domingo, junho 11, 2006

GNR em patrulha em Comoro, primeiros contactos com população

António Sampaio (Texto) e Manuel de Almeida (Fotos), da agência Lusa Díli, 11 Jun (Lusa) - Cláudio Marçal sai de casa, no labiríntico bairro de Manleuana, arredores de Díli, e ao lado dos quatro filhos vê parar duas viaturas da GNR, saírem os homens e removerem a barreira de pedras e paus.

"A GNR vem um pouco tarde mas vai recuperar a situação aqui em Díli", comenta, saudando os efectivos portugueses que hoje começaram a efectuar patrulhas na zona exclusiva que controlam, a extensa freguesia de Comoro, na parte ocidental da capital.

Nas últimas horas, as viaturas têm percorrido o que é o bairro mais extenso da capital - que se estende do mar ao sopé da montanha e é marcado por uma malha de pequenas ruas estreitas e esburacadas, onde as casas se escondem entre bananeiras e palmeiras.

Nas estradas principais, a presença dos efectivos portugueses tem sido reduzida, já que é no interior, em zonas que há muito não são visitados por qualquer agente de segurança, que as primeiras operações de patrulha e reconhecimento estão a decorrer.

A equipa de 12 homens, liderada pelo sargento Carvalhais, quer apostar no policiamento de proximidade e percorre, quase sem excepção, todas as ruas da zona, parando sempre que um grupo de timorenses se aproxima.

Então, mantém-se uma curta conversa, tenta-se saber quando foi o último incidente, onde pode haver problemas e procura-se, como explicou à Lusa o responsável da equipa, "fazer um mapa de incidentes", detectar as zonas mais problemáticas.

"Estamos a contactar as pessoas, a conversar com elas, a mostrar que estamos cá, num exercício de confiança", explicou.

Aqui e ali, os efectivos portugueses saem dos carros e retiram da estrada as barreiras improvisadas, feitas com paus, pedras, ramos e ferros, que os habitantes montaram, nas últimas semanas, para evitar a progressão dos que destruíram e saquearam dezenas de casas.

"A situação está mais calma mas a população ainda está preocupada com os outros, os que fugiram. São quase todos da parte leste", explica Marçal, funcionário da Timor Telecom, admitindo que muitos ainda têm medo de vinganças e mais problemas.

Domingos, que vive numa das ruas de terra batida do subdistrito de Dom Aleixo, também garante que a situação está melhor, ainda que relembre que, diariamente, os moradores do bairro apostam na segurança.

"Todos juntos temos feito patrulhas, com familiares, de qualquer maneira, tentamos garantir a segurança aqui. Todas as noites estamos aqui a guardar, porque isto ainda não está seguro", assinala.

"Agradecemos à GNR, que é bem vinda e que agora pode ajudar na segurança", disse, relembrando que os boatos ainda continuam e que, por isso, "as pessoas não voltam" para as suas casas.

As quatro viaturas da GNR separam-se em grupos de duas. Estão a efectuar turnos de seis horas, marcando passo a passo todo o extenso bairro, um dos mais problemáticos da cidade e de onde, diariamente, continuam a chegar notícias de pequenos incidentes.

Só visitam a estrada principal para avançarem, mais rapidamente, para outra zona, para outro aglomerado de casas.

Num cruzamento, voltam a sair dos carros e retiram, com a ajuda de vários jovens timorenses, um amontoado de paus e pedras.

Joanila Magno Araújo, sai do portão alto da entrada da casa e, com os filhos, saúda a GNR.

Aqui, na zona Delta III, de Comoro, foi o chefe de aldeia que mandou montar a barreira. Agora, "com a ajuda de Deus e com a ajuda da GNR", já não é precisa.

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5 comentários:

Anónimo disse...

VIVA A GNR!

Um dia que passei por Macau li nas Portas do Cerco o seguinte:

"A Pátria Honrai que a Pátria vos contempla"

Foi esse o meu espírito quando estive em Timor e sei que vai ser essa também a marca da GNR, no pleno serviço em prol de Timor-Leste (e não de outro qualquer interesse).

Como português e como amigo de Timor-Leste estou cheio de orgulho na vossa missão! Força!

Anónimo disse...

"A GNR vem um pouco tarde...", completamente de acordo, embora sempre se possa dizer mais vale tarde do que nunca. Mas acho alguma autocrítica e reflexão em relação à nossa rapidez de reacção. Mas agora vamos a isto, com determinação, generosidade e isenção, e mostrar ao mundo para onde se deve ir (outra vez na vanguarda)

Anónimo disse...

Tanta fala por uma coisa pequena.... sempre disseram que os portugueses falam e demais.....

Chegam tarde, enviam um pequeno grupo de soldados e falam como se fossem eles os salvadores de Timor....

Vamos la Portugueses!!!.... parem de se gabar.... je me faz lembrar do jogo de futebol..... quando ainda crianca acreditava que portugal tivesse sempre ganho os jogos.... afinal era so fala.....

Isto e mau!!!!... e por isso que depoins de centenas de anos, Portugal contibua a ser um dos paizes mais pobreas e atrazados da europa..... porque???? porque passam a vida a falar em vez de trabalhar...

O meu conselho aos portugueses e este: parem de falar tanto e comecem a trabalhar mais..... se trabalharem bem.... os outros e que irao comentar sobre o vosso trabalho

Anónimo disse...

"Aqui, na zona Delta III, de Comoro, foi o chefe de aldeia que mandou montar a barreira. Agora, "com a ajuda de Deus e com a ajuda da GNR", já não é precisa, disse a senhora Joanila Magno Araújo.

Abençoadamente que antes o chefe de aldeia teve a iniciatica de montar a barreira. E abençoadamente também que agora o António Sampaio fez o favor de nos relatar. E assim vamos descobrindo que as instituições timorenses trabalharam e trabalham.

Anónimo disse...

Ao amigo das 02:16:

Olhe que, como se diz em português de Portugal, "quem desdenha quer comprar".

Talvez não tenha ainda comparado o que fizeram meia dúzia de GOE's face ao produto da intervenção de centenas de outros estrangeiros.

Além do mais, como se diz também em Portugal, quem dá o que tem (e deixam) a mais não é obrigado.

Se calhar não conseguiu perceber que a imposição de limites estritos ao campo de actuação português não foram propriamente auto-impostos.

Olhe, e já agora, acha que são os portugueses os que aí chegam e começam logo a falar de mudar as leis de Timor, porque as que há nem sequer se querem dar ao trabalho de ler?

Tenha juízo...

Malai de Jaco

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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