terça-feira, agosto 07, 2007

Governo kinder-surpresa para Timor-Leste!

Blog Página Um - 04-08-2007

Política timorense causa maus cheiros no hemisfério sul
António Veríssimo

Costuma-se dizer que tudo que é demais cheira mal e pela parte que me toca consegui finalmente descobrir porque tenho andado de há uns dias para cá tão incomodado com o cheiro nauseabundo que experimentei assim que passei o equador e do hemisfério norte passei ao do sul num pestanejar.

Evidentemente que o cheirete provem de Timor-Leste e concretamente deve-se ao facto de o seu presidente Ramos Horta deixar retardar até à putrefacção um dos alimentos mais importantes de que o país carece: decisões justas e acertadas que motivem o país a perceber que não vai haver mais do mesmo e que as golpadas com ele na presidência foram chão que já deu uvas.

Infelizmente parece que nada disso está a acontecer, tudo indicando que vamos continuar a ter mais do mesmo, que afinal o tal governo muito abrangente partidariamente era bazófia para mundo e timorense ver, ouvir e enganar.

Realmente, já não dá para confiar em nenhum dos poderosos que em Timor-Leste insistem em arrastar o país para a hecatombe encomendada pelo governo howardista e seus irmãos de “petróleo” – não esqueçam o petróleo que há em terra, diz-me a minha consciência conhecedora.

Então, o senhor presidente Ramos Horta, andou praticamente um mês a enganar meio-mundo. Já antes do dia de votação Horta falava num “governo com todos os partidos”, quase referindo-se a um governo de salvação nacional multi-partidário, e agora para espanto nosso deita fora o partido mais votado e prefere entregar as rédeas do poder governativo a Xanana Gusmão, do CNRT, que nem representa um quarto do eleitorado.

Pensando bem acho que acabei por compreender que Horta não pode acabar com as golpadas porque ele personifica as golpadas e há vícios que não se perdem facilmente.

O exercício para se entender porque Ramos Horta falava do tal governo abrangente, multi-partidário, que incluiria as forças políticas mais votadas e representativas do eleitorado, destinava-se somente para deixar a porta aberta ao CNRT e a Xanana Gusmão no caso de a Fretilin ter obtido uma expressão eleitoral próximo da maioria…

Então, nesse caso, ele sim, sim, sim. Faria finca-pé para que a Fretilin abrisse mão de uns quantos lugarzitos para o grande herói da fábrica-kinder-surpresa, Xanana Gusmão.
Agora assim não, não, não. Sorrateiramente andou todo este tempo a empatar para que não se dissesse que foi um presidente que não procurou consensos e não perseguiu a tal ideia muito democrática e pacificadora de proporcionar ao país ser governado através de um multi-partidarismo de inclusão presidencial.

Tretas! Tretas!

Como o assunto tem pano-para-mangas, infelizmente, voltarei a abordá-lo logo após revirar toda a matéria noticiosa relacionada com Timor-Leste – que me dispensei de acompanhar nuns quantos dias de férias por estar convencido da honestidade do senhor presidente Horta.
Só mais uma coisita: conseguiu-se compreender porque é que o “patrão” de Timor, John Howard, realizou aquela visita-surpresa-relâmpago?

Pois é, provavelmente não estava a gostar do andamento das “negociações” e lá vai um puxão de orelhas ao subalterno meio-aborígene, para ele, que até é Nobel.

Voltarei para a “reprise” depois de limpar as lentes da objectiva que capta espíritos mal cheirosos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Já se sabia que o plano era esse: RH e XG trocarem de lugares.

Falhados que foram o 1º golpe pela via das armas e o 2º golpe pelos tribunais e comissões de inquérito, eis que à terceira foi de vez.

Gostava de ouvir a opinião daqueles que passavam a vida a criticar a Fretilin por ter "transformado" a Assembleia Constituinte em Parlamento, chegando ao ponto de classificar como "ilegítima" a maioria absoluta que a Fretilin tinha no PN. Que dizer então da transformação de 24% numa maioria absoluta e com direito a Governar o País?

E qaueles que acusavam Alkatiri de pertencer ao "grupo de Maputo", o que têm a dizer sobre a "visita" de Howard sem avisar as autoridades timorenses, para provocantemente comemorar o seu aniversário em Dili, após o que começou a constar - e agora confirmou-se - que RH ia convidar XG a formar Governo?

Timor começou a sua via dolorosa depois de uma "visita" semelhante de Kissinger e Ford a Jakarta, que foram lá abençoar a matança indonésia em Timor, lembram-se?

Coincidências...

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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