Tradução da Margarida:
O Artigo de Kirsty Sword Gusmao: Mulheres sofrendo em silêncio
The Australian
Kirsty Sword Gusmao: Mulheres sofrendo em silêncio
É preciso ouvir todas as vozes na reconstrução de Timor-Leste, escreve Kirsty Sword Gusmão
Julho 07, 2006
Mulher de Timor
Esmagada pela tua miséria
Mulher de Timor
O teu espírito amarrado em servidão
Assim escreveu o meu marido, o Presidente de Timor-Leste Xanana Gusmão, num poema acerca da experiência das mulheres da guerra de resistência de 24 anos contra o domínio Indonésio. Quando dezenas de milhares de mulheres Timorenses lutam para cuidar das suas famílias em campos de deslocados em Dili, estas palavras assumem uma nova e trágica actualidade. As mulheres de Timor, uma vez mais vítimas do excesso e das ambições dos homens; Mulheres de Timor, uma vez mais feitas viúvas por um conflito que não criaram.
Em discursos que proferi em várias conferências na Austrália no ano passado, fiz referências extensas aos ganhos significativos das mulheres ao nível da participação politica e do reconhecimento formal dos direitos das mulheres nestes últimos quatro anos desde a independência de Timor-Leste.
Um impressionante elevado número de deputadas no nosso parlamento nacional são mulheres. A Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e o seu protocolo opcional foi assinado pelo nosso governo poucos meses depois de ter conseguido a independência, uma proposta de legislação contra a violência doméstica está à beira de se tornar lei e concordou-se no ano passado numa quota para mulheres em conselhos ao nível dos sucos e aldeias.
E contudo, é triste e perturbador anotar que, num tempo de crise e de conflito como o que Timor-Leste experimenta presentemente, as plataformas que as mulheres tinham conseguido conquistar parecem terem-se partido, as suas vozes caladas pelo clamor dos líderes masculinos e pelo troar da maquinaria duma operação de manutenção da paz dirigida e conduzida por homens.
Conseguiram falar pela paz breve mas fortemente em 1 de Junho quando cerca de 100 mulheres e crianças encenaram uma iniciativa pela paz no pátio do Palácio do Governo, para pedir a restauração da lei e da ordem e para alertarem os seus líderes que não votariam nas próximas eleições em nenhum partido ou individuo que não responda às aspirações das mulheres e crianças.
À somente uma semana, com o primeiro-ministro à beira de anunciar a sua resignação e enfrentando alegações sérias de distribuição de armas, uma mão cheia de ministros masculinos do gabinete começaram a pesar se deviam apresentar as suaa resignações. Contudo, foi uma brava mulher Timorense, Maria Domingas Alves, a "Micato", antiga conselheira do primeiro-ministro nas questões de igualdade de género, quem deu o primeiro passo, citando razões de ser incapaz de servir as mulheres de Timor-Leste no seio de um governo "que já não funciona efectivamente ".
É revelador que nem uma única mulher Timorense pediu uma audiência com o meu marido nem deu a sua opinião sobre a solução da crise nas últimas semanas. Não foi um acto deliberado de exclusão, simplesmente não ocorreu a ninguém nesta sociedade intensamente patriarcal que as mulheres pudessem ter algo de importante e útil para contribuir para o processo delicado e vital do desarmamento, reconciliação e construção da paz.
Ao mesmo tempo um peso desproporcionado de responsabilidade na limpeza da confusão deixada pelo conflito cai nos ombros das mulheres: as mães lutando para dar às suas famílias abrigo, segurança, alimentação e outras necessidades básicas nos campos apinhados de deslocados, as incansáveis irmãs católicas de várias ordens religiosas, que sem segurança permanente das forças internacionais e com recursos limitados, abriram as portas dos seus conventos e colégios a muitos milhares de deslocados esfomeados e traumatizados.
As mulheres têm uma posição única na construção da paz e segurança, pois que valorizam a paz como a base para a sobrevivência das suas famílias e comunidades, como a pré-condição básica para a educação dos seus filhos e a prosperidade. Estão todas virtualmente ausentes das discussões sobre o futuro político de Timor-Leste, reforma do sector da segurança e a negociação do mandato duma nova missão da ONU no país o que realça o triste facto das mulheres de Timor-Leste terem um longo caminha a percorrer para conseguirem os seus direitos como cidadãs iguais e com valor da sua nova nação.
A Resolução do Conselho de Segurança 1325 mandata os Estados membros da ONU e as missões da ONU para reconhecerem as necessidades especiais das mulheres em tempos de guerra e conflito, e nos esforços para restaurar a paz e aprofundar a reconciliação. Os termos de referência para a missão da ONU de avaliação das necessidades que presentemente visita Timor-Leste inclui uma cláusula para um cluster sectorial de "dimensões de género " que reconhece a importância da quarta missão da ONU de ouvir o que querem as mulheres .
Mas porque está ao lado, não através dos outros clusters, incluindo a segurança, governação, reforma da Força de Defesa Timorense e a regra da lei, pergunto-me se as suas conclusões serão relegadas para uma nota de rodapé na altura em que a nova missão da ONU for mandatada. E mais importante se as aspirações e sonhos das mulheres e raparigas "comuns" de Timor-Leste estarão reflectidos neste documento e se serão traduzidos em medidas concretas e compromissos – pela ONU e o nosso novo Governo – para garantir que nunca mais o medo, a violência e a dor dos últimos meses seja visita das mulheres sofredoras há longo tempo de Timor-Leste.
Mulher de Timor, o meu coração sangra por ti, o meu respeito é grande por ti.
Kirsty Sword Gusmao é a primeira dama da República Democrática de Timor-Leste e directora da Fundação Alola em Dili.
quinta-feira, julho 13, 2006
O artigo de Kirsty Sword Gusmao - Tradução da Margarida
Por Malai Azul 2 à(s) 19:19
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
23 comentários:
A madame vive por aí há tanto tempo e ainda nem percebeu a importância de pelo menos ela, nos artigos que escreve para os media do seu país, escrever correctamente o nome do país do seu marido? É assim tão difícil de perceber que o nome do país do seu marido é Timor-Leste e não East Timor? É que se até os jornalistas da Indonésia (e da Lusa) já aprenderam a escrever Timor-Leste não se percebe esta resistência da madame…
Sabemos da mania dos anglo-saxónicos em dividiram os povos do modo que lhes dá mais jeito (para reinarem precisam de dividir), umas vezes é o bushiano “ou estás connosco ou estás contra nós”, outras vezes é “os bons e os maus”, por Timor-Leste os australianos (Alfredo à cabeça) para armarem a confusão inventaram “os do leste e os do oeste”, agora a madame, fraca aluna que é vem com “as mulheres e os homens”. Percebe-se que isto de se ser “cidadão de Timor-Leste” lhe está atravessado pois a madame pode ser muita coisa (e ter sido muito mais) mas cidadã de Timor-Leste é que não é. Sorry, but it’s life!
PS: além da insensatez - que nem comento - de interferir nas guerras grupais dum país de que não é cidadã, arregimentando altos funcionários para o "exército" do marido...
Exma Senhora PRIMEIRA DAMA de Timor-Leste
Chora muito e nada faz a favor de TIMOR-LESTE a favor de outros paises ponho as minhas reservas.
Se tem o seu coracao a sangrar porque nao lamentou a barbara morte daquela brava mulher da PNTL e das Policias feridas? Ja se preocupou em pedir (ou exigir ao seu marido uma investigacao rigorosa de quem foi o assassino?).
Queixa-se que ao seu marido nao foi pedida audiencia por nenhuma mulher.
Nao acha que deveria ser o marido da Senhora a pedir a intervencao das Forcas representativas das mulheres timorenses nesta e noutras situacoes? Quantas vezes e que elas foram chamadas a intervir?
Minha Senhora esta e realmente a terra do corcodilo, nao terra para serem derramadas "LAGRIMAS DE CROCODILO"
mesquinhices estas do anonimo anterior.
Pergunta: O que e correcto? Great Britain ou Gra-Bretanha?France ou Franca? Deustchland ou alemanha? Espana ou Espanha? Nao sejamos mesquinhos. essa de East Timor ou Timor-Leste fois mais um capricho dos "mocambicanos" do que propriamente do povo. Alias o Alkatiri dizia mesmo que Timor Lorosa'e nao existe impossibilitando assim qualquer maneira de se dizer Timor-Leste em Tetun que sempre foi a lingua franca dos timorenses muito antes de os portugueses pisarem o solo patrio dos timorense. Hatene ka lae? compreende?
correcao: o segundo comentario e dirigido ao primeiro anonimo/a e aparentemente tambem se aplica ao segundo anonimo/a.
segunda correcao: o segundo comentario e dirigido a margarida e aparentemente tambem se aplica ao segundo anonimo/a.
concordo. Compreende-se que o nome oficial deve ser usado em ocasioes oficias mas exigir ao resto do mundo que use Timor-Leste em conversas comuns e mesmo ridiculo e mesquinho. La hetan boy!
So quem esta desatento a esta crise e a realidade Timorense e que faz um comentario como sendo "um capricho dos mocambicanos" chamar Timor-Leste e nao Timor-Lorosa'e pois agora se viu o porque do nome actual do Pais. E realmente Timor-Lorosa'e que os Aussie querem manter pois estao ca para dividir e... quererem reinar. Os meus sinceros parabens ao apoio explicito a incursao dos Australianos.
Anónimo das 9:00:33 PM: acha então que exigir-se ao menos que a madame respeite o nome do país do marido é mesquinhice? Se reparar os jornalistas da Nova Zelândia e da Indonésia já aprenderam a escrever correctamente Timor-Leste, coisa que os australianos ainda não - mas sabemos o que a casa gasta - ora a madame é australiana mas casou com o homem que jurou cumprir e defender a Constituição que tem logo isto á cebaça:
Artigo 1.º
(A República)
1.A República Democrática de Timor-Leste é um Estado de direito democrático, soberano, independente e unitário, baseado na vontade popular e no respeito pela dignidade da pessoa humana.
PS: se nem o nome do país a madame aprendeu a respeitar, como é que nos admiramos que não respeite a luta das mulheres de Timor-Leste?
O nome do meu pais registado em todas as organizacoes internacionais eh TIMOR-LESTE e nao east timor! Na ONU o nome do meu pais eh TIMOR-LESTE e nao outro. Tratem de elevar os aborigenes aa condocao humana e nao venham ensinar-nos como nos sentamos aa mesa e comer com faca e garfo, porque isso aprendemos com os portugueses ha seculos! Lavem pelo menos a boca antes de falar do Povo de Timor-Leste que foi traido pelos sucessivos governos da Australia durante vinte e cinco longos anos. Lembro-me das palavras proferidas no ano passado por um grande amigalhaco do aussis: Em 99 os austrlianos vieram \'libertar-nos\' ou redimir os seus pecados?
Para os de memoria curta faco lembrar que, quem introduziu as palavras Maubere, Timor Lorosae, e Timor-Leste no vocabulario politico e cultural e ja fortemente enraizado no Povo de Timorense foi a Fretilin, desde 1974! Estes nomes estao reflectidos em milhares de documentos produzidos, em cancoes populares, em poemas, contos etc. Elas se confundem e sao a razao de ser da nossa luta, porque se trata da afirmacao da nossa diferenca e de nos mesmos!!
Isto de Timor-Leste para todas as linguas eh realmente mais um capricho da camarilha de Maputo
Anónimo das 11:28:04 PM: já agora só falta dizer que é por ser "capricho" que até a UNOTIL e a ONU, mesmo em inglês escrevem "Timor-Leste"! E se tiver um pouquito mais de fair-play em vez de defender o indefensável?
A politica da chamada opisao em Timor-Leste so sabe insultar e organizar golpes. Quando nao podem recorrem aos forasteiros e ao presidente de todos os seus respectivos partidos, o Sr. Kay Rala. Despresaram o termo Maubere, contrriaram tanto Timor Lorosae e agora embarcam na onda de anglofonizar Timor-Leste! Uma oposicao assim nem com viagra consegue expremer o voto do Povo nas proximas eleicoes. Vao desaparecer no espectro politico timorense.Espero que se inscrevam na quinta das aboboras!
Ja agora levem o Jose Luis convosco como olheiro e nao se esquecam de lhe arranjar um chapeu de sol, porque trabalhar nao eh com ele!
Mas voces acham mesmo possivel exigir ao mundo inteiro que usem o nome Timor-Leste. Seria realmente inapropriado que outro nome fosse usado em ocasioes oficiais mas exigir que seja em todas as ocasioes e a mesma coisa que dizer que deviamos referir aos outros paises pelo maneira como esses mesmos paises se denominam e na sua lingua oficial. E uma proposicao ridicula meus senhores e senhoras!! Ha muitos em portugal que ficam pelo Timor. nem sombra do Leste. Sera isso falta de consideracao. Crescam e aparecam pa! Nao ha pachorra para tolices de criancinhas como a margarida e camaradas.
Anónimo das 1:35:20 AM: mas agora a madame passou a chamar-se o "mundo inteiro"? Eu nem nada lhe exigi, só lhe chamei a atenção que pelo menos nos artigos que escreve devia dar o exemplo e soletrar correctamente o nome do país do marido.
primeira dama? nao acredito os servicos secretos australianos sao mesmo bons.
onde esta a verdadeira primeira dama timorense? timorense de verdade mae dos filhos homens e mulheres de alexandre gusmao!
esta australiana e um vicio herdado das prisoes indonesias em regime aberto
Ou um casamento de conveniência?!
Oh valha-me Deus a senhora resolveu abrir a boca outra vez!
Já não há paciência para tanta asneira!
Será que a Senhora anda com algum problema?
Será que há "crise" na Austrália e nós nã sabemos?!
Coitada, anda tão nervosa que só pode ser.
Qualquer dia ainda vamos ver o Alexandre Gusmão Junior a dar entrevistas ao lado da mãe e do PM australiano.
Em Tmor tudo é possivel.
Acreditem que até um porco pode andar de bicicleta.
Acredito, acredito...
Quando eles até podem botar comentários em Blogs, tudo é possível mesmo!
No exterior o Brasil vem com "z". Já vi escreverem Bresil. Questão menor.
AC
Br
anonimo das 8:17:17 AM.
Os porcos sao voces e os da " A quinta dos animais" se percebe o que quero dizer. (todos os animais sao iguais, mas alguns sao mais iguais que outros...)Percebe? Tudo depende do seu conhecimento da cultura geral.
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