sábado, outubro 20, 2007

Caso crise 25 de Maio de 2006: Taur : “Dei instruções de auto-defesa”

Jornal Nacional Semanário - 20 de Outubro de 2007

O Brigadeiro-General das FALINTIL-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), Taur Matan Ruak afirma que no dia 25 de Maio de 2006 deu instruções ao Coronel Lere Anan Timor para enviar membros das F-FDTL para fazer auto-defesa do Quartel-General da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL).

Taur Matan Ruak respondeu a esta questão ao Procurador Bernardo Fernandes na audiência realizada no Tribunal de Recurso Caicoli, Díli.

Taur explicou que a ordem dada ao Coronel Lere para fazer a auto-defesa cercando o Quartel-General da PNTL porque os membros da PNTL dispararam em direcção ao Quartel-General das F-FDTL. E assim também durante a crise membros da PNTL sempre atacavam membros das F-FDTL, incluindo a sua residência.

«A auto-defesa com o objectivo de prevenir tiroteios provenientes da direcção do Quartel-General da PNTL, segundo a regra militar em qualquer lado. Quando alguém disparar contra as Forças do Estado as mesmas devem assegurar a auto-defesa. Na altura estava reunido com o Coronel Lere Anan, o então Ministro de Defesa, Roque Rodrigues, etc no Quartel-General das F-FDTL Caicoli», explicou Taur.

Questionado pelo Procurador Bernardo como é que os tiroteios pararam? Taur respondeu que os tiroteios pararam quando membros da Polícia das Nações Unidas, Coronel Fernando Reis, português, conselheiro das F-FDTL e membros das Nações Unidas da Austrália (não lembrou do seu nome) pediu para pararem os tiroteios porque membros da PNTL desejam render-se. Falaram em português.

«Os membros da UN não pediram ou não ordenaram as F-FDTL para se desarmarem e retirar do Ministério da Justiça e outros locais. Continuavam a dizer que a PNTL deseja render, sem explicar os pormenores da rendição. Os dois membros da ONU seguiram para o Quartel-General da PNTL, dei ordens aos membros para pararem os tiroteios e assim aconteceu», referiu Taur.

O Juiz Ivo Rosa como Presidente da audiência questionou se teve conhecimento da morte de membro das F-FDTL, Ricardo Buré, Taur respondeu que ouviu a informação antes do acontecimento em frente do Ministério da Justiça mas não viu a coluna da Polícia que saiu do Quartel-General da PNTL porque após os tiroteios provenientes do Quartel-General da PNTL, os escoltos levaram-no para o rés do chão do edifício, portanto não conseguiu observar a formação da coluna.

«O acontecimento em frente do Ministério da Justiça foi espontâneo, o que não significaria o desejo de matar, o que aconteceu é que na altura o Coronel Fernando não fez qualquer pedido em relação a formação da coluna a partir do Quartel-General da PNTL e a rendição dos membros da PNTL», explicou Taur.

Taur revelou que quando os membros da PNTL desejassem render, segundo um militar, não é formar seguindo a estrada e cantar o hino “Pátria Pátria” mas render significa levantar as mãos ao ar, e ficar sentado e ajoelhado.

«No dia 20 de Maio de 2006 recebi um telefonema do então Primeiro-Ministro, Mari Alkatiri que ordenou a operação conjunta das duas Instituições na segurança da situação. Naquela mesma altura contactei o ex-Chefe de Operações da PNTL, Afonso de Jesus e o Comandante Distrital de Díli, Eugénio Pereira. Estes responderam que para uma operação conjunta é positiva mas carecem a falta de transporte», referiu Taur.

Questionado pelo Juiz Ivo se existiram problemas entre as Instituições F-FDTL e PNTL, Taur respondeu que não. No entanto, foi dizendo que esteve numa situação deveras complicada, dado que no dia 23 de Maio alguns membros da PNTL juntamente com o Major Alfredo Reinado atacaram os seus soldados em Fatuahi, tendo causado a morte de um soldado bem como provocado alguns feridos. Já no dia 24 de Maio, quer a sua residência, quer o Quartel-General das F-FDTL em Tacitolo não foram poupados, tendo sido também alvos de ataques.

A audiência continuou a ser dirigida pelo Juiz Colectivo composto pelo Juiz Ivo Rosa (internacional), como Presidente, Victor Hugo Pardal (Internacional) e António Gonçalves (nacional) como adjunto. O Procurador que atendeu o caso coube ao Sr. Bernardo Fernandes (Internacional). Os 12 arguidos, a saber: RGS, PC, NFS, PC, JS, MX, FA, HA, AS, RM, VSG, JMNM continuam a receber assistência legal dos advogados Arlindo Dias Sanches, Tomé Jerónimo e José Guterres.

Segundo a observação do Jornal Nacional Diário, a 15ª audiência teve início às 09H30 prolongando-se até às 12 h00. Esta contou com a participação máxima não só da Associação de Advogados de Timor-Leste, como também de observadores internacionais, membros do FOKUPERS, ONG Internacionais, famílias dos arguidos e, por último, dos membros das F-FDTL e da PNTL. A questão da segurança máxima esteve a cargo quer da Polícia das Nações Unidas (UNPOL), quer da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) e da Guarda Nacional Republicana (GNR).

Antes da entrada para o edifício do Tribunal de Recurso que dá acesso a sala de audiência, foi processada a respectiva identificação do pessoal.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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