Opinião
João Porventura
Agora e que é! Dia 15 os refugiados vão para casa, como já foram nas duas ou três vezes anteriores. Os refugiados já estão nos campos de acolhimento há duas semanas ou três? A alimentação já acabou e a assistência médica também? O primeiro-ministro já deu prazos, já prometeu a resolução do assunto. Já deu garantias, mas continua tudo na mesma. Agora é que é? A ver vamos se o é ou não é.
Não podemos passar a vida a dizer que fazemos quando de antemão sabemos não podermos fazer.
José Ramos-Horta, promete e é lesto em usar a comunicação social para os seus grandes feitos antes de concretizados. Desta feita, com a questão dos refugiados, o actual primeiro-ministro deveria ter muito mais cuidado no anunciar resultados antes de tempo. Na verdade, passados estes meses todos de governação, aquilo a que se assiste é a uma situação de continuidade na questão social do país. Os refugiados são os mesmos ou até mais. O número de mortos subiu e não foi coisa pouca. Os confrontos e instabilidade, a violência, a intolerância e a barbárie, estão a alastrar ao interior do país – é a própria UNPOL que o admite.
Governar bem, é a arte de fazer obra. Governar mal é a obra de dizer que se faz e não se concretiza. José Ramos Horta é hábil na diplomacia e pouco experimentado nas coisas da governação. Por muita boa vontade que José Ramos-Horta tenha e até tem, fica-lhe mal insistir no feito sem o ter realizado, alcançado. Quando se espera um resultado é preferível anunciar depois de alcançado. É relevante a incapacidade nacional em resolver o problema solúvel dos refugiados do medo e da intolerância. Mas este é apenas um dos pontos. O outro, o tal diálogo comunitário e afins também terá muito caminho a percorrer.
No entanto, em boa verdade se diga, a grande questão deste II Governo é a incapacidade em dar visibilidade à Soberania nacional que se traduz em confiança do povo nas suas instituições.
A segurança está entregue, até ver, em exclusivo às forças internacionais – prova da incapacidade em se resolver em tempo a questão do regresso da PNTL e da F-FDTL. Esta é uma questão de visibilidade e de efeito directo nos níveis de confiança dos cidadãos em relação ao próprio Estado. A outra questão passa pela inabilidade no tratamento dos assuntos que tocam os peticionários e outros militares fora da estrutura de comando das F-FDTL.
Independentemente do grau de culpa ou de inocência de Alfredo Reinado a verdade é que a sua não captura prova a incapacidade grosseira das forças internacionais em cumprirem o papel que os trouxe ao nosso país. Por outro lado, esta atitude coloca em causa a autoridade do próprio Estado. A continuarmos assim, estamos em crer que não haverá clima propício à realização de eleições. Mas nem só o assunto Reinado, que surge vezes sem serem demais, a público deixando no ar um cima de suspeição, contribui para o atrás afirmado. A Reinado, se tem para falar que fale e de uma vez. Se tem para contar e não confia mais na política, no sistema de justiça e nas lideranças nacionais então que conte em definitivo o que acha que tem para dizer sobre este processo. Em sua defesa e do próprio país. O maior contributo de Alfredo Reinado, que se assume num discurso verdadeiramente louvável no que toca ao nacionalismo e soberania, será o de dizer o que tem para dizer, contar o que tem para contar. Que tem Reinado a perder? Nada.
Por outro lado, a conflitualidade, a violência, entre grupos rivais começa a dar um ar ao nosso país de Somália, Sudão e outros tais, cuja anarquia reina pelas ruas dos respectivos países. E ele há líderes políticos escondidos por detrás de viaturas blindadas e de muros bem escudados, fazendo o seu dia-a-dia nacional…
Timor-Leste, está com um défice de autoridade como nunca se assistira antes. O desrespeito pela vida do outro desceu a níveis mais do que preocupantes, absurdos. Kay Rala Xanana Gusmão, ele mesmo já o disse publicamente. Há seis meses atrás esta situação de violência conduziu ao descrédito de políticos bem conhecidos. Hoje, ignora-se. Na ignorância do que está a acontecer está o nosso povo, vivido e controlado pelos boatos e pela dor da morte. O medo e a indefinição deixam marcas maiores que feridas de arma branca. As cicatrizes ficam registadas na pele, mas o medo fica entranhado na alma e é geracional. Quem combate estes grupos? Grupos que tanto nos envergonham pelo nível da violência praticada. Que práticas ancestrais estamos a recuperar com a mutilação de corpos? Com o desmembramento de corpos. Quem mata com requintes de tal malvadez merece o perdão? Porque matamos? Porque mutilamos? Quem somos nós? Que século e milénio é este? Onde está a educação dos nossos pais? Onde está a Igreja católica no seu papel junto destas almas de catequese e crismas feitos? Onde falhamos, todos. Onde está o nosso sonho de país? Foi meramente um sonho?
O tempo passa. Tudo se vai fazendo…
Muda-se a frente do Palácio. Entregam-se medalhas de mérito – pecam pelo atraso na entrega ao nossos heróis -, anunciam-se obras de milhões e projectos de investimento milionários. Na Internet sites vendem projectos de construção de hotéis e afins nas nossas praias. Mas o passado fica lá para trás e não se honra. Mas este é um governo FRETILIN, não é o Governo de José Ramos-Horta ou de Xanana Gusmão. Na história este fica assinalado como o II Governo Constitucional da RDTL, formado pela FRETILIN. Partido de gente que se diz entendida mas que denota fissuras gritantes nas suas estruturas.e parece a cada dia que passa desconhecer o que é concertação ou práticas uníssonas.
Há dias atrás um reputado especialista dizia que o nosso problema só se resolve com a realização de eleições. Para nós, estamos em crer, aquilo a que se assiste, a cada dia que passa é a necessidade de rever tudo, a bem da Nação, da Soberania e do futuro. Quanto a eleições, a este ritmo só conseguiremos cumprir a agenda de quem promove a instabilidade e violência na nossa terra. Como seja: mais violência, mais intolerância!
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sábado, dezembro 09, 2006
Estamos em queda livre
Por Malai Azul 2 à(s) 19:33
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
1 comentário:
Sera que o senhor ainda nao entendeu que ha pessoas que prometem e prometem, mas que depois nao realizam as suas promessas?!
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