Blog Timor Lorosae Nação
Quinta-feira, 10 de Janeiro de 2008
Klaudio Berek
VERDADE E RESPONSABILIDADE SÃO SEMPRE PREFERÍVEIS
Os últimos acontecimentos em Timor-Leste, relacionados com Alfredo Reinado, têm vindo a agitar os espíritos mais inconsoláveis e contrários à decisão do Presidente Ramos Horta ter indigitado Xanana Gusmão para formar governo e seguidamente ter empossado membros da AMP para governarem.
A decisão foi e pode continuar a ser discutível mas não deixa de ser constitucional. Pode gerar um certo desconforto, é certo, mas é constitucional por não constar na referida constituição, preto no branco, que as alianças de partidos devem ser constituídas antes das eleições e a essas se submeterem.
Os que defendem a constituição e nomeação do governo AMP devem condescender de todos os outros argumentos contestatários por isso. Nunca se viu tal em países democráticos e em Timor-Leste só se está a ver por não estar devidamente explicita a forma como a aliança ou alianças de partidos pode ser considerada para governar.
Foi uma esperteza saloia do PR Horta e seus conselheiros? Foi com toda a certeza. Uma atitude que de certeza foi pensada e configurada ainda antes das eleições? Foi com toda a certeza. Lembremos que nesse tempo o objectivo era impossibilitar a Fretilin de novamente formar governo.
Sabemos que mais incomodativo que a verdade é não se revelar a verdade e assumi-la. Se assim foi só há que assumir que o objectivo era afastar a Fretilin do Palácio do Governo de forma mais ou menos credível através de eleições. Todos o sabem ao fim e ao cabo.
Por isso não se compreende que não seja assumido pelos que actualmente detêm o poder em Timor.
A falta de transparência dá azo a muito mais confusão e se a cada um fossem atribuídas as suas responsabilidades e motivos das práticas das mesmas tudo seria visto com outros olhos pela sociedade timorense e a agitação e confrontos que pudessem existir no momento já estariam de todo esbatidos e a verdade seria aceite. Melhor ou pior mas seria aceite pacificamente.
A falta de coragem de Xanana e de Horta na revelação da verdade podem conduzir Timor para uma nova e repetitiva senda de violência, o que de todo não é desejável.
Reparemos no caso do General Eanes, em Portugal, com o 25 de Novembro, e testemunhemos como ele é respeitado. Mas conseguiu-o a ferro-e-fogo. Assumindo as suas práticas, as suas responsabilidades.
Em Timor-Leste, a falta de coragem dos líderes que fizeram o golpe de estado e que nunca tornaram as coisas claras foi e continua a ser notória. É impossível continuarmos a confiar em líderes destes. Que se escondem atrás de mentiras e de silêncios em vez de se orgulharem de terem feito “isto ou aquilo” porque consideraram ser o melhor modo de serem patriotas e conduzirem o país para a via democrática.
O caso Alfredo Reinado é flagrante. Mostra a preferência doentia de falsidade que o Presidente Horta e Xanana Gusmão, entre muitos mais, praticam, alapando-se por detrás do poder, que não os esconde das verdades ditas por quem os apoiou e cumpriu ordens suas, proporcionando-lhes que chegassem onde estão. Periclitantes, é certo, mas com poderes!
Alfredo Reinado cansou de ser bode expiatório de um golpe de estado que existiu mas nunca foi assumido pelos seus autores. Em vez disso marginaliza-se quem foi nas loas dos agora “poderosos” Xanana e Horta.
Alfredo Reinado está ferido na sua dignidade e isso é aquilo que de pior se pode fazer a um homem da sua estirpe.
Para evitar violência, Reinado envereda pelas acusações verdadeiras sobre as responsabilidades da “crise de 2006”. Acusa Xanana sem meias-palavras e deixa Horta nos limbos por enquanto. Quem não sabe que Alfredo está a dizer a verdade?
Não se trata de aqui enaltecer Alfredo Reinado mas sim de aquilatar da personalidade dos que julgávamos serem os melhores para Timor-Leste e que esses são os que deveriam conduzir o país à Justiça, Ordem e Progresso.
Todos pensámos que Horta e Xanana seriam as pessoas indicadas e que o contributo da Fretilin, na fiscalização do exercício do poder por ambos, nos traria as garantias de que seguiríamos por bom caminho, sem grandes escolhos.
Nada disso aconteceu, nada disso está a acontecer. Não sabemos ao certo aquilo que nos pode acontecer e para onde estamos a caminhar enquanto país.
As razões prendem-se com a falta de honestidade e de transparência de Horta e Xanana – porque com os outros podemos bem.
Para além dos inúmeros casos sociais que estão por resolver, em que o dos deslocados é o mais flagrante, este governo de Xanana e de Horta o que tem feito? Nada ou quase nada.
Descobriu-se que o que sabem melhor fazer é esconderem-se por detrás do poder, do seu estatuto presidencial e governamental, e pouco mais. Descobriu-se que são capazes de “governar” sentados sobre a miséria dos outros, dos governados. Indiferentes à dita miséria e à inépcia dos que com eles partilham o poder. Esses são os que estão a fazer com que a corrupção, o compadrio, os jogos de interesses ilegais se multipliquem pelo país.
É aqui que Alfredo Reinado pode fazer vingar a sua imagem e as suas declarações verdadeiras, cativando até quem se lhe opunha.
O apoio popular de que Reinado dispõe já não permite contrariarem o percurso que se lhe adivinha. Os homens em armas de que dispõe serão certamente multiplicados por espontâneos populares que aderirão à sua causa: a verdade e responsabilidade, seja isso o que vier a ser. Qualquer reacção para o hostilizar dará mau resultado. Muito mau resultado. A não ser que o liquidem.
Vamos ver o que acontece, sabendo nós que se não negociarem com Alfredo Reinado e não assumirem as suas responsabilidades muito mal poderá sobrar para os timorenses, através das revoltas incontidas que surgirão.
segunda-feira, janeiro 14, 2008
O FRÁGIL PODER DOS COMPROMETIDOS
Por Malai Azul 2 à(s) 22:59
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
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