terça-feira, maio 06, 2008

Deslocados começaram a sair do campo do Hospital Nacional

Díli, 06 Mai (Lusa) - Os deslocados do campo do Hospital Nacional Guido Valadares, em Díli, Timor-Leste, começaram hoje a regressar às suas comunidades, elevando o número de famílias realojadas para mais de mil.

O campo de deslocados do Hospital Nacional é um dos maiores da capital e a operação de realojamento, que deverá decorrer até quinta-feira, é encarada com grande cuidado pelas autoridades envolvidas.

Fernando "La Sama" de Araújo, presidente do Parlamento Nacional, elogiou o regresso dos deslocados às suas comunidades de origem, numa cerimónia que precedeu a saída das primeiras famílias.

"A segurança é uma responsabilidade de cada indivíduo", declarou o presidente do Parlamento diante de dezenas de deslocados que se reuniram ao princípio da manhã na entrada principal do Hospital Nacional Guido Valadares.

"Por favor, não sejam violentos uns com os outros e tratem-se com respeito, como costumavam fazer os timorenses no tempo dos nossos avós", apelou Fernando "La Sama" de Araújo.

O realojamento dos deslocados, que no Hospital Nacional abrange 425 famílias, acontece no âmbito do programa de recuperação nacional "Hamutuk Hari'i Futuru" ("Construindo o Futuro Juntos"), do Governo timorense.

Dessas 425 famílias, 28 são temporariamente realojadas em Becora, na periferia sudeste de Díli, por as casas que ocupavam antes da crise de 2006 estarem ainda ocupadas ou por não ser ainda seguro o seu regresso.

Para a maioria das famílias, no entanto, o objectivo é o regresso às comunidades e, se possível, às casas onde viviam até 2006.

Um dos incentivos ao regresso dos deslocados é a atribuição de um subsídio em dinheiro, que pode ir até 4.500 dólares norte-americanos (2.900 euros), calculado segundo o grau de destruição das casas em 2006.

Números oficiais relativos a 05 de Maio indicam que um total de 8.718 famílias (60.290 pessoas) deu informação detalhada para o registo que serve de base ao plano governamental de realojamento.

O ministério da Solidariedade Social tenciona completar o registo até final do mês de Maio.

O realojamento do campo do Hospital Nacional acontece depois do esvaziamento recente dos campos de Fatumeta, Jardim Borja da Costa, Has Laran, Betó e do pequeno campo (três famílias) que existia no interior da residência do Presidente da República, José Ramos-Horta, em Metiaut.

O Governo considera que as condições de segurança melhoraram e a estratégia de recolocação dos deslocados inclui medidas de protecção e patrulhamento para providenciar à população deslocada um máximo de garantias.

José Costa Reis, administrador do campo do Hospital Nacional, fez uma intervenção em que apelou ao Governo para que resolva o problema dos campos e, concordando com a melhoria das condições de segurança, lembrou que as famílias afectadas pela crise de 2006 pretendem compensação pelas casas e outros bens perdidos.

"Durante dois anos, dormimos no chão. Está na altura de as famílias que ocuparam as nossas casas as devolverem", sublinhou o responsável dos deslocados do Hospital Nacional.

"Não se pode viver sempre aqui porque estamos numa nova fase. A nova fase para a vossa sobrevivência é a reintegração", afirmou a ministra da Solidariedade Social, Maria Domingues Alves "Micató", na cerimónia de hoje.

"Não se sabe quem começou este capítulo, mas já assistimos a um longo processo de diálogo durante dois anos. Algumas vezes, ficámos zangados uns com os outros. Algumas vezes não nos respeitámos uns aos outros. Mas isso é passado", recordou a ministra aos deslocados.

Sentado perto da ministra da Solidariedade Social estava o comandante distrital de Díli da Polícia Nacional, Pedro Belo, que participou das negociações nem sempre fáceis com os deslocados do Hospital Nacional.

"Como um dos principais campos em Díli, vocês são um exemplo magnífico para que os deslocados noutros campos da cidade decidam voltar a casa", sublinhou Maria Domingues Alves.

Mais de duas mil pessoas deslocadas viviam em permanência no interior do maior hospital do país, desde Maio de 2006, causando preocupações de saúde pública, como foi hoje recordado.

"O Hospital Nacional existe para servir todo o povo de Timor-Leste. Podemos criar uma nação forte quando a saúde da população é boa", afirmou a vice-ministra da Saúde, Madalena Hanjam.

O realojamento dos deslocados do Hospital Nacional envolve várias agências e organizações, como a Oxfam, a Organização Internacional de Migrações e a Concern, que durante dois anos providenciaram assistência ao campo.

A saída dos deslocados conta também com o envolvimento dos chefes de suco (freguesia) e de aldeia para facilitar o regresso das famílias às comunidades de onde fugiram em 2006.

Existem cerca de meia centena de campos de deslocados na capital, com uma população superior a 30 mil pessoas, parte maior de cerca de cem mil deslocados que, em todo o país, continuam a marcar a principal herança da crise de 2006, que gerou uma onda de violência na sequência de manifestações dos peticionários que exigiam o fim da discriminação nas Forças de Defesa de Timor-Leste (FDTL).

PRM
Lusa/fim

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Traduções

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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