Campanha?...
ABC News Online
Quarta-feira, Novembro 1, 2006. 7:05am (AEDT)
Campanha Timorense contra tropas Australianas
Por Anne Barker em Dili
O Parlamento de Timor-Leste está a receber queixas diárias contra soldados Australianos no que parece ser uma campanha crescente para denegrir a Força de Defesa Australiana (ADF).
Todos os dias civis Timorenses têm apresentado queixas formais, tanto verbais como por escrito, contra soldados Australianos.
Alguns alegam que foram assaltados ou detidos em desacordo com a lei durante a recente onda de violência.
O Presidente do Parlamento de Timor-Leste, Francisco Guterres, tem tido duas visitas diárias de civis Timorenses que entregam queixas formais contra as forças Australianas.
O seu gabinete diz que as queixas têm sido enviadas para o Ministério do Interior para investigação, que tem o controlo da polícia do país.
Mas não há evidência que as acusações estejam a ser investigadas.
As acusações vêm em cima das recentes denúncias de soldados Australianos serem responsáveis pelas mortes de dois homens locais.
O novo comandante da ADF Brigadeiro Mal Rerden condenou todas as alegações como sendo completamente infundadas e rumores mal-intencionados.
A ONU diz não conhecer nenhuma queixa e que os soldados Australianos têm estado comprometidos e têm sido profissionais em todas as maneiras.
O Primeiro-Ministro Timorense José Ramos Horta tem condenado a campanha de difamação contra os Australianos e prometeu encontrar os que estão por detrás.
Eleição
Entretanto, foram dados passos para garantir que as próximas eleições nacionais em Timor-Leste são democráticas e livres de corrupção.
A ONU nomeou uma equipa para fiscalizar o processo eleitoral.
Os eleitores de Timor-Leste irão às urnas em Maio para as primeiras verdadeiramente democráticas eleições do país.
Mas há preocupações alargadas que a recente crise política do país e a violência em curso comprometa o processo eleitoral quando os partidos políticos e os candidatos competem pelo poder.
Uma equipa da ONU está em Timor-Leste esta semana e começará a monitorizar tudo desde o registo dos candidatos ao recenseamento dos eleitores, campanhas eleitorais e a própria votação.
A ONU tem apelado a uma eleição pacífica, dizendo que diferenças políticas devem ser resolvidas nas urnas eleitorais e não através da violência.
O líder da equipa da ONU Reginald Austin diz que compete a todos os Timorenses trabalharem para umas eleições credíveis e legítimas.
"É da responsabilidade de cada cidadão, é da responsabilidade de todos os partidos políticos e da sociedade civil estar ciente da importância deste processo, dos níveis com que deve ser conduzido e comportarem-se eles próprios de acordo com esses níveis," disse.
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Receio de desassossego em feriados religiosos em Timor
The Age
Novembro 1, 2006 - 5:49PM
A ONU avisou do potencial para mais violência quando Timor-Leste comemora dois importantes feriados religiosos que lembram os mortos.
Os (residentes) locais dizem que receiam visitar os cemitérios no tradicional dia de todos os santos, e no dia dos mortos, ou o dia de todas as almas na Quinta-feira, porque pode desencadear nova violência entre gangs rivais na capital Dili.
Estima-se que cerca de 90 por cento dos Timorenses são católicos, com a maioria a visitar tradicionalmente os cemitérios no feriado de dois dias para limpar as campas de familiares e rezar.
O Comissário da Polícia da ONU Antero Lopes disse que é uma época potencialmente volátil porque muitos dos mortos foram vítimas da violência que tem atormentado Timor-Leste.
"Se as pessoas especialmente no fim do dia... estiverem drogadas e se lembrarem dos seus familiares, e alguns deles morreram em resultado de actos de violência, temos esperança que isso não leve a actividades de vingança fora dos cemitérios," disse à AAP.
As Autoridades trabalharam com chefes de aldeia e famílias locais como parte de um plano de segurança implementado para os feriados.
"Esperançosamente isso ajudará a deter a situação mas ...há potencial para alguma violência," disse.
Descreveu a situação de segurança como "volátil".
No ambiente actual, um conflito menor entre duas pessoas pode facilmente transformar-se numa grande luta entre jovens, muitos afectados por drogas e álcool.
Confrontos entre gangs rivais mataram oito pessoas e feriram cerca de 50 em Dili nas últimas duas semanas.
O responsável das Forças de Defesa Australianas, Air Chief Marshal Angus Houston, disse que algum do desassossego recente foi motivado politicamente.
"Nos últimos dias, na semana passada, houve alguma violência e alguma dela na minha opinião foi politicamente motivada," disse nem comité de avaliação do Senado em Canberra.
"Alguma da violência tem sido politicamente motivada. Noutras alturas temos visto tensões na sociedade a transvazarem para as ruas. Outras vezes vemos actividades criminosas. Há elementos disto tudo nalgumas das violências que temos visto recentemente."
Centenas de Timorenses participaram nos serviços da igreja em toda a capital na Quarta-feira.
O responsável da igreja católica da Imaculada Conceição em Balide, o padre Demétrio Barros Soares, estava ciente que a violência pode "irromper outra vez ".
"Mas não podemos ter medo. É nossa obrigação rezar neste dia e devemos fazê-lo, apesar de tudo," disse.
Judite dos Santos, 33 anos, visitou as campas dos seus dois filhos no cemitério de Santa Cruz – onde mais de 270 pessoas foram mortas por militares Indonésios há 15 anos – na Terça-feira em vez de ir na Quarta-feira.
"Já acendi as velas, para que ... não tenha que vir outra vez," disse.
"Porque tenho medo que as condições piorem. Se as coisas derem para o torto, não sabemos para onde correr."
Outras como Bambina Rodriguez, 25 anos, disse que estavam cientes das “questões” mas que visitariam de qualquer modo.
"É o grande dia dos mortos e temos de vir," disse Rodriguez.
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Declaração de RH na revista Diário Tempo:
REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE
GABINETE DO PRIMEIRO-MINISTRO
Dili, Outubro 30 2006
Pelo Primeiro-Ministro de Timor-Leste Dr José Ramos-Horta
Mulheres mostram a sua força e compaixão a trazer paz para Timor-Leste
Ao mesmo tempo que há muitos desafios que enfrenta a nossa jovem nação no futuro há uma coisa em que todos concordamos que temos de ter, e isso é a paz.
Porque sem paz e segurança as nossas crianças não podem aprender. Não podem brincar. Não crescerão para serem os belos jovens que queremos que sejam. Nunca terão famílias próprias. Nunca veríamos nem amaríamos os nossos netos.
Em 3 de Novembro (Sexta-feira) é o Dia Nacional das Mulheres de Timor-Leste e é um dia quando devemos todos reconhecer o papel importante que as mulheres têm na sociedade, mas particularmente na nossa sociedade.
Durante a luta pela liberdade muitas mulheres, particularmente as das áreas regionais, foram deixadas sós quando os seus maridos foram assassinados. Foram forçadas a educar os seus filhos, muitas vezes completamente sozinhas e enfrentaram inacreditáveis dificuldades e tristezas.
Agora, mesmo quando rezo para que o tempo para matar e para a violência em Timor-Leste tenha acabado, devemos mais uma vez virarmo-nos para as nossas mulheres e pedir-lhes ajuda. Porque as mulheres são capazes de serem construtoras da paz. Têm a força e a compaixão para encorajarem a reconciliação. Podem perdoar e saudar o regresso de vizinhos e aconselhar os filhos a manterem-se longe de gangs e de drogas.
Um relatório especial sobre as mulheres em Timor-Leste, escrita em Abril de 2002 e financiado pela Ireland Aid, diz istos: Não se pode descobrir nenhuma solução duradoura para nenhum problema da sociedade, social, económico e político sem a participação completa e a autorização das mulheres.
Concordo totalmente.
O Gabinete das Mulheres de Timor-Leste é um dos Departamentos do Primeiro-Ministro, que reconhece a sua importância e a necessidade do Primeiro-Ministro estar envolvido de perto a todo o tempo. O meu Governo continuará a concentrar-se nas questões tão importantes para as mulheres: saúde, educação, violência contra as mulheres; redução da pobreza melhorando o rendimento familiar; e uma muito maior representação no emprego público e na tomada de decisões.
Apelo às mulheres, particularmente às das áreas rurais e regionais, para tirarem vantagens das oportunidades presentes para pedirem pequenas quantias emprestadas para ajudarem o desenvolvimento de negócios. Estes programas de “micro financiamento” oferecem esperança genuína para reduzir a pobreza e uma das minhas colunas futuras será dedicada a explicar como eles podem ajudá-los a pedir dinheiro emprestado (e a economizar) para melhorar as vidas dos vossos.
Declaração do Primeiro-Ministro Dr José Ramos-Horta sobre o Dia Nacional das Mulheres de Timor-Leste. Esta declaração foi emitida pelo Primeiro-Ministro para o novo jornal regional Diário Tempo. Nesta ocasião não foi emitido para os outros jornais ou media.
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Timor-Leste longe da recuperação
Fonte: Trócaire
Data: 31 Out 2006
Depois de quase 24 anos de conflito sob governação Indonésia, Timor-Leste permanece um país em turbilhão de acordo com Kathryn Robertson de Trócaire. Timor-Leste é a primeira nova nação deste século, contudo é também uma das menos desenvolvidas, e a a par com o Ruanda está no 158º lugar no Índex de Desenvolvimento Humano da ONU de 185 países.
A independência ainda não conseguiu trazer a paz e a segurança ao país. A chegada duma força liderada pelos Australianos à capital Dili no passado Maio de 2006 não resolveu o conflito interno do país entre apoiantes pró-Indonésios e pró-independência. A resignação de Mari Alklitiri da sua posição de Primeiro-Ministro em 26 de Junho, seguindo-se uma investigação da ONU a confrontos violentos no princípio do ano, não resolveu o conflito.
Nestes dias Timor-Leste enfrenta não somente desafios económicos mas também o desafio da construção da democracia e da restauração da paz onde permanecem tensões, depois de quase 24 anos de conflito. As comunidades no passado tiveram poucas oportunidades para se organizarem elas próprias, para aceder a informação independente e para pacificamente fazerem lobby junto ao governo.
A capital de Timor-Leste, Dili, mergulhou na confusão em Abril-Maio deste ano, quando as jovens forças militares e policiais se começaram a dividir em facções ao lado de linhas étnicas e políticas e a dispararem uns contra outros. Mais de 150,000 Timorenses (15 % da população do país) mantém-se deslocada. Somente um dos líderes que esteve por detrás do derramamento de sangue foi preso para logo se escapar sob duvidosas condições de segurança.
Em resposta à emergência, organizações locais e internacionais em Timor-Leste dirigem um programa coordenado de construção de paz, alívio da pobreza e de auxílio aos traumas, financiado por cerca de US $ 1 milhão angariado pela rede internacional da Caritas, da qual Trócaire é um membro. Em adição a apoiar este programa, a Trócaire está a apoiar um número de sócios que não são da igreja. O valor total da resposta da Trócaire à emergência de 2006 em Timor-Leste é de € 250,000.
Está Timor-Leste no caminho para se re-estabilizar? Sim, mas mas coisas podem piorar antes de melhorar. Apesar de todas as facções militares e policiais Timorenses até agora estarem a cooperar com as tropas internacionais, muitos civis Timorenses mantém armas poderosas na sua posse. Mais simples formas de violência como atirar pedras continuam também a perturbar indivíduos e comunidades. Os Timorenses conhecem os gangs que atacam os seus bairros e algumas pessoas é provável que procurem vingança contra um gang particular ou o grupo étnico ou o partido político a que o gang está ligado.
Procurar a justiça através dos tribunais é um processo frustrante. Em 17 de Outubro, Uma Comissão Especial, Independente de Inquérito da ONU publicou um relatório sobre a violência de Abril-Maio 2006 e os responsáveis por essa violência. Recomendou processos contra o Ministro do Interior, o Ministro da Defesa e o Chefe da Defesa por causa da transferência de armas para civis, o que é ilegal. Indicou os nomes d vários soldados individuais, de oficiais de polícias e de civis – Timorenses de todos os lados das facções étnicas e políticas em luta – pelo papel nos incidentes mais sangrentos.
Mas em vez de se seguirem os processos, ao relatório seguiu-se uma irrupção de violência. O sistema judicial em Timor-Leste luta para encontrar gente com experiência legal suficiente e capacidades linguísticas para gerir todos os novos casos gerados pela recente violência. Há o perigo real de pessoas que cometeram crimes serem alguma vez responsabilizadas pelos seus actos. Isto só continuará a desestabilizar o país e a contribuir para o sentimento de insegurança.
A maioria dos deslocados estão em campos improvisados e com a estação das chuvas a começar um destes dias, é provável que os deslocados se tornem mais descontentes. Doenças como a diarreia, malária, dengue e infecções respiratórias só aumentarão com a chuva. Com muitos negócios a fechar, o desemprego agora ultrapassa os 50 %.
A Caritas Internationalis, de que a Trócaire é um membro, é uma confederação de 162 associações católicas de auxílio, desenvolvimento e serviço social que trabalham para construir um mundo melhor, especialmente para os pobres e os oprimidos, em mais de 200 países e territórios.
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