quarta-feira, novembro 14, 2007

Timor-Leste: Receios portugueses de perda de influência "sem fundamento" - PR Ramos-Horta

Lusa - 12 de Novembro de 2007, 16:13

Díli - O Presidente da República de Timor-Leste, José Ramos-Horta, que inicia quarta-feira uma visita oficial a Portugal, considerou "completamente sem fundamento" os receios de uma perda de influência portuguesa no país.

Em entrevista à Agência Lusa, José Ramos-Horta salientou que Timor-Leste "conta com Portugal" nas áreas da Educação e da Defesa.

"Que eu me lembre, em 2000, 2001 e 2002, quando foi necessário defender a Língua Portuguesa perante muito cepticismo, mesmo nas Nações Unidas e outros países da comunidade internacional, fui eu que o fiz, frontal e eloquentemente", afirmou o Presidente da República.

José Ramos-Horta referiu, porém, que "nos próximos anos tem que haver mais ênfase e mais espaço ao bahasa indonésio e ao inglês, para além do desenvolvimento do tétum e do português".

Diferentes declarações de responsáveis políticos timorenses têm insistido na valorização do bahasa indonésio e do inglês, que não são línguas oficiais.

Ao mesmo tempo, vários assessores e funcionários portugueses têm deixado posições de destaque nas áreas de segurança e de justiça.

"Manter o indonésio e expandir o inglês" devem ser prioridades em Timor-Leste, a par das duas línguas oficiais, explicou o Presidente da República.

"Portugal deve encontrar meios para apoiar o desenvolvimento do tétum, o que não tem sido feito", afirmou José Ramos-Horta.

O chefe de Estado referiu a necessidade de Portugal dar "um apoio forte ao Instituto da Língua Tétum".

Da parte timorense, José Ramos-Horta salientou que em 2008, o Estado timorense orçamentará a vinda de mais 30 professores portugueses, "sobretudo para a universidade".

"Parece que em Portugal não me conhecem", afirmou José Ramos-Horta quando questionado pela Lusa sobre a possibilidade de alterações estratégicas de Timor-Leste.

"Não há ninguém neste país que conhece melhor Portugal e não há ninguém neste país que os portugueses melhor conhecem", sublinhou o Presidente da República.

"Uma das minhas poucas virtudes é o sentimento de gratidão por um povo que tanto fez por Timor-Leste", referiu o chefe de Estado.

"Além disso, sou inspirado por interesses vitais de Timor-Leste que são também defendidos por Portugal".

"Portugal é um dos nossos melhores aliados nos fóruns internacionais", acrescentou José Ramos-Horta, na entrevista à Lusa.

Na delegação de José Ramos-Horta viajam o vice-ministro da Educação e o secretário de Estado para a Formação Profissional.

O Presidente da República visita Portugal a partir quarta-feira, a primeira enquanto chefe de Estado, depois de uma paragem em Singapura em visita privada.

O programa oficial da visita a Portugal é de três dias mas José Ramos-Horta estará no país até domingo, antes de viajar para Madrid, Espanha.

PRM-Lusa/fim

Ramos-Horta em visita oficial a Lisboa na 5ª e 6ª-feira

O presidente de Timor-Leste chega quarta-feira de manhã a Lisboa, mas só na quinta-feira começa a visita oficial de dois dias a Portugal, reunindo-se, em Belém, com o chefe de Estado português.

De acordo com o programa hoje divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros português, José Ramos-Horta almoça com Aníbal Cavaco Silva, depois de um breve encontro com jornalistas, seguindo mais tarde para a Assembleia da República, onde é recebido por um dos quatro vice-presidentes da AR, dada a ausência do presidente Jaime Gama,em visita oficial a Moçambique.

Ainda na quinta-feira, pelas 18:00, Ramos-Horta recebe o presidente do PSD, Luís Filipe Menezes, tendo previsto para sexta-feira de manhã um encontro com jornalistas , seguido de uma visita à Câmara Municipal de Lisboa para um encontro com o presidente da autarquia, António Costa.

Depois de um almoço com o primeiro-ministro português, José Sócrates, o presidente da República Democrática de Timor-Leste participa numa reunião extrordinária do Comité de Concertação Permanente da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), seguindo depois para um encontro com a comunidade timorense na Fundação Cidade de Lisboa.

O último acto oficial da visita, é um jantar na Fundação Oriente, oferecido pelo presidente da instituição, Carlos Bonjardino. Sábado e domingo, Ramos-Horta permanecerá em Portugal seguindo na segunda-feira para a capital espanhola.

Em entrevista à Lusa antes de deixar Díli, o presidente timorense afirnmou que Portugal não tem motivos para recear a perda de influência em Timor-Leste, pois «conta com Portugal» sobretudo nas áreas da educação e da defesa.

«O maior aliado que temos na UE é Portugal. Logo, ao atribuirmos a Uma Fuko (Casa da Cultura) à UE, estamos a atribuí-la a Portugal», referiu o chefe de Estado em entrevista à Lusa.
Quanto à cedência da Uma Fuko à União Europeia, apesar de o edifício estar entregue, por contrato, à caixa Geral de Depósitos (CGD), o presidente explicou que a decisão deve-se, primeiramente, ao facto de não se ter conseguido encontrar um espaço adequado para a Comissão Europeia.

A CGD tem um projecto de investimento no valor de 600 mil euros na casa da Cultura, programa que o presidente timorense reconhece como sendo «um favor enorme» que a Caixa ia fazer ao país.

Contactado hoje pela Lusa, o porta-voz da Caixa Geral de Depósitos afirmou que a cedência do espaço à Comissão Europeia teve «anuência» do grupo financeiro público, que em Timor-Leste é accionista maioritário do BNU.

O mesmo responsável da Caixa adiantou que «ainda não é possível» saber qual o futuro do projecto do centro cultural da capital timorense.

A visita do Presidente da República de Timor-Leste a Portugal é a primeira de Ramos-Horta desde que foi eleito presidente, em Junho passado.

Diário Digital / Lusa
13-11-2007 20:50:00

1 comentário:

Anónimo disse...

Sugiro ao autor deste texto que passe pelo edificio da CGD em Dili, ponha o nariz no ar e leia o que está escrito na frente do "toldo" de entrada...
o "BNU" é uma agência da Caixa Geral de Depósitos; tal como a de Freixo de Espada à Cinta; não é um banco cujo "accionista maioritário" é a CGD

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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