sexta-feira, agosto 17, 2007

A vergonhosa igreja timorense deve redimir-se dos seus graves pecados

Timor Lorosae Nação - Quarta-feira, 15 de Agosto de 2007

Novo URL: http://timorlorosaenacao.blogspot.com/
Mentiras clericais chegam ao bispado de Baucau
Alfredo Ximenes

As alegações feitas pelo padre Basílio Maria Ximenes, responsável do colégio salesiano em Baguia, Baucau, tiveram por base mentiras e exageros imperdoáveis e que não foram feitos por acaso mas sim com a intenção de exaltar ânimos e provocar a indignação de todo o mundo.

Alegou o padre Basílio que 100 jovens invadiram o colégio, destruíram-no, violaram as alunas e até uma criança de 12 anos, deixando perceber que a centena de bandidos pertenciam à Fretilin e que odiavam os padres e as freiras que mal nenhum lhes faziam…

A credibilidade que correspondentes da imprensa internacional deram a estas declarações mostrou a falta de profissionalismo com que a maioria deles estão a lidar com os acontecimentos em Timor-Leste assim como a preferência que demonstram pelo “status” Horta-Xanana, quando o correcto será saberem ser imparciais.

A própria Lusa, cujos profissionais têm uma responsabilidade de bandeira – portuguesa - e de afinidade com os timorenses, dispensaram o cuidado de confirmar convenientemente a noticia made in padre mentiroso divulgando-a em conformidade com as suas alarmantes declarações.

Pelos vistos, somente depois, muito depois, começaram a dignar-se em procurar divulgar a verdade sem com isso se preocuparem em corrigir o erro e dar o mesmo realce ao facto do padre Basílio Ximenes ser um grande aldrabão, alarmista, perigoso e contrário à paz desejada para Timor – cumprindo a linha comportamental que a igreja timorense tem vindo a seguir nestes últimos anos.

A Lusa, depois, muito depois, dá sinais de querer repor a verdade, tendo para isso contactado o bispo de Baucau, Basílio do Nascimento, mas ela própria deverá saber que essa poderá não ser a fonte da verdade e alertar-nos para o facto. É mais fácil um ladrão dizer que roubou do que esta Igreja de Timor dizer que mente e imiscui-se perigosamente na política partidária.

Contactado pela Lusa, o Bispo de Baucau, Basílio do Nascimento, declarou que "ainda não sabe o que se passou" no fim-de-semana passado nos Salesianos de Baguia, salientando que “há informações desencontradas sobre o que se passou”, acrescentando que “ainda ando à procura de informações e as pessoas com quem falei falam-me de coisas diferentes. Um, disse-me que houve uma violação e outros ainda não confirmaram nada…”

Sintomático não deixa ser o facto de o bispo acrescentar ao interlocutor da Lusa que lhe telefonou de Lisboa que “nem consigo apanhar o padre”, Basílio Ximenes.

Sobre a violência declarou que não entende os motivos e que as casas queimadas “também não as vi”.

Em suma, este bispo vive noutro mundo e de nada sabe sobre o que o rodeia.

Quem quiser acreditar nas palavras do bispo que o faça, mas o que parece evidente é que estamos perante um aldrabão-mor que se enleia em cumplicidades com um padre exageradamente aldrabão que nos fala de horrores cometidos por uma centenas de jovens desvairados, furibundos, talvez potenciais assassinos e violadores das inúmeras alunas de um colégio que ele dirige.

O que correu mundo foram notícias narrativas do testemunho de algo inadmissível, terrifico, praticado por 100 indivíduos contra alunas padre e freiras indefesas. Os desumanos intervenientes eram da Fretilin e a onda de repúdio funcionou conforme o desejo dos elementos da igreja timorense, que de modo bárbaro mentiu a coberto de todos os sagrados paramentos com que se embeleza para baptizar as criancinhas com a sua voz maviosa, produzida por cordas vocais diabólicas.

Disto, diz o Bispo de Baucau que nada sabe, nem do grande aldrabão-padre Basílio Ximenes, como se o que disseram ter ocorrido não tivesse sido caso grave para que ele se desloca-se uns poucos quilómetros a Baguia, ao colégio das jovens violentadas, a inteirar-se dos danos físicos, morais e materiais provocados pelos vândalos, ouvir o responsável pelo colégio, etc.

Por que será que não dá para acreditar neste bispo nem sequer uma pitadinha?

Em que incorrecção incorrerão prosas opinativas deste teor ou afirmações verbais dos que se insurgem com os vergonhosos comportamentos de muitos dos elementos do clero timorense que passam a sua “santa” vida a exagerar, a mentir, a incendiar a sociedade timorense? Que crédito merecem bispos que pactuam com atitudes destas?

Já lembrou o Bispo de Díli, Ricardo, a quem o quis ler, que estava à espera que o Estado timorense abrisse os cordões à bolsa e recompensasse a Igreja, como prometeu Ramos Horta na sua campanha eleitoral para a Presidência da República.

Sem vergonha, o bispo apresenta a factura do apoio que tem vindo a dar a Xanana e a Horta, não o fazendo pelos fiéis mas sim em demonstração da gula materialista dos cifrões, das benesses, dos petrodólares, da ignomínia.

Timor-Leste, actualmente, tem uma igreja vergonhosa que urge remodelar e reconduzir aos caminhos da credibilidade e da prática do bem… pelo bem, redimindo-se dos seus graves pecados.

2 comentários:

Anónimo disse...

TRANSIÇÕES
Diário de Notícias, 17/08/07

António Vitorino
jurista

A luta pelo poder e o seu exercício transformam o comportamento dos agentes políticos. Essa alteração dos padrões de comportamento faz-se sentir de forma muito especial nos processos de transição política, designadamente quando do acesso à independência ou de uma mudança de regime político.

Os períodos de transição deixam, por via de regra, uma marca muito forte na matriz do sistema político em gestação. Mas reconheçamos que o específico ambiente de uma transição não produz mecanicamente resultados que se possam ter por predeterminados.

Recordemos o caso das transições ibéricas nos anos 70.

A queda da ditadura em Portugal verificou-se num ambiente revolucionário que quase colocou o país à beira de uma guerra civil. A estabilização democrática passou por quase década e meia de ajustamento do texto constitucional, seguindo um processo de progressivas aproximações.

Por contraste, a transição espanhola foi levada a cabo de forma contratualizada (a chamada "rotura pactuada"), sob a égide da instituição monárquica, que havia sido reinstaurada pelo próprio franquismo, e acabou por se traduzir num texto constitucional que acabaria por permanecer imutável até hoje.

Ora, o que é curioso é que a conturbada transição portuguesa, assente num texto constitucional colocado ele próprio no centro do combate político, viria a gerar um regime político onde os padrões do combate político são bem menos crispados e acintosos do que os que vigoram no combate político em Espanha, onde a transição foi muito mais controlada e mais consensual, desde os seus primórdios, quanto à definição das próprias regras do jogo.

Em larga medida estas diferenças resultam do papel que as lideranças desempenharam nos respectivos processos de transição e das preocupações que os nortearam. Pode-se dizer que em Portugal imperou uma preocupação de edificação de um sistema político que privilegiasse a concertação e a partilha do poder, sem partidos hegemónicos ou mesmo dominantes.

Enquanto que em Espanha a lógica dominante foi a de fomentar o contraponto entre alternativas de poder ideologicamente orientadas, matizadas apenas pela realidade das Comunidades Autónomas de base regional.

Esta reflexão vem a propósito dos acontecimentos recentes em Timor-Leste.

Os portugueses que, na sua esmagadora maioria, apoiaram ao longo dos anos a autodeterminação e independência de Timor-Leste habituaram-se, no seu imaginário da Resistência contra a ocupação indonésia, tanto na luta armada como na acção político-diplomática, a colocar do mesmo lado da barricada todos aqueles que hoje se confrontam em Timor-Leste na praça pública numa luta sem quartel pelo poder.

A instabilidade assim gerada causa perplexidade e projecta sérias dúvidas sobre a viabilidade, a prazo, da estabilização do sistema democrático em Timor-Leste. Desde logo porque se afigura que as eleições presidenciais e legislativas, convocadas precisamente para ultrapassar a crise política e institucional que se manifestou tão dramaticamente no início do ano passado, afinal não produziram a mudança de ambiente político que se desejava e esperava.

Cabe, pois, às lideranças timorenses, tanto às políticas como às da sociedade civil, compreenderem e assumirem, neste momento grave da vida de Timor-Leste, o papel que lhes cabe desempenhar na definição da matriz futura do sistema político do seu país.

Sem esse contributo de bom senso e de moderação a crise política persistirá e a transição para uma independência plena e democrática poderá continuar incompleta. Por quanto tempo mais?|

http://dn.sapo.pt/2007/08/17/opiniao/transicoes.html

Anónimo disse...

o que doi aos portugas e que os timorenses ja nao confiam neles como ha 30 anos atras

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
This is my blogchalk: Timor, Timor-Leste, East Timor, Dili, Portuguese, English, Malai Azul, politica, situação, Xanana, Ramos-Horta, Alkatiri, Conflito, Crise, ISF, GNR, UNPOL, UNMIT, ONU, UN.