quarta-feira, fevereiro 13, 2008

ONU pede ao Governo de Díli que julgue os culpados

Público – 13.02.2008



O Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou na segunda-feira à noite as tentativas de assassínio do Presidente e do primeiro-ministro de Timor-Leste, e pediu ao Governo de Xanana Gusmão que julgue os culpados.
A declaração condenatória foi lida, em nome do Conselho, pelo diplomata que este mês a ele preside, o embaixador panamiano Ricardo Alberto Arias, falando de um "acto odioso" e exortando todos os partidos timorenses a colaborarem com as autoridades para que este caso se deslinde.

O Conselho de Segurança pediu também a todos os cidadãos timorenses que se mantenham calmos e tudo façam para que a estabilidade predomine no país; para além de ter solicitado a todas as partes que resolvam as suas divergências por meios políticos e pacíficos, "no quadro das instituições democráticas".
Em Jacarta, o ministro indonésio dos Negócios Estrangeiros, Hasssan Wirayuda, afirmou por seu lado que o seu Governo estava preocupado com os acontecimentos de Díli. "Como vizinhos, esperamos que a segurança possa ser restaurada de imediato", disse Wirayuda, segundo o qual a Indonésia não tem planos para colocar tropas em Timor-Leste, uma vez que sente que a situação se encontra aí devidamente controlada pelos militares da Austrália e da Nova Zelândia, bem como pelas forças da ONU.

No entanto, o chefe do Estado-Maior do Exército indonésio, tenente-general Agustadi Sasongko Purnomo, afirmou que vai ser apertada a segurança em áreas ao longo da fronteira comum.

Entretanto, o ministro português da Administração Interna, Rui Pereira, disse ontem que é "prematuro" falar num reforço do contingente da GNR em Timor-Leste, considerando que tem de ser tomada uma decisão no âmbito das Nações Unidas. Rui Pereira elogiou a actuação da GNR em Timor-Leste, particularmente na operação de socorro, na segunda-feira, ao Presidente da República timorense, José Ramos-Horta.

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Público – 13.02.2008

Incompetência e inutilidade do aparato internacional
Pedro Bacelar de Vasconcelos*

Estes ataques directos a José Ramos-Horta e Xanana Gusmão desmontam todas as teorias da conspiração que têm sido urdidas desde Maio de 2006 e demonstram a insensatez da posição da Fretilin em não reconhecer a legitimidade e em persistir em declarar a inconstitucionalidade do Governo timorense, continuando a referir-se ao actual executivo chefiado por Xanana Gusmão como "Governo de facto".

Considero reconfortantes, porém, as declarações de repúdio proferidas por Mari Alkatiri [secretário-geral da Fretilin e antigo primeiro ministro] e por Lu-Olo [presidente da Fretilin e antigo presidente do Parlamento Nacional]. Mostram que há uma fronteira entre democracia e instituições do Estado, por um lado, e a acção de um grupo de rebeldes insensatos e criminosos. Só a psicologia poderá explicar este acto de loucura por parte de Reinado e (embora sem confirmação) de Salsinha, os quais, ao longo deste processo, que se iniciou ainda durante o Governo da Fretilin, têm sido tratados com infinita paciência.

Há muitos factos que carecem de esclarecimento, ainda, mas a facilidade com que Reinado e os seus homens chegaram à casa do Presidente indicia uma grande incompetência e a inutilidade do aparato militar internacional. Foram elementos das F-DTL [Forças de Defesa de Timor-Leste] que defenderam Ramos-Horta e foi a GNR - a quem Ramos-Horta terá ele próprio telefonado, segundo foi noticiado - quem salvou o Presidente, indo a sua casa e procedendo ao seu transporte, através do INEM, para o hospital [de campanha do contingente australiano]. Foi a GNR ainda quem colocou a família do primeiro-ministro a salvo.

*Professor de Direito Público, antigo conselheiro da ONU junto da presidência timorense

Caixa: "Há uma fronteira entre a democracia e a acção de um grupo de rebeldes insensatos e criminosos"

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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