terça-feira, agosto 08, 2006

Observação e cronologia da crise de Timor-Leste em 2006 (IX) - trad.

Tradução da Margarida:

Observação e cronologia da crise de Timor-Leste em 2006 (IX)
Análise dos Media Timorense e Regional (CONT)


Abril 2006

Em 3 de Abril, o Ministro dos Estrangeiros Horta falou no quartel-general do 1º Batalhão em Baucau, e apelou aos soldados despedidos para continuarem com as suas tarefas e respeitarem os seus comandantes. Avisou contra gente que quer dividir as forças armadas, o Estado e o povo.

Em 4 de Abril, parece ter havido confusão sobre a declaração do Ministro Horta, alguns dizendo que ele disse aos soldados peticionários para regressarem a casa. O Tenente Salsinha disse que eles próprios se consideravam ainda soldados. Rumores de uma cerimónia de queima dos uniformes levou o Ministro do Interior Lobato a pedir às pessoas para não cooperarem com esforços de desestabilização. O TenenteSalsinha rejeitou a ideia de que queimariam os seus uniformes para criar instabilidade – se o quiséssemos fazer, disse de mau agouro, Dili seria destruída.

Deputados da oposição pediram para que os salários dos soldados continuassem a ser pagos visto que não tinham sido despedidos como deve ser. Várias vozes diferentes pediram ao Parlamento e aos líderes para resolverem a crise antes de piorar. A comunidade de Comoro estava muito activa, pedindo por acção contra os que destruíam casas e atacavam pessoas na sua área de Dili.

O antigo Comandante Dudu em Ermera realizou em encontro similar, e pediu ao Presidente, ao Governo e ao Parlamento para resolver a crise, e denunciou a questão ‘leste-oeste’.

Em 4 de Abril aconteceu o Encontro dos Dadores, com alargado endosso do programa económico do governo para 2006-07, e o seu relatório. O Presidente Gusmão disse no encontro que a estrutura do comando das forças armadas estava em crise, mas para são se alarmarem, porque ele resolveria o problema. José Luís Guterres também criticou pessoas no governo por não escutarem as suas críticas.

Em 5 de Abril 5, foi relatado que o Ministro Horta tinha abordado o Bispo de Baucau para um encontro acerca de como o governo pode assistir a igreja, particularmente na educação. O pedido foi desdenhado como uma anedota, em referência ao mal estar desde os protestos da igreja em Abril – Maio de 2005 contra o governo.

Antara relatou que a Marinha Indonésia tinha deslocado um navio para a fronteira do norte, e tropas para a fronteira, para o caso de haver um levantamento em Timor-Leste e êxodo de pessoas.

Em 6 de Abril um ministro do governo repreendeu a declaração de que o apelo para um conversa com o Bispo de Baucau era uma anedota, e que o governo estava pronto para ajudar as escolas católicas em necessidade em Baucau.

Em 7 de Abril, os peticionários concentraram-se no antigo centro de quarentena da UNHCR, o parlamento discutia o que fazer, o Primeiro-Ministro e o Presidente tiveram a sua reunião semanal e disseram que resolveriam a crise e pediram aos soldados para se manterem calmos. O Primeiro-Ministro falou acerca de novas leis para os militares.

Durante o fim de semana de 8-9 de Abril, o Ministro do Interior Rogério Lobato em Baucau disse que tentaria parar uma grande manifestação dos peticionários depois da Páscoa. Avisou que esses eventos eram para dividir as F-FDTL e que estava envolvida gente do ultramar. Previu problemas como estes até às eleições de 2007. Apelou aos membros da FRETILIN para se refrearem eles próprios.

Adérito de Jesus disse que não era tarde de mais para o Presidente, Governo e Parlamento resolver o problema, mas que não sabia que mecanismo eles usariam. O Presidente Xanana disse que o mecanismo era um segredo. Foi relatado que o Coronel Lere pediu aos soldados para devolverem os seus uniformes, que as forças armadas tinham resolvido a questão, que outras questões eram com os políticos. Mais quatro soldados juntaram-se aos peticionários.

Em 11 de Abril, o Bispo de Dili disse que queria falar com o governo acerca do orçamento de apoio.

Em 13 de Abril, foi relatado que o Primeiro-Ministro e o Presidente estavam a trabalhar para uma solução para os 591 ou 594, e que o comando militar estava a ajudar. Alkatiri tem esperança que na Páscoa isso esteja resolvido. O Ministro Horta encontrou-se com Taur Matan Ruak para discutir o problema. Matan Ruak também se encontrou com o Presidente. Parte do processo é continuar a pagar aos 594 soldados.

Em 17 de Abril houve uma missa especialmente realizada ao ar livre em Metinaro, mas os peticionários não participaram.

Em 18 de Abril, o Tenente queixou-se não terem sido convidados para a missa, e que o problema deles não estava resolvido de alguma maneira. Prometeu que realizariam um comício de protesto pacífico. O Presidente Gusmão encontrou-se com os partidos da oposição, e discutiu o problema das F-FDTL, as próximas eleições e outras questões. Houve um pedido para o Ministro da Defesa Rodrigues fazer uma lei para tribunais militares e disciplina.

Entretanto em 19 de Abril, o governo anunciou que houve cinco licitadores na corrida para 6 das 11 licenças de exploração de petróleo offshore - ENI S.P.A, Petronas Carigati, Petróleo Brasileiro (Petrobras), GALP Exploração e Produção Petrolífera, Reliance Industries Limited.

Em 20 de Abril, o Ministro do Interior Lobato relatou que foi informado e que assistiria a realização de um protesto pacífico de quatro dias pelos peticionários. Disse que a polícia providenciaria segurança. Realçou que alguns partidos políticos, embaixadas e padres tinham sido vistos a apoiar os peticionários e apelou à vigilância sobre jovens que estão a vir para Dili para o protesto.

O tenente Salsinha insistiu que o seu grupo não tinha apoio do exterior, e que o protesto era para apressar uma solução para o problema deles, e que senão houvesse uma solução em quatro dias, qualquer coisa podia acontecer. Parte da solução era investigar os comandantes militares, disse. Rejeitou a oferta da continuação do pagamento.

Em 21 de Abril, o Ministro Lobato esteve muito activo a falar com grupos à volta de Dili para permanecerem calmos. Fr Maubere disse que tinha o direito de apoiar os peticionários. O Tenente Salsinha disse que o Ministro Lobato estava enganado ao dizer que eles tinham granadas e cocktails Molotov, eles só tinham baionetas.

Durante o fim de semana continuaram arranjos formais para o protesto e o Tenente Salsinha predisse que 5,000 participariam. O Ministro Rodrigues e o General Matan Ruak e ostras figuras militares de topo partiram para o mercado de armas na Malásia, e está previsto que regressem em 28 de Abril. O Primeiro-Ministro fez comentários muito positivos acerca das conexões entre a FRETILIN e a igreja.

Em 24 de Abril a manifestação começou com cerca de 1000 participantes, que foram ao Palácio Presidencial, ao Primeiro-Ministro ao Parlamente e ao Tribunal de Recurso. A tensão estava alta. Houve apelos para o Presidente despedir o governo, e slogans contra Taur Matan Ruak, e para o Presidente suspender Matan Ruak. O cabeçalho da carta do Partido Democrático foi usado para a lista de exigências ao Parlamento.

Houve alguma violência e dois feridos feitos pelos manifestantes, mas a calma foi restaurada.

O Primeiro-Ministro recebeu pela primeira vez um pedido formal dos peticionários e respondeu positivamente às suas aspirações e ao seu direito para as expressarem.

Nesse dia o Secretário-Geral da ONU Kofi Annan declarou o seu apoio para uma nova missão de 12 meses da ONU em Timor-Leste, composta por uma unidade de apoio às eleições, formadores de polícia, oficiais de ligação militar e especialistas pedidos. Esta substituirá a UNOTIL quando o seu mandato expirar em 20 Maio 2006.

Os oficiais de ligação militar trabalharão primariamente com o TNI Indonésio na fronteira. A nova missão terá cerca de 65 elementos.

No dia seguinte escalou a retórica com Salsinha e outros peticionários a dizer que se as suas exigências não fossem atendidas haveria derramamento de sangue no quinto dia, apesar de Salsinha aconselhar contra conversa de guerra civil. O Chefe da Polícia Paulo Martins relatou aos media que dois jovens se tinham infiltrado no protesto com granadas de mão, mas que foram presos. A conferência de imprensa do governo tentou acalmar a retórica, prometeu uma solução e disse que demoraria tempo.

O Ministro do Comércio da Nova Zelândia Phil Goff disse que o governo de Timor o tinha assegurado que podiam gerir a situação com os peticionários, e por isso não estavam a considerar mandar tropas para ajudar à lei e à ordem. NZ tinha quatro formadores militares em Timor-Leste.

Em 26 de Abril, os peticionários re-apresentaram as suas exigências ao Parlamento por causa do problema com a carta do partido Democrático Maubere na Segunda-feira. O debate continuou acerca da necessidade de mudar as forças armadas e o mérito dos peticionários. Ameaçaram os mercados de Becora, alegadamente dominados pelos do leste.

O Embaixador dos USA denunciou rumores de que a Embaixada dos USA apoiava o protesto dos peticionários ou o protesto da igreja de 2005.

Foi revelado que o Ministro dos Estrangeiros se encontrou com Salsinha na noite de 25t e que propôs uma comissão de inquérito alargada – envolvendo a igreja e outros grupos não-estatais – que Salsinha tinha dito que era necessário, mas segundo o relato Salsinha disse que era tarde de mais.

Na Quarta-feira, o Primeiro-Ministro e o Presidente do Parlamento encontraram-se para discutir os peticionários, e anunciaram que transmitiriam as suas ideias para uma solução ao Presidente.

Houve violência nos mercados de Taibesse, com bancas destruídas e pessoas feridas, e três casas apedrejadas em Dili, relacionadas com a questão dos peticionários.

A muito falada 'solução' é uma comissão de quatro partes composta pela Presidência, o Parlamento, o Governo e o Supremo Tribunal para considerar as queixas dos peticionários e sugerir soluções. Figuras da igreja e da sociedade civil também participarão como consultores. Os peticionários continuarão a ser pagos até Junho. Mais tarde haverá outra comissão para criar uma Política de Defesa Nacional para lidar com a estrutura a longo termo e o papel das forças armadas. Foi dado crédito ao Ministro Horta.

O Ministro Lobato declarou outra vez que há uma terceira parte a empurrar os peticionários contra o governo, e que a polícia tem fotografias de estrangeiros ajudando os manifestantes.

O Tenente Salsinha também se encontrou com o Bispo de Dili, o Primeiro-Ministro e o Ministro dos Estrangeiros acerca da nova comissão proposta. Salsinha não se comprometeu a apoiar a comissão, dependendo de quem estava nela e do que é que iriam fazer. O Bispo Ricardo apelou a toda a gente para apoiar a comissão, porque a igreja era como toda a gente no país que quer a paz, e estava preocupada em como a luta interna seria vista pela comunidade internacional.

Na Quinta feira 27 de Abri foi notável o optimismo que a nova comissão era um bom processo para resolver as queixas dos peticionários, e foi relatado que muitos saíram de Dili. Contudo, no fim o Tenente Salsinha não endossou a solução, dizendo que queria respostas não uma comissão.

Na Sexta-feira28 de Abril, cerca das 1.30 pm, centenas de manifestantes atacaram o Palácio do Governo, queimaram carros e atacaram a polícia, que disparou as suas armas. No próximo Hotel Timor, o Presidente e o Primeiro-Ministro atendiam um almoço numa conferência de homens de negócios, e foram levados pelos seus guardas pessoais de segurança. Foi relatado mais cedo que o Gabinete do Primeiro-Ministro tinha declarado o protesto ilegal e tomado medidas para garantir a lei e a ordem. O Chefe da Polícia Martins acusou os peticionários por começarem com a violência em frente dos seus olhos, quando ele tentava manter a calma. O Tenente Salsinha acusou os líderes políticos por falharem em encontrar uma solução. Os peticionários fugiram para Tasi Tolu e queimaram cerca de 100 casas lá, e muitos civis fugiram para refugiar-se no Seminário Dom Bosco.

Na Segunda-feira o Presidente apelou às pessoas para regressarem a casa, e o Primeiro-Ministro, apelou aos líderes dos peticionários para regressarem a Dili para ajudar a resolver as questões. O Tenente Salsinha disse que só se renderia se o Presidente falasse, que só confia nele como Comandante Supremo.

Começaram a circular rumores que houve muitas mortes em 28 de Abril, mas o Chefe da Polícia relatou quatro mortos e 77 feridos, e que procura os perpetradores. O governo disse que o protesto dos soldados foi empalmado por hooligans. As tropas foram retiradas das ruas e as pessoas começaram a regressar a casa, mas estavam muito nervosas.

O Ministro dos Estrangeiros Horta enfatizou para os media que somente uma minoria de ex-soldados estiveram na manifestação de Sexta-feira, e que a maioria tinha aceite na Quinta-feira a formação duma nova comissão, que era uma iniciativa genuína do Estado. Telefonou ao Ministro dos Estrangeiros da Austrália para pedir-lhe para apoiar o pedido de Timor ao Conselho de Segurança da ONU para uma nova missão depois de 20 de Maio. O Ministro Downer respondeu numa maneira amigável mas não se comprometeu no apoio à ideia.

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8 comentários:

Anónimo disse...

este poste n devia por aqui pq o poste que n tem cualidade nemnhuma.

Anónimo disse...

Timorasli: claro que tem actualidade, até tem bastante actualidade para se perceber a maquinação que levou à situação de hoje. É sempre bom lembrar o que afinal os media contavem há quatro meses atrás e confrontar com as fantasias e mentiras que também por aqui gostam de contar.

Anónimo disse...

Se não viessse a detentora da verdade absoluta defender a sua dama, até o diabo se ria.

Anónimo disse...

Anónimo das 1:28:04 AM: agora que já despachei estas traduções já estou outra vez disponível para o paleio. Diga então lá, s.f.f. quais foram as incorrecções que encontrou neste trabalho bastante interessante e exaustivo. É que pelo menos o Timorasli teve a honestidade de não contestar o conteúdo e quem fez este trabalho só merece encómios.

Anónimo disse...

Quanto ao trabalho riginal já o comentei mais abaixo. As traduções, lamento desapontá-la, mas não me ia pôr a ler a memsma coisada duas vezes.

Só merece encómios de si e dos muchachos FRETILIN, certo?

Para coemaçr o título está incorrecto.

Deveria chamar-se: " A crise, tal como a FRETILIN y sus muchachos gostariam que fosse entendida."

Tipo "A história de Brianda Pereira (quem quiser pode ir ao google), só que ao contrário".

Anónimo disse...

Anónimo das 6:23:15 AM: é a vantagem dos anónimos, estão sempre a mudar de hora, podem sempre dizer que já se pronunciaram. O que tem piada é que mesmo anónimos têm medo de se comprometerem.

Anónimo disse...

"Na Sexta-feira28 de Abril, cerca das 1.30 pm, centenas de manifestantes atacaram o Palácio do Governo, queimaram carros e atacaram a polícia, que disparou as suas armas. No próximo Hotel Timor, o Presidente e o Primeiro-Ministro atendiam um almoço numa conferência de homens de negócios, e foram levados pelos seus guardas pessoais de segurança. Foi relatado mais cedo que o Gabinete do Primeiro-Ministro tinha declarado o protesto ilegal e tomado medidas para garantir a lei e a ordem. O Chefe da Polícia Martins acusou os peticionários por começarem com a violência em frente dos seus olhos, quando ele tentava manter a calma. O Tenente Salsinha acusou os líderes políticos por falharem em encontrar uma solução. Os peticionários fugiram para Tasi Tolu e queimaram cerca de 100 casas lá, e muitos civis fugiram para refugiar-se no Seminário Dom Bosco."


Engracado mas previsivel que o relato dos acontecimentos de 28 de Abril em Tasitolo nem sequer faz referensia a intervencao das F-FDTL, o tempo que demorou essa intervencao, a base legal para a justificar, se as mortes referidas no paragrafo tinha resultado dessa intervencao, quando esse foi um evento muito significativo para o agravamento da crise e divisoes Lorosae/loromomu. Nada sobre o bloqueamento de acesso do PR e vice Provedor da Justica e Direito Humanos ao local numa missao de averiguacao, etc.

Muito conveniente. Pela escrita nem se consegue perceber que as F-FDTL foram ilegalmente chamadas a intervir num assunto de seguranca interna ou claramente fazer-nos entender a operacao militar contra civis que ai se decorreu.
Nao me surpreendeu.
Pelos vistos o nucleo duro da fretilin tem estado ocupadoo a escrever a sua versao dos acontecimentos.

Anónimo disse...

Chamar-me anónimo, josé ou Joaquim, ou mesmo Maragarida, aqui vai dar exactamente no mesmo. Só se for preciso BI daqui para diante.
Mas para que não restem dúvidas repito:

"Quanto ao trabalho original já o comentei mais abaixo. As traduções, lamento desapontá-la, mas não me ia pôr a ler a mesma coisada duas vezes.

Só merece encómios de si e dos muchachos FRETILIN, certo?

Para commeçar o título está incorrecto.

Deveria chamar-se: " A crise, tal como a FRETILIN y sus muchachos gostariam que fosse entendida."

Tipo "A história de Brianda Pereira (quem quiser pode ir ao google), só que ao contrário"."

Gosta mais assim?

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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