terça-feira, agosto 28, 2007

Bispo Dom Basílio do Nascimento: “Não aconteceu violação sexual no orfanato de Baguia”

Jornal Nacional Semanário – 25 de Agosto de 2007 (colocado online a 27 de Agosto de 2007)

O Bispo da diocese de Baucau, Dom Basílio do Nascimento, desmentiu a notícia que alguns jornais publicaram sobre uma pretensa violação sexual de uma menor no orfanato de Baguia. O que é verdade, diz, é que a violação ocorreu fora do orfanato, e já há muito tempo, antes dos acontecimentos de violência na Ponta Leste.

O Bispo Dom Basílio falou sobre esta questão ao JN Diário e RTTL, na sede da diocese de Baucau, sexta-feira (17/8).

Segundo Dom Basílio, aconteceu de facto um caso de violação sexual de uma menor que reside no orfanato mas essa acção imoral aconteceu fora do orfanato e não na ocasião em que os apoiantes do partido Fretilin se envolveram em acções de violência nos três distritos da Ponta Leste.

«Houve informações contraditórias. Uns, disseram que houve quem entrasse no orfanato, tendo violado oito crianças; uns diziam de 10 anos, outros de 12 anos. Hoje de manhã (sexta-feira da semana passada), recebi a informação que desmente isto, pois a violação sexual ocorreu antes dos acontecimentos de violência, e fora do orfanato, entre um rapaz e uma rapariga, ambos namorados. Com essa situação, o rapaz saiu do orfanato com a rapariga», esclareceu Dom Basílio.
O Bispo Basílio sublinhou que os rumores sobre a violação sexual ocorreram quando recebeu um telefonema de um órgão de comunicação internacional. Houve alguns órgãos de comunicação nacionais que o entrevistaram sobre o acontecimento mas, por sua parte, não confirmou as informações aos jornalistas, porque as mesmas não eram claras. Como Bispo, procurou a confirmação ou não junto da Paróquia de Laga, contudo os Padres responsáveis pelo orfanato nada sabiam da eventual violação sexual. Deste modo, o referido órgão de comunicação é que terá deturpado as suas declarações, ao ter dado a falsa informação sobre uma violação sexual no subdistrito de Baguia.

«Nesse momento, quando recebi o telefonema do órgão de comunicação perguntando-me sobre o caso, estava em Nahareca (Ossú). Não cheguei a confirmar a informação. Perguntei ao padre salesiano responsável pela Paróquia de Laga, e esse não soube do assunto. Portanto, até à data, ainda não sei se isto é ou não é verdade, porque não tenho dados concretos. Alguns órgãos de comunicação entrevistaram-me mas não dei uma informação clara por não ter dados. O jornalista interpretou mal as minhas declarações ou inventou um pouco, publicando «Bispo condena violência sexual em Baguia”. Depois, no meu gabinete, perguntaram-me porque é que o Bispo fez esta condenação. Respondi que não condenei ninguém, mas eles informaram-me que alguns jornais escreveram que o Bispo tinha condenado a violência sexual acontecida em Baguia e eu novamente respondi que o jornal é que talvez tenha condenado as acções de violência», disse o Bispo meio a rir.

Questionado sobre a violência acontecida nos distritos de Baucau e Viqueque, que resultou na destruição ou incêndios de propriedades privadas, eclesiásticas e estatais, Dom Basílio respondeu que «praticar a violência é fácil. Exterminá-la é que é difícil e não sabemos as consequências que esta violência traz para o povo de Timor-Leste, porque causará a paralisação da economia, mortes, perda de bens, casas queimadas, etc.».

Portanto o Bispo pede ao Governo para procurar meios adequados para exterminar a violência, não só com o uso de força, mas através do diálogo, para que a paz e a estabilidade possam regressar ao país.

Além disso, o Bispo Basílio pede ao Estado para analisar a razão ou a origem da violência. Pede aos apoiantes e à liderança da Fretilin para não mostrarem descontentamentos apenas com acções de apedrejamentos e promoção de violência, mas utilizando meios legais.

Questionado sobre a realização pela Fretilin de uma manifestação contra a decisão do Presidente da República acerca da formação do Governo, Dom Basílio respondeu que toda a gente tem o direito de realizar manifestações para protestar contra quaisquer decisões tomadas pelo Estado mas o melhor caminho é através do Tribunal, em vez de fazer demonstrações para destruir os bens alheios.

Caso na referida acção aconteça algum crime, o seu autor deve ser responsabilizado, tal como também a liderança dessa acção.

«Qualquer grupo ou qualquer partido que não concorde com a decisão do Estado tem um meio a seguir para apresentar a sua contestação, que é o Tribunal. Segundo a lei em vigor, em vez de praticar a violência. Se praticarmos a violência, criaremos instabilidade dentro da sociedade, na vida pública. Consideramos ter a razão mas perdemos a nossa razão por não termos autodomínio para nos colocarmos no lugar certo», afirma Dom Basílio.

Explicou que a onda de violência registada na Ponta Leste não manchou apenas o nome dessa região mas também o nome de todos os timorenses no mundo internacional.

O Bispo Basílio acrescentou que a Constituição foi elaborada e aprovada pelo partido maioritário, a Fretilin: «Está escrito claro na Constituição mas há diferentes interpretações», portanto o Bispo considera que as duas condições na Constituição, artigo 106, são legais e a decisão do Presidente da República foi justa e legal.

O Bispo Basílio pede à liderança da Fretilin que, se pensa que a decisão prejudicou o partido, deverá apresentar queixa ao Tribunal, em vez de resolver o problema nas ruas.

O problema étnico surge por causa da política

Na mesma ocasião, o Bispo Basílio clarificou que os incêndios de casas registados no subdistrito de Uatolari podem ser em parte justificados por oposições étnicas entre “Makasae e Naueti”, contudo, é preciso ter em conta que houve um aproveitamento da situação política relacionada com o descontentamento dos apoiantes da Fretilin relativamente à decisão de o Presidente da República ter entregado a formação do Governo ao CNRT e seus aliados. Acrescentou que se fosse apenas a questão étnica, a população “Makasae e Naueti” não se perseguiria mutuamente nem incendiaria casas:

«Se o problema fosse apenas étnico, penso que não haveria razão de se confrontarem. Quem é que estabeleceu este contexto, quem é que criou confrontos dentro do contexto étnico? Foi verdade, mas porque houve ocasião e tempo favorável para que estas circunstâncias surgissem, por causa da situação política ou duma situação política em que os militantes da Fretilin demonstraram o seu descontentamento num contexto em que alguns grupos aproveitaram para praticar não só a violência política mas uma violência étnica», explicou Dom Basílio.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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