Tradução da Margarida:
Observação e cronologia da crise de Timor-Leste em 2006 (X) - FIM
Análise dos Media Timorense e Regional (CONT)
Maio 2006
Em 2 de Maio, o Presidente Gusmão apelou a todos os que apoiaram a independência para Timor-Leste para se unirem outra vez. Disse que a calma foi restaurada e que a Polícia e as forças armadas tinham regressado para os seus quartéis. O deputado do PD José Nomiado alegou que a utilização das forças armadas em 28 de Abril foi ilegal e inconstitucional. O deputado da FRETILIN Francisco Miranda declarou o contrário.
Falando dum local secreto fora de, o Tenente Salsinha focou o seu criticismo no governo de Alkatiri, mas disse que não queria derrubar o governo.
O Presidente Gusmão quer saber quantos moros houve em Tasi Tolu em 28 de Abril, e o Governo criou uma Comissão composta pela Cruz Vermelha, o Departamento da Saúde, a Polícia e o Administrador da Polícia de Dili para identificar os que foram mortos e feridos e para ajudar o Ministro Bano a identificar as famílias que necessitam de ajuda a reconstruir casas e propriedades destruídas.
O Ministro Horta acusou outros de terem tomado o controlo do protesto de 28 de Abril, rejeitou as queixas de que o governo falhou no atendimento das queixas dos soldados, e declarou que não houve apoio popular para o grupo do Tenente Salsinha montar uma guerrilha de resistência.
Pela primeira vez os media relataram que o Tenente Salsinha foi um contrabandista de sândalo e que foi por isso que ele não foi promovido, não por questões étnicas. Rumores de que ex-soldados se estavam a juntar em Ermera para atacar Dili foram contrariados pelo Ministro Lobato, Dudu, polícia e deputados de Ermera, que disseram que havia calma lá e que muitos dos soldados têm lá as suas casas. O académico Australiano Damien Kingsbury disse que estas declarações e similares do Ministro Horta eram evasivas e que a situação estava pior. O porta-voz dos negócios estrangeiros do Labor Kevin Rudd disse que era importante que a Austrália permanecesse engajada e que pressionasse por uma extensão da presença da ONU.
Continuou a controvérsia sobre quantos foram mortos em Tasi Tolu e porque é que os militares bloquearam a investigação do Vice Ombudsman lá.
Em 4 de Maio, a Ministra Ana Pessoa tomou medidas para a nova comissão de investigação ter começado o seu trabalho e que começasse a ser compilado um registo de todos os peticionários de modo a que todos pudessem receber o seu pagamento e se pudesse identificar qualquer morto ou ferido. O Presidente e o Primeiro-Ministro deram uma conferência de imprensa conjunta para apelar à calma e denunciar rumores. Com os Ministros Lobato e Rodrigues, ordenaram o regresso aos quartéis das patrulhas das forças armadas e a retirada das ruas dos polícias armados com armas automáticas, visto que estas podiam aumentar o medo do público. Cerca de 8,000 pessoas, principalmente crianças abrigavam-se no Dom Bosco. Relatos indicaram que entre 14,000 e 21,000 pessoas fugiram de Dili.
O governo Australiano avisou os seus cidadãos em Dili para permanecerem em casa e para outros para não viajarem para Timor-Leste. Rumores de maior violência motivou um grande êxodo de mulheres e crianças durante a Quarta e a Quinta-feira. O Ministro dos Estrangeiros Downer disse que pode ser necessário estender a missão da ONU, que Kofi Annan tinha proposto mas a que os USA se têm oposto.
O Primeiro-Ministro Howard disse que a Austrália estava preparada para enviar tropas para assistir Timor-Leste se tal fosse requerido pelo país.
O Ministro dos Estrangeiros Horta numa declaração para os media disse que Dili estava calma, sem incidentes desde os distúrbios de 28 de Abril, e que os media deviam confirmar se os rumores eram factos antes de os relatarem.
Disse que houve cinco mortes confirmadas, 45 casas destruídas e 116 com estragos. O Ministro Horta estava no Conselho de Segurança da ONU em 5 de Maio para o informar dos distúrbios correntes e apelar para uma nova missão de 12 meses com polícia, com o foco nas eleições de 2007. Pediu apaixonadamente mais polícias na missão da ONU do que fora proposto por Kofi Annan. Reassegurou o Conselho que os líderes do povo destes últimos 30 anos estavam a trabalhar juntos e determinados a ultrapassar esta última crise.
O Primeiro-Ministro também emitiu uma declaração para os media similar, fazendo notar que o sistema dos telefones móveis tinha colapsado devido aos rumores, também apelando para os funcionários civis regressarem ao trabalho em 8 de Maio, e relatando sobre o trabalho da comissão para investigar o distúrbio de 28 de Abril e o da mais alta comissão para investigar as reclamações dos peticionários, que tem três meses para o fazer.
O governo reconstruirá as 45 casas destruídas e os mercados de Taibesse.
Durante o fim de semana continuou a controvérsia sobre o uso das forças armadas em 28 de Abril, com o KOTA a declarar que fora errado porque não fora autorizada pelo Presidente.
A RTTL relatou em 6 de Maio que um Major Alfredo Fernandes tinha deixado Dili com três dúzias de soldados e polícias armados para as montanhas. O major disse à RTTL que não tinha intenções violentas, mas que só regressaria que fosse feita justiça aos peticionários. O Presidente Gusmão apelou a este grupo para regressar a Dili. Este era o Major Reinado e o seu grupo da Polícia Militar. O Primeiro-Ministro teve que emitir uma declaração para os media negando os rumores da sua resignação como totalmente infundados e que continuava a exercer todas as suas funções.
Em 7 de Maio, o Primeiro-Ministro emitiu outro comunicado para a imprensa, realçando que sete dos membros da Unidade de Destacamento Rápido da PNTL que tinham saído de Dili tinham regressado, e saudou outros sinais de acalmia. Apontou que a Embaixada dos USA tinha cancelado um voo charter para repatriar os seus cidadãos.
Em 8 de Maio, o General Matan Ruak chamou o Tenente Salsinha e pediu ao seu grupo para repensar e trabalhar por uma solução pacífica. Matan Ruak disse que os soldados não tinham uma visão clara do que querem, e realçou que tinham politicizado uma questão das forças armadas apelando ao Presidente para dissolver o Parlamento e convocar eleições nacionais.
Disse que não havia discriminação nas forças armadas e que aguardava as conclusões da investigação. O Primeiro-Ministro Alkatiri disse que não havia necessidade para a vinda de tropas Australianas, porque a situação agora estava calma e as pessoas começavam a regressar a Dili. Mas disse que queria manter aberta a opção por tropas Australianas.
Nesse dia em Gleno, Distrito de Ermera, houve um confronto trágico entre jovens apoiantes dos peticionários e um Ministro do Governo e 6 polícias da UIR que foram lá para proteger o gabinete do governo ameaçado durante um boicote. Houve uma situação tensa quando a multidão exigiu a morte dos seis por vingança pela violência contra os manifestantes em Dili em 28 de Abril. No fim houve uma negociação para o desarmamento dos polícias e a sua remoção pacificamente, mas dois foram esfaqueados, um fatalmente.
Em 9 de Maio, o Primeiro-Ministro deu uma conferência de imprensa para condenar os eventos negativos em Gleno, mas também passos positivos para lidar com os ex-soldados. Pediu-lhes para continuarem a não usar as armas. Reafirmou a política do governo de não usar a força, como ficou demonstrado em Gleno no dia anterior, e o seu desejo de normalizar a vida. Alegou que enfrentava uma tentativa de golpe constitucional, onde um grupo tinha usado as queixas de soldados para tentar paralisar o governo, dirigindo-se ao Presidente para dissolver o parlamento e o governo e realizar novas eleições. Aconselhou os oponentes políticos a usarem eleições e não golpes para mudar o governo. Disse que forças internacionais não eram necessárias agora, mas que estava pronto a pedi-las se for necessário.
José Ramos Horta regressou da ONU e relatou que decidiram prolongar o mandato da UNOTIL por mais um mês e depois de 20 de Maio rever a situação.
Em 10 de Maio, o funeral do polícia assassinado foi muito emotivo. Os seus familiares estão zangados por ter sido morto por causa da política. Era muito respeitado também na FRETILIN. O Presidente e o Primeiro-Ministro estiverem presentes no funeral. Os polícias estão zangados com os seus comandantes por terem permitido que fossem desarmados na situação de Gleno.
O Primeiro-Ministro acusou o Presidente do PD, Fernando de Araújo Lasama e a sua mulher de envolvimento com os peticionários, e por propagandearem que nem 60 ou mesmo 100 foram mortos em 28 de Abril.
O General Taur Matan Ruak explicou os esforços das forças armadas para resolver as questões com os peticionários. O Departamento dos Negócios Estrangeiros da Austrália renovou o aviso de não viajarem aos Australianos, alertando ainda da possibilidade de violência em Ermera, Aileu, e Liquica.
O Embaixador na ONU e nos USA, José Luis Guterres, começou uma série de encontros para tentar restaurar a unidade e salvar a reputação internacional de Timor-Leste. O Ministro dos Estrangeiros começou a culpar o governo pela crise, por não ter resolvido a questão mais cedo. Em consulta com o Primeiro-Ministro começou com apelos e esforços para se encontrar com os soldados nas montanhas.
O Comentador político local Júlio Pinto argumentou que o Primeiro-Ministro não tinha o direito de ter chamado as forças armadas em 28 de Abril, e questionou a competência dos Ministros da Defesa e do Interior.
Em 10 de Maio, a declaração para os media do Primeiro-Ministro indicou progresso nos contactos com os ex-soldados em Maliana e noutros locais, e em providenciar-lhes apoio financeiro. Espera-se que os soldados colaborem com a Comissão dos Notáveis. Foi aprovado o financiamento para reparar as propriedades destruídas em 28 de Abril. Mantém-se presas sete das 90 pessoas detidas depois do assassinato do oficial de polícia em Gleno, e irão a tribunal. Não houve peticionários envolvidos no homicídio em Gleno, mas alguns manifestantes estiveram.
Muitas pessoas estão a regressar a Dili.
Em 11 de Maio, a declaração aos media do Primeiro-Ministro indicava mais esforços para lidar com a crise dos soldados, e que havia esperança do Major Reinado e dos seus 20 soldados e polícias regressarem em breve a Dili. Não foi proposta nenhuma acção disciplinar contra eles. A investigação sobre quantos foram mortos e feridos em 28 de Abril completou-se, mas o Primeiro-Ministro pediu para o seu relatório ser adiado mais uns dias porque surgiram novos rumores sobre o que tinha acontecido. O Ministro dos Estrangeiros Horta encontrou-se com o Major Reinado em Aileu, onde ele estava em paz.
O Ministro fará um relato ao Presidente e ao General Ruak. O Major Reinado prometeu que não haveria guerra. O Ministro dos Estrangeiros Horta requisitou ao Alto Comissário dos Direitos Humanos da ONU para investigar a violência de 28 de Abril.
Em 12 de Maio, o Primeiro-Ministro Australiano Howard anunciou que dois navios de guerra Kanimbla e Manoora seriam colocados em standby nas águas do norte para o caso de Timor-Leste pedir ajuda. Disse que não tinha recebido tal pedido.
Durante o fim de semana de 13-14 de Maio, o Major Reinado visitou o Presidente Gusmão na sua residência em Balibar, e o Presidente disse que o Major Reinado deixou Dili para ajudar a manter a calma em Aileu. Foi relatado que o Major disse que respeita a autoridade do General Ruak e quer encontrar-se com ele para explicar o passo que deu e que reconhece o Presidente Gusmão como seu Comandante Supremo.
O General Ruak falou na TV dizendo que a deserção dos peticionários desarmados já era suficientemente má, mas que a partida do Major Reinado com armas era muito pior. Disse que estava a tentar contactar o Major para não usar as armas e para as devolver para as F-FDTL.
Continuou a controvérsia sobre o papel do PD no incidente de 28 de Abril, com o seu líder a rejeitar as alegações do Primeiro-Ministro. Mas o Ministro dos Estrangeiros disse à imprensa do fim de semana que o Presidente do PD e a sua mulher estavam a contribuir para a instabilidade ao afirmarem que 100 foram mortos em 28 de Abril.
No Domingo 14 de Maio, houve um concerto para a paz na igreja Motael, onde o Presidente Gusmão apelou aos jovens para usarem o diálogo para resolver as questões pacificamente.
Em 15 de Maio, o Embaixador nos USA e na ONU, José Luis Guterres, e o Ministro para a Região III Egídio de Jesus anunciaram numa conferência de imprensa a sua candidatura contra Mari Alkatiri e Lu-Olo para a liderança da FRETILIN. Esta conferência de imprensa foi convocada pelo 'Grupo da Reforma', incluindo o resignado Ministro do Desenvolvimento Able Ximenes, o antigo Embaixador na Austrália George Teme, e Vicente Guterres. Criticaram o estilo dos líderes como demasiado confrontacional, a sua falta de resultados no país, e a política estrangeira 'não neutra'. Os líderes responderam dizendo estarem felizes por enfrentarem concorrentes.
Lu-Olo rejeitou rumores de que nem todos os delegados estariam presentes no Congresso da FRETILIN, e apelou aos membros do Comité Central para acalmarem a situação nos seus Distritos.
O Parlamento recebeu o relatório da investigação sobre o 28 de Abril, que afirma que a intervenção das forças armadas foi dentro da lei, que duas pessoas foram mortas, quatro mortas, e sete presas. O Vice Ombudsman relatou que a alegação de 60 mortes em Tasi Tolu era questionável e que queria investigar mais.
A imprensa de Segunda-feira continuou o debate sobre 28 de Abril, com o Ministro Horta a dizer que o governo tinha de assumir a responsabilidade, e que a polícia e as forças armadas precisavam de apoio moral por causa de todo o criticismo. Rejeitou a ideia do leste-oeste e avisou contra qualquer divisão nos serviços de segurança. Lu-Olo e outros apontaram que os problemas na polícia e nas forças armadas datam desde a sua criação pela UNTAET e UNAMET.
O Townsville Bulletin de 16 de Maio relata que o Tobruk se juntará ao Kanimbla e Manoora na construção duma força militar para estar disponível para intervir em Timor-Leste. O cenário avançado foi que o Congresso dividirá a FRETILIN, o Primeiro-Ministro Alkatiri ordenará uma repressão militar, e a ONU pedirá uma intervenção militar Australiana.
O Ministro Bano respondeu ao criticismo da igreja sobre a sua resposta aos deslocados com a contabilidade de todos os esforços para fornecer alimentação e outros apoios. Relatou que o governo tem a situação sob controlo e pode fazer mais se for necessário.
O representante da ONU Hasegawa encontrou-se com o Tenente Salsinha em 16 de Maio em Ermera. Salsinha exigiu que as forças do governo fossem desarmadas, que investigadores internacionais se juntassem à Comissão dos Notáveis, e que forças militares internacionais fornecessem a segurança do povo, se o processo é para ter qualquer sucesso. Disse que a Comissão dos Notáveis veio tarde de mais, e que não houve terceiras partes envolvidas com os peticionários. Mr Hasegawa disse que relataria estas ideias ao Presidente Gusmão.
O Ministro Horta encontrou-se com alguns peticionários liderados pelo Major Tara em Suai, onde disse que havia paz. Pediu-lhes que cooperassem com a Comissão.
Em 17 de Maio abriu o Congresso da FRETILIN com quase todos os partidos a declarar desejo de sucesso e a apontar a importância do seu papel. O Ministro Horta rejeitou completamente a nova exigência de Salsinha para o desarmamento das forças armadas. L-7 e veteranos da resistência declararam o seu apoio completo ao processo da Comissão dos Notáveis. Os peticionários continuam a recusar cooperar com a Comissão. Salsinha estava perto de Atsabe com 200 deles, mas queria que todos os 500 se concentrassem em Ermera.
Ambos o HAK e o PSD rejeitaram o processo do relatório sobre a intervenção das F-FDTL em 28 de Abril. O Bispo retirado Belo apelou aos líderes políticos para falarem com simpatia ao povo e para o ouvir, para ajudar a resolver todas as questões acerca de 28 de Abril.
O Major Reinado acusou o Primeiro-Ministro de ordenar às forças armadas para abrirem fogo sobre os manifestantes em 28 de Abril, dizendo que ele testemunhou as ordens a serem dadas. A Lusa contactou o Vice-Chefe das forças armadas o Coronel Lere, que confirmou ter recebido ordens orais do Primeiro-Ministro depois de uma reunião do gabinete de crise que incluiu o chefe da polícia. O Coronel Lere disse que deu a ordem para disparar quando as suas tropas foram atingidas com pedras, duas granadas de mão e quatro tiros.
No Congresso, o Primeiro-Ministro Alkatiri lançou uma nova causa nacional para lutar contra a pobreza e o progresso feito para criar estruturas municipais efectivas.
Em 20 de Maio, depois do Congresso, o Primeiro-Ministro Mari Alkatiri declarou que algumas pessoas estavam a tentar dividir a nação ao dividirem a FALINTIL e a FRETILIN, as duas estruturas com mais confiança. Prometeu que falhariam em dividir as FALINTIL, que já estavam a tentar fazer, e que nunca dividiriam a FRETILIN. Apelou a todos os membros da FRETILIN para trabalharem contra a divisão 'leste-oeste'.
L-7 rejeitou rumores que ele e outros veteranos se preparavam para atacar Ermera.
Na Segunda-feira, 22 de Maio, o Ministro dos Estrangeiros Horta discordou acaloradamente com a recusa dos peticionários em cooperarem com a Comissão dos Notáveis, e exigirem o desarmamento das F-FDTL. Disse que mantinha o contacto com o Tenente Salsinha e que o encontraria emm breve.
Mark Dodd relatou no Sydney Morning Herald que o Presidente Gusmão participaria num retiro com soldados peticionários no Seminário em Dare, para ajudar a resolver a crise essa semana. O Primeiro-Ministro e o Ministro dos Estrangeiros também tomariam parte, e não acabaria enquanto a questão não fosse resolvida. Isto foi arranjado pelo Ministro dos Estrangeiros Horta. A solução envolveria melhor disciplina e procedimentos de promoção e mais subsídios para visitas a casa de posições distantes. Pode também envolver re-estruturação das forças armadas.
Dodd também relatou que José Luis Guterres tinha planeado oferecer o posto de Primeiro-Ministro a Horta se tivesse derrotado Mari Alkatiri no Congresso, e que Horta tinha considerado a ideia.
Declarações da HAK e do advogados dos direitos humanos Adérito de Jesus indicam que continua a crescer o medo público ao mesmo tempo que o governo diz haver mais calma. De Jesus acusa o governo por não resolver a crise.
O Major Reinado deu uma entrevista em Aileu saudando o dialogo que está a ser organizado mas dizendo que o tempo está a acabar, as Comissões não tinham punido ninguém, e que se as pessoas em Dili se sentem inseguras devem partir, porque a curto prazo ninguém pode garantir a sua segurança. Pediu ao Presidente, Ministro dos Estrangeiros e aos dois bispos para se encontrarem e dialogarem para resolver o problema rapidamente. Lu-Olo criticou o Major Alfredo por se mudar para a política.
O Ministro Horta clarificou que não tinha dito que o governo tinha perdido a sua credibilidade, somente que tinha de trabalhar mais para ganhar a confiança das pessoas depois da crise se ter desenvolvido. Congratulou Mari Alkatiri e Lu-Olo pela re-eleição no congresso da FRETILIN, dizendo que tinham a confiança das pessoas e que fora um processo democrático.
Na Terça-feira 23 de Maio houve relatos de tiroteios perto de Dili e de um confronto entre soldados e amotinados. O Ministro dos Estrangeiros Downer contou no parlamento de relatos de violência e de estragos em propriedades em partes de Dili, e re-declarou a prontidão da Austrália em intervir se fosse requerido.
No mesmo dia, o governo de Timor-Leste entregou a autorização de exploração em cinco blocos offshore para a Italiana ENI Spa, e a um bloco à Indiana Reliance Industries. Lucros destas áreas serão divididos 60-40 entre o operador e o governo, que receberá ainda 5% de royalty.
A Nova Zelândia relatou que tinha 30 tropas em standby em Christchurch, se o governo de Timor-Leste requerer ajuda.
Nesse dia, tropas comandadas pelo Major Reinado atacaram alguns soldados desarmados que regressavam do Banco Ultramarino em Dili onde foram receber o seu salário, e atacaram soldados armados num posto de observação, ambos em Fatu Ahi perto de Becora. Do lado das F-FDTL, houve um soldado morto e cinco feridos e um polícia gravemente ferido. Do lado de Reinado um soldado ficou gravemente ferido. As F-FDTL e a polícia perseguiram os amotinados. O Primeiro-Ministro, Ministros da Defesa e do Interior, chefes das forças armadas e da polícia fizeram uma reunião de urgência. Relataram o incidente ao público e apelaram à calma, dizendo que apanhariam os perpetradores que tinham identificado. O amotinado ferido foi levado para o hospital em Aileu, e dois amotinados foram capturados.
Gente não identificada queima outra vez o mercado de Taibesse.
O Ministro Bianco disse que a polícia providenciará segurança em Dili 24 horas por dia e que não há ainda necessidade de pedir assistência internacional.
Às 7 am na Quarta-feira de manhã, amotinados desceram das montanhas para atacar a base das forças armadas em Tasi Tolu, e foram usadas no confronto metralhadoras e granadas de mão. Um soldado ficou ferido com estilhaços. Os residentes começaram a fugir da área, mas alguns ficaram bloqueados num bloqueio das forças armadas no caminho de Liquica.
O Presidente Gusmão ordenou às forças do governo para perseguirem os amotinados, liderados pelo Major Reinado, que atacou as forças armadas no dia anterior.
A Austrália ordenou a evacuação de funcionários civis não essenciais em Dili. Os media relatam a expectativa de que o governo de Timor-Leste peça assistência militar hoje.
A ONU restringiu os movimentos do seu pessoal em Dili, subindo o seu alerta de segurança. A maior parte de Dili estava normal, mas o nível de preocupações das pessoas era elevado.
O Presidente Gusmão cancelou a sua visita planeada à China.
O jornalista Australiano da SBS Dateline, David O'Shea, estava a filmar uma entrevista com o Major Reinado mesmo antes do tiroteio ter rebentado. O Major Reinado ordenou às suas tropas para abrir fogo e gabou-se perante a câmara que tinha matado um. Também disse para a câmara enquanto recuava que este incidente traria forças internacionais.
FIM.
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terça-feira, agosto 08, 2006
Observação e cronologia da crise de Timor-Leste em 2006 (X) - trad.
Por Malai Azul 2 à(s) 19:46
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
18 comentários:
Correcção deste parágrafo:
O Parlamento recebeu o relatório da investigação sobre o 28 de Abril, que afirma que a intervenção das forças armadas foi dentro da lei, que duas pessoas foram mortas, quatro feridas, e sete presas. O Vice Ombudsman relatou que a alegação de 60 mortes em Tasi Tolu era questionável e que queria investigar mais.
PS: peço desculpa pelo erro.
É pena que os relatos acabem no dia 24 de Maio.
Será que o autor abandonou Timor nesta data?
Eu própria já me tinha dado conta desta análise parar abruptamente em 24 de Maio.
Entretanto descobri um "pormenor" muito interessante: o site da UNOTIL tem um longo intervalo de 24 de Maio a 12 de Junho completamente em branco.
Lembro-me também que por aqui pelo Timor-online houve notícias dos jornais de TL terem deixado de se publicar pela altura da entrada dos Australianos.
Por esta situação não me parecer inocente e porque acho que é fundamental que haja um registo escrito da história destes tempos de Timor-Leste apelo ao autor desta não só interessante mas muito importante “Observação e cronologia da crise de Timor-Leste em 2006” que continue o seu trabalho.
Bem, essa branca no site da UNOTIL poderá se dever à censura interna do Sr Hasegawa....
Afinal foi depois de 24 que tudo se precipitou e seria interessante a sua cronologia bem como a respectiva análise, as ilações seriam interessantes, nomeadamente o papel do PR e dos seus "herois" Reinado, Railós, Tara e outros que tais.
Importante seria saber quem é o autor ou autores. Para se poder saber da credibilidade das suas interpretações. Porque nem tudo é documentado. Muita coisa ouviu dizer, não se sabe a quem, muita houve quem visse, mas não se diz quem, enfim...
E o que é retirado da imprensa é cuidadosamente seleccionado para dar uma imagem direccionada para uma linha de apoio a um partido.
Pode-se dizer que é um trabalho digno se ser publicado no órgão oficial de um partido.
Foi quando a pilha "MAPUTA" do Mari descarregou.
Cinico mari
"O Parlamento recebeu o relatório da investigação sobre o 28 de Abril, que afirma que a intervenção das forças armadas foi dentro da lei,..."
O Parlamento nacional afirma a legalidade da intervencao das F-FDTL? Ou o relatorio das apresentado pelas F-FDTL?
Se foi o Parlamento que afirmou isso, qual e o numero da resolucao parlamentar para esse efeito?
Alguem pode responder? Margarida?
Anónimo das 10:33:57 PM: diz que "nem tudo é documentado", que o "que é retirado da imprensa é cuidadosamente seleccionado", só não se percebe é se se está a referir ao site da UNOTIL, aos media ou ao autor desta análise. Já agora pode s.f.f. dar um exemplo ou prefere manter-se nas generalidades e nas amalgamas?
Dou-lhe um exemplo.
"O tiroteio contra 39 polícias desarmados com 12 mortos, perto do complexo da ONU em Dili em 25 de Maio foi o pior incidente, e está agora a ser investigado pela polícia internacional, particularmente a Polícia Federal Australiana. Dois desses que abriram fogo eram soldados das F-FDTL, mas dois civis numa motorizada foram também vistos a abrir fogo contra a polícia e os soldados antes de escaparem."
Cá está um exemplo. Foi a primeira vez que se ouviu falar dos bandidos da motorizada. E foram vistos por quem? O Coronel do Exército português (testemhunha material identificada), que acompanhava os polícias, ao lado deles, disse que foram 3 soldados da FDTL. Taur confirma e refere que os entregará a tribunal independente, e vem este "analista" que nem sabe quem é, falar de uma mota com dois sujeitos de que nunca se ouviu falar mas que ele garante que foram vistos. Que diga quem os viu e onde testemunhou isso.
E já agora, a tradução de "casualties" não é "casualidades". É "fatalidades" ou "baixas" no sentido militar.
Já sabe que eu sustento tudo o que digo, não me fico pela cantilena repetida do "está na Constituição e pronto".
Anónimo das 3:56:18 AM: eu acho piada que um anónimo diga “já sabe que eu sustento tudo o que digo”. Não quero pôr causa o que diz, mas não acha que facilitaria o diálogo se arranjasse um nick?
Quanto ao caso da motorizada também foi a primeira vez que a ouvi, mas fico satisfeita por ter afinal encontrado só essa novidade. Quanto à “casualtiies”, tem razão, obrigada pela chamada de atenção.
Pediu um exemplo e eu dei um exemplo. Tivesse pedido dois.
E já agora, comeu e calou como boa comunista ou ficou a pensar nisso? A pensar qual seria a motivação para arranjar aquela motorizada assim de repente?
Nunca lhe ocorre pensar por si mesma?
Quer um nick? Pois bem. Espero que goste.
Anónimo das 5:37:45 AM: toda a gente que conhece Dili diz que que é a capital dos boatos e rumores eu só acho estranho nunca o ter visto por aqui indignado com as mais de 100 mortes em Tasi Tolu mas achar tão estranho esses das motorizadas. Afinal fiquei sem saber qual é o nick que escolheu.
Mais de 100 mortes em Tasi-Tolu foi no tempo da indonésia em 1991.
Eu sei avaliar por mim, quando um boato corre.
Não preciso que nenhum órgão do partido me diga.
Essa da moto vem na linha do resto da análise. "A crise, tal como a FRETILIN Y sus Muchchos gostariam que o mundo a visse".
Olhe bem para o meu nick e compare com outros idênticos.
Não me desiluda com tão pequena perspicácia. Lá por ser comuna isso não é obrigatório (falta de perspicácia), ou é?
Anónimo das 7:24:39 AM:
Mas conhece certamente esta notícia do Suara Timor Lorosae, que esá no site da UNOTIL de 10 de Maio:
PD President and spouse involved in “petitioners’ case”: Alkatiri
Speaking at a media conference at Palacio do Governo yesterday, (Tuesday) Prime Minister Mari Alkatiri said that the President of Democratic Party (PD), Fernando Araujo “Lasama” and his spouse are involved in the petitioners’ case. “If the PD party is not behind this, then why are the President of PD and his spouse involved?” Alkatiri asked. “In regards to the 28 April incident some people said that 60 people were killed. The PD president Lasama and his spouse claimed that 100 people have been killed. Their objective is to bring down this government because they want to imply that many people were killed,” Alkatiri added. (STL)
http://www.unotil.org/UNMISETWebSite.nsf/cce478c23e97627349256f0a003ee127/a9c22a96f47d49f84925716a003b2e5d?OpenDocument
PS: Está então a dizer que o líder do maior partido da oposição mentiu? Afinal conclui que o Mari Alkatiri até dizia coisas acertadas. Eu também.
Eu disse isso onde? Você está com alucinações.
Agora você acredita em tudo o que vem nos jornais? E lá porque o Alkatiri disse tem de ser verdade?
E porque o Lasama disse que eram 100 tem de ser verdade?
O Alkatiri também disse que já tinha garantido 80% e era verdade?
Eu conclui alguma coisa do que o Alkatiri disse ou deixou de dizer?
Páre lá de fumar essa coisa.
Eu não reconheço notícia coisa nenhuma.
1 morto por violência já teria sido demais.
Desde 1975.
Anónimo das 8:32:36 AM: Nem ouviu o Salsinha a falar dos 60, e dos 100, e muito menos nunca leu por aqui ninguém a defender com unhas e dentes que o Alkatiri tinha que ser corrido por causa desse massacre e outros disparates semelhantes. Pois eu li.
Para já o tiroteio não foi contra 39 policias desarmados, foi para mais de 80 agentes da PNTL e quase 15 militares e policias da UN.Motorizada não havia nenhuma e pessoal civil com aramas e a disparar também não.
Já agora, a mulher do Sr Lasama e filho/a, no dia anterior à conferência de imprensa do seu partido, foi evacuada do Suai por um helicíptero australiano.
E deixem-se de lutas ideológicas, todos queremos saber a verdade e devemos contribuir para isso, segundo se sabe os comunistas já não comem meninos ao pequeno almoço e os fascistas já não assam judeus.
Desculpem este último parágrafo mas já estamos fartos, acho que falo por todos que lêm o blog, destes diálogos a dois sem muito proveito.
Todos queremos saber a verdade.
Mas não vai ser fácil.
A verdade é a propriedade de estar conforme com os fatos ou a realidade; exatidão, autenticidade, veracidade.
Nestas circunstância é difícil estabelecer todos os factos e toda a realidade.
Cada um refere apenas os que lhe convém, ou conforme os percebe.
Para Nietzche a verdade é um ponto de vista. Ele não define nem aceita definição da verdade, porque diz que não se pode alcançar uma certeza sobre isso.
Quem concorda sinceramente com uma frase está alegando que ela é verdadeira.
E o contrário é igualmente válido.
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