quinta-feira, agosto 30, 2007

Intervenção do Presidente do Presidente Nacional do Parlamento de Timor-Leste

Fernando La Sama de Araújo
Por ocasião do feriado do dia da Consulta Popular
Dili, 30 de Agosto de 2007, 10:00

Suas Excelências,
Senhor Presidente da República,
Senhor Primeiro Ministro,
Senhores Bispos de Dili e Baucau,
Senhor Presidente do Tribunal de Recurso,
Distintos representantes do Corpo Diplomático e Comunidade de Doadores,
Senhoras e Senhores Deputados,
Senhoras e Senhores,

A quem sabe esperar, o tempo abre as portas.

Foi pelo momento, que hoje celebramos, que esperámos vinte e quatro anos.

A 30 de Agosto de 1999, o povo de Timor-Leste exerceu o seu direito de autodeterminação e escolheu o caminho da independência.

Numa consulta livre e democrática, organizada pelas Nações Unidas, os timorenses, seguros das suas convicções, decidiram corajosamente dar o passo irreversível para a formação de um Estado soberano.

Foi uma vitória de um povo, de uma Nação que se uniu em torno de um objectivo comum.
Foi a vitória dos timorenses que da adversidade, conseguiram ver a esperança. Que de pé, em Timor ou no estrangeiro, mantiveram com determinação, a chama viva de um sonho de uma Nação independente.

É uma vitória daqueles, que apesar do sofrimento, não souberam desistir, daqueles que sempre acreditaram que jamais uma montanha, por maior que seja, pode tapar o sol.

Ao estar aqui perante vós, é com grande emoção, que não posso deixar de me recordar dos que tombaram para podermos viver em liberdade e em democracia. Não citarei nomes, porque nomear alguns agora seria esquecer muitos mais, e para além disso, é na face do timorense comum que continuo, e quero continuar a ver, a vitória da nossa independência.

Não posso também deixar de sublinhar o papel da igreja. Foi sob o seu abrigo, que tantas famílias encontraram a ajuda que lhes permitiu continuar a olhar em frente. Foram tantas as vezes, que oferecendo a sua vida, madres e padres, atravessaram os seus corpos perante a injustiça.

Volto a repetir, não vou falar de nomes. Falar de alguns é esquecer muitos mais. Esta foi a vitória de um povo que se uniu: o povo de Timor-Leste.

Quero também dizer, que felizmente, contámos com muitas ajudas internacionais. Países irmãos, que mesmo quando mal se sussurrava a palavra Timor, não nos esqueceram. Continuaram a levar a todos os fóruns internacionais a questão de Timor-Leste, fazendo com que de ano para ano se tornasse uma questão cada vez mais importante na opinião pública internacional.

Falo obviamente de Portugal. Falo sem formalidades, pois da família fala-se sempre sem cerimónia. Portugal é parte integrante da nossa história e será com toda a certeza do nosso futuro.

Mas Timor-Leste não contou só com a família, teve a sorte de contar também com amigos muito chegados, que até pela sua proximidade geográfica desempenham um papel muito relevante na nossa vida. Recordo que, como bons amigos, recentemente não hesitaram em nos ajudar assim que tivemos dificuldades. Falo da Austrália, da Nova Zelândia e da Malásia. Queremos crescer com eles. Contamos com a Vossa ajuda.

Mas falar do referendo de 30 de Agosto de 1999 é também falar da Indonésia. É falar de uma relação íntima, próxima, com momentos de grande inquietude e agitação, mas que depois de ultrapassados, permite-nos seguir em frente como irmãos que trilham um caminho comum.

Ilustres Convidados,
Senhoras e Senhores,

Esta vitória já ninguém nos tira, mas não podemos esquecer que agora temos outros desafios.
A consolidação do Estado democrático é um deles, assente sobretudo no respeito pela liberdade, pelos direitos cívicos e políticos, de acordo com as regras de tolerância. Não há vencidos, nem vencedores. Há apenas a alternância normal, que caracteriza os regimes livres e democráticos.
É importante que o povo perceba que não há inimigos num Estado de direito e que ninguém pode fazer a justiça pelas suas próprias mãos. Daí o meu apelo para que todos os timorenses, se reconciliem e se unam na construção do nosso País.

É precisamente por este motivo que celebramos o dia de hoje. O 30 de Agosto existe para que nunca nos esqueçamos que o acto fundador de Timor-Leste, foi um acto livre e democrático. O referendo, é por si só, a expressão máxima da democracia: é a tradução plena da vontade popular.

E só assim chegámos ao Referendo de 1999. Porque nos juntámos. Porque unimos esforços. Só desta forma é possível ultrapassar os desafios que Timor-Leste enfrenta hoje.

Este dia existe, para que não nos esqueçamos que não podemos desperdiçar o que foi ali conseguido. Que é esse o legado que queremos deixar aos nossos filhos. Que são esses os valores que queremos transmitir.

É em honra dos que lutaram e do que juntos conseguimos em 1999, que temos a obrigação de continuar este trabalho. Há ainda muito a fazer.

O carácter de uma jovem Nação é como um adolescente. E cheio de duvidas e hesitações. Mas tambem como os adolescentes, a nossa jovem Nação, tem muita forca e vontade de vencer.
Viva Timor-Leste!

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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