domingo, junho 11, 2006

Militares australianos justificam operação em casa médicos cubanos

Díli, 10 Jun (Lusa) - A força militar australiana em Timor- Leste justificou hoje a operação conduzida em casa de médicos cubanos em Díli com informações da existência de armas no local e referindo ter desarmado um timorense nas "imediações" da residência.

O major James Baker, porta-voz da força defesa australiana disse à Lusa que a patrulha actuou com base em "informações de vários residentes da zona que disseram que havia armas no edifício".

"Depois de uma inspecção no local acabaram por encontrar um indivíduo armado com uma pistola que desarmaram e detiveram", explicou, referindo que esse detido sustentou as alegações dos restantes vizinhos sobre a existência de armas na casa.

"Com base nessa informação, a patrulha forçou a entrada no edifício e conduziu uma busca", disse, escusando-se a confirmar se alguma arma foi encontrada no local.

Segundo Baker, o comandante da força australiana, brigadeiro Mick Slater, "solicitou à Polícia Federal Australiana uma avaliação sobre se as acções dos elementos da patrulha australiana tinham sido adequadas e de acordo com os procedimentos".

"Essa avaliação concluiu que a patrulha agiu adequadamente e de acordo com procedimentos", afirmou.

Segundo Baker, a força australiana continua a "trabalhar em toda a cidade para restaurar a estabilidade", tendo tido até aqui "um sucesso significativo no seu destacamento".

O ministro da Saúde timorense, Rui Araújo, disse à Lusa que a patrulha militar cercou o edifício na zona de Delta Comoro (zona ocidental da capital) alugado a alguns dos cerca de 220 médicos e enfermeiros cubanos em Timor-Leste, que estavam na altura a prestar apoio a deslocados nos campos de acolhimento em Díli.

"Eles chegaram ao local, falaram com os jovens que estavam a guardar a casa, que lhes disseram que os médicos não estavam, mas que podiam ir buscar as chaves", disse Araújo.

"Mas alguém da patrulha e a pessoa que a acompanhava insistiram que no local haveria armas e os soldados rebentaram as portas e entraram", afirmou.

Rui Araújo disse que o incidente foi de imediato comunicado ao ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa timorense, José Ramos- Horta, que terá visitado o local ainda durante a noite de sexta-feira.

"Esta não é a melhor forma de tratar cidadãos em Timor-Leste, estrangeiros ou timorenses. Se realmente tiverem informação, e em casos como estes, falam a bem e não é preciso arrombar as portas todas", afirmou o governante.

Rui Araújo disse ainda que os jovens no local "ofereceram-se para ir buscar as chaves e explicaram que a casa era de médicos, mas eles não quiseram saber e arrombaram as portas".
Residentes no local disseram à Lusa que os militares australianos não encontraram armas na residência, nem procederam a detenções.

Um porta-voz de José Ramos-Horta escusou-se a avançar com pormenores sobre o caso, limitando-se a explicar que o governante timorense "falou com todo o pessoal necessário".

ASP.

7 comentários:

Anónimo disse...

Um acrescento ao que acabei de escrever na mensagem anterior: A verdade costume vir ao de cima, e para além do povo sofredor, que esperamos sare rapidamente as suas feridas, alguém vai sair maltratado disto. Aceitam-se apostas (Lobato? Jornalismo australiano? Governo australiano? Mulher do Xanana? GNR (onde é que andam esses gajos, não sabem que «o bom é inimigo do óptimo»? Ponham-se mas é lá a patrulhar essas ruas, ou foram para aí mostrar a marca dos óculos escuros?)? Oposição timorense, nomeadamente o Carrascalão? Ramos Horta? Igreja, Alkatiri?...)

Anónimo disse...

"Segundo Baker, o comandante da força australiana, brigadeiro Mick Slater, "solicitou à Polícia Federal Australiana uma avaliação sobre se as acções dos elementos da patrulha australiana tinham sido adequadas e de acordo com os procedimentos".

Penso que os "procedimentos" da patrulha australiana deverão seguir as leis e regulamentos de Timor e não da Austrália.

"Essa avaliação concluiu que a patrulha agiu adequadamente e de acordo com procedimentos", afirmou.

A avaliação que deverá concluir sobre seja o que quer que se passe em Timor-Leste deverá ser feita pelos orgãos de soberania Timorenses e neste caso concreto Timor não é mais um estado sob a alçada da Policia Federal Australiana mas sim um País com leis e regulamentos próprios e com Trubunais habilitados a decidir sobre a legalidade das "actuações".

Anónimo disse...

Talvez na Austrália a violação de propriedade alheia por parte das autoridades sem um Mandado do Tribunal não seja crime tal qual a difamação.

Fica assim muito mais facilitada a violação dos direitos fundamentais dos cidadãos por parte do Estado.

A aministia internacional deveria preocupar-se com as violações grosseiras cometidas pelos australianos em Timor.

Anónimo disse...

Exactamente.
Por na Austrália aa difamação não ser crime temos uma imprensa ao serviço de interesses com histórias fabricadas que muito geito dá na manipulação de opinião dos cidadãos.

A imprensa australiana ainda está no patamar da pré-história no que toca aos principios éticos do jornalismo e informação. É um mero instrumento e não uma informação séria!

Anónimo disse...

Custo a crer que o anticomunismo ainda tenha apelo em segmentos da sociedade timorense. Um governo que é eleito pelo povo, em eleiçoes livres é absolutamente diferente do que se viu no leste europeu e se vë ainda em Cuba e na China.
Talvez falte a oposiçao melhor agumento.
AC
Br.

Anónimo disse...

Se os governantes timorenses continuarem a dar uma de finos, os militares autralianos irao mais cedo arrombar as portas das vossas casas para certificar se ha armas ou na!!!!

Sejam atentos, os autralianos querem mandar em timor, ou melhor e uma nova colonizacao.

SERA QUE NOS TIMORENSES NASCEMOS SEMPRE PARA SER OCUPADOS POR MALAIS? QUANDO E QUE SEREMOS ENTAO VERDADEIRAMENTE INDEPENDENTES? SERA ESTE DIA AFINAL NAO FOI E FALSO? RESPONDAM-ME SENHORES GOVERNANTES DO MEU PEQUENO PAIS! GRITEI, CHOREI BASTANTE PARA QUE ESTE DIA CHEGASSE! AFINAL AINDA NAO CHEGAOU? PORQUE MAROMAK?

Anónimo disse...

Eu continuo a confiar plenamente no bom senso, no estoicismo e na inteligência política do povo timorense, o povo que apesar de todas as etnias, línguas e religiões votou em quase 80% pela independência e dois anos depois em quase 60% pela Fretilin já então com o Mari Alkatiri à cabeça, já estão sujeito à campanha de ser "comunista" e "muçulmano" e que não foi nessa conversa.

E um PM que põe à frente de cálculos politiqueiros os interesses do seu povo, NOMEADAMENTE na questão da saúde, é um PM com futuro. Porque lembremo-nos estão nesta altura mais de 260 médicos cubanos em Timor-Leste e 200 jovens timorenses em Cuba a estudarem medicina. E principalmente lembremo-nos que cada um desses médicos cubanos aí em serviço "custam" 200 dólares/mês (e os doutros países custariam mais de dez vezes mais) além de que vivem onde vivem os seus pacientes, são eficientes e dum profissionalismo exemplar. É ver o excelente trabalho que desempenham no Paquistão onde tiveram/têm a seu cargo o grosso da responsabilidade após a catástrofe do ano passado.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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