sexta-feira, junho 29, 2007

DECLARAÇÃO DO SECRETÁRIO-GERAL DA FRETILIN, MARI ALKATIRI, UM ANO

FRENTE REVOLUCIONÁRIA DO TIMOR-LESTE INDEPENDENTE
FRETILIN
Rua dos Mártires da Pátria, Comoro, Dili, Timor-Leste,

D E C L A R A Ç Ã O

Exactamente há doze meses atrás, neste mesmo lugar, apresentei, por
força das circunstâncias do então, a minha resignação do cargo de
Primeiro-Ministro do I Governo Constitucional de Timor-Leste.

Fi-lo para evitar banho de sangue, para contribuir para a resolução da
crise e dar oportunidade a que outras pessoas pudessem contribuir
para pôr fim à crise.

Um ano depois, não se resolveu a crise. O problema dos peticionários
não foi resolvido e nem tão pouco o caso do Alfredo Reinado.
Continuamos a enfrentar o problema dos deslocados.

Ao contrário das expectativas, a minha resignação não serviu para
evitar mais sangue e distruiçoes e a ausência da lei e da ordem. As
casas continuam a ser incendiadas e as pessoas continuam a ser
sujeitas à violência e intimidação. O estado deixou de afirmar-se com
autoridade e o estado de direito democrático está comprometido. De
tudo isso resulta que uma cultura de impunidade esteja
progressivamente a instalar-se no seio da sociedade timorense. Dá-se
protecção à aqueles que devem responder perante a justiça.

Pelo facto de a minha resignação não ter contribuído para o fim da
crise, isto apenas mostra que a responsabilidade pela crise não deve
recair na FRETILIN mas em todos aqueles que tentaram a todo custo
destruir a FRETILIN sem ter em conta as consequências dos seus actos.
Por outro lado, se não fosse a tolerância da FRETILIN tudo teria sido
pior.

Entramos no período das eleições acreditando que as eleições podem
ser a chave para a solução de todos os nossos problemas. Mau grado
alguns dissabores ocorridos nas duas rondas presidenciais e que foram
motivos de queixas do partido à Comissão Nacional das Eleições, a
FRETILIN decidiu não contestar os resultados da eleição presidencial,
o que permitiu a realização das eleições legislativas em data
marcada. O sucesso destas eleições deveu-se portanto, mais uma vez, à
capacidade de tolerância e sentido de estado da FRETILIN e da sua
liderança.

Em menos de uma semana, voltaremos às urnas para novamente exercer o
direito ao voto dentro de um quadro legal estabelecido para garantir
que as eleições sejam livres e justas.

Temos vindo a assistir desde o início da campanha que o partido,
Conselho Nacional da Reconstrução Timorense tem vindo a actuar como se
estivesse acima das leis vigentes no nosso país.

Em primeiro lugar, o partido Conselho Nacional da Reconstrução
Timorense utiliza uma sigla enganadora "CNRT" e tenta subverter a
história e o sentido da nação. O CNRT de 1999 era de todos e Xanana
Gusmão recupera a sigla como sendo sua, o que é desonesto.

Em segundo lugar, o CNRT continua a usar símbolos do partido FRETILIN
durante a campanha e nos seus materiais de propaganda violando assim
a lei eleitoral.

Em terceiro lugar, o CNRT utiliza constantemente linguagem
difamatória com o objectivo de atingir a liderança da FRETILIN
contrariando assim o código de conduta assinado por todos os partidos
políticos, incluindo o CNRT.

Em quarto lugar, o CNRT atribui responsabilidaes ao ex-sargento
Vicente da Conceição , aliás Railós, na qualidade de coordenador do
distrito de Liquiçá, apesar deste ter sido recomendado pela Comissão
Especial de Inquérito das Nações Unidas que deverá ser sujeito à uma
investigação devido ao seu envolvimento na crise de 2006 e de têr
havido despachos de Juiz de Tribunal Distrital de Dili para o
notificar.

Em quinto lugar, o CNRT tem na sua lista de candidatos a deputados o
ex-Comandante da Polícia, Paulo Martins, que foi mencionado pela
Comissão Especial de Inquérito das Nações Unidas, como responsável
pelo armamento ilegal de uma força liderada pelo Comandante-Adjunto
Abílio Mesquita, que mais tarde viria a atacar a residência do
Brigadeiro-General Taur Matan Ruak.

Estes são alguns dos exemplos do comportamento do CNRT que demonstram
que este partido actua à margem da lei pondo assim em causa o processo
de realização de eleições legislativas livres, justas e democráticas.

Aceitará o CNRT o resultado das eleições? Gusmão é uma pessoa que
aposta em tudo para ganhar e não admite derrota. Tem demonstrado desde
o início da campanha ter pouco ou nenhum respeito pela democracia.
Considera-se acima da Constituição e das Leis.

O comportamento do CNRT e do seu líder não está a contribuir para a
resolução da crise política mas para piorá-la tendo em conta que as
suas acções não promovem o estado de direito e uma democracia forte. O
CNRT dá continuidade a política de Xanana Gusmão " UNIR PARA COMANDAR
OU DIVIDIR PARA REINAR"

Dili, aos 26 de Junho de 2007


Dr. Mari Alkatiri
Secretário Geral da FRETILIN

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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