sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Bispo de Baucau acredita no processo democrático

RR
22-02-2007 12:00

Em entrevista à Renascença, D. Basílio do Nascimento considera normais eventuais candidaturas de Ramos Horta e de Mari Alkatiri. Sobre Xanana Gusmão, diz que “não há pessoas insubstituíveis”.

Em relação às eleições, o que é que acha das candidaturas possíveis, tanto de Ramos Horta às presidenciais, como de Alkatiri às legislativas?

Eu acho que são cidadãos livres. Acho que, segundo a nossa Constituição, são gente com requisitos que fazem parte da Constituição: da idade, da sanidade mental, da capacidade, etc. Creio que todo o cidadão timorense é passível de se candidatar.

No caso do ex-Primeiro-ministro, Mário Alkatiri, poderá trazer algumas complicações porque há muitas pessoas que querem justiça em relação ao processo de que ele foi alvo. Outros apoiam-no...

Nós, na nossa maneira de fazer as coisas, fazemos de uma suspeita um julgamento. E creio que hoje em dia é necessário que nós saibamos mudar esta nossa mentalidade. A acusação não é uma decisão do tribunal, portanto, se o ex-Primeiro Ministro foi ilibado, evidentemente que as pessoas que estão nos tribunais também não são crianças e, sobretudo, dada esta situação de pressão em que nós vivemos, ter coragem de dizer que uma pessoa é inocente, exactamente por falta de provas suficientes, evidentemente que isso é um acto de coragem, mas também um acto de coragem baseado na ausência de provas que culpem a pessoa em questão. Segundo a nossa Constituição, todo o indivíduo que tenha o registo criminal limpo, evidentemente, que se pode candidatar.

A desistência do Presidente Xanana Gusmão vai ser má para Timor? Acha que ele ainda vai voltar atrás com essa decisão?

Sabe…neste momento, o Xanana é o Xanana, e é uma pessoa que tem muito peso na vida timorense. Mas também desde há um certo tempo, de há uns dois ou três anos, que eu o ouvi dizer que não se candidataria a um segundo mandato da Presidência da República. Não há pessoas insubstituíveis. Há gente com mais capacidade, com menos capacidade. Agora, evidentemente, quando as capacidades se juntam ao nome, evidentemente que os projectos saem bem. Mas ele não se quer candidatar! O que é que a gente vai fazer?

E a possibilidade de um clérigo se candidatar à Presidência? Falava-se em Ximenes Belo… Poderá haver outro nome ligado à Igreja, acha que isso é possível?

Não. Eu penso que não. E se eu for consultado evidentemente que me vou opor à candidatura de alguém do clero para este cargo. Creio que também, do ponto de vista do direito canónico, acho que não é permitido.

RR

2 comentários:

Anónimo disse...

Palavras sábias e equilibradas do bispo de Baucau, numa altura em que se precisa de atitudes responsáveis e construtivas e não mais achas para a fogueira.

Anónimo disse...

Sim o Bispo parece ter ganho o juizo, devia ser mais equilibrado ha mais tempo!

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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