The Australian
OPINION: Phillip Adams November 17, 2007
"Discussing reincarnation with the Dalai Lama," the President laughs, "I told him I didn't want to come back as a dog in East Timor."
He’s right. The Timorese are loving to their kids and kind to their cattle and pigs. But they neglect their dogs. There are multitudes of them, dingo-like, half starved and deeply suspicious of humans. There’s no wagging of tails when you make encouraging noises and they scuttle if you whistle. Roosters, on the other hand, are treated like royalty. They’re patted, pampered and taken for walks. All over the place you see men cradling them, stroking their feathers.
This is because cock fighting is a national sport. So I wasn’t surprised to see that President José Ramos-Horta had placed a large carving of angry roosters on the thatched roof of his new house. “Is that a symbol of East Timorese politics? The endless scrapping between the three of you? You, Mari Alkatiri and Xanana Gusmão?”
He laughs, acknowledging that politics here is very personal. Sometimes it seems totally, unhealthily focused on the three of them. Friendships and alliances between these heroes of the resistance continue to fluctuate wildly. All three have been prime minister during the first five years of Timor-Leste’s troubled independence, and two have been president. “Today a rooster, tomorrow a feather duster” doesn’t apply up here.
I’ve been intrigued by Horta (as the locals call him) for around 20 years – since way back when he was a nomadic diplomat representing a nation that didn’t exist, wandering the world with a battered suitcase, sleeping on floors or in fleapit hotels. While Xanana Gusmão led the insurrection against the Indonesians from caves in the mountains and later from a Jakarta jail, and a quarter or more of the population died in the struggle, Horta visited a hundred countries seeking help – and hung around the UN building in New York making a nuisance of himself.
I’d tell him the cause was hopeless. In 1975, when the Portuguese packed up and went home, East Timor was betrayed by both Henry Kissinger and the Whitlam government and given to Jakarta’s generals. Despite the ongoing slaughter Hawke and Keating ignored the Timorese and, shamefully, foreign minister Gareth Evans would dismiss the 1991 Dili massacre in a Santa Cruz cemetery as “an aberration”. This doubting Thomas saw the atrocity as a tipping-point. Cemeteries are where you bury the dead, not create the corpses. Around 300 kids were butchered there; hundreds more were hunted down and killed in the hospitals.
I visit Santa Cruz on our last day in Timor-Leste. Amid the masses of crumbling concrete tombs there’s a black metal cross memorialising the slaughter, surrounded by flickering candles and thousands of bouquets. Flowers as fresh as the memories. As I try to record the closing comments for my radio program Late Night Live, a constant stream of mourners arrive with more. Handed a fragile bunch by a sweetly smiling man, I find myself weeping as I place them with the others.
This “aberration” gave Horta a final chance to galvanise world opinion. The generals were driven out, burning the country from one end to the other in a final act of vengeance. Finally, just five years ago, Timor-Leste became a nation. Whereupon the Timorese turned on each other, and the fires blazed again.
Yet the three roosters – Horta, Xanana and Fretilin leader Alkatiri – convince me of their determination to end the violence and build a prosperous nation. Horta, joint winner of the 1996 Nobel Peace Prize, now acts as much like a pope as a president, wholly and holy appropriate in this Catholic country. By far the most popular of the three (certainly the least unpopular), he negotiates between the other two, stroking ruffled feathers and touring the country.
As we ride in a short motorcade through Dili – just three Toyota Prados – he waves in a fatherly fashion to the people. They wave back, giving the dazzling Timorese smile, many teeth stained from chewing betel nut. I tell him what we’ve heard in the remotest villages: “We are sick of war, death and arson. We want Horta to come, to talk and to listen.”
From guerilla war to graffiti war. Everywhere slogans brand Xanana a traitor. Yet when I talk to Alkatiri and members of Fretilin in the villages they back off the slander. When I tell a village leader that Xanana, who has given so much, is deeply hurt, she responds with: “He’s hurt, we’re hurt. It’s good that he’s hurt. But we still love him.”
With a little help from a new generation of leaders, the three roosters can fix Timor-Leste. The new Parliament is sitting and the budget debate is impressive. And the Timorese are a heroic and determined people. I leave believing that everyone can be happy in this beautiful country. Then the dogs will wag their tails.
sábado, novembro 17, 2007
Crow freedom
Por Malai Azul 2 à(s) 01:31
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
1 comentário:
Tradução:
Cacarejo de liberdade
The Australian
OPINIÃO: Phillip Adams Novembro 17, 2007
"Discutindo a re-incarnação com o Dalai Lama," ri o Presidente, "disse-lhe que queria regressar como um cão em Timor-Leste."
Tem razão. Os Timorenses amam os filhos como amam o seu gado e porcos. Mas negligenciam os cães. Há multidões deles, tipo dingos, meio esfomeados e profundamente desconfiados dos humanos. Não há abanar de caudas quando se lhes faz barulhos encorajadores e sentam-se se se lhes assobia. Galos, por outro lado, são tratados como realezas. São mimados, arranjados e levados a passear. Por todo o lado se pode ver homens a tratar deles, acariciando as suas penas.
Isto acontece porque a luta de galos é um desporto nacional. Por isso não fiquei surpreendido por ver que o Presidente José Ramos-Horta tinha colocado uma grande escultura de galos zangados no telhado de colmo da sua casa nova. “Aquele é um símbolo da política Timorense? A luta sem fim entre os três? Você, Mari Alkatiri e Xanana Gusmão?”
Ele ri-se, reconhecendo que aqui a política é muito pessoal. Às vezes, parece totalmente, focando-se de modo não saudável neles três. Amizades e alianças entre estes três heróis da resistência continuam a flutuar caprichosamente. Todos os três foram primeiro-ministro durante os primeiros cinco anos da independência problemática de Timor-Leste, e dois foram presidente. “Hoje um galo, amanhã um espanador de penas” não se aplica aqui.
Tenho andado intrigado com Horta (como os locais lhe chamam) desde há 20 anos – desde há anos atrás quando era um diplomata nómada a representar a nação que não existia, correndo o mundo com uma mala velha, dormindo no chão ou em hotéis de terceira. Enquanto Xanana Gusmão liderava a insurreição contra os Indonésios de buracos nas montanhas e mais tarde duma prisão de Jacarta e um quarto ou mais da população morria na luta, Horta visitou uma centena de países procurando ajuda – e pendurou-se à volta do edifício da ONU em New York tornando-se um chato.
Diria a ele que a causa não tinha futuro. Em 1975, quando os Portugueses fizeram as malas e se foram embora, Timor-Leste foi traído por ambos, Henry Kissinger e o governo de Whitlam e dado aos generais de Jacarta. Apesar da mortandade em curso Hawke e Keating ignoraram os Timorenses e, vergonhosamente, o ministro dos estrangeiros Gareth Evans haveria de descartar o massacre de Dili em 1991 no cemitério de Santa Cruz como “uma aberração”. Este desconfiado Tomás viu a atrocidade como um ponto menor. Cemitérios é onde se enterram os mortos, não se criam corpos. Cerca de 300 garotos foram massacrados lá; centenas mais foram perseguidos e mortos em hospitais.
Visitei Santa Cruz no nosso último dia em Timor-Leste. No meio das massas de túmulos de cimento a desmoronarem-se há uma cruz preta de metal que lembra o massacre, rodeada por velas a arder e milhares de ramos de flores. As flores são frescas como as lembranças. Quando me tentava lembrar dos comentários para encerrar o meu programa de rádio Late Night Live, chega uma fileira constante de dente de luto com mais. Com um ramo frágil na mão que me foi dado por um homem de sorriso doce, dei comigo próprio a choramingar quando o coloquei com os outros.
Esta “aberração” deu a Horta uma oportunidade final para galvanizar a opinião pública. Os generais foram corridos, queimando o país duma ponta à outra num acto final de vingança. Finalmente, apenas há cinco anos , Timor-Leste tornou-se uma nação. Depois disso, os Timorenses viraram-se uns contra os outros, os fogos foram outra vez acendidos .
Contudo os três galos – Horta, Xanana e o líder da Fretilin Alkatiri – convenceram-me da sua determinação em pôr fim à violência e construir uma nação próspera. Horta, vencedor conjunto do Nobel da Paz de 1996, age agora muito mais como um papa do que como um presidente, totalmente e santamente adequado neste país católico. De longe o mais popular dos três (de certeza o menos impopular), negoceia entre os dois, acariciando penas encrespadas e passeando pelo país.
Quando íamos numa curta caravana através de Dili – apenas três Toyota Prados – ele abana a mão num modo paternalista às pessoas . Elas saúdam de volta, com o surpreendente sorriso Timorense, muitos dentes escurecidos por mascarem nó de betel. Conto-lhe o que ouvi nas mais remotas aldeias: “Estamos cansados de guerra, mortes e fogos postos. Queremos que Horta venha, converse e ouça.”
Da guerra da guerilha à guerra dos graffiti. Por todo o lado slogans rotulam Xanana de traidor. Contudo quando falo a Alkatiri e a membros da Fretilin nas aldeias recuam na calúnia. Quando conto a uma líder de aldeia que Xanana, que deu tanto, está profundamente magoado, ela responde com: “Está magoado, está magoado, nós estamos magoados. É bom que ele esteja magoado. Mas ainda gostamos dele.”
Com uma pequena ajuda duma nova geração de líderes, os três galos podem consertar Timor-Leste. O novo Parlamento está empossado e o debate orçamental é impressionante. E os Timorenses são um povo heróico e determinado. Parto acreditando que toda a gente pode ser feliz neste belo país. Então os cães abanarão as caudas.
Enviar um comentário