Brisbane Times
Lindsay Murdoch in Dili February 16, 2008
THE two leaders smile for the camera after a lunch of goat, lamb and chicken, washed down with wine, having struck a peace deal that should have heartened East Timor's frail democracy.
One is the rebel leader Alfredo Reinado, who only weeks later would be killed in an attack on the home of the other man, President Jose Ramos-Horta, who was shot and is fighting for his life.
Their clandestine meeting on January 13 held out the prospect of a new dawn of national unity. But that hope, captured in the smiles for the camera, evaporated as surely as the mountain mist in the four weeks that followed.
Ramos-Horta, displaying the mettle of his Nobel peace prize, went unarmed and without security to the mountain village of Maubisse to talk through differences with the heavily protected Reinado, and to forge a deal that would have seen the army renegade and his rebels forgiven for alleged multiple murders and armed rebellion.
According to East Timor's Economics Minister, Joao Goncalves, the rendezvous was relaxed and friendly. The plan, brokered with the help of the Centre for Humanitarian Dialogue in Geneva, went like this: Reinado and his men would surrender to house arrest by New Zealand troops, be tried on the charges but pardoned under an amnesty that Ramos-Horta would declare on May 20, the sixth anniversary of independence for the world's poorest country.
"I suggested to Reinado it would be better for him to surrender immediately and submit himself to the court process so when he was granted amnesty, it looked as though he had submitted to justice," Goncalves told the Herald this week. He agreed, and a deal was essentially done. After the lunch they parted with a handshake, agreeing to meet again within days.
It all went awry, of course. Goncalves attributes Reinado's change of heart to the influence of a third hand. He is not saying whose, but Fretilin, which lost government at elections last year, has been accused of involvement, which it denies. A fake document accuses Fretilin of paying Reinado $10 million to assassinate both leaders, and the Herald has learnt that perhaps $1 million was given to Reinado supporters by shadowy figures.
Reinado's loathing had targeted Mari Alkatiri, prime minister in the former Fretilin government, but this was redirected weeks ago to the regime of Xanana Gusmao, also attacked on Monday.
Piece by piece, the jigsaw of events that brought East Timor's democracy to the precipice is taking shape. Paranoia and delusion are said to have taken a firmer grip on Reinado in his final days. Sources say this complex mix of buccaneer soldier and dedicated father and husband to two wives - one in Perth, the other in East Timor - became agitated at his apparently receding authority.
The former army officer saw himself as the rebel soldiers' commander, yet Gusmao had arranged a meeting with 600 disaffected and sacked soldiers, some loyal to Reinado's ally, Gastao Salsinha. A compensation offer of three years' salary or a return to the army threatened Reinado's support base.
Hermanprit Singh, the acting commissioner of the United Nations police contingent in East Timor - which has been criticised for alleged tardiness in responding to the attack on Ramos-Horta - said on Thursday it was too early to say whether abduction or assassination was the rebels' motive.
The conduct of the two groups targeting Gusmao suggests they had no plan to shoot him, at least immediately.
As with the raid on Ramos-Horta's thatched-roof house overlooking Dili Harbour, the rebels misjudged when their target would be at his mountaintop home above Dili.
When the second group ambushed Gusmao's car, they fired at his tyres, presumably intending to halt his escape. Gusmao escaped into jungle unharmed.
Earlier, Reinado and his group arrived at Ramos-Horta's home, but the President was on his routine beach walk with two guards. The rebels surprised three guards at the gate, rushed in and demanded the location of the presidential bedroom.
Meanwhile a fresh shift of guards arrived, and Reinado and one of his squad, Leopoldinho, were shot dead in a gun battle.
Ramos-Horta, alerted to the fracas, dashed home. It nearly cost him his life. Only a few metres from the gate, Reinado's men shot him and a guard, apparently out of fury at their own leader's death.
Plenty more Timorese are just as angry. Reinado was a cult hero to the country's disheartened unemployed youth, and there is no shortage of them. It was a reputation he nurtured.
In Reinado's warped world, he was the saviour of East Timor, and he came to Dili on Monday to bring down the one man of power who seemed genuinely committed to his rehabilitation.
The President did more than anybody to try to help Reinado, Goncalves said.
Tradução:
Amotinado sorridente e Presidente
Brisbane Times
Lindsay Murdoch em Dili Fevereiro 16, 2008
Os dois líderes sorriem para as câmaras depois dum almoço de cabra, carneiro e galinha, empurrado por vinho, tendo feito um acordo de paz que devia encorajado a frágil democracia de Timor-Leste.
Um é o líder amotinado Alfredo Reinado, que apenas semanas depois seria morto no ataque à casa do outro homem, Presidente José Ramos-Horta, que foi baleado e corre perigo de vida.
O encontro clandestino em 13 de Janeiro abria a perspectiva duma nova madrugada de unidade nacional. Mas essa esperança, capturada nos sorrisos para a câmaras, evaporaram-se tão certamente como as névoas da montanha nas quatro semanas que se seguiram.
Ramos-Horta, exibindo o temperamento do seu Nobel da paz, foi desarmado e sem segurança à aldeia da montanha de Maubisse para acertas diferenças com o fortemente protegido Reinado, e para forjar um acordo pelo qual o desertor das forças armadas e os seus amotinados seriam perdoados por alegados multiplos homicídios e motim armado.
De acordo com o Ministro da Economia de Timor-Leste, João Gonçalves, o encontro foi relaxado e amigável. O plano, negociado com a ajuda do Centro para Diálogo Humanitário em Geneva, era assim: Reinado e os seus homens render-se-iam a tropas da Nova Zelândia para prisão domiciliária, seriam julgados pelas acusações mas perdoados por amnistia que Ramos-Horta declararia em 20 de Maio, no sexto aniversário da independência do país mais pobre do mundo.
"Sugeri a Reinado que seria melhor entregar-se imediatamente e submeter-se ele próprio ao processo judicial e assim quando lhe fosse dada amnistia, isso parecia como se ele se tinha submetido à justiça," disse Gonçalves ao Herald esta semana. Ele concordou, e um acordo ficou feito no essencial. Depois do almoço eles separaram-se com um aperto de mão, concordando em encontrarem-se outra vez dentro de dias.
Obviamente que tudo deu para o torto. Gonçalves atribue a mudança de Reinado à influência duma terceira parte. Não diz de quem, mas a Fretilin, que perdeu o governo nas eleições do ano passado tem sido acusada de envolvimento, o que nega. Um documento falso acusa a Fretilin de pagar a Reinado $10 milhões para assassinar os dois líderes e o Herald sabe que foi dado $1 milhão a apoiantes do Reinado por uma figura sombria.
O desprezo de Reinado tinha alvejado Mari Alkatiri, primeiro-ministro do antigo governo da Fretilin, mas esse desprezo foi redireccionado há semanas atrás contra o regime de Xanana Gusmão, também atacado na Segunda-feira.
Peça a peça o quebra-cabeça dos eventos que levou a democracia de Timor-Leste ao precipício está a tomar forma. Diz-se que nos seus últimos dias Reinado foi tomado por manias de grandeza e paranóia. Fontes dizem que esta mistura complexa de soldado pirata e pai e marido dedicado de duas mulheres - uma em Perth, a outra em Timor-Leste – se tornou agitada com a sua autoridade aparentemente a diminuir.
O antigo oficial das forças armadas via-se a si próprio como o comandante dos soldados amotinados, contudo Gusmão tinha arranjado um encontro com 600 soldados frustrados e despedidos, alguns leais do aliado de Reinado, Gastão Salsinha. Uma oferta de compensação de três anos de salário ou o regresso às forças armadas tinham ameaçado a base de apoio de Reinado.
Hermanprit Singh, o Comissário em exercício do contingente da polícia da ONU em Timor-Leste – que tem sido criticado pela alegada demora em responder ao ataque contra Ramos-Horta – disse na Quinta-feira que era demasiadamente cedo para dizer se o motivo de Reinado era rapto ou assassínio.
A conduta dos dois grupos que alvejaram Gusmão sugere que não tinham planos para o balear, pelo menos imediatamente.
Tal como o assalto à casa de Ramos-Horta de telhados de colmo e com vista para o Porto de Dili, os amotinados avaliaram mal quando estaria o seu alvo na sua casa no topo das montanhas acima de Dili.
Quando o segundo grupo emboscou o carro de Gusmão, atiraram aos pneus, presumidamente para tentarem parar a fuga. Gusmão escapou ileso para o mato.
Antes, Reinado e o seu grupo tinham chegado a casa de Ramos-Horta, mas o Presidente estava no seu habitual passeio matinal na praia com os dois guarda-costas. Os amotinados surpreenderam três guardas no portão, correram e perguntaram pela localização do quarto presidencial.
Entretanto chegou um turno novo de guardas, e Reinado e um do seu grupo, Leopoldinho, foram mortos a tiro num tiroteio.
Ramos-Horta, alertado pelo barulho, correu para casa. Isso quase lhe custou a vida. Apenas a alguns metros do portão, os homens de Reinado balearam-no e a um guarda, aparentemente cegos de fúria pela morte do seu próprio líder.
Bastantes mais Timorenses estão zangados. Reinado era um herói de culto para a juventude desempregada e desencantada e nhão há falta deles. Era uma reputação que ele alimentava.
No mundo distorcido de Reinado, ele era o salvador de Timor-Leste, e veio para Dili na Segunda-feira para derrubar o único homem no poder que parecia genuinamente comprometido com a sua re-habilitação.
O Presidente fez mais do que qualquer outra pessoa para ajudar Reinado, disse Gonçalves.
sábado, fevereiro 16, 2008
Smiling rebel and President
Por Malai Azul 2 à(s) 06:34
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
2 comentários:
Segundo João Gonçalves, estava a preparar-se um cozinhado para, após um julgamento pró-forma, Ramos Horta vir limpar a folha de serviços de Reinado.
Recorde-se que este homem estava acusado de homicídio, entre outros crimes.
Portanto, Ramos Horta preparava-se para exercer a sua Justiça, em vez de deixar actuar os agentes da Justiça do Estado timorense.
Pergunto: Porquê amnistiar Reinado e não os 4 militares das FFDTL que foram recentemente condenados por terem assasinado vários policias timorenses? Acaso as vidas deles valem mais do que as daqueles que foram mortos em Fatuahi? E porque não amnistiar Rogério Lobato, sabendo que este nem sequer matou ninguém?
Quando um político que recebe um mandato do povo para exercer um determinado cargo resolve antes proceder segundo as suas conveniências e não segundo as leis do país, está a abrir caminho à autocracia e ao abuso de poder e a fazer o funeral do Estado democrático.
Deus escreve direito por linhas tortas e ainda bem que este cozinhado não foi avante. Só lamento que tenha sido à custa da morte de Reinado, que nunca desejei, e da quase morte do PR, que muito lamento.
Tradução:
Amotinado sorridente e Presidente
Brisbane Times
Lindsay Murdoch em Dili Fevereiro 16, 2008
Os dois líderes sorriem para as câmaras depois dum almoço de cabra, carneiro e galinha, empurrado por vinho, tendo feito um acordo de paz que devia encorajado a frágil democracia de Timor-Leste.
Um é o líder amotinado Alfredo Reinado, que apenas semanas depois seria morto no ataque à casa do outro homem, Presidente José Ramos-Horta, que foi baleado e corre perigo de vida.
O encontro clandestino em 13 de Janeiro abria a perspectiva duma nova madrugada de unidade nacional. Mas essa esperança, capturada nos sorrisos para a câmaras, evaporaram-se tão certamente como as névoas da montanha nas quatro semanas que se seguiram.
Ramos-Horta, exibindo o temperamento do seu Nobel da paz, foi desarmado e sem segurança à aldeia da montanha de Maubisse para acertas diferenças com o fortemente protegido Reinado, e para forjar um acordo pelo qual o desertor das forças armadas e os seus amotinados seriam perdoados por alegados multiplos homicídios e motim armado.
De acordo com o Ministro da Economia de Timor-Leste, João Gonçalves, o encontro foi relaxado e amigável. O plano, negociado com a ajuda do Centro para Diálogo Humanitário em Geneva, era assim: Reinado e os seus homens render-se-iam a tropas da Nova Zelândia para prisão domiciliária, seriam julgados pelas acusações mas perdoados por amnistia que Ramos-Horta declararia em 20 de Maio, no sexto aniversário da independência do país mais pobre do mundo.
"Sugeri a Reinado que seria melhor entregar-se imediatamente e submeter-se ele próprio ao processo judicial e assim quando lhe fosse dada amnistia, isso parecia como se ele se tinha submetido à justiça," disse Gonçalves ao Herald esta semana. Ele concordou, e um acordo ficou feito no essencial. Depois do almoço eles separaram-se com um aperto de mão, concordando em encontrarem-se outra vez dentro de dias.
Obviamente que tudo deu para o torto. Gonçalves atribue a mudança de Reinado à influência duma terceira parte. Não diz de quem, mas a Fretilin, que perdeu o governo nas eleições do ano passado tem sido acusada de envolvimento, o que nega. Um documento falso acusa a Fretilin de pagar a Reinado $10 milhões para assassinar os dois líderes e o Herald sabe que foi dado $1 milhão a apoiantes do Reinado por uma figura sombria.
O desprezo de Reinado tinha alvejado Mari Alkatiri, primeiro-ministro do antigo governo da Fretilin, mas esse desprezo foi redireccionado há semanas atrás contra o regime de Xanana Gusmão, também atacado na Segunda-feira.
Peça a peça o quebra-cabeça dos eventos que levou a democracia de Timor-Leste ao precipício está a tomar forma. Diz-se que nos seus últimos dias Reinado foi tomado por manias de grandeza e paranóia. Fontes dizem que esta mistura complexa de soldado pirata e pai e marido dedicado de duas mulheres - uma em Perth, a outra em Timor-Leste – se tornou agitada com a sua autoridade aparentemente a diminuir.
O antigo oficial das forças armadas via-se a si próprio como o comandante dos soldados amotinados, contudo Gusmão tinha arranjado um encontro com 600 soldados frustrados e despedidos, alguns leais do aliado de Reinado, Gastão Salsinha. Uma oferta de compensação de três anos de salário ou o regresso às forças armadas tinham ameaçado a base de apoio de Reinado.
Hermanprit Singh, o Comissário em exercício do contingente da polícia da ONU em Timor-Leste – que tem sido criticado pela alegada demora em responder ao ataque contra Ramos-Horta – disse na Quinta-feira que era demasiadamente cedo para dizer se o motivo de Reinado era rapto ou assassínio.
A conduta dos dois grupos que alvejaram Gusmão sugere que não tinham planos para o balear, pelo menos imediatamente.
Tal como o assalto à casa de Ramos-Horta de telhados de colmo e com vista para o Porto de Dili, os amotinados avaliaram mal quando estaria o seu alvo na sua casa no topo das montanhas acima de Dili.
Quando o segundo grupo emboscou o carro de Gusmão, atiraram aos pneus, presumidamente para tentarem parar a fuga. Gusmão escapou ileso para o mato.
Antes, Reinado e o seu grupo tinham chegado a casa de Ramos-Horta, mas o Presidente estava no seu habitual passeio matinal na praia com os dois guarda-costas. Os amotinados surpreenderam três guardas no portão, correram e perguntaram pela localização do quarto presidencial.
Entretanto chegou um turno novo de guardas, e Reinado e um do seu grupo, Leopoldinho, foram mortos a tiro num tiroteio.
Ramos-Horta, alertado pelo barulho, correu para casa. Isso quase lhe custou a vida. Apenas a alguns metros do portão, os homens de Reinado balearam-no e a um guarda, aparentemente cegos de fúria pela morte do seu próprio líder.
Bastantes mais Timorenses estão zangados. Reinado era um herói de culto para a juventude desempregada e desencantada e nhão há falta deles. Era uma reputação que ele alimentava.
No mundo distorcido de Reinado, ele era o salvador de Timor-Leste, e veio para Dili na Segunda-feira para derrubar o único homem no poder que parecia genuinamente comprometido com a sua re-habilitação.
O Presidente fez mais do que qualquer outra pessoa para ajudar Reinado, disse Gonçalves.
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