domingo, agosto 06, 2006

Sobre o problema dos deslocados

"(Os deslocados) têm de sair dentro de um mês ou dois, porque não podem ficar indefinidamente nos campos" - Christopher Hill, subsecretário de Estado norte-americano para o Sudeste Asiático e Pacífico

Conseguiu-se o derrube do "incómodo" e duro negociador nas questões do petróleo, Alkatiri.

O plano de derrube de Alkatiri que estava bem delineado não tinha previsto esta consequência - os deslocados.

Ao contrário do previsto os deslocados teimam em não abandonar os campos e que são, não só uma factura demasiado alta a pagar pelo país, como também um problema de dificil resolução.

Timor-Leste tinha emergido da ocupação indonésia, um processo que durou seis anos, quatro dos quais com governação nacional.

Actualmente Timor-Leste voltou à estaca zero e terá que emergir das graves consequências do derrube do primeiro governo constitucional.

A política de violência arrastou o país para um inquestionável e profundo sentimento de desrespeito pelas instituições e pela lei por parte da população em geral.

Vai demorar bastante até que as instituições voltem a conquistar a confiança do povo, tão necessária ao seu funcionamento.

O derrube de Alkatiri abriu um precedente de insegurança generalizada no país que poderá demorar anos a ultrapassar.

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4 comentários:

Anónimo disse...

Estão muito calados aqueles que defenderam o julgamento sumário e afastamento de Alkatiri com o argumento de que, sendo ele a causa da existência de refugiados, não se podia perder tempo com julgamentos legais, para assim os refugiados poderem finalmente regressar às suas casas.
Afinal, já lá vai quase um mês e meio e os campos de refugiados continuam cheios. Quem é que vamos demitir agora?
Ramos Horta devia preocupar-se com este problema que tem entre mãos, para o qual não se vislumbra solução, em vez de estar empenhado em tomar decisões pró-australianas no que diz respeito ao petróleo (algo que não fica bem a um 1º Ministro não-eleito de um governo provisório que só vai durar 9 meses), antes que venham as eleições e a Fretilin tome conta novamente do país. Xanana, que semeou ventos, assobia para o ar e toma cafezinhos com o Railós, como se não tivesse nada que ver com o assunto. A primeira dama, que tanto veneno destilou contra Alkatiri, está agora estranhamente calada. E ir aos campos de refugiados não resolve. É preciso tirá-los de lá.
Quanto à violência das ruas, ela continua (cf. Ângela Carrascalão). Perante isto, as tropas australianas começam a retirada, pois o objectivo já está alcançado: tirar Alkatiri e pôr Ramos Horta. Os miúdos que se apedrejem e esfaqueiem à vontade.
A imprensa australiana pró-Xanana e Ramos Horta praticamente deixou de falar de Timor (e ainda bem). A portuguesa também. Foi chão que deu uvas. Agora o que está na moda é o Líbano.

Anónimo disse...

Ja nao ha tempo a perder com questoes passadas. Agora ha que arranjar maneira de recolher as armadas distribuidas aos milicias da fretilin para se restaurar a estabilidade e garantir um ambiente de paz para que as pessoas voltem as suas casas.
Compreende-se que as pessoas nao so nao voltam para casa por causa do medo mas tambem porque sao abastecidos com todas as necessidades basicas nos campos. Se eles abandonarem esses campos completamente vao ter que arranjar outras maneiras de sustentar as suas familias o que nao e facil nesta actual situacao de falta de emprego em que o pais se encontra.

Sou da opiniao que muita gente devia voltar para os distritos de origem de uma vez por todas o que ajudaria a resolver o problema de ocupacao ilegal de casas que surgiu em 1999.

Anónimo disse...

Anónimo das 5:01:53 PM : não lhes basta o caos social que já criaram, querem mesmo guerra civil com esta ideia de as pessoas voltarem para “os distritos de origem”!

Então lutaram os Timorenses pela sua independência para ficarem impedidos de viver no seu país onde bem entendem? Não tardam estão a exigir arame farpado nos limites dos distritos para impedir deslocações da população.

E já nem comento o disparate na insistência das “milícias da Fretilin”, quando afinal os únicos presos que há, porque detinham ilegalmente armas em seu poder foi o Alfredo e sus muchacos.

Mas compreende-se perfeitamente o enrascanço em que estão: afinal mais de dois meses depois do Xanana se enfeitar com a responsabilidade da segurança e de ter 3000 tropas Australianas a ajudá-lo há cada vez mais deslocados! Pior cenário era inimaginável.

Anónimo disse...

Um dos problemas sérios e que este governo, talvez por ser ilegítimo, não conseguiu ou não quis resolver, é exactamente esse da ocupação ilegal de casas em 1999.
As pessoas que regressavam de Atambua (muitas nunca tinham vivido em Díli) instalavam-se onde lhes dava mais jeito sem se importarem com os donos legítimos.
A primeira culpada foi a INTERFET, depois a UNTAET, depois a UNMISET e por fim o governo ilegítimo de Alkatiri, que ao não resolver o problema legitimou as ocupações (onde é que eu já vi isto?).

Nunca ninguém quis resolver o assunto. E muitas das casas queimadas devem-se exactamente a isso. Muitas mesmo, foram os legítimos donos que lhes pegaram fogo. Se a justiça se negava a restabelecer a legalidade, não lhes restou opção, se queriam reaver a posse da propriedade.
O governo recusava-se a resolver a situação, sabendo a batata quente que era. Quando um governo se demite e/ou se nega a fazer cumprir a legalidade, os cidadãos não têm outra solução.
Todos os que tinham responsabilidades, fizeram de conta que não existia problema algum nesta área. Alguém se lembra de isso vir mencionado nalgum discurso? Foi uma forma de resolver o problema de habitação de muita gente que veio dos distritos em 1999, que os de Díli sabiam muito bem de quem eram as casas. Pensavam ter resolvido o problema à custa de espoliação de propriedade privada.

Claro que não se pode obrigar ninguém a regressar ao seu Distrito. Mas pode-se começar a reabilitação exactamente pelos distritos como forma de incentivar o regresso.
Díli não tem dimensão económica para suportar tanta gente. Não encontrar uma solução equilibrada para o regresso é condenar Díli a ser mais um Rio de Janeiro ou Cidade do México com suas favelas. O que, Comoro e Becóra já são praticamente. E onde há favelas há tensões sociais e violência que só aparentemente fica controlada através de brutalidade policial.

E Xanana? Se calhar também querem que seja responsabilizado por isto, não?


Era só oque faltava

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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