sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Manifestantes recebidos por Xanana, continuam em Díli sem incidentes

Díli, 8 Fev (Lusa) - Uma delegação representando manifestantes provenientes da região de Liquiçá, incluindo Vicente da Conceição "Rai Los", foi hoje recebida pelo Presidente timorense, Xanana Gusmão, no segundo dia da sua permanência na capital sob protecção das Nações Unidas.

Centenas de manifestantes - em seis camiões e dez "microletes", carrinhas de transporte colectivo da cidade - aguardaram cerca de duas horas hoje de manhã à frente dos portões fechados do Palácio das Cinzas.

Dentro do Palácio, a delegação do Movimento da Unidade Nacional para a Justiça (MUNJ) foi recebida por Xanana Gusmão e explicou ao Presidente que veio a Díli "exigir a justiça como um todo", segundo declarou no final Teresinha Viegas.

Ao entardecer de quarta-feira, entrou em Díli uma coluna de meia centena de viaturas e um número indeterminado de pessoas - mais de duas mil pelos cálculos de vários jornalistas que, como a Lusa, acompanharam a entrada dos manifestantes na capital.

A coluna protestava contra o arquivamento, anunciado segunda-feira, do processo em que Mari Alkatiri, ex-primeiro-ministro, era suspeito de ligação à distribuição de armas a civis durante a crise militar de Abril a Junho de 2006.

O representante interino do secretário-geral das Nações Unidas em Timor, Eric Tan, admitiu hoje em conferência de imprensa que, na quarta-feira, as forças da ONU "trabalharam com um plano para 1600 pessoas".

A coluna, liderada por "Rai Los", principal testemunha no processo de entrega de armas a civis e constituição de um grupo armado, foi travada por forças da ONU junto ao heliporto e escoltada, após negociações, para o Campo da Democracia.

"O Presidente da República ouviu-nos e disse que, como chefe de Estado e comandante supremo das Forças Armadas, espera que se possa acabar esta crise", declarou esta manhã Teresinha Viegas, deputada da Fretilin, sobre o encontro com Xanana Gusmão.

Apesar da sua filiação partidária, Teresinha Viegas disse pretender "justiça no seu todo" e estar contra "a manipulação pelo governo da justiça".

Rai Los não saiu ao mesmo tempo que a restante delegação do MUNJ.

Durante a audiência, a coluna do MUNJ manteve-se ordeira e junto das viaturas, ouvindo a música tocada pelos altifalantes e lançando ocasionais vivas a "Rai Los", sob o olhar atento das forças policiais das Nações Unidas que guardavam o perímetro.

Os manifestantes dirigiram-se de seguida para a sede da UNMIT, onde pretendiam entregar a segunda carta do dia, ao chefe de missão, antes de continuarem para a sua terceira etapa anunciada, a Procuradoria-geral da República.

Estes eram os três locais que o MUNJ pretendia visitar e, segundo Eric Tan, a UNMIT estudou "a melhor forma de as cartas serem entregues".

Eric Tan insistiu que esta manhã apenas se encontravam no Campo da Democracia "não mais de 400 pessoas", ressalvando o facto de "as viaturas andarem de um lado para o outro".

O substituto de Atul Khare - ausente em Nova Iorque para as discussões no Conselho de Segurança da ONU sobre o futuro da UNMIT À explicou longamente as condições em que o MUNJ entrou quarta-feira em Díli.

A meio da tarde de quarta-feira, na aproximação à capital, a coluna foi revistada num posto de controlo da UNMIT, não tendo sido encontradas armas de fogo.

Eric Tan acrescentou que a lei timorense garante a liberdade de expressão e manifestação de forma "generosa".

Os organizadores de uma manifestação precisam apenas de notificar as autoridades competentes - não solicitam de autorização.

As autoridades devem responder em dois dias e se não o fizerem, a notificação é válida na mesma.

A notificação não tem de incluir o tempo de duração da manifestação.

PRM Lusa/Fim

NOTA: Os manifestantes sairam de Díli à tarde.
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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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