quinta-feira, abril 24, 2008

Paulo Remédios, um homem chave na política timorense

Jornal Digital
Perfil
2008-04-22 18:09:15

Díli - Paulo Remédios é uma das principais figuras do puzzle política Timorense. Em simultâneo, foi um dos três advogados do ex- Ministro do Governo da FRETILIN Rogério Lobato, em Junho de 2006, no seguimento da distribuição ilegal de armas aos civis durante as crises que mais tarde quase levaram à morte do Presidente da República Ramos Horta.

Mas em Julho de 2006, enquanto o caso de Lobato decorria, Paulo Remédios tornou-se o advogado de Alfredo Reinado, o líder rebelde morto a 11 de Fevereiro de 2006 na sequência dos ataques ao Presidente da República e ao Primeiro-Ministro. Em simultâneo, a 3 de Setembro de 2007, Paulo Remédios foi nomeado com um dos principais assessores de Ramos Horta.

Paulo Remédios nasceu em 1959 de mãe Timorense, Teresa Remédios e de pai português, Leonel Remédios, em Lahane, Díli. Mas foi em Baucau, no leste do país, que Remédios cresceu. No meio da década de 70, Paulo Remédios veio para Portugal, onde fez a quarta classe, seguindo depois para Macau onde estudou até ao sétimo ano. Só depois de finalizar os seus estudos é que regressou a Timor Leste.

Em 1978, Paulo Remédios ingressa na Universidade Católica Portuguesa para estudar Direito. Em simultâneo, frequentava o mesmo curso na Universidade de Lisboa. No entanto, o seu sonho de se licenciar por duas universidades diferentes chegou apenas durou um ano. Confrontado com as elevadas propinas pagas na Universidade Católica, Paulo Remédios foi obrigado a abandonar esta universidade privada, terminando o curso apenas na Universidade de Lisboa.

A ligação de Paulo Remédios com Ramos Horta inicia-se em 1991, quando este último era seu professor na Universidade de Sidney, num Curso Diplomático. No mesmo ano, mas na Universidade de Dundeee, Remédios fez um curso em Petróleos, e ainda em 1991, tirou uma graduação em Internacional Business Law na Universidade de Singapura.

O massacre de Santa Cruz, a 12 Novembro de 1991, levou a que Paulo Remédios, em conjunto com o Padre Francisco Fernandes tivessem criado um centro de assistência humanitária em Macau, para ajudar os Timorenses que fugiam do seu país para Macau, ou qualquer outro país que desejassem ir.

Apesar de em 1997 ter de novo emigrado para Inglaterra, o seu projecto principal foi dar continuidade ao trabalho desenvolvido no centro humanitário. A grande alteração dá-se dois anos depois, quando Timor-Leste opta pela independência. A necessidade que o país sentia em termos de técnicos qualificados levou a que Paulo Remédios sentisse ser seu dever regressar ao país que o tinha visto nascer para assim poder contribuir com 24 anos de formação no estrangeiro para o desenvolvimento do país.

Em 2006, Paulo Remédios é convidado pelo seu antigo professor para ser seu assessor para as áreas de investimento internacional, em especial para as regiões da China e Hong Kong. Quando começou a trabalhar de forma oficial para o governo, a maioria dos timorenses não sabia quem era até que começou a ser visto a andar em público com outro seu cliente famoso, Rogério Lobato, durante o processo de que este era alvo.

Podem ser vistas como tarefas controversas, de trabalhar ao mesmo tempo como assessor do Primeiro-Ministro e ser advogado de Alfredo Reinado e Rogério Lobato. Mas para Paulo Remédios, esta era uma situação normal, acreditando ser um bom defensor em todas as circunstâncias.

Mesmo quando muitos jovens, em especial os seguidores dos peticionários, protestavam por verdade e justiça sem terem uma noção exacta de como se desenrolava o processo judicial, Paulo Remédios, com os outros advogados da sua equipa, o Timorense Francisco Nicolau e o português Luís Mendonça Freitas. No caso de Rogério Lobato, apesar das tentativas para provar a inocência do seu cliente, o tribunal emitiu uma sentença condenatória de 7 anos e meio.


O advogado de Alfredo

Enquanto o caso de Lobato ainda estava a decorrer, em 2006, Paulo Remédios recebeu um convite súbito de familiares do líder rebelde Alfredo Reinado, a quem o Presidente da República Xanana Gusmão tinha pedido formalmente que viesse a Díli para resolver o problema dos peticionários.

Depois de compreender que a nível político, o caso de Reinado e Lobato tinham algumas ligações, mas judicialmente eram muito diferentes um do outro, Paulo Remédios aceitou o convite assim que possível para ser um dos advogados de Reinado na equipa liderada por Benevides Barros Correia, advogado timorense. Mas ao contrário de Lobato, Reinado era uma pessoa muito complicada, apesar de toda a experiência internacional e nacional e a 30 de Agosto de 2006, contra as indicações da equipa de advogados, Reinado fugiu da prisão para as montanhas.

Desde essa altura e até à morte de Alfredo Reinado a 11 de Fevereiro de 2006, o entendimento com Paulo Remédios não foi dos melhores, sendo mesmo impossível a manutenção de uma relação advogado-cliente. Apesar de tudo, Paulo Remédios afirma não compreender como Reinado fez uma tentativa de assassínio contra o Presidente. Na opinião do advogado, Benevides Correia deveria fornecer mais informação, uma vez que se manteve em comunicação com Reinado quase até à sua morte.

Desde 2006 até à morte de Reinado em 2008, Remédios teve apenas 3 reuniões com Benevides, e apenas uma delas para defender em tribunal o caso de Reinado. Com a morte de Reinado, Remédios fica livre para se concentrar nas tarefas de assessor presidencial.

Paulo Remédios vive agora no Hotel Califórnia, do qual é proprietário, perto da residência presidencial.

Mouzinho Lopes

(c) PNN Portuguese News Network

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Traduções

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Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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