Do Timoroan:
Portugis is the indonesian way of saying Portuguese.
Portuguese language was chosen by the leadership od Timor-Leste because it is a language that will allow us timoreese to evolve in a modern world without assassinating our national languages.
As you should know, countries that have adopted english as official language, have slowly wittnessed the killing of their ancestral languages, culture and traditions.
If Timor-Leste had adopted english as an official language, in 50 years time, the music, literature and traditions of Timor-Leste would be no different than those of the Northern territory of Austrália. Timor-Leste would then have lost its own identity. The same thing applies if Bahasa indonesian was adopted as a national language.
On the other hand, Portugal is so far away and is integrated in the European Community, that our leaders understood, there was no risk of being colonized. You should also aknowledge that the behavior of Portugal towards Timor-Leste is in no way related to that of a colonizing power. On the contrary. Your statement could be understood as offensive by the portuguese people that spend so much money of their taxes to help Timor-Leste.
Many timoreese don´t speak portuguese for several reasons:
1. In XVIII century, the Jesuit priests that had setup many schools in Timor were sent away by the King of Portugal. So for many years there were no schools in Timor. Even in Portugal almost all schools were from the church at that time.
2. As a small and poor country, Portugal didn't have the resources to setup schools everywhere. Only in 1970s the school system in Timor started to reach out to the sub distrits.
3. The indonesian invaders prohibited the speaking od portuguese, apreended all books and music records they could find in portuguese to produce accelerated assimilation from the population. then they sent in thousands of teachers from Java and other islands to make us speak bahasa indonesian.
If you are a supporter of a independent timo-Leste, you must insist on speaking tétum and portuguese. That way we will ensure that in the future, we remain a different people from our neighbours. Not assimilated by them.
quinta-feira, agosto 10, 2006
Dos leitores
Por Malai Azul 2 à(s) 09:39
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
11 comentários:
Fiz a minha 4ª classe em Timor. Fazia-se um exame, composto de prova escrita e oral, coisa que os mais recentes licenciados portugueses não tiveram que fazer, pois a passagem do 4º para o 5º ano é automática.
Taur Matan Ruak é o paradigma dos resistentes timorenses que, apenas com a 4ª classe, fala e escreve um Português perfeito em forma e invejável em conteúdo. Para além disso, é unanimemente considerado um excelente estratego militar e um homem de rara inteligência.
Serve isto para explicar que a inteligência e outras virtudes nascem com as pessoas. Não se aprendem nas universidades nem se adquirem com diplomas.
Da mesma maneira, não é a língua A ou B que traz felicidade, por artes mágicas, a quem não a tem. Se assim fosse, o Zimbábue era o paraíso por ter língua oficial inglesa.
I fully agree with what Timor Oan has said. I would just like to clarify that the decision of adopting the Portuguese has been made NOT BY THE LEADERS but by the supportwers of the political parties which emerged in 1974 after the "Carnation Revolution". It was then decided by the CNRT's Convention held at Peniche, Portugal,in April 1998 and then Congress held in September 2000 Dili. The Congress has approved the decision unanimously.
If the Australians are really our friends they should respect what the people has decided through their politcal aprties and CNRT's Convention and Congress.
English is very important for us the East Timorese, but please, friends from Australia, do not force us to adopt English as our official language and please stop making war against the Portuguese, because the choice for the Portuguese language is exclusive ours.
Portugal has nothing to do with it.
For general information, as consequence of efforts made by teachers from Portugal, Brazil and other Portugese speaking countries, including the East Timorese teachers, 25% of East Timorese speak Portuguese now.
A INDONÉSIA NUNCA TEVE AMBIÇÕES TERRITORIAIS SOBRE TIMOR
Francisco Lopes da Cruz, Embaixador da Indonésia em Lisboa:
Uma das manifestações públicas a que assisti pela televisão e que mais me emocionou foi a chegada de D. Ximenes Belo a Lisboa, após o referendo de 1999 em Timor-Leste. Consumada a independência, este país volta a estar na ordem do dia e, mais uma vez, pelas piores razões.
Entretanto, desde Setembro do ano passado, a Indonésia passou a estar representada em Lisboa através do seu Embaixador Francisco Lopes da Cruz, nascido e criado em Timor-Leste e de origem portuguesa.
Por coincidência, eu conheci o Sr. Embaixador no ano lectivo de 1963-64, em Macau, em cujo Seminário fizemos juntos o Curso de Filosofia. No final do ano lectivo de 1966-1967, após os acontecimentos do célebre “1,2,3 de Dezembro de 1966”, a seguir à Revolução Cultural Chinesa, o Francisco Lopes da Cruz regressou a Timor e eu à Metrópole, como então se dizia. Perdi-lhe o rasto até ao 25 de Abril.
Depois dessa data, o seu nome começou a aparecer na comunicação social portuguesa. Primeiro, como fundador da União Democrática de Timor (UDT). Depois, sucessivamente como Vice-Governador de Timor, Membro do Parlamento Indonésio, Conselheiro do Presidente da República da Indonésia, Embaixador Itinerante do mesmo, um dos responsáveis dos Encontros de Reconciliação entre Timorenses, Embaixador da Indonésia para a Grécia, em Atenas, e, finalmente, Embaixador da Indonésia para Portugal, em Lisboa.
Ao saber da sua presença em Lisboa, escrevi-lhe através da net. A resposta veio de imediato, pela mesma via. Telefonámo-nos, alegrámo-nos pelo reencontro telefónico e aprazámos de imediato um encontro presencial, que ocorreu no fim-de-semana do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Desse encontro nasceu a entrevista que deixamos aos nossos leitores.
Dada a sua posição de representante da Indonésia para Portugal, o trato jornalístico obedece a critérios de formalismo óbvios.
P - A seguir ao 25 de Abril, o que o levou a formar a UDT (União Democrática Timorense)?
R - Aquando do 25 de Abril de 1974, nenhum dos futuros líderes timorenses tinha qualquer experiência política. No entanto, dadas as circunstâncias, todos fomos chamados a dar o nosso contributo no sentido de encaminhar os destinos do nosso povo para um futuro melhor.
Como primeiro Presidente da UDT, defendi a continuação da ligação de Timor a Portugal, porque o povo timorense demonstrava ter uma lealdade a Portugal inigualável. Esta realidade foi comprovada pelo então Ministro da Coordenação Interterritorial, Dr. Almeida Santos, aquando da sua visita a Timor em finais de 1974. Nessa altura, o Dr. Almeida Santos regozijou-se com o patriotismo patenteado pelo Povo Timorense, tendo chegado a afirmar que tal sentimento era ainda mais visível em Timor do que em pleno território português. Naquele momento teve a oportunidade de vivenciar a fervorosa religiosidade, a intensa espiritualidade do povo Timorense e a verdadeira devoção à bandeira portuguesa, que respeitavam como se da sua própria Pátria se tratasse. Este verdadeiro fenómeno era tão mais importante e significativo quando comparativamente se concluía que nas demais províncias ultramarinas e até mesmo no chamado Portugal Continental, tal não se verificava.
Era minha convicção que esta estreita ligação entre Timor e Portugal, resultado de uma vivência conjunta e de partilha cultural de 450 anos, deveria constituir os alicerces em que devíamos sustentar os nossos objectivos políticos.
A UDT pretendia preservar a ligação entre Timor e Portugal e pugnar por uma independência progressiva, durante um período que podia ir até 15 anos no sentido de ser possível formar os quadros políticos necessários para gerir os destinos do país. É um facto incontornável que na altura dispúnhamos de um reduzido número de pessoas com a formação e a maturidade política necessárias à prossecução do nosso objectivo maior – a Independência de Timor e dos Timorenses.
Esta nossa pretensão não teve a aceitação desejada na classe política portuguesa de então, que defendia a descolonização a todo o custo e que considerava a nossa posição como uma tentativa de perpetuar a colonização.
Por um lado, a UDT achava que Portugal tinha a obrigação moral de preparar o Timor-Português para a independência e, por outro lado, a lealdade do povo timorense a Portugal era uma realidade indiscutível.
O comportamento do povo de Timor Português foi muito diferente das outras províncias ultramarinas onde já havia movimentos e frentes independentistas. Em Timor Português não havia nenhuma frente na altura do 25 de Abril de 1974. Foi com a conjugação deste dois interesses – ligação a Portugal e lealdade do povo timorense a Portugal - que nasceu o meu partido, no dia 11 de Maio de 1974, o primeiro partido timorense, que, segundo a opinião de observadores estrangeiros, era o maior partido político em Timor Português.
P - E o que o levou, depois, a defender a anexação de Timor pela Indonésia?
R - As coisas não correram com a normalidade que seria de esperar. Em Agosto de 1975, a situação em Timor deteriorou-se consideravelmente. Já antes, em Janeiro e Fevereiro desse ano, quase um ano após o 25 de Abril, tínhamos feito uma coligação com a Fretilin para a independência de Timor e essa coligação foi mal interpretada, sobretudo por alguns elementos da Fretilin. Na ocasião, esses mesmos elementos efectuaram manobras de propaganda junto do povo, afirmando que a UDT já tinha aderido à Fretilin, e que a Fretilin se assumia como a única força política capaz de promover a imediata independência “de jure” do Timor Português.
Perante esta nova realidade, que não era favorável aos princípios do nosso partido, decidimos acabar com a coligação, sendo ainda importante referir que a acrescer a esta situação já se verificavam situações de efectivo conflito com simpatizantes e adeptos da UDT.
Após o fim da coligação, com Timor ainda não politizado, muitos consideravam o diferendo de posições – independência progressiva por parte da UDT e independência imediata por parte da Fretilin - como uma questão de vida ou morte entre os dois partidos e começaram a emergir, de parte a parte, alguns conflitos ainda não propriamente armados. A situação agravou-se no dia 11 de Agosto do mesmo ano, quando a UDT lançou o Movimento Revolucionário Anti-Comunista, ao aperceber-se de que a Fretilin queria impor o modelo marxista-leninista, ou seja, um modelo de valores e de sociedade que não respeitava a tradição religiosa do povo timorense.
Na altura, Portugal não tinha quaisquer hipóteses de manter o respeito pela legalidade democrática, pela paz e pela segurança das populações, porque o Governador de Timor de então, o Coronel Lemos Pires, não conseguia qualquer apoio de Lisboa para que Portugal se assumisse como árbitro e moderador no conflito latente a que se assistia, devendo salientar-se que as forças militares portuguesas que permaneciam em Timor, na altura, se revestiam de um cariz puramente simbólico.
Assim, na terceira semana do mês de Agosto de 1975, o governo português abandonou definitivamente a ilha de Timor, refugiando-se em Ataúro, deixando para trás uma guerra civil sangrenta, até ao dia 7 de Dezembro do mesmo ano, quando a Indonésia desembarcou em Díli.
Convém salientar que no dia 25 de Novembro desse ano, o ambiente em Portugal também se transformou, o que levou a Fretilin a apressar a proclamação da independência de Timor-Leste no dia 28 de Novembro. Acto contínuo, dois dias passados, no dia 30 de Novembro, os outros quatro partidos UDT, Apodeti, Kota e Trabalhista, proclamaram a independência de Timor Oriental através da sua integração na República da Indonésia. Evidentemente Portugal e as Nações Unidas não reconheceram nenhuma das duas proclamações.
Pessoalmente, considero a integração de Timor na Indonésia como uma tábua de salvação para Timor, evitando assim que Timor caísse na órbita da influência comunista, situação que traria consequências funestas para o povo de Timor, tendo em conta que os países vizinhos, a Austrália e a Indonésia, não comungam da ideologia comunista.
De referir ainda que, pouco tempo antes, os Estados Unidos da América tinham sofrido uma derrota no Vietname e a implantação de um regime comunista em Timor era impensável para os americanos e para os seus aliados da zona, nomeadamente para a Indonésia.
Nos dias 3 e 4 de Dezembro de 1975, o próprio Presidente dos Estados Unidos da América, Gerald Ford, e o seu Secretário de Estado Henry Kissinger visitaram a Indonésia e deram-lhe o seu aval para tomar uma atitude a fim de salvar aquela zona estratégica de uma possível intervenção estrangeira, tanto a nível ideológico como também ao nível militar.
Foi com esse apoio que a Indonésia se sentiu encorajada a entrar em Timor-Leste no dia 7 de Dezembro de 1975, cerca de cinco meses depois da retirada do governo português de Díli, para a ilha de Ataúro.
Depois disso, como não havia uma atitude clara por parte das Nações Unidas, pareceu-nos que os interesses do nosso povo estariam melhor salvaguardados com a integração de Timor-Leste na Indonésia.
Alias, nós sabemos bem que Timor, naquela altura, não podia optar por uma independência imediata, conforme disse também o Dr. Almeida Santos, Ministro de Coordenação nterterritorial: “...A independência total de Timor era de um irrealismo atroz, Timor só podia ter uma das duas opções: manter-se ligado a Portugal ou ligar-se a Indonésia!...” E o Dr. Mário Soares, num dos seus livros que já vai na 2ª edição, continua a afirmar que “Timor não passava de uma ilha indonésia que não tinha nada a ver com Portugal.”
Com base nessas afirmações e para dar seguimento à proclamação da integração de 30 de Novembro de 1975, no dia 17 de Julho de 1976, foi enviada uma petição de integração ao Governo e ao Parlamento da Indonésia que responderam positivamente e, a partir dai, Timor passou a ser uma província da Indonésia.
P - Em todo o caso a comunicação social portuguesa classificação a invasão de Timor pela Indonésia como se tratando de uma manifestação sanguinária que massacrou centenas de milhares de timorenses. É essa a sua leitura dos factos?
R – Nem oito nem oitenta. Antes da entrada da Indonésia, durante os cinco meses de guerra civil entre timorenses, sem a presença do governo português que se refugiou na ilha de Ataúro, já houve uma manifestação sanguinária ao serem massacradas centenas de milhares de timorenses. Conforme o relatório oficial das Nações Unidas, foram 60 mil as vítimas da guerra civil que se prolongou desde Agosto até Dezembro de 1975. Naquela altura a Indonésia ainda não estava em Timor.
P - Que vantagens colhia a Indonésia com a anexação de Timor-Leste?
R – Vantagens económicas e políticas directas, nenhumas. Antes de 1975, a Indonésia nunca teve ambições territoriais sobre Timor. Quando se tornou independente, a Indonésia só reclamava as antigas posições da Holanda. Portanto, a parte portuguesa da ilha de Timor estava excluída. Aliás, quando Nerhu anexou Goa, Damão e Diu, ele mandou uma mensagem ao primeiro Presidente da Indonésia, Soekarno, para tomar também uma atitude em relação ao Timor Português. A resposta do Presidente foi muito clara: “não, nós não queremos o Timor Português.”
P – Mas não lhe parece que a Indonésia é responsável pelo massacre de muitos milhares de timorenses, durante o período da invasão e da ocupação de Timor-Leste?
R – Nem sempre a realidade condiz com a propaganda e com os excessos de informações deturpadas. Quem conhece o povo timorense, sabe que a vingança é um sentimento muito generalizado. Aliás, não foi só durante a anexação e durante a ocupação que aconteceram fenómenos de vinganças generalizadas. Na recente crise pela qual Timor está a passar actualmente, esses sentimentos vieram de novo ao de cima e levaram mais uma vez à deslocação de milhares de timorenses para as montanhas ou para outros locais de refúgio.
Os Timorenses também se mataram uns aos outros durante a guerra civil. As valas comuns de Aileu, Maubisse e Same, onde estão enterrados centenas de timorenses, são testemunhas das atrocidades cometidas pelos próprios timorenses uns contra os outros e não pela tropa indonésia.
P – Podemos depreender das suas palavras que a culpa foi só do espírito de vingança dos timorenses?
R - Naturalmente que não. Quando se deu a anexação de Timor pela Indonésia, e depois de muitos massacres perpetrados durante a guerra civil de 1975, em que terá havido culpas de todas as partes, tendo a Fretilin também a sua quota-parte de responsabilidade, alguns dos timorenses que defendiam a integração de Timor na Indonésia aproveitaram a ocasião para exercer as suas vinganças pessoais – fossem elas de cariz partidário ou de cariz familiar - que tinham sido acumuladas e alimentadas, como já referi, durante os últimos meses de 1975.
Isso não quer dizer naturalmente que, durante o processo de luta contra a Fretilin, o exército indonésio não tenha morto alguns timorenses. No entanto, quanto ao número avançado de milhares de mortos temos que ter em consideração um facto importante: naquela altura, quando a Indonésia entrou em Timor, a Fretilin levou a maior parte da população para o mato, para a usar como escudo contra os ataques da Indonésia e das forças pró-Indonésia e, ao mesmo tempo, para poderem angariar alimentos para sustentarem a guerrilha.
Por outro lado, alguns dos milhares de mortos registados durante os 24 anos da governação indonésia, nem todos foram directamente efectuados pela tropa indonésia. Muitos morreram de doenças, outros morreram de fome durante a fuga pelo mato e outros foram mortos pela própria Fretilin por não serem leais à sua ideologia.
Portanto, não podemos dizer que a culpa coube só a uma parte, embora a Indonésia, como potência administrante “de facto”, seja apontada pela comunidade internacional como a mais culpada.
P - Depois da integração de Timor Leste na Indonésia, o Sr. Embaixador foi o primeiro Vice-Governador de Timor Oriental. Foi difícil exercer essas funções?
R - Foram realmente anos de muita provação, de muito sofrimento, porque na vida política eu tinha sempre presente aquele princípio que já vinha alimentando desde o Seminário: «devemos chorar com os que choram e alegrar-nos com os que se alegram», como diz São Paulo. E a população, que se encontrava entre dois fogos, sofreu muito. Fazendo o que estava ao meu alcance, procurei exercer a minha função da melhor maneira possível. Porém foram realmente momentos difíceis! Foram 7 anos muito difíceis e sofridos, mas fui sobrevivendo e ultrapassando os obstáculos com que me fui deparando porque nunca me esqueci dos valores e princípios que apreendi com a minha família, na escola e no Seminário. “Mal com o povo de Timor por amor de Jakarta!” “E mal com Jakarta por amor ao povo de Timor!”
Não esqueço que fui injustamente acusado de ser pró-independência, tendo deixado de ser Vice-Governador. Fui obrigado a abandonar Timor em 1982 e deixar de exercer qualquer actividade política. No entanto, a verdade veio à tona e, depois de 5 anos de afastamento, fui convidado pelo Presidente da Indonésia para ser seu Conselheiro, regressando assim à vida política da Indonésia, mas sempre tendo em mente a minha terra, razão pela qual toda a minha actividade tinha como foco especial Timor.
P - Quais foram as suas relações com a Fretilin durante os anos em que esteve como Vice-Governador?
R - Procurei sempre distinguir dois planos: o plano das convicções e das opções políticas de cada um, do plano das relações pessoais. Tanto no plano das convicções politicas como no das relações pessoais, tive sempre presente que acima de tudo estava a nossa identidade timorense, que era comum a todos e a nossa condição de seres humanos, criaturas de Deus.
Por isso, procurei sempre usar a minha influência política junto do governo da Indonésia para minorar o sofrimento do povo timorense e dos próprios líderes da resistência. Assim, enquanto Vice-Governador de Timor Oriental, trabalhei muito para conseguir do Presidente Suharto uma amnistia geral, “habeas corpus”, para todos os guerrilheiros ou seus apoiantes que regressassem ao seio da comunidade timorense, o que consegui. Para Secretário do Gabinete do Vice-Governador de Timor escolhi um membro da Fretilin, Sr. Júlio Alfaro que é um dos grandes empresários agora em Díli, Timor-Leste.
Mais ainda: Os jovens pró-independência foram estudar nas diversas Universidades da Indonésia sem qualquer discriminação por causa das suas opções políticas ou partidárias. Foi nessa base que nasceu o movimento de estudantes timorenses a favor da independência em todas as universidades da Indonésia. Se eles tivessem sido discriminados não teriam a oportunidade de se manifestarem fora de Timor e no próprio território indonésio.
Eu próprio tinha uma Fundação denominada “Tunas Harapan Timor Lorosae” (Rebentos de Esperança de Timor Oriental), que dava bolsas de estudos a jovens que desejassem fazer cursos médios ou licenciaturas, sendo que na maioria dos casos essas bolsas eram atribuídas a simpatizantes da causa independentista.
P – Falou-me das suas relações com o povo timorense em geral. E com os líderes da Fretilin, mantinha algum contacto?
R – Sem dúvida que sim. Posso mesmo dizer que sempre me dei bem com eles e acho que nunca tiveram razões de queixa contra mim, enquanto homem, embora tivéssemos cada um as nossas próprias convicções ou ideologias políticas diferenes. Participei em muitos fóruns e reuniões internacionais com o Dr. Ramos Horta, Dr. Mari Alkatiri, Dr. José Luís Guterres e outros, tanto em Nova Iorque para assuntos políticos, como em Genebra para assuntos de direitos humanos, e nas reuniões de reconciliação. Fora dos fóruns de discussão política, procurámos preservar a nossa amizade, promovendo momentos de confraternização que aproveitávamos para trocar informações sobre a nossa terra.
O mesmo aconteceu também com Xanana Gusmão. Fui visitá-lo na prisão pelo menos umas três vezes e, dentro das minhas possibilidades procurei apoiá-lo, não na perspectiva política, mas na perspectiva da solidariedade que une homens que têm nas causas que perseguem o mesmo sonho de desenvolvimento, paz e progresso para a sua terra. Portanto, fomos e seremos sempre grandes amigos.
Sempre fui e sou absolutamente contra qualquer tipo de violência, seja de natureza psicológica ou física, mas defendo que da discussão nasce a luz. Assim se sedimentam as democracias, através de acesas e acaloradas disputas verbais, na defesa das nossas opiniões e convicções e no respeito pela ideologias alheias. Foi nesta perspectiva que promovi um encontro a três, entre o Presidente Nelson Mandela, Xanana Gusmão, na altura prisioneiro, e eu próprio, no Palácio Presidencial em Jakarta.
Antes de vir para Portugal, fui a Timor a convite do Presidente Xanana e do Ministro do Estado e das Relações Externas, Dr. Ramos Horta, e fui recebido com muita amizade e respeito, o que me trouxe muita felicidade e até alguma comoção. Alegraram-se com a minha nomeação como Embaixador da Indonésia para Portugal e sentiram-se também orgulhosos com isso, pois para além de tudo sou timorense.
P – Com base nesse clima de entendimento pessoal, não teria sido possível encontrar uma solução que preservasse a identidade timorense e ao mesmo tempo tornasse Timor Leste viável em termos de futuro?
R – Acho que sim e era essa a minha proposta. Quando fui a Timor, antes da independência, formei um grupo chamado «Frente do Povo de Timor», o meu último partido em Timor, em 1999. Pugnávamos pela autonomia, que significava um meio termo entre a integração e a independência. Tratava-se de uma autonomia muito alargada, mais ou menos do tipo da de Hong-Kong ou de Macau, em relação à China, ou de Puerto Rico, em relação aos Estados Unidos da América, em que os timorenses pudessem afirmar-se com a sua própria identidade, com o seu próprio governo, sob os auspícios da Indonésia.
Nessa altura, as Nações Unidas, a Indonésia e Portugal estavam a discutir a melhor forma de autonomia para Timor-leste, como uma solução aceite por todas as partes. Mas, entretanto, a Indonésia transformou-se num país democrático, tendo passado por um período semelhante ao que viveu Portugal após o 25 de Abril.
E para provar à comunidade internacional que era verdadeiramente um país democrático, o Presidente da Indonésia foi mais longe do que aquilo que estava a ser negociado nas Nações Unidas e concedeu o referendo a Timor-Leste no sentido de o povo escolher se queria uma autonomia com a Indonésia ou a independência total.
Infelizmente, não houve tempo suficiente para os timorenses se reconciliarem e prepararem para receber o resultado do Referendo como a mais alta expressão da vontade do povo. “Vox populi, vox Dei!” A voz do povo é a voz de Deus! Os timorenses estavam divididos em dois grupos antagónicos: Autonomia versus Independência. Foi por essa razão que aconteceram todas aquelas situações de destruição que conhecemos. Se os timorenses estivessem unidos e comprometidos a aceitar democraticamente o resultado do Referendo – autonomia ou independência – certamente que o futuro de Timor seria mais prometedor.
P - Na sua perspectiva, e segundo posso depreender do que disse, a acção devastadora das milícias fugiu um pouco ao controle dos políticos de Jakarta.
R – Sim, sem dúvida. Depois de conhecidos os resultados do Referendo, e preparando-se a Indonésia para entregar a responsabilidade da governação às Nações Unidas, houve ali um período de alguma desmotivação e de algum abandono por parte das autoridades indonésias que não queriam mais nada com Timor Leste. Isso permitiu algum descontrolo que propiciou novamente um clima de vinganças, com todas aquelas cenas de violência e de destruição. A minha própria casa foi totalmente destruída porque eu estava contra a violência, tendo emitido dois Comunicados neste sentido.
Parecia-me que os defensores das diferentes opções consideraram o Referendo como um jogo de galos em que só podia haver vencedores e vencidos, sem qualquer possibilidade de entendimento e compromisso entre eles. As milícias que defendiam a autonomia, de um momento para o outro viram-se sem nada do que tinham construído nos últimos 24 anos e achavam que tudo lhes seria retirado e perderam as estribeiras. Então passaram a actuar de uma maneira brutal, totalmente fora do controle das autoridades.
P - Quais são as suas relações neste momento com as autoridades de Timor Leste?
R – No plano institucional, tenho colaborado com as autoridades timorenses no sentido de uma aproximação com as autoridades indonésias e vice-versa. Por exemplo, procurei convencer a anterior Presidente da República da Indonésia, Megawarti Sukarnopoutri, a estar presente na cerimónia da independência de Timor Leste, o que veio a acontecer. Com o actual Presidente, que tinha sido Comandante de um Batalhão em Timor Leste durante o período em que eu fora Vice-Governador, tenho procurado aproximá-lo no sentido de se estabelecerem as melhores relações institucionais e políticas entre a Indonésia e Timor Leste; assim, logo depois da sua tomada de posse como Presidente, visitou Timor Leste onde foi apoteoticamente recebido pelo povo, e foi ele que me autorizou a visitar Timor Leste antes da minha vinda a Portugal.
No plano pessoal, tenho as melhores relações com os governantes de Timor. Já me encontrei com o Presidente Xanana, o Primeiro-Ministro Dr. Mari Alkatiri e o Ministro do Estado e das Relações Externas, Dr. Ramos Horta, varias vezes, tanto em Jakarta e Bali, na Indonésia, como em Díli, Timor Leste. Mesmo agora, mantenho contactos frequentes com os governantes de Timor que me vão inteirando da actual situação.
Gostaria ainda de salientar que, quando visitei Timor, em Agosto de 2005, fui muito bem recebido, havendo quem me tivesse perguntado se eu estava lá para ficar. Isso deixou-me extremamente feliz ... e ao mesmo tempo triste.
P – E qual foi a sua resposta?
R – A minha resposta foi simples. Em qualquer parte do mundo onde nos encontramos, podemos trabalhar por Timor. E acrescentei que, à semelhança dos Judeus, que se encontram espalhados pelo mundo, mas todos com a atenção orientada para Israel, assim também nós os Timorenses, independentemente do passaporte que cada um de nós ostenta, temos que procurar dentro das nossas possibilidades dar um contributo para a construção do estado timorense livre, justo e solidário. Eles responderam conformados: “Senhor la bele haluha ami!” Senhor, não se esqueça de nos! Estas palavras continuam a ecoar dentro do meu coração. Espero brevemente abrir em Díli um Centro de Orientação Profissional e já entrei em contacto com o governo de Timor-Leste falando-lhe a esse respeito.
P – Acha que Timor tem futuro?
R - Eu sou uma daquelas pessoas optimistas que, baseada na poesia de Fernando Pessoa “Deus quer, o homem sonha e a obra nasce” – acredita que a independência que já é um facto consumado, está na Providência de Deus. Portanto tem de fazê-la frutificar para o futuro em benefício do povo. Falta apenas os timorenses estarem unidos numa Reconciliação Nacional, com uma definição clara da sua Identidade e um Nacionalismo dinâmico, dispostos a dar as mãos uns aos outros e começar a obra da Construção Nacional.
O povo timorense sofreu durante todo o seu passado - durante o colonialismo, a II Grande Guerra Mundial e durante o tempo de ocupação da Indonésia; sofreu não só por força das diferentes ocupações ao longo da História, mas também por força das desavenças e dos conflitos entre os próprios timorenses de diferentes etnias. Já é tempo de o povo timorense ter paz, ter progresso e ter desenvolvimento. Para isso, é preciso que os responsáveis sirvam o povo e não se sirvam apenas do povo.
Timor, uma nação com 750 mil habitantes e com os seus riquíssimos recursos naturais do solo e subsolo - independentemente do petróleo e do gás natural -, pode vir a ser um lindo país, qual pérola perdida nas águas do Pacífico e Índico, que tem uma posição estratégica entre a Austrália e a Indonésia.
P - Como embaixador da Indonésia em Portugal qual é a sua missão principal?
R - É uma pergunta interessante. A nova Indonésia democrática está agora em Portugal através da sua representação diplomática em Lisboa, com uma atitude de abertura e predisposição voluntariosa para apostar decisivamente no futuro, promovendo e cultivando laços de amizade e cooperação com Portugal a todos os níveis possíveis em prol de indonésios e de portugueses. O povo português foi o primeiro povo europeu que há quase 500 anos chegou às ilhas da Insulíndia que hoje fazem parte do arquipélago indonésio. Foram os portugueses que levaram para lá a religião católica, e dentro da própria língua indonésia se encontram cerca de 2.000 palavras portuguesas. Os portugueses deixaram na Indonésia vestígios da sua historia, cultura e arquitectura que, desafiando os tempos, prevaleceram ate agora.
É certo que Portugal e Indonésia tiveram problemas num passado recente, mas o mais importante agora é termos a maturidade, o sentido de responsabilidade e a capacidade de compreendermos e aprendermos com os ensinamentos da história e, com os olhos postos no futuro que conjuntamente queremos construir, transformar o que outrora nos dividiu, Timor Leste, num elo de inquebrantável união.
A minha missão é tentar realmente avançar com a cooperação triangular entre Portugal, a Indonésia e Timor-leste. Porquê? – Porque tanto Portugal como a Indonésia marcaram a sua presença em Timor! Agora que Timor-Leste já se tornou independente, Portugal e a Indonésia têm de o acarinhar e ajudá-lo a crescer, a afirmar-se de uma maneira positiva e categórica dentro da comunidade das nações.
P – E acha que tem existido essa colaboração triangular?
R – Depois da minha chegada a Lisboa, já lá vão nove meses, tive dois encontros com Xanana Gusmão, dois encontros com o Primeiro Ministro e também dois encontros com o Ministro Ramos Horta com o objectivo de desenvolver projectos numa cooperação triangular entre Timor-Leste, Portugal e a Indonésia. O próprio ministro Ramos Horta expôs a ideia e fez a proposta de, por exemplo, começarmos a trabalhar na erradicação da malária em toda a ilha de Timor que inclui Timor-Leste e Timor-Ocidental. Portugal, por exemplo, pode tentar angariar fundos da União Europeia, a Indonésia pode contribuir com os médicos e Timor-Leste com os recursos humanos. Falta preparar uma proposta muito mais concreta para ser apresentada aos três governos. Depois disto, o resto vira por acréscimo.
Outro exemplo dessa cooperação é que, com os conflitos recentes em Timor, Portugal enviou a GNR para dar também a sua contribuição no campo da manutenção da paz e segurança em Timor.
A Indonésia continua a fornecer os bens de primeira necessidade e também o apoio humanitário solicitado pelo presidente Xanana que se deslocou a Bali para se encontrar com o Presidente da Indonésia, pondo-o ao corrente do que se está a passar em Timor e das necessidades mais prementes do povo.
Portanto, acho que nesse ponto tanto a Indonésia como Portugal estão a dar um contributo significativo, não para resolver o problema na sua totalidade mas, pelo menos, para o ajudar a minorar e a resolver dentro dos possíveis.
P – Mas, pelo que lhe ouvi, parece-lhe que, acima de tudo, os principais responsáveis pelo futuro de Timor são os timorenses...
R – Sem dúvida. Timor agora é uma nação soberana, portanto está perante uma nova era, um novo ciclo. Um ciclo de novos e exigentes desafios que reclamam novas mentalidades e novas respostas. Respostas que radicam na crescente vitalidade que caracteriza e que há-de seguramente continuar a caracterizar uma nação relativamente jovem onde todos os timorenses têm de estar unidos à volta dum mesmo ideal: tornar Timor maior. Para o conseguir, os timorenses têm de aproveitar com sucesso este momento histórico da independência. Que saibam estar à altura das suas responsabilidades, pois outra coisa não esperariam deles as gerações actuais e as vindouras. É aos timorenses, no interior da pátria e na diáspora, que compete agora construir o futuro de Timor, ainda que com a ajuda e o apoio da comunidade internacional.
Francisco Lopes da Cruz
Fui campeão europeu de basquetebol pelo Sporting de Lourenço Marques
Já não me recordo de todos os colegas timorenses desses anos da década de 60. Mas o Lopes da Cruz ficou para sempre na minha memória não só por ser do meu ano, partilhando muitas vezes as mesmas carteiras das salas de aula, mas sobretudo porque ele era um verdadeiro craque em basquetebol, denotando uma excepcional aptidão para o desporto.
P - Nós conhecemo-nos em Macau, em cujo Seminário fizemos juntos a Filosofia. Que referência guarda da formação que aí recebemos?
R – Guardo as melhores recordações e um conjunto de referências que neste momento continuam a ser actuais e, é claro, são referências muito importantes para a minha vida, tanto privada e familiar, como para a minha vida pública e profissional. Acho que foram realmente tempos muito belos e agradáveis, ora alegres e floridos, ora tristes e sombrios, que passaram e que já não voltam mais. Foi uma etapa da minha vida muito determinante para todos os momentos posteriores, alguns deles muito dolorosos e trágicos, outros mais positivos e reconfortantes, mas no meio de tudo tenho mantido sempre o rumo e o norte certos.
P - Depois desse período, cada um de nós seguiu o seu rumo. Guardei-o na memória como um “craque” de basquetebol. Chegou a profissionalizar-se nesse desporto?
R – Quando, após o curso de Filosofia, regressei a Timor para um estágio de um ano, continuei a praticar basquetebol; primeiro com os seminaristas, mais tarde no meu próprio clube de antigos alunos do Seminário, que eu formei com o nome de “Horizonte”. O clube tornou-se campeão de Timor. Depois fui para o Curso de Oficiais Milicianos (COM), em Moçambique, naquela altura Lourenço Marques, agora Maputo. Aí, alistei-me no Sporting de Lourenço Marques que, nessa época, foi campeão europeu em representação de Portugal. De regresso a Timor joguei na Selecção de Timor Português, 5 vezes contra a Austrália, e 6 vezes contra a Indonésia. Cheguei a ganhar a taça do melhor jogador entre a Austrália e Timor Português: “Australia-Portuguese Timor, Best Basquetball Player”.
P – Soube que depois de 66 também foi professor. Gostou dessa experiência?
R - Gostei muito, porque naquela altura ainda estava com a intenção de continuar os meus estudos teológicos em Portugal. Fui professor durante dois anos, no Seminário de Nossa Senhora de Fátima e no pré-Seminário de S. Francisco Xavier, em Dare, Díli. Um dos meus alunos foi o Bispo Mgr. D. Basílio do Nascimento que ainda se recorda desses momentos e quando se encontra comigo trata-me mais como “Professor” do que como “Embaixador.”
P - Sei que também serviu no Exército português. Durante quantos anos foi oficial do Exército português?
R – Sim, fui oficial miliciano e, num lote de 86 cadetes, fiz parte do grupo de cinco cadetes que passaram o teste para o Curso de Comandos a ser realizado em Montepuez, Mocambique; entretanto, com a autorização do General Kaúlza de Arriaga, regressei a Timor-Leste depois de cumprir uma missão de 18 meses na zona operacional 100%, em Mussoma, perto da fronteira com a Tanzânia.
Depois, em Timor, fui instrutor do Centro de Instrução Militar, em Díli, Taibessi, durante cerca de quatro anos. Comecei a minha carreira militar em 1968 e terminei-a em 1974. O Ministro Ramos Horta também fez parte do meu pelotão durante a instrução militar.
Sem rancor nem vinganças…
Como diz na entrevista, Francisco Lopes da Cruz, em 1975, defendeu, numa primeira fase, a continuação da ligação de Timor-Leste a Portugal. Quando, porém, viu que não havia condições políticas em Portugal para assegurar a ordem pública e a legalidade, Lopes da Cruz ainda tentou uma aliança com a Fretilin no sentido de prepararem juntos a independência.
Todavia, a Fretilin estava imbuída de ideais revolucionários de forte influência marxista-leninista que alguns dos seus líderes tinham digerido à pressa nas reuniões do MRPP em Lisboa, onde estudavam. À maior parte desses revolucionários aconteceu o que aconteceu à maior parte dos revolucionários “emeerrepêpistas” de Portugal, que hoje são socialistas ou social-democratas.
Todavia, na altura, criou-se em Timor um clima de confrontação e de intolerância que descambou na guerra civil de finais de 1975. Lopes da Cruz, fiel aos seus valores e às suas referências, que havia construído na família e no Seminário, posicionou-se do lado dos que não queriam um modelo comunista para Timor. Um dos seus irmãos foi fuzilado pela Fretilin juntamente com outros timorenses e o célebre comandante da Polícia de Díli, tenente-coronel Maggiolo Gouveia, um alentejano que se juntou à UDT. Muitos outros familiares de Lopes da Cruz foram mortos: falou-se em 30 pessoas, entre outros, dois irmãos, tios, primos e sobrinhos.
Depois da anexação de Timor pela Indonésia, Lopes da Cruz voltou a Timor como Vice-Governador. Tinha condições para se vingar. Mas não o fez. Antes pelo contrário, preocupou-se apenas em criar condições para a reconciliação nacional e para o desenvolvimento do seu povo. Como seu secretário tinha um elemento da Fretilin. A sua preocupação não era a vingança mas a ajuda ao povo timorense, que foi a verdadeira vítima em todo o este processo dramático de 25 anos de lutas até à independência.
Quando em 1999 o referendo deu a vitória à independência, a casa de Lopes da Cruz foi totalmente destruída pela segunda vez, com um uma Biblioteca de 2000 livros, que na sua grande maioria eram livros em Português. Entretanto, mais um irmão seu, cabo das Forças Armadas indonésias, morreu durante o processo.
Lopes da Cruz continua não só a não querer qualquer tipo de vingança como luta para que os timorenses se entendam e ponham os interesses do povo faminto, pobre, sem dinheiro e sem comida, acima dos interesses mesquinhos pessoais, de facção ou de partido, sentindo-se inspirado no Presidente Nelson Mandela, com quem se encontrou algumas vezes e que lhe deu um grande testemunho de reconciliação ao contar-lhe que, depois de ser eleito Presidente, a primeira pessoa que convidou para jantar com ele foi o seu antigo carcereiro.
Lopes da Cruz foi um dos promotores da reconciliação encetada em Londres entre timorenses das duas facções. O Encontro de Reconciliação em Londres converteu-se depois no ALL Inclusive Intra East Timor Dialogue (AEITD), na Áustria.
Lopes da Cruz e a sua fé católica
Francisco Lopes da Cruz fez 8 anos de estudo no Seminário: os 5 primeiros anos de Humanidades no Seminário diocesano de Díli e os 3 anos seguintes do curso de Filosofia no Seminário de S. José de Macau, por força de um acordo de cooperação que havia entre a diocese de Díli e a diocese de Macau.
Deixou o Seminário porque o então bispo de Díli o impediu de continuar os estudos teológicos em Portugal, mais propriamente em Leiria, para onde vieram os seus colegas, querendo que continuasse em Díli em regime probatório. No entanto, a sua fé não foi abalada. E hoje continua um testemunho vivo de uma espiritualidade e de uma religiosidade que as contrariedades da vida – ainda o ano passado, no mês de Setembro, lhe faleceu uma filha, acabada de formar na Austrália - não só não esmoreceram como fortaleceram.
Lopes da Cruz encontrou-se por 3 vezes com o Papa João Paulo II que lhe definiu a reconciliação da seguinte forma: aceitar, respeitar e perdoar uns aos outros.
No entanto, foi a sua fé católica que o impediu de ser nomeado Embaixador da Indonésia no Vaticano. É que, segundo um acordo existente entre os dois Estados, o Embaixador da Indonésia no Vaticano pode ser tudo menos católico, para que não se dê o caso de, como católico, ter que beijar a mão ao Sumo Pontífice, quando o Estado indonésio só reconhece o Vaticano como Estado e não como potência religiosa.
C.R.
anonimous Agosto 10, 2006, 2:30:29pm.
I'm a timorese, I was born and live my entire live in east timor. I agree with you.
Temos esta lingua nos nossos coracoes.
Tradução:
Dos leitores
Do Timoroan:
Portugis é a maneira indonésia de dizer Português.
A língua portuguesa foi escolhida pela liderança de Timor-Leste porque é uma língua que permitirá a todos nós timorenses evoluirmos num mundo moderno sem assassinar as nossas línguas nacionais.
Como devia saber, os países que adoptaram o inglês como língua oficial, têm testemunhado o vagaroso assassinato das suas ancestrais línguas, culturas e tradições.
Se Timor-Leste tivesse adoptado o inglês como língua oficial, num período de 50 anos, a música, literatura e tradições de Timor-Leste não seriam diferentes das dos territórios do Norte da Austrália. Timor-Leste teria então perdido a sua própria identidade. O mesmo aconteceria se o Bahasa indonésio fosse adoptado como língua nacional.
Por outro lado, Portugal está demasiado longe e está integrado na Comunidade Europeia, por isso os nossos líderes perceberam, que não havia risco de sermos colonizados. Deve saber também que o comportamento de Portugal com Timor-Leste não tem relação nenhuma com a de um poder colonizador. Pelo contrário. A sua declaração podia ser considerada ofensiva pelo povo português que gastou tanto dinheiro dos seus impostos para ajudar Timor-Leste.
Muitos timorenses não falam português por várias razões:
1. No século XVIII, os padres jesuítas que tinham montado muitas escolas em Timor foram mandados embora pelo rei de Portugal. Assim, durante muitos anos não houve escolas em Timor. Mesmo em Portugal quase todas as escolas eram da igreja nessa altura.
2. Como um país pequeno e pobre, Portugal não teve recursos para montar escolas em todo o lado. Somente nos anos 1970s o sistema escolar em Timor começou a chegar aos sub distritos.
3. Os invasores indonésios proibiram a fala do português, apreenderam todos os livros e discos de música portuguesa que encontraram para acelerar a assimilação da população, depois enviaram milhares de professores de Java e doutras ilhas para nos pôr a falar o bahasa indonésio.
Se é um apoiante de um Timor-Leste independente, deve insistir em falar tétum e português. Desse modo asseguramos que no futuro, permaneceremos diferentes dos nossos vizinhos. Não assimilados por eles.
Margarida, por favor, arranje alguem que traduza para Portugues e Ingles as ameacas e insultos de um tal Manuel Guterres num dos comentarios de hoje.
Obrigado
Nao se preocupem com individuos como o Manuel Guterres pois e esterco. E com individuos com sta mentalidade e que estao a tentar dar cabo dum sonho onde muitos deram a vida por um sonho tao lindo. A Individuos como o Manuel Guterres nao se deve dar muita importancia.
black widow
E treta pa!
O manuel guterres esta a querer fazer-se passar por um anti-Mari para dar um mau nome a oposicao. A sua escrita disfarca tao mal essa intencao que leva qualquer leitor atento a ver de caras que o objectivo desse comentario e de fazer as pessoas pensarem que afinal o Mari ate e preferivel a individuos da laia do Manuel Guterres.
E tao transparente que nem pega.
E mesmo ne?
Mas a serio! Eu sou da Fretilin e o meu nome e Mau Bin. Quero dizer que estou muito irritado com a presente situacao porque o trabalho todo que o meu partido teve estes ultimos anos foi todo pela sanita a baixo.
Admira-me que as pessoas nao consigam ver que porque foi a Fretilin que lutou e ganhou a independencia era nosso direito governar por 50-100 anos como o camarada Mari declarou.
Nao e justo que os outros partidos da oposicao que nao levantaram um dedo para libertar o povo maubere agora estejam armados em espertos a querer agora estar no mesmo pe de igualdade com a fretilin.
A fretilin tem todo o direito exclusivo de governar Timor pelo menos ate que as geracoes de fretilin que lutaram e ganharam a independencia tenhampartido deste mundo.
Nessa altura, e so nessa altura em que ate a fretilin sera composta por novas geracoes que nunca fizeram sacrificios para a libertacao de Timor podera entao os outros partidos da oposicao ter os mesmos direitos que a fretilin.
Ate la nao pode haver nada que retire da fretilin o direito de governar. Visto que a resistencia e uma dinamica e que mesmo os filhos da fretilin de hoje nascem ja a resistir o fascismo e as tentativas de outros de entregar Timor a estrangeiros podemos inferir que eles tambem estao a fazer sacrificios desde a nascenca para garantir a independencia da nossa terra e por isso o direito exclusido para governar estende-se tambem a eles.
Visto que a media de vida em timor e de 48 anos, mas tomando em consideracao que essa e a media mais realistica para o povo maubere de pe descalco que nao tem as minimas condicoes de vida para garantir a sua longevidade, e que os filhos da fretilin por serem ungidos mereceram todos os confortos humanos dignos de uma classe que lutou pela independencia do pais a expectativa de vida mais realistica para eles sera a dos paises mais desenvolvidos, ou seja 87 anos.
Ainda que isto signifique em principio menos 13 anos de governacao prevista pelo Pai e camarada Mari, a Fretilin esta confiante que ate la a outra previsao do camarada se venha a concretizar garantindo assim que a fretilin continue a governar. Isto e, que ate la a fretilin concretize a almejada vitoria de 100% nas eleicoes como o camarada Mari projectou.
Nao se inquietem porque isso nao seria mau. Isso significaria sim que ninguem, repito ninguem seria outra vez discriminado por nao pertencer a Fretilin e isso e bom para Timor-Leste. Penso que todos concordam comigo quando digo que seria um dia bastante feliz para a historia de timor quando a discriminacao acabar em Timor.
Para todos os timorenses que queiram acabar com a discriminacao em Timor por fazor dirijam se a sede da fretilin mais proxima e registem-se para receber o cartao do partido.
Bem haja Timor e o camarada Mari Alkatiri.
Outro sarcastico originado do bairro da Colmera!
Ze Cinico
Mas cheio de razão, né?
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