quinta-feira, novembro 02, 2006

Taur Matan Ruak disponível para intervenção cívica mais activa


Díli, 02 Nov (Lusa) - O comandante das forças armadas timorenses está disponível para assumir uma intervenção cívica mais activa, manifestando-se, em entrevista à agência Lusa, disposto a corresponder ao que os timorenses esperam dele.

"Todos os timorenses são responsáveis pelo destino do país. Naturalment e faço parte dessa comunidade. Em qualquer actividade que achem que deveria fazer, estou disponível para tudo", disse o brigadeiro-general Taur Matan Ruak.

Chefe militar com um passado de 24 anos de luta contra a ocupação indonésia, Ruak afirma não estar agarrado ao actual cargo de comandante das Falintil- Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL).

Instado a responder se nunca tinha tido a ambição de servir o país fora da instituição militar, assumindo uma intervenção cívica - de ordem política - Taur Matan Ruak recordou que em 2005 chegou a pedir em três ocasiões a sua saída ao Presidente Xanana Gusmão.

"No ano passado pedi por três vezes a minha saída. O senhor Presidente vetou. Respeito a decisão do senhor Presidente, que tem mais visão para a situação do que eu. Acabei por aceitar", salientou.

Sobretudo, Taur Matan Ruak salienta estar "ao serviço de Timor".

Crítico da intervenção que as forças militares internacionais têm levado a cabo para assegurar a manutenção da ordem e paz públicas, Matan Ruak destaca a "falta de organização" evidenciada.

"Porque é que tantas forças, durante seis meses, não conseguem resolver este problema? Acho estranho", vincou.

As autoridades timorenses solicitaram em Maio à Austrália, Malásia, Nov a Zelândia e Portugal o envio de efectivos militares e policiais para garantirem a manutenção da ordem pública, face à situação resultante da crise político-militar desencadeada em Abril, com a desintegração da Polícia Nacional e divisões no seio das forças armadas.

Os militares australianos e neo-zelandeses, que chegaram a totalizar mais de 3 mil efectivos, mantêm actualmente um comando separado do da polícia da ONU (UNPOL), onde se integraram os polícias malaios e os militares portugueses da GNR.

Para o brigadeiro-general Matan Ruak a criação de um comando unificado permitirá cumprir executar cabalmente as operações de prevenção e detenção dos responsáveis pela violência no terreno.

"Senão, 'às duas por três` a situação complica-se. Há três maneiras de lidar com a situação: uma é esperar e quando há problemas aparecer no local e apanhar toda a gente", correndo o risco de deter quem não tem nada a ver com os incidentes, afirmou.

"Outra é aguardar. Esta é de tipo preventivo. E a terceira é ficar à espera de onde os responsáveis pela violência surgem. Tinham que escolher", salien tou.

Mas os militares australianos suscitam ainda outro tipo de juízo ao comandante das forças armadas timorenses.

Há dias, foi protagonista involuntário de um incidente espoletado por militares australianos, que o mantiveram retido até perceberam que se tratava do comandante das forças armadas.

"Eu acho que (os australianos) ficaram muito preocupados com as minhas afirmações, tanto mais que procuraram responder de uma maneira muito inteligente ", salientou.

"Tenho pena que tenha acontecido", adiantou Taur Matan Ruak, que disse já ter falado sobre o assunto com o novo comandante militar do contingente australiano, brigadeiro Mal Rerden.

"Uma das coisas que eu quero é que haja respeito. Ambos reafirmámos a vontade de continuar a trabalhar juntos, mas acima de tudo observar as regras de respeito. Isso é fundamental", frisou.

Depois de ter ficado retido na estrada pelos militares australianos, o brigadeiro-general desdobrou-se em entrevistas, classificando o que lhe tinha sucedido como uma "falta de respeito", questionando a passividade dos soldados enviados por Camberra para por cobro à violência em Díli.

Quanto à já falada nomeação como chefe do Estado-Maior-General das F-FDTL, mediante proposta do primeiro-ministro ao Presidente da República, Matan Ruak disse à Lusa que "não tem conhecimento" do que é que está, eventualmente, a ser feito sobre esse assunto.

"Não tenho conhecimento. Mas mesmo que quisessem, seria, provavelmente, apenas por seis meses. Com as eleições, se vier um outro partido, vão rever tudo e mandam sair o CEMGFA. Agora, se entenderem, fico muito feliz em continuarem a depositar confiança em mim", retorquiu.

Nos primeiros dias de Maio, em plena crise político-militar, os efectivos das F-FDTL receberam ordens para se manterem nos quartéis, mantendo-se desde então à margem dos actos de violência que ainda se registam.

Recentemente, o primeiro-ministro José Ramos-Horta defendeu que, progressivamente, as F-FDTL poderiam retomar a sua missão, exemplificando com a colocação de efectivos junto à fronteira com a Indonésia e o retomar de operações na p arte leste do país.

Taur Matan Ruak diz que as ideias do primeiro-ministro "são muito interessantes", mas acrescentou que ainda não há nada de concreto, salientando caber aos políticos timorenses expor uma ideia mais substantiva.

"Depende daquilo que os nossos políticos acham que nós devemos fazer. Como sempre disse, somos uma das partes interessadas em que a situação do país melhore, até porque para chegarmos onde chegámos é nosso dever contribuirmos naquilo que é possível e naquilo que eles acham que nós podemos dar", afirmou.

"Já tive uma reunião com o primeiro-ministro. Ele tem uma série de ideias muito interessantes. Isso vai ter de ser ajustado de acordo com a nossa realidade e ver o que podemos dar, dentro das nossas possibilidades e de acordo com o nosso estado de desenvolvimento", respondeu.

No que diz respeito ao regresso à instituição dos militares como o major Alfredo Reinado, indiciado pelo relatório sobre a violência, produzido por uma Comissão da ONU, como devendo ser julgado por crimes de sangue, Taur Matan Ruak reconhece que se trata de "um assunto muito complicado".

"É uma pergunta muito difícil de responder. Ainda não tomei uma decisão. No fundo é um problema político, mas espero que nos próximos tempos encontraremos uma solução para este problema, que é muito complicado", reconheceu.

Se a saída dos peticionários constituiu um "problema complicado", "então muito mais complicado ainda são os indivíduos que saíram com armas", num referência a Alfredo Reinado, que se envolveu a 23 de Maio num combate com efectivos das F-FDTL.

"Espero primeiro que tudo que eles contribuam para a paz. O resto, naturalmente, vai ter que ser orientado. Qualquer decisão que venha a ser tomada vai ser na base dos nossos regulamentos, com as regras institucionais que temos", destacou.

EL-Lusa/Fim


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4 comentários:

Anónimo disse...

Da a impressao que finalmente Taur Matan Ruak esta a abrir os olhos e a desprender-se de certas influencias menos positivas.
E de notar que o PR nunca tentou afastar o TMR da lideranca da F-FDTL uma vez que como ele proprio diz o PR vetou por tres vezes a sua resignacao em 2005. E' tambem de notar que o PR sugeriu varias vezes ao Alkatiri, enquanto PM, que apresentasse a proposta de TMR para CEMGFA mas ele nunca o fez e que so agora algo esta a ser feito em relacao a isso.

La se vao pelo cano abaixo as tentativas de alguns (como o anonimo anterior) de quererem por o TMR contra o PR.

Devagar, devagar as coisas vao se compondo...

Anónimo disse...

Taur Matan Ruak dava um bom PR. Tem sentido de estado, já deu provas disso,e tem uma história pessoal notável ao serviço da resistência timorense e da libertação do povo.

Anónimo disse...

Taur Matan Ruak

Nao conheco o significado etimologico do nome, porem, aa primeira vista, ressalta-me aa ideia de quem ee “Olhao”. – Joga no Boavista mas ee do Olhao!

A FRETILIN, a Resistencia na Guerrilha, e o compromisso de manter-se apartidario para garantir a Unidade Nacional e tornar viavel a Nacao Maubere definiram a trajectoria e o perfil politico do TMR.

A humildade desse Homem que representa a Instituicao FDTL, em vir ao publico pedir desculpas pelos erros que tiveram consequencias dolorosas para o Povo, merece ser aplaudido. Um perfil natural de quem ee responsavel e ee garante da Unidade Nacional.

Bem visivel, na leitura das suas declaracoes, o pacto de ser parte da garantia da estabilidade e da Unidade Nacional.
Como TMR, Falur, Lere, XANANA, Ramos Horta, Membros da Igreja Catolica Timorense, e muitos Timorenses Independentes, tiveram de assumir as posicoes actuais devido aas circunstancias que a propria evolucao da luta pela Libertacao desenvolveu, e todos eles foram, numa determinada altura, idendificados com a FRETILIN.

A FRETILIN deve orgulhar-se desses Homens, mas nao pode de modo nenhum virar-se contra eles e muito menos “puxar a brasa a sua sardinha”. Seria negar toda a Historia da evolucao da FRETILIN e negar que um Timor Independente exista de facto.

As FALINTIL – FDTL – tornaram-se supra-apartidarios e aceitaram ser o garante da Estabilidade e da Unidade Nacional.

Hoje nesse contexto de um Timor-Leste Independente, FALINTIL-FDTL nao pode dar-se ao descuido de tornar-se como Forcas Armadas da FRETILIN, mesmo que emocionalmente ainda estao ligados aa FRETILIN.

Quanto aa possibilidade de TMR ser um forte candidato para PR, digo sinceramente, como todos dizem, apoiaria se nao tiver na corrida eleitoral o seu Irmao mais Velho – Kay Rala Xanana Gusmao.

A CASA ainda esta DESARRUMADA!
As ambicoes e as accoes desmedidas podem levar a erros gravissimos e as geracoes vindouras como a Historia nao deixara de julgar esses actores da politica actual.

Anónimo disse...

Eu acho que TMR tem condicoes para ser PR pelo que esta casado com uma timorensa que conhece melhor os assuntos de Timor do que qualquer estrngeira pois esta podera vir influenciar o marido para tomar decisoes nao adequadas a favor do seu pais.
TAUR MATAN RUAK SE SE NIA CANDIDATO BA PRESIDENTE HAU BELE FIAR HO LARAN METIN KATAK NIA GENERAL IDA DISCIPLINADO NEBE QUE RESPEITA CONSTITUCAO CABEN HO ITA NIA FETO TIMOR SEI HALAO ITA NIA RAI BA DIAK HO PAZ HO DEMOCRACIA NIA SEI HALIBUR TIMOR UAN HOTU HOTU,LAIHA LOROMONO LAIHA LOROSAE, MAI BE TIMOR IDA DEIT HOTU HOTU FOTI ITA NIA RAI.VIVA FUTURO PRESIDENTE DA REPUBLICA DE TIMOR LESTE GENERAL TAUR MATAN RUAK.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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