organisational and juridical status of the UN in East Timor is comparable with that of a pre-constitutional monarch in a sovereign kingdom.’ (5) Even after independence, the UN presence continued in the country ‘to provide assistance to core administrative structures critical to the viability and political stability of East Timor’ (6). The overweening power wielded by UN viceroy Vieira de Mello effectively stifled Timorese self-determination. In 2000, one of the key figures of the Timorese anti-Indonesian resistance, Xanana Gusmão, denounced the UN for building a ‘banana republic’ in Timor and for blaming Timorese leaders for problems that were entirely out of their control. Even as it wielded supreme power over Timor, UNTAET criticised the Timorese leadership for its authoritarianism (7).

Today, many analysts point to Timor’s grinding poverty as a cause of the current violence. But East Timor’s dependence on the international community is more than economic; it is political. The UN nation-building project in the country cultivated a leadership whose authority and power derived from their relationship with the international community more than it did from their own people. The end result is the bizarre spectacle of former guerrilla leaders like Timorese President Gusmão, who resisted the Indonesian army for decades, now pleading for foreign troops and the UN to re-occupy the country he fought so long to free (8).

East Timor now joins the growing list of societies wrecked by nation-building throughout the world: Iraq, Afghanistan, Kosovo, Haiti, Bosnia. The tragedy of East Timor brutally illustrates the futility of relying on external forces to win self-determination on one’s behalf.

Philip Cunliffe is co-convenor of the Sovereignty And Its Discontents working group. Email him at philip.cunliffe@kcl.ac.uk.

(1) BBC News, ‘Australia beefs up E Timor force’, 28 May 2006

(2) John Aglionby, ‘Back to square one’, Guardian, 6 June 2006

(3) Jonathan Head, ‘No happy ending for East Timor’, BBC News, 3 June 2006

(4) Linda Polman, ‘Trappings of State’, Guardian, 31 May 2006

(5) Jarat Chopra, ‘The UN’s kingdom of East Timor’, Survival 42:3, 2000, p.29

(6) See the UNTAET homepage

(7) See pages 140-142 in Simon Chesterman, You, The People: The United Nations, Transitional Administration, and State-Building (Oxford University Press, 2004)

(8) BBC News, ‘Gusmao “shaken” by E Timor unrest’, 14 June 2006

9 comentários:

Timor oan disse...

mais um BLOG, apesar de ser em inglês...

Timor oan disse...

esqueci-me de dar o link:

http://frenterevolucionaria.blogspot.com/

bgdo.

Anónimo disse...

Acrescido a isto os países em causa agradecem a ajuda prestada.

Anónimo disse...

E quando a classe politica é tão sensivel à manipulação, que não consegue afirmar as escolhas dos destinos nacionais em detrimento das suas escolhas pessoais, a destruição é total.

Anónimo disse...

Tradução:

Timor-Leste: quando a construção de nação destrói
Spiked
Thursday 15 Junho 2006

Philip Cunliffe


Em 14 Junho 2006, o SG da ONU Kofi Annan anunciou que capacetes azuis da ONU têm de regressar a Timor-Leste, somente um ano depois de terem sido retirados. Perto de 2,000 tropas Australianas – mais do que a força Australiana no Iraque – já estão a patrulhar as ruas da capital Dili (1). Foram chamadas para ajudar a restaurar a ordem, depois do país começar a espirolar em lutas mais cedo neste ano, no seguimento do despedimento de soldados em greve.

Em todas as contas, a situação é grave. Mais de 100,000 pessoas fugiram de Dili e algumas foram mortas nos distúrbios. Perturbador como é, somente a violência não pode ser contabilizada para o nível de atenção que tem atraído, quando comparada com a situação no Iraque ou no Sudão. Portanto o que é que há neste minúsculo Estado do Pacífico que o torna tão importante?

Timor-Leste é um dos mais novos Estados do mundo, tendo-se tornado independente em 20 Maio de 2002. Mas o que fez esta ‘independência’ diferente é que lhe foi doada pela ONU. De Outubro de 1999 a 2002, Timor-Leste foi governado por um governador-geral da ONU, Sergio Vieira de Mello (mais tarde morto no Iraque), como parte da Administração Transitória da ONU em Timor-Leste. A UNTAET foi estabelecida depois de imensa pressão Ocidental sobre a Indonésia para promover um referendo sobre a independência dos Timorenses do Leste em Agosto de 1999.

A UNTAET foi bastante aclamada como um exemplo de sucesso de construção de nação, como mostra o facto que ter sido Vieira de Mello que foi despachado para representar a ONU em Baghdad. Além de que, a chegada de uma força de intervenção liderada pelos Australianos em Timor-Leste em 1999 foi visto por muitos como uma intervenção oportuna para defender os Timorenses da violência das forças Indonésias retirantes.

Timor-Leste foi mostrado como um exemplo brilhante duma intervenção humanitária de sucesso, em contraste com os falhanços percebidos para reagir aos conflitos no meios dos anos 1990 (principalmente no Rwanda e na Bosnia). ‘Nunca antes o mundo se uniu tão determinado e tão firme para ajudar uma pequena nação a estabelecer-se’, proclamou Kofi Annan no dia em que a ONU concedeu a Timor-Leste a sua independência. Semanas antes de o conflito eclodir este ano, o Presidente do Banco Mundial Paul Wolfowitz descreveu o país como uma ‘democracia vibrante’ (2).

Jonathan Head da BBC retrospectamente admite a extenção da compaixão pelos Timorenses que infectou a cobertura dos media em 1999: ‘é suposto que os jornalistas se mantenham desligados das suas histórias mas, obviamente, isso é um mito. Em 1999 cada jornalista disparava por Timor-Leste durante o seu heróico lanço pela independência. Timor-Leste era uma história fora do vulgar de um “país em crises” por causa dos extraordinários níveis de simpatia que provocava ... foi uma história que teve um final feliz.’ (3) Com as correntes imagens da TV de Dili reminiscentes de 1999, mas sem os Indonésios a quem culpar, parece que a fotografia do postal de “final-feliz” dos correspondentes estrangeiros e dos dignitários internacionais, descaminhou horrivelmente mal.

Muitos comentadores denunciam que a incompetência e a divisão da liderança Timorense são responsáveis por esta crise (4). Na verdade, a crise expôs o falhanço da construção de nação da ONU, e o vazio da independência que se propôs oferecer.

Jarat Chopra, Chefe da administração de distrito na operação UNTAET até 2000, escreveu: ‘O estatuto da ONU em Timor-Leste é comparável com a dum monarca-pré -constitucional num reino soberano.’ (5) Mesmo depois da independência, a presença da ONU continuou no país ‘para providenciar assistência em estruturas administrativas fundamentais críticas para a viabilidade e a estabilidade política de Timor-Leste’ (6). O poder excessivo empunhado pelo vice-rei da ONU Vieira de Mello sufocou efectivamente a auto-determinação Timorense. Em 2000, uma das figuras chave da resistência anti-indonésia Timorense, Xanana Gusmão, denunciou a ONU por estar a construir uma ‘república de bananas’ em Timor e por acusar os líderes Timorenses por problemas que estavam inteiramente fora do seu controlo. Ao mesmo tempo que fora concedido o poder supremo sobre Timor, a UNTAET criticava a liderança Timorense pelo seu autoritarismo (7).

Hoje, muitos analistas apontam a extrema pobreza de Timor como uma das causas da violência corrente. Mas a dependência de Timor-Leste na comunidade internacional é mais do que económica; é politica. O projecto de construção da nação da ONU no país cultivou uma liderança cuja autoridade e poder deriva da sua relação com a comunidade internacional mais do que com o seu próprio povo. O resultado final é o espectáculo bizarro de antigos líderes de guerrilha como o Presidente Timorense Gusmão, que resistiu durante décadas às forças armadas Indonésias, agora a suplicar por tropas estrangeiras e à ONU para re-ocupar o país que ele tanto lutou para libertar (8).

Timor-Leste junta-se agora à lista crescente de sociedades arruinadas pela construção de nação através do mundo: Iraque, Afghanistão, Kosovo, Haiti, Bosnia. A tragédia da brutalidade de Timor-Leste ilustra a futilidade de se contar com forças externas para ganhar a auto-determinação em proveito próprio.

Philip Cunliffe é co-convenor do grupo de trabalho da Soberania e os seus Descontentes. Email him at philip.cunliffe@kcl.ac.uk.

(1) BBC News, ‘Australia beefs up E Timor force’, 28 May 2006

(2) John Aglionby, ‘Back to square one’, Guardian, 6 June 2006

(3) Jonathan Head, ‘No happy ending for East Timor’, BBC News, 3 June 2006

(4) Linda Polman, ‘Trappings of State’, Guardian, 31 May 2006

(5) Jarat Chopra, ‘The UN’s kingdom of East Timor’, Survival 42:3, 2000, p.29

(6) See the UNTAET homepage

(7) See pages 140-142 in Simon Chesterman, You, The People: The United Nations, Transitional Administration, and State-Building (Oxford University Press, 2004)

(8) BBC News, ‘Gusmao “shaken” by E Timor unrest’, 14 June 2006

Anónimo disse...

Esse novo blog e tao patetico que ninguem la vai. Blog da elite da fretilin sem duvida. consegue ser pior que o timor-online

Anónimo disse...

Não será antes uma outra frente da mesma coisa? Quer dizer a rectuaguarda. Tenham dó.

Anónimo disse...

"mais um BLOG, apesar de ser em inglês..."

Estão a perder o vosso tempo com esse vosso novo blog em inglês.

A discussão em inglês tem estado a desenrolar em todo o lado pelo mundo fora.

Infelizmente para vocês, fora do vosso controlo.

Anónimo disse...

Esta última fez-me realmente rir. Pelos melhores motivos. A esquerda ressaibiada é igual em todo o lado.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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