quarta-feira, novembro 14, 2007

Paul Stewart: Sad end to a sorry Balibo 5 saga

Herald Sun
Paul Stewart
November 15, 2007 12:00am

GOUGH, just say "sorry". Tomorrow is your big chance to lay it all to rest at the finding of the Balibo inquest into five Australian journalists murdered in East Timor in 1975.

You can email me and I will give you my mum's phone number.

It won't give her back her son and my brother, Tony, the 21-year-old baby of the Melbourne Channel 7 and Channel 9 news crews who were killed.

Mum might even tell you to go jump, but show her some respect. Finally.

I am not after any financial compensation, just an acknowledgment of the unnecessary pain you have caused her.

It seems impossible, despite your testimony at the Glebe inquest, that you never knew the journalists had been killed long before you passed the information on to us. This is especially so, given two recent revelations.

Firstly, former journalist Geraldine Willesee has told the Australian public that her father, your foreign minister in 1975, knew the journalists were murdered long before your government confirmed this.

Her revelation certainly does not paint her father in the most favourable light, so why would she say this if it were not true?

Likewise, Australia's former intelligence chief, Gordon Jockel, said he personally broke news of the deaths to your defence minister, Don Morrison, many days before any information was released.

Surely, you do not expect us to believe he never passed on this vital information to his boss -- that's you.

Gough, your apology would be very timely given your call this week, with fellow ex-PM Malcolm Fraser, for Australian government ministers to be more responsible for the mistakes they made in office.

Even if your testimony of not knowing what was happening is true, your government was in power at the time of the newsmen's deaths.

The ALP often criticises the Howard Government, rightly in my opinion, for not having the courage, dignity and compassion, to apologise to Australia's indigenous community for past mistakes.

Gough, you might also call Berta Santos, who also lives in Melbourne and lost her husband on the same day I lost my brother.

Say "sorry" that your government never stood by our East Timorese friends who were displaced, raped and murdered in their thousands by the Indonesians after we did nothing to halt their invasion.

Gough, you would have to agree that Australians should never forget that during World War II more East Timorese died at the hands of the Japanese than Londoners were killed in the Blitz, and all because of us.

East Timor was neutral during that conflict until Australian commandos were sent to protect our Pacific defences.

Luckily for the young Aussies sent there, the Timorese helped them.

Dear ex-PM, please show the families of the murdered newsmen the same kind of respect and compassion displayed by former Victorian premier Steve Bracks.

Bracks's decision to buy the house where the journalists were killed, and turn it into a creche and community centre, is one of the few good things to come from an affair etched on Australia's consciousness.

I look forward to your call.

PAUL STEWART is a freelance journalist and brother of Tony Stewart, who was one of the Balibo 5

paulieboys@mac.com

TRADUÇÃO:

Paul Stewart: triste fim para uma lamentável saga dos 5 de Balibo

Herald Sun
Paul Stewart
Novembro 15, 2007 12:00am

GOUGH, diga apenas "desculpe". Amanhã é a sua grande oportunidade para trazer à luz do dia as conclusões do inquérito judicial de Balibo à morte dos cinco jornalistas Australianos assassinados em Timor-Leste em 1975.

Pode mandar-me um email e eu dar-lhes-ei o número do telefone da minha mãe.

Isso não lhe vai trazer de volta o seu filho e meu irmão, Tony, de 21 anos o mais novo das equipas de notícias do Channel 7 e Channel 9 de Melbourne que foram mortos.

A minha mãe pode mesmo dizer-lhe para ir bugiar, mas respeite-a. Finalmente.

Não ando à caça de qualquer compensação financeira, apenas do reconhecimento da dor desnecessária que lhe causaram.

Parece impossível, apesar do seu testemunho no inquérito judicial de Glebe, que nunca tenha sabido que os jornalistas tinham sido mortos muito tempo antes de nos passarem a informação a nós. Isto especialmente agora, dado as duas revelações recentes.

Primeiro, a antiga jornalista Geraldine Willeseedisse ao público Australiano que o pai, o vosso ministro dos estrangeiros em 1975, soube que os jornalistas foram assassinados muito antes do seu governo ter confirmado.

A revelação dela não dá obviamente uma imagem muito favorável do pai dela, então porque é que ela o diria se não fosse verdade?

Do mesmo modo, o antigo chefe dos serviços secretos da Austrália, Gordon Jockel, disse que tinha dado pessoalmente a notícia das mortes ao vosso ministro da defesa, Don Morrison, muitos dias antes da vossa informação ter sido emitida.

Certamente, não esperam que acreditemos que ele nunca passou esta informação vital ao seu chefe – que é você.

Gough, o seu pedido de desculpa teria sido muito oportuno dado o seu apelo esta semana ao seu colega, o ex-PM Malcolm Fraser, para os ministros do governo Australiano serem mais responsabilizados pelos erros que cometem no desempenho das funções.

Mesmo se o seu testemunho de não saber o que estava a acontecer fosse verdadeiro, o seu governo estava no poder na altura das mortes dos jornalistas.

O ALP critica muitas vezes o Governo Howard, e bem na minha opinião, por não ter a coragem, dignidade e compaixão por não ter pedido desculpas à comunidade indígena da Austrália por erros do passado.

Gough, pode também telefonar à Berta Santos, que vive também em Melbourne e perdeu o marido no mesmo dia em que perdi o meu irmão.

Diga "desculpe" por o seu governo nunca se ter levantado a favor dos nossos amigos Timorenses que foram deslocados, violados e assassinados aos milhares pelos Indonésios depois de nada termos feito para parar a invasão.

Gough, você terá de concordar que os Australianos nunca deviam ter esquecido que durante a II Guerra Mundial morreram mais Timorenses às mãos dos Japoneses do que a quantidade de Londrinos que foram mortos durante os bombardeamentos (pelos alemães), e tudo por nossa causa.

Timor-Leste era neutra durante esse conflito até os comandos Australianos terem sido para lá mandados para proteger as nossas defesas no Pacífico.

Os jovens Australianos mandados para lá, tiveram a sorte de terem sido ajudados pelos Timorenses.

Caro ex-PM, por favor mostre às famílias dos jornalistas assassinados o mesmo tipo de respeito e de compaixão mostrado pelo antigo premier Victoriano Steve Bracks.

A decisão de Bracks de comprar a casa onde os jornalistas foram mortos e de a transformar numa creche e num centro comunitário, é uma das poucas coisas boas que veio deste negócio gravado na consciência da Austrália

Fico à espera da sua chamada.

PAUL STEWART é um jornalista por conta própria e irmão de Tony Stewart, que foi um dos 5 de Balibo

paulieboys@mac.com

2 comentários:

Anónimo disse...

Paul Stewart: triste fim para uma lamentável saga dos 5 de Balibo
Herald Sun
Paul Stewart
Novembro 15, 2007 12:00am

GOUGH, diga apenas "desculpe". Amanhã é a sua grande oportunidade para trazer à luz do dia as conclusões do inquérito judicial de Balibo à morte dos cinco jornalistas Australianos assassinados em Timor-Leste em 1975.

Pode mandar-me um email e eu dar-lhes-ei o número do telefone da minha mãe.

Isso não lhe vai trazer de volta o seu filho e meu irmão, Tony, de 21 anos o mais novo das equipas de notícias do Channel 7 e Channel 9 de Melbourne que foram mortos.

A minha mãe pode mesmo dizer-lhe para ir bugiar, mas respeite-a. Finalmente.

Não ando à caça de qualquer compensação financeira, apenas do reconhecimento da dor desnecessária que lhe causaram.

Parece impossível, apesar do seu testemunho no inquérito judicial de Glebe, que nunca tenha sabido que os jornalistas tinham sido mortos muito tempo antes de nos passarem a informação a nós. Isto especialmente agora, dado as duas revelações recentes.

Primeiro, a antiga jornalista Geraldine Willeseedisse ao público Australiano que o pai, o vosso ministro dos estrangeiros em 1975, soube que os jornalistas foram assassinados muito antes do seu governo ter confirmado.

A revelação dela não dá obviamente uma imagem muito favorável do pai dela, então porque é que ela o diria se não fosse verdade?

Do mesmo modo, o antigo chefe dos serviços secretos da Austrália, Gordon Jockel, disse que tinha dado pessoalmente a notícia das mortes ao vosso ministro da defesa, Don Morrison, muitos dias antes da vossa informação ter sido emitida.

Certamente, não esperam que acreditemos que ele nunca passou esta informação vital ao seu chefe – que é você.

Gough, o seu pedido de desculpa teria sido muito oportuno dado o seu apelo esta semana ao seu colega, o ex-PM Malcolm Fraser, para os ministros do governo Australiano serem mais responsabilizados pelos erros que cometem no desempenho das funções.

Mesmo se o seu testemunho de não saber o que estava a acontecer fosse verdadeiro, o seu governo estava no poder na altura das mortes dos jornalistas.

O ALP critica muitas vezes o Governo Howard, e bem na minha opinião, por não ter a coragem, dignidade e compaixão por não ter pedido desculpas à comunidade indígena da Austrália por erros do passado.

Gough, pode também telefonar à Berta Santos, que vive também em Melbourne e perdeu o marido no mesmo dia em que perdi o meu irmão.

Diga "desculpe" por o seu governo nunca se ter levantado a favor dos nossos amigos Timorenses que foram deslocados, violados e assassinados aos milhares pelos Indonésios depois de nada termos feito para parar a invasão.

Gough, você terá de concordar que os Australianos nunca deviam ter esquecido que durante a II Guerra Mundial morreram mais Timorenses às mãos dos Japoneses do que a quantidade de Londrinos que foram mortos durante os bombardeamentos (pelos alemães), e tudo por nossa causa.

Timor-Leste era neutra durante esse conflito até os comandos Australianos terem sido para lá mandados para proteger as nossas defesas no Pacífico.

Os jovens Australianos mandados para lá, tiveram a sorte de terem sido ajudados pelos Timorenses.

Caro ex-PM, por favor mostre às famílias dos jornalistas assassinados o mesmo tipo de respeito e de compaixão mostrado pelo antigo premier Victoriano Steve Bracks.

A decisão de Bracks de comprar a casa onde os jornalistas foram mortos e de a transformar numa creche e num centro comunitário, é uma das poucas coisas boas que veio deste negócio gravado na consciência da Austrália

Fico à espera da sua chamada.

PAUL STEWART é um jornalista por conta própria e irmão de Tony Stewart, que foi um dos 5 de Balibo

paulieboys@mac.com

Anónimo disse...

Comovente.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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