quinta-feira, março 15, 2007

Advogado de Reinado propõe "negociações" em várias cartas

Díli, 13 Mar (Lusa) - O major rebelde timorense Alfredo Reinado tem procurado a reabertura de negociações com vários titulares políticos, judiciais, eclesiásticos e internacionais, através de entrevistas e de cartas enviadas pelo seu advogado em Díli a que a Lusa teve acesso.

Benevides Correia Barros, o advogado de Alfredo Reinado na capital de Timor-Leste, endereçou nos últimos dias várias cartas sobre a situação do militar fugitivo, a mais recente das quais ao primeiro-ministro, José Ramos-Horta, escrita em inglês e com cópia ao bispo de Díli e ao procurador-geral da República.

Contactado pela Lusa, um assessor do primeiro-ministro afirmou desconhecer, até ao momento, esta última missiva, admitindo estar a par de cartas do mesmo teor para outros órgãos de soberania.

"De qualquer modo, uma carta dessas não altera nada a posição que foi reiterada pelo primeiro-ministro", esclareceu a mesma fonte oficial.

"Se a intenção do senhor Alfredo Reinado for a de se entregar à justiça conforme manda a lei, o governo garante a sua segurança e o tratamento humano segundo a Constituição da República, devido a qualquer cidadão, será absolutamente garantido".

"Se o senhor Alfredo Reinado anunciar o dia, a hora e o local em que tenciona entregar-se às autoridades, a operação da sua captura será congelada, mantendo-se no terreno as forças internacionais, até se comprovar que ele respeita o seu compromisso", acrescentou a mesma fonte.

O advogado de Reinado encontrou-se na semana passada com o representante-especial do secretário-geral das Nações Unidas em Timor (SRSG), Atul Khare.

A porta-voz da missão internacional em Timor-Leste (UNMIT), Allison Cooper, considerou sem qualquer fundamento a notícia, divulgada hoje num jornal australiano, de que "as Nações Unidas entraram em negociações com os advogados de Reinado".

"O senhor Benevides Correia, na sua qualidade de representante legal de Alfredo Reinado, telefonou ao SRSG na semana passada, pedindo um encontro, um direito que lhe assiste", disse à Lusa a porta-voz da UNMIT.

"O SRSG recebeu o advogado e comunicou-lhe a posição que sempre manteve nesta matéria: Alfredo Reinado tem de enfrentar a justiça", algo que Atul Khare tem repetido em todas as intervenções públicas nas últimas semanas.

"Alfredo Reinado pode submeter-se à justiça por ele próprio ou os órgãos competentes levá-lo-ão perante a justiça", acrescentou Allison Cooper, sobre o teor da posição transmitida na reunião de Atul Khare com o advogado do militar evadido desde 30 de Agosto de 2006 de uma prisão de Díli.

"Os esforços das Nações Unidas em Dezembro e Janeiro, quando a organização fazia parte de um grupo tripartido que manteve conversações com Alfredo Reinado, também foram orientados para convencê-lo a enfrentar a justiça", sublinhou Allison Cooper.

Alfredo Reinado, que enfrenta acusações de posse ilegal de material de guerra, escapou de uma prisão na capital em 30 de Agosto, com um grupo que incluía antigos militares e outros presos.
O ex-comandante da Polícia Militar, cercado em Same, no sul do país, por tropas australianas, escapou no dia 03 de Março a uma operação de captura, que ainda decorre.

A edição de hoje do jornal Timor Post faz manchete com uma entrevista a Reinado, numa peça datada de "Algures".

Reinado está "triste com os acontecimentos de Same", titula o jornal, que coloca em manchete a informação de que "Alfredo está perto de Díli pronto para o diálogo".

Também o programa Foreign Correspondent da cadeia australiana ABC efectuou uma entrevista a Alfredo Reinado, mas localiza-o num sítio "após dois dias de picada".

Reinado declarou à ABC que não pretende "disparar contra australianos", reafirmou que "nunca" terá "uma palavra de rendição" e que apenas se renderá "à justiça, não a alguém ou a uma ordem".

A Lusa tentou, sem sucesso, contactar durante a tarde o advogado Benevides Correia Barros.
PRM-Lusa/Fim

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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