Tradução da Margarida.
Concordo que estivemos unidos numa causa. Ninguém pode negar que a FRETILIN teve um papel principal na libertação de Timor-Leste, nem o facto que houve uma participação consensual de todos durante a luta.
O que falta entender é que Timor já não está mais a lutar por uma causa, Timor está no processo de construção de nação e de se governar autonomamente.
Há um apelo para unidade Nacional com o qual concordo totalmente mas não no contexto em que alguma gente quer. Há a percepção que Timor precisa de um Governo que represente a noção de Unidade Nacional onde os Ministros não sejam escolhidos sob a orientação de Partidos Políticos. Isto em teoria soa bem mas em termos de respeito pela democracia e pela constituição é perigoso. A democracia existe juntamente com os partidos políticos. Em Timor as escolhas são dadas às pessoas através dos partidos, é o partido vencedor que escolhe o Governo e se o partido sentir confiança para governar sozinho tem o direito de o fazer.
Gostava de acrescentar que a FRETILIN obteve 57% dos votos nas eleições de 2001. A Unidade Nacional deve existir na forma de cada cidadão em Timor-Leste estar unido no respeito pela regra da lei, no respeito pela democracia e acima de tudo pela Constituição que foi feita por delegados do Povo. E até à conclusão das eleições de 2007 temos portanto de aceitar o facto de o Parlamento ainda representar todo o povo de Timor-Leste. É a única instituição que representa todo o povo, isso deve-se ao facto de no Parlamento os partidos minoritários estarem representados desde que ganhem votos suficientes. Quando se considera por exemplo a Presidência pode-se ter dez candidatos mas só o vencedor se torna Presidente.
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quarta-feira, agosto 23, 2006
Dos leitores
Por Malai Azul 2 à(s) 06:13
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
2 comentários:
Curiosamente, esta notícia do site da UNOTIL passou despercebida à intérprete de serviço. Ou talvez não tenha passado.
"In a separate article, MP Francisco Branco (Fretilin) appealed to Parliamentarians with evidence in relation to allegations of some MPs’ involvement in arms assault, distribution of guns to civilians, and commands to attack the government food warehouse during the crisis, to report to the judicial sovereignty. According to Diario Nacional, Branco suggested the Parliament plenary session on Monday establish a Parliamentary Eventual Enquiry Committee to investigate MPs allegedly involved in the crisis. (TP, DN)
According to media reports Tuesday, a former Falintil member accused of being involved in May 25 incidents is currently under pre-trial detention as per Dili District court decision on Monday (21/80."
A hora não é de procurar culpados ou teorizar sobre a forma mais democrática de resolver as coisa.
Não é momento para caça às bruxas. Primeiro é preciso repôr a ordem pública e confiança.
Sem ordem pública e confiança, não se consegue o resto.
Nem eleição, nem democracia, nem desenvolvimento, se pode fazer sem segurança, ordem, confiança dos cidadãos.
Não concordo nada com a afirmação de que já não existe uma causa comum pelo qual se pode lutar e congregar os timorenses. Temos a causa do desenvolvimento, onde a maioria dos países falham, por que não se entendem quanto ao modelo de desenvolvimento, não envolvem a sociedade, no seu todo, incluíndo os partidos da oposição no desafio.
Porque quem vai investir, quer segurança, quer estruturas legais fiáves, que ter a certeza de que se mudar um governo, o novo não muda as grandes opções tomadas, não muda as regras ao meio do jogo...
Convencer as pessoas de que as oportunidades fazem-na elas, não têm de depender só do governo ou de oportunidades de ir para o governo ou qualquer emprego na função pública para isso é preciso um discuros comum a maioria dos líderes, se não não é possível.
É preciso desenvolver nas pessoas o espírito do empreendedorismo, de auto suficiência, de trabalho, de desafios as suas próprias capacidades..., e isto só se consegue com a envolvência de todos todos os timorenses.
Quanto à Unidade Nacional, em qualquer país a sério, e acredito que Timor é e pretende ser um país a sério, nos momentos de grande crise, a primeira medida de qualquer governante responsável é envolver o maior número possível de partidos e políticos para enfrentar estes desafios.
Neste momento Timor vive momentos de alta tensão. É daqueles momentos em que mais do que o que nos divide, é procura o que nos une, aquilo que pode ajudar à retoma rápida à normalidade.
Em 2001, a FRETILIN era evidentemente, o vencedor esperado. Com tanta campanha à favor da FRETILIN, efectuado pelos indonésios, durante a ocupação (Lembra-se ou conhece a expressão "Kamu orang FRETILIN"?) e a coerência de muitos FRETILINISTAS, reconhece-se, com a causa da independência, só,poderia pronunciar aquele resultado. Nesse momento e nos anos mais próximos, em circusntâncias normais, espera-se que a FRETILIN vá vencer todas as eleições, porque ela é, mal comparando, uma marca como a Coca Cola ou qualquer outro produto de consumo para massas.
Até que povo começe a aprender a separar as águas, quem está á frente da FRETILIN, ganha as eleições, nem que seja o próprio Suharto, embora nada garanta que assim vá, forçosamente, acontecer. Porque em democracia, espera-se que os votos sejam voláteis, que algumas pessoas, em número suficiente para arranjar novas maiorias, mudem de opinião e votem noutro(s) partido(s).
Se não houvesse mudanças de votos, naturais, bastava uma eleição e ponto final.
Um exmeplo disso, ainda que sem eleições fectivas para o confirmar, segundo algumas pessoas, para mim credíveis, no início de 74/75, a UDT era o maior partido timorense, mas depois, a FRETILIN ultrapassou-o.
A democracia não passa só pelas eleições e pela existência de grupos parlamentares da oposição. A democracia não passa só pelo governo da maioria mas também pelo respeito às minorias. Ora isso só acontece, se as minorias, não só podem exprimir livremente as suas opiniões, mas também, não sintam que estão a ser perseguidos ou por e simplesmente ignorados.
Os partidos de oposição não existem apenas para o enfeite, como acontecia no anos negros da "Nova Ordem Suharrtista" ou da antiga RDA. Os partidos da oposição também podem ajudar a governar melhor, com propostas sensatas e oportunas. Não pode a maioria ignorar essas eventuais propostas e, mais tarde, fazer uma "maquiagem" às mesmas e aprova-las como se fossem suas.
A maioria tem de perceber que a democracia se faz com as oposições e com minorias, porque quem está na oposição, está mais livre para criticar ou apresntar propostas contra o governo do que os deputados do governo. Podem às vezes fazer propostas irresponsáveis ou não têm ponta por onde se lhe pegue, mas, regra geral, espera-se que a maioria dos deputados da oposição sejam pessoas sensatas e responsáveis.
A Presidência da República, no nosso regime constitucional, é um órgão uninominal, não executivo.
Não pode existir uma coligação de presidentes, mas ao nível do poder executivo pode existir uma coligação de partidos, que suportem o governo.
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