Tradução da Margarida.
The Guardian 6 Setembro, 2006
A visita do Ministro dos Assuntos Estrangeiros da Austrália Alexander Downer a Timor-Leste esta semana foi para pressionar o Governo de Timor-Leste a adoptar políticas pró-Australianas ainda mais reaccionárias. O Governo Australiano esteve por detrás dos recentes distúrbios em Dili que viram a expulsão do Primeiro-Ministro Mari Alkatiri e a sua substituição pelo pró-Australiano José Ramos Horta.
Downer repreendeu publicamente o Governo de Timor-Leste para assumir mais responsabilidade na manutenção da ordem mas a intenção de ambos, Ramos Horta e Downer, nesta altura, é minar a influência da Fretilin.
A Fretilin presentemente tem a maioria dos lugares do eleito democraticamente parlamento de Timor-Leste. As eleições estão previstas no próximo mês de Maio.
Eventos recentes em Timor-Leste revelaram dramaticamente que o golpe para derrubar o Primeiro-Ministro Mari Alkatiri foi somente um passo para objectivos de longo alcance dos seus conspiradores.
A fuga cuidadosamente planeada de Alfredo Reinado com outros 56 criminosos duma prisão de Dili na semana passada assinalou o começo duma outra campanha para criar instabilidade e enfraquecer a influência da Fretilin. Ramos Horta, que não é mais um membro da Fretilin, pediu que o partido "se reformasse " ele próprio e elegesse uma nova liderança. Ramos Horta disse que os membros da Fretilin devem "projectar-se eles próprios como um partido moderno, inclusivo, tolerante ".
Foi a força multinacional de forma preponderante constituída por tropas Australianas que permitiu a Reinado fugir, e logo que saiu da prisão — onde estava com a acusação de tentativa de homicídio e por ter iniciado os distúrbios em Dili em Maio — emitiu um apelo para um "levantamento popular " contra o governo. Só um governo formado por forças da extrema-direita disponível para cooperar totalmente com o Governo Australiano será aceitável para John Howard e o seu Ministro dos Estrangeiros.
Tais forças políticas já existem entre os partidos da oposição em Timor-Leste, tendo colaborado no passado quer com agências do governo Australiano, Indonésio ou dos USA.
Continuarão a encenar incidentes — queimando casas, assassinando civis — visando em particular apoiantes da Fretilin. O objectivo deles é criar um clima de medo que esperam lhes dará a capacidade para derrotar a Fretilin nas eleições no próximo ano.
O momento da fuga da prisão pode também estar ligado à decisão do Conselho de Segurança da ONU de enviar uma força de 1600 elementos da polícia comandada pela ONU para Timor-Leste para ajudar a estabilizar a situação que leva às eleições. O Comissário da Polícia nomeado pela ONU já está em Dili para assumir a missão de manutenção de paz. Estabilidade é a última coisa que os conspiradores do golpe querem para terem sucesso na criação da tensão necessária, do medo, e da imagem de um “governo falhado” ou de um “Estado falhado” no país.
A decisão do Conselho de Segurança da ONU não foi do gosto do Governo Australiano que argumentou que as unidades armadas da Austrália, Nova Zelândia, Malásia e Portugal sob comando Australiano podia fazer o trabalho e que as actividades da ONU se deviam limitar a fornecer ajuda aos 70,000 residentes de Dili transformados em refugiados no seu próprio país e estão ainda demasiado aterrorizados para regressarem às suas próprias casas.
Outro desenvolvimento foi a decisão do Governo de Timor-Leste de solicitar ser membro da ASEAN o que pode abrir muitas portas para o desenvolvimento económico de Timor-Leste e também dá ao pais uma base de apoio político muito larga, ajudando a nova nação a manter a sua independência e a sua posição política de não alinhado nos assuntos internacionais.
Outro evento significativo foi o acordo feito pelo governo de Timor-Leste com Cuba para fornecer cerca de 200 médicos para trabalhar em Timor-Leste e para Timor-Leste enviar um contingente de estudantes para Cuba para treino médico. Há também uma possibilidade de o governo de Timor-Leste estar representado na Cimeira dos Não-Alinhados que se vai realizar em Cuba em meados deste mês.
Todos estes desenvolvimentos são razões porque Alexander Downer, junto com o seu colega Indonésio, foram a Dili pressionar e ameaçar o Governo Timorense e preparar o terreno para mais divisões na direcção das eleições do próximo ano.
quinta-feira, setembro 07, 2006
O pau grande de Downer para Timor-Leste
Por Malai Azul 2 à(s) 10:11
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
2 comentários:
Da Indonésia fala-se quase nada, mas ela esteve presente na Cimeira tripartida que ocorreu há dias. Até parece que em nada interfere nesta crise, que é mera observadora e, como a Austrália, muito amiga de TL e do seu povo. Mas uma amiga muito sossegada, ao contrário da Austrália.
Seria interessante, para quem tivesse dados e opiniões, que se aprofundasse e debatesse a posição e as atitudes da Indonésia nesta crise.
Quem souber e puder que ajude a esclarecer.
Obrigado.
Para clarificar, o Guardian é o jornal do Partido Comunista da Austrália, não o jornal britânico do mesmo nome.
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