domingo, junho 11, 2006

Xanana Gusmão encontra-se hoje com Gastão Salsinha - Marcos Tilman

Díli, 11 Jun (Lusa) - O Presidente Xanana Gusmão deverá falar hoje com o porta-voz dos 595 subscritores da petição que espoletou a actual crise político-militar em Timor-Leste, disse à Agência Lusa o major Marcos Tilman, um dos militares rebeldes.

Contactado telefonicamente a partir de Díli, o major Marcos Tilman confirmou que o encontro se deverá realizar em Balibar, na residência particular de Xanana Gusmão.

"Estivemos reunidos sábado, eu, o major Alves Tara e o tenente Gastão Salsinha a preparar este encontro", precisou.

A Agência Lusa contactou o gabinete do Presidente da República, que se escusou a confirmar a realização do encontro.

Xanana Gusmão já se tinha encontrado a 13 de Maio com o major Alfredo Reinado, líder dos militares rebeldes e, na sequência da manifestação organizada pelo major Alves Tara, falou com este último a 06 de Junho.

Na ocasião, o major Tara entregou ao chefe de Estado um documento em que os manifestantes, reclamando representar os 10 distritos "loromonu" (da parte ocidental do país), exigiam no prazo de 48 horas a dissolução do parlamento e a demissão do primeiro-ministro Mari Alkatiri, com a formação de um governo de transição, a quem caberia a organização de eleições antecipadas no prazo de seis meses.

Hoje, nas declarações que fez à Agência Lusa, Marcos Tilman salientou que decidiram "esperar o tempo que o Presidente precisa para tentar resolver a situação".

Questionado sobre quanto tempo mais vão esperar, respondeu que "não há uma data precisa. Ele (Xanana Gusmão) não deu um prazo, pelo que aguardamos pelas suas indicações".

Entretanto, Marcos Tilman confirmou ainda que militares australianos se mantêm junto dos seus homens, e desmentiu que esteja em curso qualquer processo de entrega de armas.

"Nós não vamos entregar as nossas armas. Quanto aos australianos, eles estão a coordenar connosco os nossos movimentos", acrescentou.

A reunião de Xanana Gusmão com Gastão Salsinha, e as anteriores que o ministro da Defesa (pasta que acumula com a dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação), José Ramos Horta, manteve com os militares rebeldes visa preparar a realização de um "encontro de todas as partes envolvidas" para a resolução da crise político-militar, disse à Agência Lusa outra fonte ligada ao processo.

"Este processo é liderado pelo Presidente e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros", frisou fonte do gabinete de Ramos Horta.

Questionada sobre quando se realizará o encontro com representantes de todas as partes militares envolvidas, a mesma fonte salientou "que têm que ser dados mais uns passos", não se querendo comprometer com datas.

Entretanto, a situação em Díli continua a ser marcada pela ausência de incidentes.

De acordo com números divulgados no final da semana pelo governo timorense, entre 70 e 80.000 pessoas continuam refugiadas nos 55 campos de alojamento transitórios distribuídos pelo distrito.

O país vive uma situação de instabilidade e violência desde o final de Abril, que já provocou mais de 20 mortos e de 100 feridos, o que levou as autoridades timorenses a solicitarem a Portugal, Austrália, Nova Zelândia e Malásia o envio de forças militares e policiais para restabelecer a segurança no país.

A crise começou a desenhar-se quando uma manifestação convocada por 595 elementos das forças armadas, subscritores da petição a alegar práticas discriminatórias no seio da instituição militar, degenerou a 28 de Abril passado em confrontos violentos.

Portugal mantém 127 efectivos da GNR, que iniciaram este fim-de- semana a sua missão de manutenção da ordem pública no bairro de Comoro, que será progressivamente alargada a toda a capital timorense.

EL

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Traduções

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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