Por Paulo Rego e António Sampaio, da agência Lusa.
Díli, 07 Jun (Lusa) - O primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, afirmou hoje que já teria proposto eleições legislativas antecipadas para Timor-Leste se houvesse um quadro legal que permitisse a sua realização, dificultada também por problemas logísticos.
"Eu teria proposto eleições antecipadas. Se isto fosse um Estado com todas as instituições, com as leis eleitorais, seria o primeiro a propor eleições antecipadas", afirmou, numa entrevista à agência Lusa.
"Não posso fazer isso porque não existe lei, não existem as instituições. E mesmo se forem em Abril há já quem ponha em dúvida que consigamos organizar tudo até aí para realizar as eleições", sublinhou.
A proposta de lei eleitoral - trabalhada com base em ante-projectos elaborados por juristas portugueses - foi aprovada pelo governo no passado dia 27 Abril, estando ainda por agendar no Parlamento Nacional.
A proposta de lei prevê que o futuro parlamento de Timor-Leste terá apenas 65 deputados, eleitos por um círculo único nacional e que a conversão de votos em mandatos obedeça ao sistema de representação proporcional.
Sobre o seu papel no acto eleitoral, marcado para Abril de 2007, Mari Alkatiri apenas confirma que fará parte das listas de deputados: "O primeiro-ministro não se candidata, sai do partido vencedor. E a decisão será da Fretilin, mas para deputado serei naturalmente candidato.
Disso não tenho dúvidas".
A crise político-militar instalada em Timor-Leste, que levou ao pedido de ajuda a forças militares e policiais de Portugal, Austrália, Malásia e Nova Zelândia, é vista por Mari Alkatiri como o segundo acto de uma tentativa de derrube do seu Governo, iniciada em 2002.
"Tudo o que está a acontecer agora começou em Dezembro de 2002, mais ou menos com as mesmas reivindicações e com os mesmos grupos por detrás. O objectivo é realmente derrubar o Governo que foi eleito", afirmou.
"Tudo isto está a ser feito com esta agressividade, com esta violência, porque se quer evitar as eleições de 2007. Estavam convencidos que este Governo sofreria um desgaste terrível e que a Fretilin perderia as eleições em 2007", sublinhou.
"Mas as eleições dos chefes de suco, em 2004 e 2005, demonstraram o contrário. Num país como o nosso, ganhar eleições a nível comunitário é o indicativo claro de que o partido vai ganhar as eleições gerais", comentou o primeiro-ministro, número dois na hierarquia da Fretilin.
Mari Alkatiri rejeita liminarmente a hipótese de se demitir do cargo ou de o Presidente Xanana Gusmão dissolver o Parlamento.
"Se pedem agora um governo de transição para organizar as eleições, no futuro vão dizer sempre o mesmo.
O partido que ganhar as eleições, em vez de governar 5 anos, governa outra vez 3 ou 4 anos. Mas que país é este?", questionou.
A intenção dos seus opositores, argumenta Mari Alkatiri, é "ferir a imagem do governo", ganhando espaço para provarem o que valem antes do próximo acto eleitoral.
"Pensam eles que aparece um governo de transição, faz mais do que está a ser feito e prova que se fosse o governo da Fretilin não o teria feito. Pois se não fez em quatro anos como vai fazer num ano?", questionou.
A falta de investimento público e a recusa de endividamento externo é um dos argumentos mais utilizados pelos opositores da actual governação, num país com rendimento per capita inferior a 0,80 euros, com fortes carências ao nível das infra-estruturas e dos serviços estatais.
Mari Alkatiri reconhece agora a urgência em inverter a política de contenção.
"[Esta crise] Afastou bastante os potenciais investidores, por isso vamos aumentar muito o investimento público", frisou.
No documento com medidas políticas, sociais e económicas para a gestão da crise emitido na sequência da reunião do Conselho de Defesa e Segurança, liderado pelo Presidente Xanana Gusmão, e terça-feira avançado pela Lusa, há uma série de medidas previstas para a reconstrução do país.
O primeiro-ministro garante ter capacidade de resposta: "Reuni o gabinete de crise alargado para estudar o documento e tentar encontrar formas e mecanismos de execução do plano de acção. Penso que grande parte do que exige é possível executar".
"Em termos da reconstrução dos imóveis destruídos vai levar algum tempo. Não se pense que por milagre tudo renasce no dia seguinte. Agora, estamos determinados em avançar e vamos usar o dinheiro que temos não só para reconstruir, [vamos usá-lo] para construir bairros com melhor qualidade de vida para as populações", disse.
Lusa/Fim
quarta-feira, junho 07, 2006
Alkatiri queria eleições antecipadas mas diz não haver lei nem instituições
Por Malai Azul 2 à(s) 15:24
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
Sem comentários:
Enviar um comentário