terça-feira, agosto 28, 2007

Deixem passar esta linda brincadeira

Timor Lorosae Nação - 26 de Agosto de 2007
Presidente diz: cada macaco no seu galho!

por: Ana Loro Metan

A política timorense parece de facto uma brincadeira pelo que passei a compreender a perspectiva da ministra da justiça, Lúcia Lobato, quando ainda não há muito tempo se referia a assuntos de Estado com a definição bem exacta “brincadeira”.

Como já me acusam de ser uma indefectível defensora de Lúcia Lobato, fiquem sabendo que uma vez mais a estou a defender e a dar-lhe razão sobre os procedimentos brincalhões deste governo e deste presidente da república – hoje saem todos com minúsculas porque estou Zangada!

Este novo (velho) governo da AMP patrocinado pelo senhor presidente da república e chefiado por Xanana Gusmão – só por isso é que Horta aceitou nomear a AMP – já tomou posse há quase três semanas.
É costume, em democracias, que os governos apresentem atempadamente os seus programas. Expliquem e ponham à votação dos parlamentos para onde vão, o que querem fazer…

Pois, mas neste caso parece que isso irá tanto acontecer – à séria - quanto aconteceu os partidos que constituem a AMP terem apresentado um programa eleitoral à séria. Assim sendo, bem podemos esperar deitados e dormitando porque o prazer e a “sabedoria” do agora primeiro-ministro pelo improviso certamente vai marcar estes próximos tempos de “governação”.

Nesta perspectiva não admira que se confundam os detentores dos altos cargos desta república de xananas e que Ramos Horta ande a dar numa de primeiro-ministro enquanto o primeiro Xanana anda calado que nem um isso, apaziguador, como um presidente desta coisa, consensual desde que lhe convenha. Temos um presidente que faz diplomacia paralela, substituindo-se ao governo, e que vai para o estrangeiro – Indonésia - fazer declarações mais governamentais que outra coisa, afirmando que Timor-Leste está a ficar num mar de petro-rosas e que nem precisa de medidas de excepção, necessitando simplesmente de policiamento pelo que os militares australianos ficarão a desempenhar essa condição…

Então, mas policiamento não tem a ver com polícia?

Não é em estados de excepção que se recorre aos militares?

Policias estrangeiros que estão neste país não é GNR e mais uns quantos que integram a UNPOL?

Os militares australianos e neozelandeses – que são a mesma coisa – não integram a ISF? A ISF não é uma componente militar fora do controle da ONU, com comanda próprio e autónomo?
Ah, então afinal isto é um estado de excepção que só no estrangeiro indonésio é que não é!
Compreende-se toda esta baralhação - ou brincadera? - se nos esforçarmos por recordar que o presidente pela-se por viajar e já estava cá há tempo demais…

Não foi para mostrar serviço porque isto nem é serviço… Foi para arejar.

Noutra vertente das ocorrências desta república teve o seu presidente, Ramos Horta, - é bom que se diga o nome para não confundirmos – umas palavras severas para o Fórum dos Empresários de Timor-Leste, considerando insultuosas as palavras proferidas na declaração daquela organização empresarial.

Por tais palavras o primeiro minis…, digo, magistrado da nação, Ramos Horta, exigiu um pedido de desculpas.

A declaração, assinada pelos responsáveis da organização, Júlio Alfaro, Óscar Lima e Frankelino Castro, tornaram públicas as preferências destas elites governativas pelos investidores estrangeiros em detrimento dos investidores timorenses – o que é verdade, sabemos nós. “O presidente é o presidente dos estrangeiros em vez de ser o presidente de Timor-Leste”… Ramos Horta exige um pedido de desculpas perante este sentir dos empresários timorenses.

Abespinhou-se ainda mais porque “escandalosamente o senhor Alfaro, como exemplo, visou especificamente os cidadãos de um país amigo”, reza no comunicado da presidência desta coisa. Francamente, mas o senhor Alfaro não compreende que quem patrocinou a campanha de Ramos Horta foram “estrangeiros amigos”, aliás, como Xanana.

O senhor Alfaro e os empresários timorenses contribuíram com alguma coisinha para que os salvadores da pátria fossem eleitos?

Então… mas favores com favores se pagam… Compreenderão esta lógica os senhores Alfaros desta república?

Claro que o presidente tinha de afirmar no comunicado: “Enquanto for presidente de Timor-Leste não aceitarei qualquer tentativa de Timorenses, do governo ou do sector privado para discriminar contra estrangeiros.”

Oh, senhores Alfaros, francamente, discriminar estrangeiros para quê? Então não é melhor discriminar os timorenses?

Exactamente para salvaguardar essa condição, “sine-qua-non”, é que também é afirmado no comunicado: “Apelo ao Parlamento Nacional e ao Governo para nem sequer sonharem em introduzir medidas discriminatórias. O que o senhor Alfaro disse é muito perigoso dado que pode levar a começar a acusar estrangeiros se perderem um contrato para um projecto. Isso aconteceu no regime de Suharto – ele discriminou contra os Chineses, e isso aconteceu no Uganda, onde sob Idi Amin perseguiram os Indianos e expulsaram centenas de milhares do dia para a noite. Isso não acontecerá cá.”

É um prazer, ter o prazer, de ver o prazer com que este presidente primeiro-ministro dos negócios estrangeiros brinca, fazendo lembrar a velhota máxima que fala de cães a ladrar e caravanas a passar, ou seja: “os representantes dos órgãos sociais timorenses falam mas a elite imposta através de descarados expedientes vai brincando como quer”.

Pois claro, macacos me mordam se não é cada macaco no seu galho… que o respeito pelas elites perversas e absolutas tem de ser observado…. Nem que para isso seja necessário recorrer a tropas estrangeiras… amigas.

Tão amigas que foram quem também contribuiu para pôr esta elite no poder desta república.

Sem comentários:

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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