Notícias Lusófonas
28.03.2007
China envia polícias para integrar forças de manutenção da paz
A China enviou dez oficiais de polícia para integrar as forças de manutenção de paz da ONU em Timor-Leste, anunciou hoje o governo chinês, numa acção que, para o embaixador timorense em Pequim, demonstra as boas relações bilaterais.
Segundo uma nota na página do Ministério da Segurança Pública (MSP) chinês na Internet, os dez oficiais são especialistas em administração, tecnologias da informação, segurança pública, investigação policial e segurança fronteiriça.
Olímpio Miranda Branco, embaixador de Timor-Leste na China considerou que o envio de polícias para integrar as forças de segurança da ONU demonstra as "excelentes" relações entre os dois países e
"O envio dos polícias é o resultado das relações que temos vindo a criar de ambos os lados, e que nos temos vindo a esforçar para tornar cada vez melhores", disse Olímpio Miranda Branco à Agência Lusa em Pequim.
"A China é um país importante na região e à escala global e o envio destes elementos está de acordo com essa importância cada vez maior", acrescentou.
Os polícias enviados a Timor-Leste receberam formação em línguas e treino na utilização de armas e condução de veículos, no centro chinês de treino das forças de manutenção da paz, segundo o MSP.
Para o embaixador timorense na capital chinesa, o envio dos polícias chineses enquadra-se também na avaliação das necessidades que o governo de Timor-Leste fez da situação de segurança interna.
"Está dentro da nossa visão da situação, que considera necessária a presença das forças de segurança integradas na missão das Nações Unidas, o mais diversificadas possíveis quanto ao país de origem", disse Olímpio Miranda Branco.
Já em 1999, a China tinha enviado efectivos para integrar as forças de manutenção de paz das Nações Unidas em Timor-Leste.
As Nações Unidas criaram em Agosto de 2006 a Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT) para assegurar a lei e a ordem e criar condições de segurança para a realização das eleições presidenciais, marcadas para 09 de Abril, e das eleições legislativas, previstas para Junho.
Annan é responsável mas não é o único, diz Lopes da Cruz
O embaixador da Indonésia em Lisboa corroborou hoje as declarações do antigo Presidente B. J. Habibie, que responsabilizou o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan pelos incidentes violentos registados em 1999 em Timor-Leste, sublinhando, porém, que existiram outras causas.
Francisco Lopes da Cruz comentava à Agência Lusa o testemunho de Bacharuddin Jusuf Habibie feito terça-feira na Comissão da Verdade e Amizade (KPP), que afirmou que a violência que antecedeu e que se seguiu ao referendo da independência poderia ter sido evitada se Annan não tivesse divulgado os resultados da votação antes do que fora combinado com Jacarta.
"Acho que é uma das razões, mas há outros factores que influenciaram os acontecimentos. De facto, os resultados (do referendo) deveriam ter sido anunciados dia 07 (de Setembro de 1999) e não três dias antes. O Presidente Habibie tem razão. Para mobilizar tropas era preciso tempo, a logística era uma coisa muito complicada", afirmou Lopes da Cruz.
"Mas isto é um aspecto. Há outros factores. É todo um conjunto de causas", sublinhou, exemplificando com a "falta de tempo para preparar devidamente o referendo".
"A preparação do referendo não foi o suficiente, sobretudo o tempo. Deveriam ter dado mais tempo para uma reconciliação entre os que apoiavam a independência e os que apoiavam a integração (na Indonésia)", sustentou o diplomata indonésio.
Lembrando que já apresentou a sua versão dos acontecimentos em 1999 em Fevereiro último, quando se deslocou a Bali para testemunhar, em conjunto com o antigo chefe da diplomacia indonésia Ali Alatas, perante a Comissão, Lopes da Cruz repetiu à Lusa o que disse na altura.
"Fomos para o referendo ainda longe da reconciliação e isso provocou o que aconteceu. Temos de ver as causas e não as consequências. Não há nada que fira tanto como a verdade, mas também não há nada que cure tanto como a verdade", sustentou.
O embaixador indonésio em Lisboa afirmou, porém, que cabe à comissão determinar e apurar a verdade de todos os factos, "mesmo na avaliação da veracidade" do que foi dito por Habibie.
"Temos de olhar para o futuro aprendendo com o passado e, quando testemunhei na Comissão, defendi que, para se chegar à verdade. É mais difícil encontrar a verdade sem que haja uma reconciliação de todos os timorenses", insistiu.
Hoje, citando um membro da comissão, a imprensa australiana e indonésia fez eco das declarações de Habibie, que afirmou que Kofi Annan "quebrou a promessa" feita a Jacarta e anunciou os resultados do referendo três dias antes do combinado.
Habibie justificou os incidentes com o facto de, ao anunciar os resultados, que permitiram Timor-Leste ascender à independência, Jacarta não teve tempo para enviar tropas para Díli para pôr antecipadamente cobro aos actos de violência.
Nesse contexto, afirmou o membro da Comissão Achmad Ali, o ex- secretário-geral da ONU pode vir a ser convocado para esclarecer as acusações de Habibie.
"Se for possível, poderemos convocar Annan para clarificar as declarações de Habibie. Vamos recomendar o pedido na próxima reunião da Comissão. Annan ainda tem de revelar o contexto e a situação histórica a partir do seu ponto de vista", sublinhou Achmad Ali, depois da audição ao ex-presidente indonésio.
Habibie era o presidente da Indonésia quando uma significativa maioria de timorenses votou a favor da independência, referendo que esteve na origem de violentos confrontos entre milícias e militares contra a população de Timor-Leste e que, segundo dados oficiosos, causaram mais de um milhar de vítimas mortais.
Xavier do Amaral preocupado com situações de fome no país
Francisco Xavier do Amaral, candidato presidencial e fundador da Associação Social Democrata Timorense (ASDT) e da FRETILIN, disse hoje à Agência Lusa que está preocupado com situações de fome que atingem as populações timorenses.
"A fome está a perturbar a população. Uma das crises é a fome. Timor tem terreno para produzir, arroz, milho, feijão, batata, mandioca, e todos os tubérculos para alimentar a população mas, pelo contrário, não está a produzir nada e está a mostrar ao mundo um país miserável".
Francisco Xavier do Amaral, que se candidata às eleições presidenciais de 09 de Abril foi fundador da ASDT em 1974, movimento político que deu origem à FRETILIN, e escolhido para o cargo de Presidente da República Democrática de Timor Leste, declarada unilateralmente no dia 28 de Novembro de 1975.
"Fui fundador da ASDT e da FRETILIN. Fundei a FRETILIN mas não sou radical, aliás a base de Timor é o animismo. O catolicismo e as outras coisas estão por cá há muito mas o animismo continua forte por cá. Penso voltar para a política para concretizar o meu sonho que é criar um Timor independente, para Timor ser feliz, e não um Timor para acordar com lágrimas", disse Franciso Xavier do Amaral.
Além das situações de fome, Xavier do Amaral afirma que é preciso "fazer novas leis" e que o major Alfredo Reinado, fugido à Justiça e que se encontra na posse ilegal de armamento militar não constitui um problema de segurança que possa vir a perturbar a realização das eleições presidenciais.
"O Alfredo Reinado não é nem será um perturbador. Gosta de lutar pela sua terra e é, por isso, que ele está no mato. O que é preciso é chamar o homem e fazer-se justiça. Mas não há Justiça".
Francisco Xavier do Amaral, 70 anos, vive em Díli mas nasceu nas montanhas no centro do país.
"Nasci nas montanhas, se fosse em Portugal eu teria nascido na Serra da Estrela. Sou de Turiscaia, a 17 quilómetros do cruzamento de Maubisse, na montanha", contou Xavier do Amaral que foi capturado pelo exército indonésio em 1977, após divergências com os outros dirigentes da FRETILIN.
"Fui capturado em 1977 depois de desentendimentos com a FRETILIN porque eu defendia a rendição de velhos, crianças e mulheres para poupar vidas só deviam ficar na montanha os válidos para fazer a guerrilha, mas eles não concordaram. Esses 'fretilinzitos' tinham a ideia de que a vitória devia ser com o povo, como fez o Mao-Tsé-Tung, que arrastava milhares de chineses. Mas comparar a China com Timor é fazer uma análise errada. Na China morria um milhão e havia logo outro milhão de chineses para continuar, aqui não".
Actualmente Francisco Xavier do Amaral é presidente da ASDT mas concorre às eleições presidenciais como candidato independente.
quinta-feira, março 29, 2007
Notícias - 28 de Março de 2007
Por Malai Azul 2 à(s) 02:38
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
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