quinta-feira, setembro 07, 2006

Reinado - entrevista telefónica na SBS a David O'Shea

Tradução da Margarida.

Transcrição:

Reinado on the Line

Já lá vai uma semana desde que o homem mais procurado em Timor-Leste, o líder amotinado Major Alfredo Reinado com outros 56 presos de certo modo conseguiram “andar” para fora da cadeia de Dili, isso tem que ser dito, sob circunstâncias extremamente curiosas. Quando isso aconteceu, David O'Shea da Dateline estava com Reinado e foi apanhado no fogo-cruzado quando o líder amotinado disparou os primeiros tiros da violência. Também estava à mão quando o Reinado foi preso, há três meses atrás. E agora, mais cedo hoje, ainda em fuga, Reinado sem mais nem menos, telefonou a David, por telemóvel. do sítio onde está escondido nas montanhas por cima de Dili.

DAVID O’SHEA: Alfredo Reinado, Onde está?

MAJOR ALFREDO REINADO: Algures em Timor-Leste.

DAVID O’SHEA: Pode ser mais específico?

MAJOR ALFREDO REINADO: Como é que posso dizer-lhe se há tropas Australianas a perseguirem-me, atrás de mim?

DAVID O’SHEA: Dizem que está a desestabilizar a situação, a aumentar tensões. Não se vai entregar?

MAJOR ALFREDO REINADO: Nunca me entregarei. Porque já lhes dei oportunidades, tempo para o processo da justiça. Sei que não sou um criminoso.

DAVID O’SHEA: Pode explicar claramente o que é que quer?

MAJOR ALFREDO REINADO: O que quero, que escutem a maioria das pessoas. Porque esta gente já não quer mais este governo. As pessoas querem justiça, as pessoas querem mudança.

DAVID O’SHEA: Ainda é leal a Xanana Gusmão? E esteve em contacto com ele?

MAJOR ALFREDO REINADO: Sou sempre leal com ele, ainda estou em contacto com ele.

DAVID O’SHEA: Se o Presidente Xanana Gusmão lhe pedir para se entregar. Fáz isso?

MAJOR ALFREDO REINADO: Não.

DAVID O’SHEA: Não está então a seguir as ordens do Xanana Gusmão?

MAJOR ALFREDO REINADO: Não se devem seguir todas as ordens. Qual é a justificação da ordem? Tem de clarificar. Nem todas as ordens, se lhe chegar a ordem, "vai e come a merda " come a merda? Nem pensar.

DAVID O’SHEA: Há relatos aqui nos media de hoje que pode ter estado em comunicação cos as forças Australianas. É correcto? E se é, do que é que têm falado?

MAJOR ALFREDO REINADO: Tenho comunicação, tenho comunicado com eles, acabei de lhes comunicar que "Não venham atrás de mim, porque eu não sou um problema desta nação. O governo é o problema da nação e a minha gente não deixará isso acontecer." Porque a minha gente nunca me entregará. Estou disponível para conversar com alguém, falar, fazer qualquer diálogo, qualquer coisa. Mas entregar-me, nem pensar. Quando (vierem) atrás de mim, pará-los-ei. Se dispararem contra mim, dispararei contra eles porque tenho o direito de me proteger no meu país. E sei que não tenho nada contra os Australianos.

DAVID O’SHEA: Está armado? Quantas armas tem consigo? E quantos homens tem consigo?

MAJOR ALFREDO REINADO: Tenho toda a gente deste país que sempre me apoiou. Estão armados com catanas e lanças, é uma arma também. Estão prontos a defenderem-se a eles próprios. Com qualquer coisa que tenham, mesmo pedras e paus.

DAVID O’SHEA: Mas quantas armas pesadas tem?

MAJOR ALFREDO REINADO: Eu?

DAVID O’SHEA: Sim.

MAJOR ALFREDO REINADO: Já entreguei todas as minhas armas.

DAVID O’SHEA: Mas contou-me na última vez, quando o entrevistei, contou-me que tinha entregue todas as armas e depois quando o encontraram na casa naquele dia, tinha 4,000 munições, pistolas e pente de armas.

MAJOR ALFREDO REINADO: Vej meu amigo, escute-me, a ordem que me deram foi de entregar todas as minhas armas, não de entregar todo o equipamento, todo o equipamento militar. Assim entreguei todas as armas, eles pediram armas, dei-lhes armas, eles não falaram em munições e todas as coisas. Ainda tenho a pistola.

DAVID O’SHEA: Posso perguntar-lhe, como fugiu da prisão?

MAJOR ALFREDO REINADO: De certo modo, debaixo de pressão tenho de fugir e arranjar todo o poder que tinha. Sabia que a segurança da prisão não era muito forte. Somente algumas pessoas lá e durante aquele tempo que passei com a hora das visitas, assim a porta é aberta, pessoas entram e saem. Assim usei essa oportunidade para os assustar com tudo o que tinha – madeira, pedras, seja o que for – e eles fugiram e nós saímos. E por essa altura, já há três ou quatro dias, a prisão tinha sido deixada vazia pelo grupo internacional. Normalmente o grupo internacional dava segurança lá, e partiram. Issa significa que foi uma oportunidade para eu ir (embora).

DAVID O’SHEA: O Primeiro-Ministro Ramos Horta culpou as forças estrangeiras por o deixarem sair da prisão, por permitir que partisse. É isso verdade?

MAJOR ALFREDO REINADO: Sim, porque ele está numa confusa... confusa situação. Ele diz isso porque está assustado, está com medo que a verdade saia.

DAVID O’SHEA: O que quer dizer "a verdade saia "?

MAJOR ALFREDO REINADO: Porque Ramos Horta esconde tantas coisas. Ramos Horta não tem mais o favor das pessoas. Porque ele faz parte do grupo de Mari Alkatiri.

DAVID O’SHEA: Quando estive consigo nas montanhas em Maio, apelou à intervenção Australiana. Agora tornou-se no inimigo público número um. O que é que aconteceu com essa relação?

MAJOR ALFREDO REINADO: Repare, inimigo público número um, essa palavra não me satisfaz porque o meu público não sente que eu seja o inimigo. Pergunte a toda a gente, mas o governo pensa que eu sou o inimigo.

DAVID O’SHEA: Obviamente pensa que foi atraiçoado, quem pensa que o traiu?

MAJOR ALFREDO REINADO: Ramos Horta certamente traiu-me. Sabe, porque Ramos Horta, desde que ganhou o seu poder, tudo mudou desde que ele apanhou o poder. Nunca mais me falou. E nunca implementou nada do que falou comigo.

DAVID O’SHEA: Parece que tudo isto é para não ficar na prisão.

MAJOR ALFREDO REINADO: Repare, ia ficar na prisão para quê?

DAVID O’SHEA: Posse de armas.

MAJOR ALFREDO REINADO: Se for através do que me acusaram, não tem nenhuma base legal para isso.

DAVID O’SHEA: Vai começar qualquer confusão? Vai ficar sentado à espera? Qual é o seu plano?

MAJOR ALFREDO REINADO: Meu amigo, como sabe, nunca comecei qualquer confusão. A confusão começa com outra gente. Levantei-me para parar isso até agora. Porque é que toda a gente acusa que eu sou o problema deste país? Não sou um problema deste país. Se eu sou um problema deste país, as pessoas não se levantavam por mim. O governo é o problema do país. Eu penso (que) sou uma solução. Sem mim, já há guerra civil. Sem mim, já as pessoas, muitas delas já a morrer, foram mortas pelas próprias forças de defesa. Sem mim, haverá o grande caos hoje. Só quero que os Australianos não pensem que sou um amotinado ou um desertor, porque se sou um amotinado ou um desertor a minha gente, esta gente, não se levanta por mim. E quero que os Australianos digam ao seu governo que as suas tropas vieram cá para proteger toda a gente, não para comprar uma luta.

DAVID O’SHEA: Alfredo Reinado, obrigada por falar connosco.

MAJOR ALFREDO REINADO: É bem-vindo.

Reporter/Camera
DAVID O’SHEA

Cameraman
DAVID BRILL

Editor
WAYNE LOVE

Produtor
AMOS COHEN

14 comentários:

Anónimo disse...

Estas esconder o que Horta?

Anónimo disse...

Se agora mak nia hanoin atu estraga tan então nia fatin mak rai kuak....iha SANTA CRUZ......hahahaha,,,,mate o Alfredo het o nia aman

Anónimo disse...

Imagino que o esforço para traduzir seja muito grande. Mas podia ter melhor atenção aos detalhes.

"You're welcome", depois de "Thank you", traduz-se: De nada.

Anónimo disse...

Esta margarida deve ser o Mau Garida.

Anónimo disse...

HAi! Ai! Ai! que tr isteza...

Margarida a sua tradução é pessima...

Anónimo disse...

Falta mais autenticidade em relação a certas palavras traduzidas, contudo não parece adulterar o constante no original que descreve a entrevista de Reinado. Sugiro à Margarida que tenha um pouco mais de cuidado e não se empolgue a traduzir e a não interpretar as entrelinhas. Permita-me a sugestão.
Já muito se sabe sobre Reinado e que ele não vai largar o osso e vai ser sempre um elemento de desestabilização enquanto isso interessar aos seus donos, a Austrália. Se a Austrália considerar que a fase do Reinado está esgotada, que ele já não serve, o Reinado desaparecerá.
Mas pode também aparecer como uma alternativa à aparente solução da crise. Então teremos um novo "heroi", um "leader natural e carismático" que irá substituir Xanana - o desmascarado - que melhor que esse defenderá os interesses australianos e se movimentará tal e qual um fantoche manipulado por Camberra a troco de uma vida de nababo.
A Austrália está a jogar forte contra Timor-Leste. Agora já Horta não serve e eles tudo farão para que caia, se necessário antes de 2007.
Será o que deve acontecer e... "não há condições para eleições, vamos manter um Governo de Gestão" - dirão.
Fiquem atentos, muito atentos.

Anónimo disse...

"...manter um governo de gestão..." de iniciativa presidencial deve ser acrescentado e muito bem sublinhado.
Estamos atentos!

Anónimo disse...

Sexta-feira, Setembro 08, 2006 2:22:27 AM
"Será o que deve acontecer e... "não há condições para eleições, vamos manter um Governo de Gestão" - dirão.
"

sera? Vai ser 100%!

Anónimo disse...

MAJOR ALFREDO REINADO:" Vej meu amigo, escute-me, a ordem que me deram foi de entregar todas as minhas armas, não de entregar todo o equipamento, todo o equipamento militar. Assim entreguei todas as armas, eles pediram armas, dei-lhes armas, eles não falaram em munições e todas as coisas. Ainda tenho a pistola."
Engraçado este Reinado, não acham??? A pistola não é arma? E o equipamento não é metade da arma??
Fítun Taci

Anónimo disse...

Alfredo e so engracado? Parvalhao de cabeca oca, e ja e trata-lo com mimo.

Anónimo disse...

Se ao menos esta gente tivesse alguma coerência, podia ser que se lhes reconhecesse alguma credibilidade.

Primeiro era um golpe dos australianos para lá porem o seu homem de mão que era Ramos Horta.

"Agora já Horta não serve e eles tudo farão para que caia, se necessário antes de 2007."

Afinal Ramos Horta já não o boneco dos australianos.

Daqui a dias nem Xanana é. Resta a mulher, Kristy, porque o Reinado também já ameaçou que dispara contra australianos.

A pouco e pouco não fica ninguém.

Vai-se ver estava tudo combinado e isto foi manobra do Alkatiri e o grande capital imperialista da Austrália.

Esta gente é só rir, se a coisa não fosse demasiado séria.

Anónimo disse...

Concordo consigo anonimo das 2006 10:22:14 PM.
La se vai mais uma teoria conspirativa...

Anónimo disse...

Então comadres não se zanguem e não tragam a verdade cá para fora. Ramos Horta nunca conspirou contra o seu Governo e contra o seu primeiro ministro Mari Alkatiri. As declarações de Reinado são pura mentira, Ramos Horta nunca se comprometeu com ninguém, muito menos com um militar a soldo dos australianos e de Xanana Gusmão. Não queiram fazer de um grande homem como Ramos-Horta o mau da fita. Que ninguém acredite em possibilidades de Ramos Horta trair seja quem for. Sempre foi leal e pensa pela sua cabeça.
Força Ramos Horta és um sábio e eles estão cheios de inveja.

Anónimo disse...

Ramos Horta e mais que sabio, e um sabichao sabujo. A conta de Xanana e de Timor recebeu milhoes que com muito sigilo guardou e repartiu com os apaniguados Juan Federer e Ceu Lopes, a tal que tambem queria ser Presidente da Republica. Os Alemaes e que ainda estao a espera que prestem contas dos milhoes que deram a ETISC e Timor Aia. Para o buraco e onde Horta nos vai conduzir.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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