Durante toda esta crise, e tendo em consideração os recursos e a determinação de quem a provocou artificialmente, foi fundamental denunciar as manipulações de quem pretendia "arrumar" politicamente Mari Alkatiri ...
Falta de coragem, lucidez, lentidão, e a escola do "quanto menos trabalho tiver, melhor", provoca mais estragos diplomaticamente do que qualquer posição mais dura, como por exemplo as palavras de condenação do ex-MNE Diogo Freitas do Amaral para o PM Australiano quando este criticou o Governo de Mari Alkatiri.
O Governo australiano (e o resto do mundo) ouviu e respeitou as críticas do ex-MNE português e aqui no terreno fez a diferença.
A intervenção sensata e equilibrada do Governo Português, dando voz a todas as partes é respeitada. Porque é leal.
As relações entre os dois países não pioraram, por muito que alguns da escola do "quanto menos trabalho tiver, melhor" o defendam. Portugal e a Austrália tem uma visão diferente quanto ao futuro de Timor-Leste e isso nunca permitirá que as relações entre os dois países sejam muito melhores.
Os governantes de Timor-Leste admiraram estas palavras do MNE português, mesmo aqueles a quem (leitores menos atentos) as palavras de Camberra parecem ajudar.
Para entender melhor os líderes de Timor-Leste temos de pôr de lado a nossa lógica ocidental e esquecer o comportamento clássico entre rivais políticos.
A encruzilhada de relações familiares, cumplicidades e amizades, jamais permitirá desfazer os laços apertados entre os dirigentes timorenses.
Aquilo que para nós malais parecem traições fatais, resolvem-se mais tarde ou mais cedo, sem ódios, ao fim do dia à volta de uma conversa.
É por isso que os mesmos actores do poder em Timor-Leste se manterão ainda por muito tempo em cena. E partilharão a responsabilidade de dirigir os destinos do país em conjunto, como o fizeram durante décadas de luta contra o invasor indonésio.
Todos eles menosprezam, quem por fraqueza, opta por um dos lados; e todos eles admiram quem continua leal, sem agenda própria, aos seus rivais políticos.
A falta de mesquinez nos dirigentes de Timor-Leste é um exemplo a seguir em Portugal. Nos ataques são frontais, e não escondem as suas posições com palavras fáceis.
Colocando sempre o interesse de Timor-Leste acima de tudo, rivais combinam estratégias entre si, mesmo nos momentos mais duros de confronto político. Até para não ficarem eles próprios reféns dos seus apoios, de quem nem sempre nutrem simpatia.
Quantas vezes um dirigente avisou o seu maior rival de manobras dos seus apoios estrangeiros. O Governo australiano e Hasegawa sabem-no bem, por experiência própria.
Por muitas alianças que façam para atingirem os seus fins, a aliança verdadeira que se manterá sempre é entre os timorenses, e é aquela que luta pela soberania e independência nacional.
A convivência mais ou menos atribulada entre Xanana Gusmão, Mari Alkatiri e a Fretilin, Ramos-Horta e a Igreja, continuará após as eleições de 2007.
O que o resto do mundo pode fazer por Timor-Leste é ajudar a garantir um equilíbrio entre todos, apoiando o que cada um tem de melhor, e não permitindo um desiquilíbrio de forças que levará sempre a situações de grave instabilidade. A prová-lo, esta crise, provocada pelo governo australiano.
Se em Portugal não houver um claro entendimento de que acima de tudo é este equilíbrio que é fundamental manter, perderá mais uma vez o seu lugar na História entre os dois povos.
E o respeito de todos os dirigentes deste país.
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quinta-feira, julho 13, 2006
Nota verbal
Por Malai Azul 2 à(s) 13:02
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
23 comentários:
Sou angolano e passei por Timor durante este conflito.
Passei a ver os portugueses de diferente maneira depois de ver como os timorenses gostam deles.
Passei a ver os portugueses como irmaos pelos olhos dos timorenses.
Obrigado Malay Azul.
Por nos entenderes. Por seres paciente. Pela tua coragem.
Nota Verbal?
Mas isto é linguagem diplomática!!!
hummmm... cheira a esturro...
Subscrevo o recado.
Não me digam que em Portugal ja estao uns a defender o alinhamento com os australianos...
Em Portugal há cada vez mais pessoas... algumas com poder... que defendem um "desalinhamento" com Timor-Leste.
O comportamento da liderança timorense não merece que o governo português continue a investir... alguns falam em desperdiçar... milhões de euros em Timor-Leste.
Obrigada Malai Azul por tão oportunas palavras. Sei que viveste Timor na época ante e pós 1999.Sei que estás por lá ou por perto. Tens uma vivência que nós a 20 mil km não temos..., por isso, é muito bom que nos abras os olhos e nos ajudes a ver claro!
Fítun Taci
Um grande documentario sobre LENDA VIVA de Kay Rala Xanana Gusmao.
Para os sortudos em melbourne poderao ver o grande lider que e Xanana Gusmao.
HERO'S JOURNEY, A
Timor-Leste/Singapore, 2006 (Documentaries)
2006 MELBOURNE INTERNATIONAL FILM FESTIVAL
http://www.melbournefilmfestival.com.au/2006_Festival/film.php?film_id=6981
"Xanana Gusmão is a living legend. This poet-guerilla led the 24-year war against Indonesian occupation of East Timor, seven of those years from a prison in Jakarta.
While the word ‘hero’ is often bandied about indiscriminately in popular commentary, the leadership of Gusmão has been genuinely heroic, and galvanising.
Using President Gusmão as its narrator and guide, A Hero’s Journey details today’s East Timor through his eyes and, most significantly, through his heart. As filmmaker Grace Phan explains, the film is about the importance of the liberating force of forgiveness – “a notion which transcends all geographical, cultural and ethnic boundaries.”
Over the one-and-a-half years of the production, Phan and her crew scoured the length and breadth of East Timor’s rugged terrain to present this young nation – physically and through its people – in all of its grandeur and its fragility.
“This film is not about me. It is about the resilience of the people of Timor-Leste, the real people who lived for centuries with very little but unreservedly gave all the best they had.”- President of East Timor, Xanana Gusmão"
Obrigado, Malay.
O que dizes é verdade. Poucos nos conhecem.
Um amigo é um amigo para sempre e a sua familia a nossa.
Inimigos hoje, mas sempre juntos por Timor-Leste contra os invasores.
Se Portugal fraquejar não teremos nenhum aliado tão forte como Portugal.
Xanana, Horta, Mari e os timorenses contam com Portugal.
Infelismente sao os paises e povos pequenos e que outros tem menos podem sonhar de verdadeira independencia, de soberania autentica. Para eles estes sao luxos para os paises maoires, os povos mais desenvolvidos economicamente. Aparentemente nos aqui em Timor nao temos este direito....e infelismente continuamos a nao ter ate aprendermos que temos que parar de lamber os pes de outros e escrever a nossa historia propria, com unidade, com conviccao. Entalados como estamos entre dois paises dominadores desta regiao, vamos ter que jogar jogos sensiveis, mas nao verdermos-nos a eles. Talves o que mais precisamos outra vez e um adversario a nossa nacao contra quem podemos juntar, ou para o futuro dois adversarios geo-politicos comuns, esta ves nao para fazer guerra mas para fazer diplomacia. Em ves de ser so adversario de um, aonde podemos ser jogados entre um e outro facilmente, ou amigo de todos os dois e insignificante, ter dois adversarios que podemos manter em bom comportamento, e com vontade de nos manter perto e tratar-nos melhor e com mais respeito.
Sabem que Ramos-Horta nunca deixou de visitar e preocupar-se com Mari e até com Rogério?
Amigo do meu amigo meu amigo é.
Não se esqueçam que os adversários politicos são ... amigos.
Pois...
O 'arsenal'...
Ruben de Carvalho, Jornalista, Diário de Notícias, 13/07/06
O noticiário sobre o golpe de Estado verificado em Timor trouxe uma série de elementos habituais neste tipo de operações, inteiramente recorrentes na máscara de desinformação que sempre se pretende montar.
Um dos mais típicos é o aparecimento de alegados "esquadrões da morte" ou entidades semelhantes, invariavelmente vocacionadas para assassínios em massa de opositores políticos. Há três dezenas de anos Portugal foi objecto de um caso que se tornou clássico, a mirífica "matança da Páscoa" que, segundo os golpistas do 11 de Março de 1975, os "comunistas" preparariam e que visava liquidar centenas de pessoas e para a qual jamais foi apresentada, já se vê, a mais pálida sustentação.
Com mais do que suspeita cobertura da imprensa da Austrália, igualmente se "descobriu" que o Governo chefiado por Mari Alkatiri teria constituído vários de tais "esquadrões", além de "distribuir armas a civis", outra atoarda que se pode encontrar na preparação de todos os golpes reaccionários, dos generais brasileiros de 1964 à Indonésia de Suharto ou ao Chile de Pinochet.
Um desses "esquadrões", chefiados por um tal Vicente da Conceição, "Railós", tornou-se peça central de toda esta encenação, ao ponto de passar a contar com guarda de corpo e outras mordomias providenciadas pelos militares australianos.
O último episódio envolvendo o tal mortífero "esquadrão" desenvolveu-se há poucos dias e brada aos céus.
Segundo os jornais, com pompa e circunstância aproveitada para anunciar a possível instauração de um processo ao ex-primeiro-ministro Alkatiri, o tal "Railós" fez entrega das armas que teria recebido do ex-ministro do Interior, Rafael Lobato, com vistas, já se vê, ao desencadear do nefando projecto de assassínio de adversários políticos da Fretilin.
Foram entregues - 11 armas! E talvez para disfarçar o ridículo, a comunicação social informa - sem se rir ” - que são 11 armas” automáticas! Fica assim esclarecido que não se tratava de trabucos de pederneira ou de bacamartes à João Brandão. E são 11. E, possivelmente, terá também sido entregue um canivete suíço.
Parece uma farsa, mas o que se passa em Timor está bem mais perto de parecer uma tragédia.
http://dn.sapo.pt/2006/07/13/opiniao/o_arsenal.html
E pena que o Dr Mari Alkatiri seja vitima inocente de toda esta manobra maquiavelica de quem quer que seja.
"De quem quer que seja"?!...
Ainda há dúvidas?!... Pelos vistos há alguém a quem lhe fez mal viver no meio das CINZAS... Habituou-se à "terra queimada"!...
Ai o Mari ja foi declarado inocente? por quem? Vamos la a ter calma e deixar que a justica percorra o seu curso. Nao tenho nada contra Alkatiri mas dizer desde logo que e inocente e ser demasiado tendencioso e desvalorizar as investigacoes em curso.
"Sabem que Ramos-Horta nunca deixou de visitar e preocupar-se com Mari e até com Rogério?"
uaaaauuu..a serio tem a certeza o senhor/a??mesmo depois de JHR tornou-se PM??
Sendo certo que as dinâmicas políticas, as formas de governar e agregar politicamente uma comunidade são plurais e diversas;
Sendo certo que a democracia do tipo liberal e ocidental apresenta hoje gravíssimas crises pelo que deixou de funcionar como modelo credível;
Sendo certo que em Timor Leste as realidades e as meta-realidades se regem por outras lógicas, outras formas de conceber as rivalidades, os compromissos e a política;
Sendo certo que aqueles que se nos apresentam hoje como antogonistas políticos partilham relações familiares fortíssimas assim como passados de luta e resistência nacionalista inquestionáveis;
Sendo certo que é necessário ler e reler o presente de TL com uma atenção crescente e cuidadosa e saber manter-se tão longe e tão perto quanto todas e todos as/os timorenses o quiserem,
Há suspeitas que permanece no meu espírito:
- Será que Timor Leste e os seus dirigentes estão assim tão imunes a ambições pessoais que a última lógica que rege as suas acções seja o compromisso para com Timor Leste?
- Será que, em última instância, estar em cima de um dos estreitos marítimos mais geoestratégicos - no panorama político/militar contemporâneo - não perturba essa maneira tão 'própria' (?) de se ser Timor?
- Será que a possibilidade ou a impossibilidade de chegar, de alguma maneira, aos rendimentos que as jazidas do petróleo e gás não traz para as relações políticas em Timor Leste novos elementos de compreensão e avaliação do valor das coisas, das relações familiares e do poder?
- Será que os traumas provocados por séculos de colonialismo português e 24 anos de guerra de ocupação indonésia deixaram assim tão intactos os equilíbrios, as forças e as intenções?
-Será que o discurso de tomada de posse do Primeiro Ministro José Ramos Horta é assim tão isento de ideologia (tão ocidental!) que determina numa exacta medida quem são os amigos e os inimigos?
A mim parece-me que teria que ser uma Terra e um Povo tão excepcionais que de algum modo podem sobreviver neste planeta.
Aceitando a diversidade, a intangibilidade, a incomensurabilidade de uma sociedade tão ancestral e tão singular, parece-me um pouco demagógico dizer-se que de uma maneira ou de outra eles, os timorenses, sairão da crise como nela entraram: fazendo justiça a Timor Leste ao fim de uma tarde à volta de uma conversa. Parece-me fácil demais e uma tremenda injustiça para quem nos últimos meses teve as suas casas queimadas, pilhadas, parentes mortos ou fugidos, famílias separadas, vidas interrompidas, esperanças destroçadas e todo o rol de sofrimentos impostos pelos acontecimentos que conhecemos.
Para mim a tolerância à ambiguidade tem como limite qualquer acto deliberado de indignidade humana.
Albertina Soares
Nas actuais condicoes o Ramos Horta eh o unico dirigente Timorense capaz de levar o barco a bom porto. Apesar de algum oportunismo, todos os politicos sao oportunistas em certo sentido, ele eh muito humano e eh firme na defesa dos valoes em que acredita. Nunca deixaria tocar em alguem com uma situacao inferiorizada e nunca faria mal a um seu maior inimigo. Acreditem!
A autora(r)da NOTA VERBAL, que me cheira a diplomata...nao digo o nome mas adivinho...parece reflecir uma sábia posição do governo português. Se assim for estamos no bom caminho.
Deus queira que tenha acertado!
Maria José Vasconcelos ?
Rui Flores ?
FOTE MAKE RIBA: voce comece primeiro por escrever o tetum como deve ser ta! Esse pricipio legal toda a gente conhece. Critica o anonimo das 9:15 porque o Alkatiri e inocente ate que o contrario seja provado apesar de ser arguido mas voce e os seus camaradas fartam se de culpar o PR e outros de terem orquestrado um golpe de estado sem sequer haver provas de nada.
Nao acha que isto e muita falta de coerencia da vossa parte? Pelos vistos quem escreve asneiras e ate demais sao voces.
Nao sou professor formado em colmera mas sei que existe um tetum oficial desenvolvido pelo Intituto Naional de Linguistica e aprovado pelo conselho de Ministros do governo de Mari Alkatiri e de acordo com o "Matadalan Ortografiku ba Tetun-Prasa" a maneira como escreve o seu pseudonimo esta errado assim como alguns dos seus comentarios em tetun que eu tive o "prazer" de ler. O senhor nao esta interessado em defender aquilo que os timorenses conseguiram desenvolver?
E por favor nao escreva em maisculas porque ninguem e "surdo", ou nao conhece as regras de etica na internet?
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