quinta-feira, junho 14, 2007

Dos Leitores

Margarida deixou um novo comentário na sua mensagem "CNRT Proud to Embrace All Individuals From All Pol...":

Dei-me ao trabalho de visitar o site do CNRT - todo em inglês, do princípio ao fim - e descobri lá o que chamam de “Programa a Médio Prazo” do CNRT. Dei-me ao trabalho de o analisar e partilho com vocês as minhas conclusões: o tal "Plano a Médio Prazo" está dividido em 5 capítulos:
1. Reforma Económica e Social
2. Política de Recursos não-renováveis
3. Urbanização Rural
4. Políticas de Defesa e Segurança
5. Política Internacional
Em relação ao Capítulo “1. Reforma Económica e Social” apela a um debate alargado sobre um Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED), mas não se descose quanto ao PED. Este capítulo é o mais extenso e tem cinco sub-capítulos:
a. Agricultura, Criação de Gado e Pescas
b. Investimento e Sector Privado
c. Reflorestação e Ambiente
d. Educação e Juventude
e. Comunidades e Idosos
Sobre o “a. Agricultura, Criação de Gado e Pescas” não apresenta uma única proposta, apenas o habitual blá-blá-blá sobre a sua importância, a necessidade de construir represas e canais de irrigação

Quanto ao “b. Investimento e Sector Privado” a únicas proposta é a criação de “agência especializada de investimento”, mas diz que se fosse privada melhor, o resto é o blá-blá-blá habitual da importância e necessidade do investimento privado e fala (sem aprofundar) da necessidade de um Plano de Desenvolvimento para infraestururas Integradas (PDII) mas também nada avança sobre este.

Passando para o “c. Reflorestação e Ambiente”, as únicas propostas são “educação sobre ambiente para crianças e jovens” e “bolsas de estudo para estudos para preservação das florestas” (mas sem desenvolvimento nos dois casos)

No “d. Educação e Juventude” só se compromete com a “Educação Primária Básica”, e com a “construção de infra-estruturas de apoio ao desporto em todas as escolas” e promete uma revisão geral das universidades privadas ameaçando as que “não prepararem adequadamente os jovens”; defende o “treino profissional orientado para as necessidades do desenvolvimento do país” mas não esclarece a cargo de quem ficará se do Estado ou dos privados.

E por fim quanto ao “e. Comunidades e Idosos” também não se compromete quanto ao papel do Estado mas pelo contrário por três vezes alude ao apoio a dar a ONG’s (nacionais e estrangeiras); fala vagamente em “assistência ‘targeted’ aos idosos, isto é, preto no branco, esmolas para os pobrezinhos SEM definir qualquer critério.

Passando ao Capítulo “2. Política de Recursos não-renováveis”, lá vem novamente à baila o antes falado PDE (“deve incluir um mecanismo de gestão do uso controlado e eficiente dos dinheiros”, lê-se), e a única proposta é que “a gestão dos recursos naturais não é exclusiva do governo” (como aliás, não é!!!), mas nada adianta de concreto. Contraditoriamente acaba a defender “um plano de investimento desses rendimentos em linha com a Lei do Fundo do Petróleo”, o que é extraordinário para quem tanto pregou contra ela!
Já no capítulo “3. Urbanização Rural” vem a afirmação estranhíssima de que “este programa de urbanização rural é ambicioso mas pode ser feito (…) se continuarmos a pensar que será construído sob o ‘2000 modelo’” isto é vai recuperar um modelo dos tempos da UNTAET, mas nada, rigorosamente nada adianta sobre ele, a não ser que propõe garantir a todos os Timorenses “uma casa decente, água potável, energia, escolas para as crianças, clínicas para a comunidade, acesso livre à informação, mercados abertos para venda de bens na área local”, mas no fim diz que isto são “os aspectos mais importantes do” tal…PED!

Quanto ao Capítulo “4. Políticas de Defesa e Segurança”, propõe “uma política inovadora de reforma para a PNTL” e um “modelo de comportamento militar e de acções profissionais” para as F-FDRL mas não adianta rigorosamente nada sobre os conteúdos. Fora isto adianta que “a melhor maneira de garantir a segurança é conhecer as causas de uma possível desestabilização” (indo à bruxa?, não esclarece!).

E sobre o último Capítulo “5. Política Internacional”, fora as banalidades obrigatórias merecem referência duas afirmações “Reforçar os laços de amizade com a Indonésia e a Austrália, e promover maior cooperação entre os Governos, entre os povos, entre as comunidades e entre o sector privado da região e do mundo” e “Manter as relações existentes com os países da CPLP”, assim mesmo, sem rigorosamente mais palavra nenhuma.

Portanto além das múltiplas referências ao tal PED (o desconhecido Plano Estratégico de Desenvolvimento) que às vezes aparece escrito como PEDN (Plano Estratégico de Desenvolvimento Nacional), para o qual quase tudo é remetido e em nome do qual tudo supostamente se vai fazer, nem uma ÚNICA palavra sobre as relações com a Igreja ou sobre as línguas, que foram e são pretexto para massacrar a Fretilin e a sua governação.

Também neste pomposamente chamado “Plano a Médio Prazo” nem uma ÚNICA vez se menciona as palavras Constituição, Parlamento, Tribunal ou sequer Governo. Tudo será feito pelo CNRT, e presume-se arbitrariamente pelo Liural Xanana

2 comentários:

Anónimo disse...

Por este excelente trabalho da Margarida se vê que a verdadeira pobreza de Timor-Leste não está no povo, mas em alguns candidatos ao Governo.

Anónimo disse...

I followed Margarida's link to have a look at the CNRT website. I am an Australian and I don't believe I should interfere in the politics of your country, but I must admit I was disturbed by the language of the website -- and I mean, the language -- English. But not just any English. From beginning to end it is the language of an Australian-educated political science graduate or someone of similar background. The question then is, if that is who it is written by, who is it written for? I wonder if the site gets more hits from Australia than from Timor?

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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