quarta-feira, setembro 06, 2006

Dos leitores

Se a oposição quer assumir-se como alternativa à Fretilin, tem que oferecer um projecto alternativo de governo que tenha alguma credibilidade aos olhos do povo.

Ora, com as suas qualidades e defeitos, todos sabemos que actualmente a Fretilin é a única força em condições de responder às exigentes solicitações executivas e legislativas do país. Não é culpa da Fretilin se a oposição não consegue atingir o sofisticado nível de organização e o recrutamento de quadros que caracterizam a Fretilin.

E por mais ideal que fosse a tal "convergência nacional" ou novo CNRT, etc, o facto é que a Fretilin só por pura loucura iria abdicar dessa vantagem que tanto trabalho lhe deu a alcançar para se coligar com uma oposição medíocre, incapaz e impotente (sem prejuízo das qualidades individuais de alguns dos seus líderes ou simples militantes).

O problema é que ninguém pode obrigar a Fretilin a fazer algo contra a sua vontade. Portanto, a tal "coligação" ou "convergência" está condenada a nunca sair da esfera da ficção científica.

Parece-me que a atitude mais realista para quem não se identifique com a Fretilin é aceitar a democracia, aceitar a eventual derrota e trabalhar para conseguir um resultado melhor no futuro, trabalhando a favor do seu projecto e não obsessivamente contra a Fretilin, o que será sempre contraproducente.

H Correia.

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7 comentários:

Anónimo disse...

Ora cá estão uma série de "verdades"... a questão não é "Se" pois a FRETILIN teve História, condições (como diz HC) e para elas "batalhou" no sentido de ter predomínio. Quanto ao "atingir o sofisticado nível de organização e o recrutamento de quadros que caracterizam a FRETILIN...". Pois sem a menor dúvida o partido conseguiu o que nenhum outro conseguiu até agora - recrutar quadros. Para quem os mecanismos normais ao seu serviço são de "ou és da FRETILIN ou então não tens emprego..." realmente não se vislumbra como outros (partidos) poderão ter a médio prazo ou mesmo meios para o fazerem, no sentido de recrutarem quadros... o dinheiro pode muita coisa... e a FRETILIN é um grande partido, um partido rico.

É também claro que a FRETILIN não "abdica dessa vantagem" que tanto trabalho lhe deu a alcançar. As técnicas de partido único ainda por cima num ordenamento democrático até o partido mais democrático do mundo ocidental gostaria de manter a todo o custo...

Vamos ver o que se vai passar que essas certezas sobre as "convergências" estarem condenadas ao fracasso, sendo os tempos outros, questiono-me se nã será exactamente isso que se irá passar. Que se saiba a realidade de uma actualidade (do presente), partem muitas vezes da esfera da ficção científica... é que a ficção acaba mesmo por se concretizar. Júlio Verne pode ser um exemplo ;)


Ao que parece mantém-se sempre uma consistente "ameaça" de ser contraprocedente funcionar-se fora dos trâmites da FRETILIN... não há, pelos vistos emenda, não é? Donde se poderá deduzir que a mesma terá sempre esse problema. Teve-o logo em 75, voltou a tê-lo aquando da necessidade de Xanana ter despartidarizado a luta armada bem como se denota agora que outra solução não dará frutos caso se mantenha esta apetência monopolista. É que se uns dizem que é democraticamente que se ganha a matéria também deverá ser levada em conta a realidade em que a suposta razão de acção de um partido possa ela ser a única solução para uma grave crise que ainda não viu bons dias. As pessoas continuam encurraladas e isso não é apenas culpa dos intervenientes, meliantes, desordeiros, etc. É culpa de determinados comportamentos das próprias estruturas do Estado.

Quando os timorenses se unem, nada consegue interferir dentro deles... esse é o caminho sim. Agora tornar isso como se de um e apenas único partido fosse é que parece "mais do mesmo" e a prova de que um Estado sustentado nessa vertente não é possível em Timor-Leste está bem à vista com a recente crise. Pode dizer-se também que é contraproducente. É que se as coisas fossem assim tão lineares quanto o dizem os defensores do "partido único", democraticamente eleitos para a Assembleia Constituinte, não teria acontecido a estupidez que se viu. Há algo de prepotente no Poder em Timor-Leste que terá claramente de ser revisto e aí sim, apetece dizer que é exactamente a FRETILIN que terá de rever o seu comportamento democrático! Aliás, deveria dar o exemplo e já não o fez no Congresso, o que foi pena...

Anónimo disse...

Completamente de acordo.
Aqui está uma análise lúcida e coerente.

Anónimo disse...

Concordo com os anonimos anteriores.

"Não é culpa da Fretilin se a oposição não consegue atingir o sofisticado nível de organização e o recrutamento de quadros que caracterizam a Fretilin."

A actual situacao no seio da Fretilin representa o mais alto nivel de "sofisticacao". Hahahaha.....

Anónimo disse...

Em tantos anos alguma coisa haveriam de aprender... faltou apenas a parte mais difícil - arecente. Aí viu-se e vê-se...

Anónimo disse...

Em 1999 na guiné bissau ganhou as eleições o PRS e não o PAIGC o partido mais organizado na luta pela independência. Que os quadros do PAIGC eram maus, que eram incompetentes, que não sabiam trabalhar. Chegado o PRS ao poder foi pior. Os seus quadros eram ainda piores. Não eram organizados, não tinham experiência. A guiné bissau perdeu com aquela experiência 4 anos. Porque é claro, que nas eleições seguintes o PAIGC voltou a ganhar as eleições.
O povo diz: atrás de mim virá quem de mim bom fará! alkatiri era ruim? Veremos se quem virá não será bem pior...

Anónimo disse...

Por acaso a Guiné-Bissau é um excelente exemplo de progresso e liberdade.
Parabéns pela escolha.
Aliás, desde que o PAIGC venceu as últimas eleições tem sido o paraíso na terra. Já o era com o PAIGC como partido único.
Podem limpar as mãos à parede.

Bem fez Cabo-Verde em demarcar-se daquele tribalismo primário assim que pôde.

Anónimo disse...

Membro Parlamento Joao Gonsalves ho Leandro Isac, ida Ulun Parabola , ida ibum kakehe. Lia fuan sai mai ne hanessa anim deit. Issin la iha, messak lia fua fuan mamuk. Sira nain rua hatene mak kassa ossan deit. Leandro hadomi ossan liu fali nia fen e Joao Gonsalves hakarak hassai vantagem deit hussi ita nia rain. Nia ho nia familia fa'an rai iha Taibessi agora fa'an tan kintal Mascarenhas. Uluk fa'an tiha ona, agora hadau fila fali atu fa'an tan dala ida afoin lori halai ossan ba moris diak iha rai liur.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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