terça-feira, junho 19, 2007

Mau Laka: “Ao Grupo FRETILIN-Mudança Falta Coerência Política”

Jornal Nacional Semanário - 17 de Junho de 2007

O ex-assistente político do Comissariado Político “Cascol”, Mau Laka, afirmou que o grupo da FRETILIN-Mudança não tem coerência política. Se camaradas como Victor da Costa, Egídio de Jesus, Vicente Maubocy e José Luís Guterres têm declarado que continuam a permanecer na FRETILIN, de certeza que devem continuar a defender a FRETILIN, apesar das várias facções dentro da FRETILIN.

“Em vários países, por exemplo na governação do ex-Primeiro-Ministro português, António Guterres, havia facções e assim também no Governo do actual Primeiro-Ministro, José Sócrates, acontece o mesmo”. Aqui, na liderança do ex-Primeiro-Ministro, Mari Alkatiri, o Governo da FRETILIN também devia ter facções. Numa delas poderiam estar envolvidos Vítor da Costa, Egídio de Jesus, Vicente Maubosy e José Luís Guterres.

“Portanto, se os camaradas desejarem uma mudança dentro da FRETILIN, não significa que devem abandonar a FRETILIN, a questão é antes realizar um Congresso Extraordinário. Se, no Congresso Extraordinário, o grupo da FRETILIN-Mudança vencer faremos uma mudança dentro da FRETILIN”, advertiu o ex-assistente do Comissariado Político “Cascol” ao JNDiário, no seu escritório, quarta-feira (6/6).

Mau Laka continua, questionando-se que “só porque há facções dentro da FRETILIN querem abandonar a FRETILIN, gritar lá fora e filiar-se em outros partidos políticos? Onde está então a nossa coerência política? Os camaradas saíram da FRETILIN mas continuam a designar-se como FRETILIN. Qual FRETILIN? Isto significa que estamos a levar os militantes como um rebanho de ovelhas que apascentamos e depois metemos num curral. Portanto os camaradas que se denominam como grupo de FRETILIN- Mudança não têm coerência política”, declarou.

“Se tivessem coerência política, não teriam abandonado a FRETILIN para se juntarem ao CNRT a fim de derrubar a FRETILIN. Onde está a coerência política? A FRETILIN é um partido político histórico que não será destruído com a saída dos camaradas que se juntaram ao CNRT”.

Por outro lado, avisou que “esses camaradas não estão conscientes de que ao derrubarem a FRETILIN os militantes que os seguirem irão permanecer no CNRT. E quando desejarem regressar à FRETILIN não haverá militantes para realizar congressos porque estarão todos no CNRT. Não vamos gritar e após a vitória do CNRT ter posições de Secretário de Estado, Ministro ou Director enquanto deixamos o povo a desenrascar-se sozinho nas suas vidas. Então, não somos políticos. Somos políticos mas não vamos utilizar a política para brincar e procurar os nossos interesses. Como políticos temos de defender o povo”, destacou o ex-assistente do Comissariado Político “Cascol”, Mau Laka.

“Os camaradas dizem que saem da FRETILIN por desgostos com o Secretário-Geral, Dr. Mari Alkatiri, citado como a FRETILIN-Maputo. Neste momento, estão juntos com o José Luís Guterres, que viveu em Maputo e cuja esposa é moçambicana. Então, por que razão é que aceitam um Maputo e rejeitam outro Maputo?”

Quando os camaradas desejam falar de Moçambique ou de Maputo, devemos estar conscientes de que na luta de Timor-Leste, desde 7 de Dezembro de 1975, quando a Indonésia invadiu Timor-Leste, Portugal não apoiava, tendo sido o Governo moçambicano a ajudar os timorenses, com o Dr. Mari Alkatiri, José Luís Guterres, Rogério Lobato a realizarem a nossa política externa”.

O ex-assistente do Comissariado Político “Cascol” menciona ainda que se “os camaradas identificaram o camarada Secretário-Geral Mari Alkatiri como FRETILIN-Maputo, onde vamos colocar o camarada Presidente Francisco Guterres “Lú-Olo”? Lú-Olo não é Maputo. Portanto, é aconselhável não identificar ninguém por ‘Maputo' ou ‘não-Maputo'. Se desejarem identificar o Grupo FRETILIN-Mudança, digam antes que a figura José Luís Guterres viveu em Maputo e Vicente Maubocy, ao longo de vários anos, viveu na Austrália. Agora o camarada Victor da Costa e o camarada Presidente Lú-Olo são os que viveram em Timor”.

Mau Laka declara a seguir que, nas eleições de 2001, esses camaradas é que estiveram mais próximos do camarada Mari Alkatiri. Contudo, ter-se-ão afastado após Mari Alkatiri demitir Victor da Costa do seu cargo como Director do Cispe por falta de capacidade.

“Pede-se o cargo de Ministro de Turismo. O ex-Primeiro-Ministro, Dr. Mari Alkatiri, não aceita. Tenho ou não a capacidade para assumir o cargo? Portanto, se não temos capacidade, convém não enganar o povo”, lamentou o ex-assistente político.

“Além disso, vejo que isto não é lógico. Se desejo fazer uma mudança dentro da FRETILIN, não devo sair da FRETILIN e juntar-me ao CNRT para fazer a mudança dentro da FRETILIN.

Quando quero resolver problemas internos na minha casa, por que motivo é que tenho de ficar na casa dos outros para os resolver? Tenho esperança de que, para os camaradas do Grupo Mudança, como Victor da Costa, Egídio de Jesus, Vicente Maubosy e José Luís Guterres, caso o CNRT vença as eleições legislativas e eles sejam nomeados ministros, a FRETILIN-Mudança deixe de existir. Já não se preocuparão com a mudança, porque já serão ministros. Contudo, se não tiverem posições no CNRT, fugirão de novo para a FRETILIN a dizer que o CNRT foi apoiado por eles para ser então um grande partido”, rematou Mau Laka.

1 comentário:

Anónimo disse...

Esta análise da "Mudansa" é ao mesmo tempo simples e contundente. Simples, porque explica sem rodeios aquilo que parece complexo. Contundente, porque desmascara o lobo que tenta vestir-se com a pele do cordeiro.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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