segunda-feira, outubro 15, 2007

AUSTRÁLIA: Activistas Criticam Neo-Colonialismo no Pacífico

Tradução da Margarida:

IPS
Por Stephen de Tarczynski

MELBOURNE, Out 15 (IPS) - Activistas que participam nun fórum internacional de solidariedade em Melbourne têm estado a falar contra o que eles vêem como práticas neo-coloniais na região do Pacífico Sul.

"Parece que não somos independentes por causa do Banco Mundial e do FMI Fundo Monetário (Internacional), (que) têm uma grande papel em Timor-Leste,’’ disse Thomas Freitas, director do Timor-Leste Institute for Research, Advocacy and Campaigns, à IPS.

Freitas estava na Austrália para participar no Fórum Internacional de Solidariedade a América Latina e Ásia Pacífico, realizado em Melbourne durante quatro dias, desde 11 Outubro, onde falou numa sessão com o título ‘Confrontando o Colonialismo no Pacífico’. O fórum visa organizar e lutar contra o neo-liberalismo numa escala global.

Freitas – que tem participado em similares conferências no Brasil e na Indonésia, bem como noutros países do Sudeste Asiático – é crítico do envolvimento do Banco e do FMI em Timor-Leste.

"Dão conselho ao nosso ministro e depois aconselham também coisas erradas," disse ao IPS, acrescentando que está descontente por as duas instituições intervirem em decisões políticas tomadas pelo Governo Timorense.


Timor-Leste é uma antiga colónia Portuguesa. Anexada pela Indonésia em 1976, o país alcançou a independência em 2002 após um referendo onde 78 por cento votaram pela independeência em vez de maior autonomia como parte da Indonésia.

Mas Freitas diz que a difícil independência conquistada por Timor-Leste tem sido ainda minada pelos seus vizinhos.

"Mesmo a Austrália e a América, não querem também dar oportunidades e todos os direitos ao povo Timorense ," diz Freitas.

Tim Anderson, um académico de topo de economia política na Universidade de Sydney e participante, criticou o envolvimento da Austrália na região da Ásia Pacífico, que, argumenta, é de natireza imperialista.

De acordo com Anderson, as ambições imperiais "são principalmente evidentes nas intervenções militares e policiais Australianas recentes e particularmente porque as intervenções policiais e militares estão fortemente ligadas a interesses de investimentos".

Anderson cita o envolvimento da Austrália nas Ilhas Salomão e em Timor-Leste -- pessoal da Força de Defesa Australiana (ADF) e da Polícia Federal Australiana (AFP) está destacado em ambos os países, estando ainda AFP em Tonga, Nauru e Vanuatu – como exemplos de forças Australianas a protegerem interesses de investidores estrangeiros.

"Obviamente têm exercido muita pressão política nesses países e estão associadas a intervenções políticas partidárias," diz.

"Por exemplo, em Timor e nas Salomão há agora um alinhamento político muito claro das forças Australianas com políticos de um lado," disse Anderson à IPS.


But the Sydney-based academic also says that Australia is somewhat inhibited in its imperial ambitions in the region by several factors.

"Australia, for example, is constrained in Timor by the presence of the Portuguese, by the presence of some other influences. It has to coordinate with the big investment interests in the region. The U.S., Canadian, British, South African, other sorts of interests," he says.

Mike Treen, director nacional de ‘Unite’, um sindicato de trabalhadores da Nova Zelândia, falou também contra o imperialismo.

"O imperialismo usou exércitos para tomar terras," disse Treen à audiência na conferência, referindo-se à colonização inicial da terra na região do Pacífico. "E ainda estão a usá-los hoje," disse.

Treen disse que os U.S.A., Austrália e Nova Zelândia têm todos os mesmos interesses.

Anderson argumenta que o imperialismo e o neo-colonialismo no Pacífico apenas podem ser combatidos depois de serem identificados os temas subjacentes. Argumenta que os três temas principais são o acesso exclusivo aos recursos naturais de um país, mercados abertos e o patrocínio de forças militares e paramilitares.

Mas Anderson diz que a generalidade dos Australianos não identifica o papel que o seu governo desempenha "porque há muita negação acerca disso."

"O governo emitiu uma negação não provocada que o projecto seja neo-colonial . É esta a linha principal do governo," diz Anderson.

Num discurso em Agosto, o ministro dos estrangeiros da Austrália, Alexander Downer, delineou os compromissos da Austrália com o Pacífico. Downer disse que a Austrália tem "uma relação particular com os países do Pacífico. Um compromisso para os ajudar a crescer".

A fundação da política da Austrália no Pacífico, conforme descrita pelo ministro dos estrangeiros, é a promoção de "boa governação."

"A estratégia integrada da Austrália de apoiar a boa governação, desenvolvimento económico e comércio, investir no capital humano e trabalhar em colaboração com outros é uma maneira positiva para ajudar," disse Downer.

Anderson diz que a noção de "boa governação" tem obscurecido o debate acerca do papel desempenhado pela Austrália no Pacífico.

"Quais são os temas imperiais? Quer dizer, em que extensão está a a Austrália a tentar dominar estrategicamente e economicamente a região em linha com os seus próprios interesses? Não estamos a ter esse debate na realidade numa grande extensão," diz.

Anderson critica o público Australiano por na sua marioria não saber o que chama de acções neo-coloniais da Austrália, fazendo comparações entre a falta de debate que cerca o envolvimento da Austrália no Pacífico e o silêncio relativo nos USA sobre as suas intervenções na América Latina no século passado.

"Estou triste por o dizer mas é a verdade. Temos aqui e nos USA populações muito altamente educadas mas que são extraordinariamente estúpidas sobre o aquilo em que os seus países estão envolvidos com esse tipo de intervenções porque estão alienadas pelo tipo de linhas dos media com que são alimentadas pelas suas televisões e jornais," disse Anderson à IPS.

"Gente educada devia ser capaz de procurar outras fontes de informação nos dias de hoje, mas as pessoas são muito preguiçosas e não querem fazer esse tipo de coisas," diz.

Anderson argumenta também que interesses protegidos não querem que se questione o papel da Austrália no Pacífico. "Penso que a não ser que consigamos ultrapassar esses clichés de boa governação e estabilização por um superior bondoso, é difícil ter essa discussão acerca do imperialismo.’’

"Obviamente, os interesses importantes não querem que tenhamos tal discussão sobre até que ponto estas intervenções estão a servir interesses de corporações muito poderosas," acrescenta.

(FIM/2007)

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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