terça-feira, outubro 31, 2006

Timor-Leste no pricípicio

Tradução da Margarida.

Inter Press Service/Asia Times - Outubro 30, 2006

Por Mário de Queiroz

LISBOA – Depois de séculos de colonialismo Português e de mais de duas décadas de ocupação militar Indonésia, a instabilidade e violência continuam a atormentar Timor-Leste, simultaneamente uma das mais pobres e mais novas nações do mundo.

Desce que Timor-Leste ganhou a independência em Maio de 2002, incerteza grave tem marcado o futuro da nação ilha pequena mas rica em recursos. Confrontos violentos que começaram em Abril e tiveram o ponto alto em Junho estão vivos agora outra vez, indicando que a longa luta para a liberdade da ilha transformou-se agora numa luta violenta pelo poder entre grupos armados rivais.

Na semana passada grupos rivais de jovens larápios lutaram primitivamente uns contra os outros com facas, catanas e arcos e flechas, deitaram fogos a casas e, significantemente atacaram o contingente de tropas estrangeiras, que aterrou em Maio e é constituído maioritariamente por tropas Australianas, com contingentes mais pequenos de Malaios, Neozelandezes e Portugueses. Pelos menos morreram quatro pessoas no maior surto de violência.

Isto é mau augúrio para os que esperavam que a intervenção estrangeira e a nomeação em 8 de Julho do antigo vencedor do Nobel da Paz José Ramos-Horta acalmaria a violência e ajudaria a reconciliar grupos competitivos no interior da polícia e dos militares. Em vez disso, os distúrbios recentes foram interpretados pelo Brigadeiro-General Taur Matan Ruak, o comandante corrente das forças armadas, como uma tentativa para derrubar o novo governo.

Ele diz que o objectivo principal dos gangs violentos são "o colapso do ramo executivo, a dissolução do parlamento, e o estabelecimento de um governo de unidade nacional ". Matan Ruak, um leal de Ramos-Horta, foi um líder de guerrilha legendário que lutou contra os ocupantes Indonésios durante 25 anos.

Desordeiros recentemente alvejaram tropas internacionais, notavelmente depois de tropas Australianas terem disparado gás lacrimogéneo para dentro de um campo de deslocados improvisado, que feriu uma criança perto do aeroporto em Dili, a capital. Tropas Australianas segundo relatos também abriram fogo no mesmo dia quando u homem se aproximou deles num modo percebido como ameaçador. O director do hospital de Dili, António Calere, disse a repórteres Portugueses que quatro pessoas tinham sido mortas e 47 feridas na semana passada. Dois soldados Portugueses e um Australiano estavam entre os feridos.

O Gabinete da ONU em Timor-Leste (UNOTIL) pediu desde então a substituição das tropas Australianas por oficiais de polícia da ONU, que serão liderados por Antero Lopes de Portugal e incluem soldados de Portugal, Malásia e Bangladesh. O Comissário da Polícia em exercício Lopes disse à imprensa Portuguesa que a violência na última Quarta-feira atingiu o pior nível desde Junho, quando mais de 20,000 Timorenses fugiram da capital para as montanhas próximas.

Ramos-Horta disse por telefone de Roma – onde estava de visita ao Vaticano para convidar o Papa Benedict XVI para visitar Timor-Leste - que "grupos diferentes em Timor estão a tentar manipular as forças militares estrangeiras, acusando alternativamente os Portugueses e os Australianos".

"Membros de um grupo que foram neutralizados pelos Australianos acusam-nos de apoiar o outro lado, e membros de um grupo neutralizados pelos Portugueses acusam os Portugueses de favorecer o outro lado. É uma história sem fim," disse Ramos-Horta, que serve também presentemente como o chefe da defesa do país.

"As forças Australianas, da Nova Zelândia, Malaias e Portuguesas foram para Timor-Leste a PEDIDO DA presidência, parlamento e do governo. Em geral, as tropas comportaram-se de modo exemplar. Têm ocorrido incidentes, mas não foram nunca deliberados," disse.

Isso não é necessariamente como viu a situação a Comissão Especial Independente de Inquérito da ONU, que foi estabelecida para investigar as causas e os culpados da violência recente que levou pelo menos a 40 mortes e desencadeou a crise em curso. Emitido no mês passado, o relatório da ONU recomendou que alguns 90 oficias Timorenses de alta patente e outros fossem investigados e, se a evidência justificar, procesados nos tribunais locais. Um dos oficiais de topo indicado pela comissão da ONU foi o comandante das forças armadas Matan Ruak.

Ramos-Horta disse na entrevista que as forças armadas e Matan Ruak já tinham "apresentado desculpas públicas " depois da comissão especial da ONU ter emitido os resultados das suas investigações. "É muito raro para uma força militar em qualquer sítio do mundo mostrar tal integridade, coragem e humildade, uma atitude que ajudará a curar muitas feridas na nossa sociedade," declarou.

Em fim de Junho, o Presidente Timorense Xanana Gusmão pediu a resignação do primeiro-ministro Mari Alkatiri e do ministro da defesa Roque Rodrigues, e nomeou o então ministro dos estrangeiros Ramos-Horta para ambos os postos. A razão dada para esta mudança foi a alegada discriminação contra o grupo étnico Loromunus da parrte do oeste da ilha pelos Lorosae do leste, que significativamente têm muito maior representação nas forças armadas e na polícia.

Mas analistas em Portugal e na Austrália dizem que o problema não é tanto étnico como económico. Apontam em particular os interesses competitivos pelo controlo político sobre as vastas reservas de petróleo e de gás natural do país. Uma vez postas em linha, espera-se que essas reservas aumentem significativamente o PIB do país de cerca de US$400 e ajude a resolver o desemprego endémico do país.

"Não temos uma classe média no sentido real da palavra, nem nenhum sector privado significativo, e digo isso porque nenhum país se desenvolve sem um sector privado e uma classe média," disse Ramos-Horta. "Como toda a gente sabe, isso leva muitos anos a desenvolver-se. Às vezes as pessoas esquecem que só estamos no quarto ano de independência."

Pela sua parte, Matan Ruak disse que se devia montar uma comissão de investigação parlamentar "para garantir um regresso rápido à paz ". O objectivo da comissão deverá ser "determinar objectivos e estratégias " dos grupos violentos "e identificar os autores morais e intelectuais por detrás da crise - e, acima de tudo, responsabilizá-los ".

Ramos-Horta disse que era "simplesmente natural" que a ONU pedisse mais investigações. "É da responsabilidade do Procurador-Geral determinar se isso é ou não é necessário," disse, acrescentando: "Pela minha parte, continuarei a ter confiança total no Brigadeiro-General Taur Matan Ruak."

Infelizmente, nem toda a gente que interessa concorda. O Major Alfredo Reinado, que desertou das forças armadas com um grupos dos seus seguidores militares em Junho, está ainda escondido no mato. O removido primeiro-ministro está ainda decepcionado e politicamente poderoso. E o prognóstico das ruas é para mais violência nas próximas semanas.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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