Vencedor: Manuel de Almeida (agência Lusa), captada em Timor-Leste, em 25 de Maio de 2006
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Público
31-03-07
Grande Prémio Fotojornalismo para imagem de Timor-Leste(Visão/BES)
"É uma imagem clássica do fotojornalismo. Transmite emoção, acção e um grande sentido de emergência." A descrição é de MaryAnne Golon, presidente do júri, que reconheceu esta imagem de Manuel de Almeida (agência Lusa), captada em Timor-Leste, em 25 de Maio de 2006, como a melhor da edição deste ano do Prémio Fotojornalismo Visão/ BES.
Os fotógrafos do PÚBLICO Daniel Rocha e António Pedro Vilela foram distinguidos com duas menções honrosas, na categoria Notícias e Reportagem, respectivamente.MaryAnne Golon, directora de fotografia da revista Time, revelou que quando o júri viu esta fotografia reagiu de imediato.
"Percebemos logo que era uma fotografia forte. Foi tirada num país que não está ser acompanhado de forma eficaz pela imprensa mundial. É importante para Portugal e Timor-Leste que seja esta a imagem escolhida", afirmou ao PÚBLICO, já depois de a sala ter aplaudido de pé o fotojornalista vencedor.
À medida que os prémios e os cheques vão sendo entregues, cresce a expectativa na sala. Ainda antes do anúncio do Grande Prémio, um momento de suspense com um pequeno filme que faz um retrato dos principais momentos do processo de escolha. Stanley Greene, fotógrafo da agência Vu, defende a imagem vencedora dizendo que a cara do militar que carrega o corpo "concentra muitas emoções e transmite humanismo". Antes da votação, MaryAnne pergunta se alguém quer defender outra fotografia.
Perante o silêncio, pergunta quem é que vota na fotografia de Manuel de Almeida. Todos levantam a mão. O fotojornalista da Lusa recorda o momento do disparo que lhe valeu o galardão: "Foi no dia em que chegaram as tropas australianas a Timor-Leste, houve um tiroteio e eu estava perto. Não era um tiroteio qualquer, eram rajadas pesadas que davam a entender que alguma coisa grave se estava a passar. Corri para lá com polícias e jornalistas timorenses. A certa altura já não podia avançar mais. Dobrei uma esquina e deparo com dezenas de corpos estendidos no chão. Não havia quase ninguém de pé. Só este homem que corria e mais uma pessoa."
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O candidato das crianças chega a Oecussi
Público, 04.04.2007,
Por: Paulo Moura, em Oecussi (Timor-Leste)
Ramos-Horta foi em campanha a Oecussi, o enclave de Timor-Leste na parte indonésia da ilha. No comício havia sobretudo crianças. Uma jornada alucinante
José Ramos-Horta chega ao seu barco à frente de um grupo de crianças. O enorme ferry Nacroma não é dele, mas pode-se pensar que é. Ou ele quer que se pense. Hoje, alugou-o, por 4 mil dólares, para ir a Oecussi, o enclave de Timor-Leste na parte indonésia da ilha. "Eles sabem que fui eu que lhes consegui barco", diz Ramos-Horta, que, enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros, negociou com a Alemanha a oferta do ferry que permite aos habitantes de Oecussi virem a Díli por quatro dólares e oito horas de viagem.
"Tio José, queres uma almofada?" A sobrinha do primeiro-ministro e candidato à presidência entra na sala da primeira classe chamada "Berlim". Traz amigas, entre os 13 e os 17 anos, de vários colégios de Díli. Externato de São José Balide, Escola Maria Auxiliadora dos Cristãos, Colégio Paulo VI. O resto do barco está cheio de apoiantes a quem foi oferecida a viagem. Muitas crianças. "Se eles pudessem votar, tinha a eleição ganha", diz Ramos-Horta. "Confiam em mim". Sapatilhas Cat, camisa preta fora das calças brancas, há algo de displicente e promissor em Ramos-Horta. Algo de futuro. Ou simplesmente de calma.
É uma da manhã. A grande massa branca do Nacroma afasta-se do cais de Díli, cheia de crianças, e pode-se pensar que não tem data de regresso.
Num momento as estrelas rompem no céu, capazes de cegar, de tão intensas, e no momento seguinte cobrem-se de nuvens baixas e rápidas. Mas o dia nasce límpido e são as montanhas que nos orientam, no seu jogo púrpura de sombras. Oecussi está no horizonte às nove da manhã.
Na praia, umas cem pessoas juntam-se a outras tantas que chegam no barco e partem todos para a aldeia de Bakin, na região de Noe-Meco, nas camionetas fretadas pela campanha ou penduradas em cacho nas microletes, pequenos autocarros públicos.
O recinto do comício tem dois palcos, um toldo e um grande bulício. Muitas centenas de pessoas esperam o candidato, algumas empunhando cartazes e bandeiras de vários partidos. As crianças dominam, de rostos escuros e longas cabeleiras desgrenhadas. Descalças, como quase toda a gente. Magras, imundas, pode-se pensar que sem nome. Mas de olhos luminosos, rostos de esplendor breve e perturbador.
As poucas cadeiras estão reservadas para a comitiva, incluindo as meninas dos colégios. Corina, Genilda, Raliana, Bebe, Nina, Ony, Natha, Raquel, Emília, todas de calções, sandálias e pulseiras. Uma traz na mão um ursinho de peluche castanho. Levantam-se porque o comício vai começar. "Pai nosso que estais no Céu...", reza a multidão em coro. "... Ámen."
Só então Jorge Teme, que foi embaixador na Austrália, apresenta Ramos-Horta. "O candidato independente e da paz, conhecido internacionalmente", diz ele. As frases são intercaladas por Vivas! E palavras de ordem gritadas num megafone incompreensível. "Graças a Ramos-Horta, hoje temos um barco, o Nacroma. Ele é o candidato da liberdade, da paz, da estabilidade. Só ele merece a nossa confiança. É o candidato da mudança. Estão prontos para a mudança?" A audiência clama que sim e sobe ao palco outro orador. "Ele é o Nobel da Paz. Ele conhece o mundo. Dia 9 vamos votar no candidato da paz."
Sex-symbol de Díli
Gritaria. Música. No outro palco, a banda Sacre Piss toca o Dame no Domin, que significa "Paz e Amor". O vocalista, Culu-hun Mato, usa óculos escuros, blusão cheio de autocolantes e boné ao contrário. Canta sentado, numa voz rouca e melosa que só levanta para disparar um "Viva Ramos-Horta!" cheio de carisma.
Também conhecido por ser líder de outra banda famosa, os Alcatraz, Culu-hun é um dos maiores sex-symbols de Díli. Tem tocado em comícios de todos os candidatos.
"Este povo é bom, porque não gosta da violência", começa Horta, ouvido em silêncio. "Se queremos progresso, temos de pôr de lado as catanas". Oecussi é um dos poucos lugares onde não houve conflitos nos últimos anos. Simpatizantes e militantes dos vários partidos respeitam-se; no tempo da ocupação indonésia era grande a cooperação e o comércio entre as populações, apesar de terem depois ocorrido aqui alguns dos maiores massacres pelas milícias pró-indonésias. Há quem lhes chame traidores. "Somos conciliadores", diz Licínio, de 50 anos, que sempre aqui viveu. Hoje trabalha na construção civil, num projecto de construção de escolas. Mas trabalhou para os indonésios "quando não havia outro remédio". Apoia Horta, mas já foi da Fretilin, como quase toda a gente da aldeia. "As pessoas aqui gostam de paz. Tentam agradar a todos, porque não querem problemas".
A população de Oecussi é hoje vista por muitos como modelo de maturidade. Apostam na amizade e no relacionamento, não no confronto. "Vou fazer negócios com a Indonésia", diz Horta, e recebe um forte aplauso. "Temos de ser amigos dos indonésios e dos australianos. Eu conheço-os bem. É muito perigoso passarmos o tempo a criticar as nações vizinhas. Não vivemos sozinhos aqui". Aplausos.
Está estimulado o primeiro ponto sensível. O segundo: "Alkatiri disse que eu ando por aí pendurado no Papa e nos bispos. É verdade. Tenho realmente boas relações com o Papa e com os bispos de Timor. Reúno-me com eles todas as semanas. O nosso Estado é embrionário, temos de trabalhar com a Igreja". Aplausos. "O Estado trata do bem-estar físico do povo, a Igreja trata do bem-estar da sua alma". Aplausos.
Aplausos e aplausos
Terceiro ponto sensível: "Quando eu for Presidente, os materiais de construção não pagarão impostos. Nem as mesas e cadeiras para as escolas, nem os livros. Oecussi ficará uma zona especial, livre de impostos". Aplausos. Quarto ponto sensível: "Quando for Presidente quero trabalhar com Xanana Gusmão como primeiro-ministro." Muitos aplausos.
Zona ainda mais sensível: "As mulheres em Timor trabalham mais do que os homens." Aplausos tímidos. "Elas têm os mesmos direitos. E no dia 9 não são só os homens que vão votar."
Zona em ferida, em sofrimento flagrante e exposto: "As crianças." Horta levanta os braços, apontando um mar de miúdos esfarrapados. "Vocês têm de ter bibliotecas, computadores, Internet. Para que a nação tenha futuro."
Os meninos riem e desatam a dançar, porque os Sacre Piss atacam a sua versão "timorense-alternativa" de Maubere, a canção-hino composta nas montanhas da resistência em 1976. Todos se abraçam numa roda para o tebe, a dança tradicional. Mas a interpretação de Culu-hun troca-lhes um pouco os passos. "Timor-Leste é a nossa nação..." canta o sex-symbol dos óculos escuros, enquanto os mais desinibidos vão saltando à vez para dentro da roda, para um solo de piruetas. Ramos-Horta é empurrado para lá mas a sua dança é dar a mão a beijar aos manifestantes que se lhe ajoelham aos pés.
Depois do almoço buffet, as pessoas regressam. Sobem para as camionetas, em algazarra crescente. Muitos trepam para os tejadilhos das microletes. O cortejo embrenha-se no calor dos caminhos. "Horta! Horta!", gritam jovens de tronco nu e fitas no cabelo, pendurados de formas impossíveis nos veículos, cabeças roçando as folhas gigantes das bananeiras. "Viva Ramos-Horta!"
Só no barco, já no meio do mar, a excitação acalma. Mas, de súbito, rompe uma algazarra no convés. Berros, correria. Haverá violência? O que se passa lá fora? Todos vão ver. Não. Seja o que for, passa-se no mar. À volta do barco, às dezenas, por todo o lado, tão próximos que se lhe pode ver a clarividência do olhar, lá estão eles, como se fossem uma escolta de honra. Corina, Bebe e Raliana entram como loucas na cabina "Berlim" e puxam Ramos-Horta pela mão. "Vem depressa, tio José. Anda ver os golfinhos."
José Ramos--Horta pede aos timorenses os votos necessários para suceder ao Presidente Xanana Gusmão
http://jornal.publico.clix.pt/UL/
Mais 77 militares da GNR chegaram a Díli
Público, 04.04.2007
Ascendem agora a 220 os efectivos da Guarda Nacional Republicana
Mais 77 militares da Guarda Nacional Republicana (GNR) chegaram ontem a Díli, a fim de reforçarem um contingente do subagrupamento Bravo, que passa agora a contar em Timor-Leste com 220 efectivos, noticiou a Lusa.
A chegada verificou-se com algumas horas de atraso, pois o voo em que seguiam os portugueses, num aparelho de uma companhia jordana, chegou a estar retido na cidade paquistanesa de Carachi, com um problema técnico. Primeiro obstáculo numa missão que se apresenta difícil, dado que se encontra em curso uma campanha presidencial e que alguns meses depois serão as legislativas, provavelmente no fim de Junho.
Os militares foram recebidos no aeroporto pelo embaixador de Portugal em Timor-Leste, João Ramos Pinto, e pelo comandante do subagrupamento Bravo, capitão Jorge Barradas.
O trabalho da GNR tem sido por diversas vezes apreciado pelas autoridades timorenses, incluindo pelo primeiro-ministro, José Ramos-Horta, que em Agosto do ano passado se deslocou ao respectivo quartel na cidade de Díli e elogiou o trabalho que estava a ser feito localmente pela corporação portuguesa.
Há perto de dois meses, o secretário-geral das Nações Unidas, o sul-coreano Ban Ki- moon, propusera o prolongamento da missão internacional em Timor-Leste (Unmit) e, especificamente, o estabelecimento de mais uma unidade polícial portuguesa, uma vez que a situação geral no país continua a ser instável e o clima político muito incerto.
As presidenciais do dia 9 deste mês são as primeiras eleições desde que em 20 de Maio de 2002 se confirmou a proclamação da independência de Timor-Leste. O escrutínio vai decorrer numa altura em que ainda estão a monte o antigo comandante da polícia militar Alfredo Reinado, o tenente Gastão Salsinha e dezenas de outros rebeldes, que têm vindo a actuar com toda a impunidade, apesar de um forte contingente estrangeiro para impor a ordem.
Ramos-Horta, um dos candidatos, já afirmou que se vier a ser eleito Presidente, em substituição de Xanana Gusmão, procurará que as forças internacionais continuem em Timor-Leste por mais cinco anos, dada a frágil consistência da democracia.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas criou a Unmit em Agosto de 2006, de modo a restaurar a ordem, depois de intensos confrontos, em Abril e Maio, que levaram vozes cépticas a falar de um Estado falhado.
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Economia timorense deverá ser a que mais vai crescer, em 2007, na Ásia e Oceânia
Público, 04.04.2007
Timor-Leste poderá vir a ser, este ano, a economia que mais cresce no conjunto da Ásia e da Oceânia, revela um relatório do Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD) publicado no fim de Março.
A economia timorense poderá expandir-se 32,1 por cento em 2007, depois de o ano passado se ter contraído 1,6 por cento, diz o Asian Development Outlook que o BAD deu a conhecer na sua sede em Manila, capital das Filipinas. Em segundo lugar, no palmarés do crescimento, irá situar-se o Azerbaijão, com 25 por cento, segundo o relatório.
O panorama favorável para a economia timorense baseia-se na previsão de mais gastos por parte do Governo de Díli e do pessoal internacional destacado no país, que tem boas perspectivas de vir a obter dinheiro com as suas reservas de petróleo e gás natural.
As despesas efectuadas por milhares de soldados australianos, neozelandeses e de outros países deverão contribuir positivamente para uma economia que ainda está muito fraca, e da qual se queixava na semana passada o Presidente, Xanana Gusmão, numa entrevista ao Financial Times. Soldados, polícias e outros estrangeiros poderão vir a motivar a construção de casas e a requerer a existência de bens e serviços, admitiu o BAD, no seu estudo sobre um país que é ainda um dos mais pobres da Ásia-Pacífico.
O Parlamento timorense, cujo presidente, Francisco Guterres, "Lu-Olo", é um dos mais fortes candidatos à chefia do Estado, ratificou em Fevereiro um acordo com a Austrália para partilha das receitas do campo de gás Greater Sunrise, no mar de Timor.
O Banco Asiático calcula que a economia timorense poderá crescer este ano 32,1 por cento, o máximo na região
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Timor-Leste: Wiranto quer depor na Comissão Verdade e Amizade
O general Wiranto, antigo comandante militar indonésio, na reforma, afirmou hoje que quer ser ouvido na Comissão da Verdade e Amizade para «explicar» a violência que se registou em Timor-Leste associados ao referendo da independência, em 1999.
«Até já propus depor na Comissão, embora não tenha sido convidado, porque considero que é uma boa forma de explicar o que aconteceu realmente», afirmou Wiranto, que era comandante militar indonésio quando ocorreram os actos de violência, citado pela agência noticiosa Antara.
A Comissão já efectuou duas sessões de audição de testemunhas - a primeira em Fevereiro em Bali e a segunda em fins de Março último em Jacarta - foi criada pela Indonésia e por Timor-Leste, visando investigar os acontecimentos em solo timorense.
Porém, a Comissão, que integra cinco inquiridores indonésios e outros tantos timorenses, não tem por objectivo indiciar judicialmente seja quem for que esteja envolvido na violência.
Dados oficiais apontam para mil o total de mortos causados pela acção de milícias pró-integracionistas. Os militares indonésios rejeitaram as acusações de estarem por trás da violência.
A este propósito, Wiranto voltou a negar o envolvimento quer da polícia quer do exército indonésio na onda de violência.
«É pouco provável que os militares e a polícia tenham cometido actos de violência», afirmou.
A Comissão já ouviu os testemunhos de um grande número de personalidades dos dois países, entre eles o antigo presidente indonésio B. J.
Habibie, o então chefe da diplomacia de Jacarta Ali Alatas, e o bispo de Timor e Prémio Nobel da Paz, D. Ximenes Belo, entre outras.
Diário Digital / Lusa
04-04-2007 9:47:54
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=270250
Eleições Timor: UNPol obrigada a intervir no centro de Díli
Elementos da Polícia das Nações Unidas foram obrigados a tomar posição na Estrada de Comoro, junto à embaixada da Austrália, devido ao lançamento de pedras na altura em que passava a caravana da Fretilin.
«Aqui são todos inocentes. Nunca se sabe quem atira a primeira pedra», disse à agência Lusa no local um elemento da UNPol.
Bastou a ppresença das autoridades para solucionar o incidente, referiu o mesmo elemento da UNPol.
A caravana de apoiantes de Francisco Gueterres Lu Olo, candidato presidencial da Fretilin, esteve envolvida no incidente.
O arremesso de pedras registou-se de ambos os lados, quer por parte de jovens que se encontravam junto à estrada, quer por elementos que seguiam na caravana.
Na estrada encontravam-se cerca de 30 soldados australianos das Forças de Estabilização Internacionais (ISF), enquanto que elementos da UNPol afastavam jovens para o interior do bairro sem que se tivesse registado qualquer resistência.
Durante o dia, ocorreram outros incidentes deste género à passagem das caravanas dos cinco candidatos que estão hoje na capital.
Segundo as forças de segurança, não houve feridos nem nenhuma ocorrência grave.
A GNR fez duas detenções até às 17:00 (09:00 em Lisboa) mas não se sabe ainda o número exacto de indivíduos detidos pelas restantes forças que integram a UNPol.
A segurança foi reforçada na cidade e há vários postos de controlo, sobretudo nas artérias principais, para evitar o cruzamento de campanhas adversárias.
Mesmo assim, houve apedrejamentos envolvendo apoiantes da Fretilin, cerca das 16:00, junto à sede da Associação Social Democrata Timorense (ASDT), que apoia o candidato Francisco Xavier do Amaral.
Pouco depois, a longa caravana da Fretilin, que demorou «mais de meia hora» a passar junto ao Estádio de Díli, segundo polícias internacionais no local, foi apedrejada do lado do pavilhão GMT, onde decorria um comício da candidatura de João Carrascalão, da União Democrática Timorense.
José Ramos-Horta chegou ao Estádio de Díli às 16:00, escassos minutos antes do Presidente da República, Xanana Gusmão, que apoia a candidatura do actual primeiro-ministro.
Exactamente na mesma avenida, um pouco mais à frente e do lado contrário ao GMT, decorria um comício do candidato Fernando "Lasama" de Araújo.
Diário Digital / Lusa
04-04-2007 10:26:57
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=270260
Timor: Xanana apela à libertação fundos petróleo do Mar Timor
O presidente timorense apelou hoje à libertação dos fundos do petróleo do Mar de Timor, no valor de 1.000 milhões de dólares (770 milhões de euros), alegando que a população do seu país continua a viver na miséria.
Em declarações aos correspondentes da imprensa indonésia em Díli, citadas hoje pela imprensa australiana, Xanana Gusmão apelou também à unidade de todos os timorenses, para que o país possa «construir o futuro com sucesso».
«Temos 1.000 milhões de dólares (num banco) em Nova Iorque e temos pessoas a morrer em Timor-Leste», afirmou Xanana Gusmão, que, além de deixar a Presidência, se prepara para ingressar na vida político-partidária, como candidato a primeiro-ministro por uma nova formação política nas eleições legislativas previstas para Junho próximo.
A Lei do Fundo Petrolífero em Timor-Leste, destinado a gerir as receitas da exploração de petróleo no Mar de Timor (Timor Gap), foi aprovada unanimemente pelo Parlamento em 2005.
A Autoridade Bancária de Pagamentos (ABP) timorense abriu, depois, uma conta no Banco da Reserva Federal de Nova Iorque, onde está depositada a verba enunciada por Xanana Gusmão e que, face ao carácter obrigacionista, só poderá ser movimentada ao fim de cinco anos, isto é, em 2010.
O ainda presidente timorense lamentou que as esperanças subjacentes à independência, formalmente decretada em 2002, «nada significam» se não se puder fazer algo em prol do povo timorense para sair da miséria, uma vez que milhares de cidadãos vivem abaixo do limiar da pobreza, com menos de um dólar (0,70 euros) por dia.
«Prometemos novos empregos à população, mas, na realidade, o povo não vê nenhuma luz ao fundo do túnel. Temos dinheiro, mas, infelizmente, o dinheiro está guardado num banco em Nova Iorque, enquanto o povo está a sofrer, enquanto o povo vive na miséria», sublinhou o antigo guerrilheiro timorense.
Xanana Gusmão surpreendeu, por outro lado, os jornalistas indonésios, ao elogiar o antigo e autoritário presidente Suharto, da Indonésia, afirmando que é um «bom exemplo» para Timor-Leste, nomeadamente na forma como o país poderá caminhar no trilho do desenvolvimento.
«Para mim, Suharto, apesar de tudo o que lhe possamos acusar, é o ´pai` do desenvolvimento da Indonésia», afirmou o presidente cessante timorense.
Diário Digital/lusa
04-04-2007 11:22:39
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=270271
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