DN online - 5.06.2006
Paulo A. Azevedo* em Díli
Sandrinha é um fantoche que arranca gargalhadas à meia centena de crianças sentada num canteiro do Aeroporto Nicolau Lobato, em Díli. A má nutrição, aliada à desidratação, à falta de recolha de dejectos em locais repletos de refugiados, faz crescer os receios de doenças mais graves do que os muitos casos já detectados de infecções de pele, malária, diarreias.
O perigo a evitar chama-se embrião colérico, explica ao DN Alexandre Orial, da Brigada Médica Cubana que presta assistência no campo de desalojados montado em frente ao Gabinete das Nações Unidas em Timor Leste (UNOTIL). No aeroporto, a três quilómetros, Sandrinha, manobrada por um dos elementos da organização Jovens com uma Missão, dá a receita aos miúdos: limpar a área das tendas, lavar bem as mãos, cozinhar em zonas afastadas das latrinas.
"Estamos a consciencializar as crianças a manterem os locais limpos e os pais a cuidarem das crianças", explica Rosemary Sena, também missionária mas da Visão Cristã. A tarefa parece hercúlea. Dois miúdos despejam um balde de dejectos num esgoto a céu aberto, levantando uma nuvem de moscas. São dois dos sete filhos de Ezequiel Correia Belo, nascido em Baucau com vontade de deixar o país até um dia, mas sem dinheiro para nove cabeças.
Resta a paciência, a dor, o remédio que é a responsabilidade de algo mais forte. Os filhos. Os dias ganham contornos de normalidade em Díli, ainda que aqui e ali se registem pilhagens e casas queimadas. Ontem, pela primeira vez em muitos dias, carrinhas recolhem o lixo e minúsculas mercearias familiares abriram as portas ao mesmo tempo que os pequenos mercados de rua apresentavam já alguma fruta e vegetais, sinal de que parte da população desce das montanhas para vender os produtos na cidade.
No Ministério do Trabalho e da Reinserção Comunitária, garante-se ao DN, não se pára há quatro dias. Numa sala de coordenação vêem-se organigramas, estratégias de assistência a refugiados, enumeram-se sucos (freguesias) e aldeias e contam-se as pessoas para a distribuição dos apoios que vão chegando, de Vera Cruz ao Aleixo. Num dos mais problemáticos bairros, Pité, os carros ainda têm de andar em ziguezague para evitar os obstáculos colocados pelos moradores como forma de controlar quem passa. A defesa do bairro é organizada como o Presidente Xanana pedira na véspera. Arsénio Bano, ministro do Trabalho que coordena as equipas de apoio, nacionais e internacionais, das agências da ONU, recebe o DN para traçar o retrato de um comedido desespero.
É dos ministros mais novos, mas sente a responsabilidade na pele: "É urgente a assistência às populações, os cuidados com a alimentação, a água e saneamento e o apoio às crianças." Além da coordenação pelo Governo do trabalho das agências das Nações Unidas e de organizações não governamentais. "Este ministério tem procedido à coordenação. Temos grupos especializados na área da alimentação, águas e saneamento, saúde, bem como apoio aos distritos", explica.
O cenário está longe de poder ser pintado em tons rosa. "Ainda não temos tendas suficientes e materiais para reconstruir casas destruídas, precisamos de latrinas e viaturas para transporte de água e há demasiada gente em alguns centros de desalojados", afirma.
A questão principal é a segurança. Na rua, aguarda-se a chegada da GNR. Os militares australianos, diz--se, são muito passivos e ninguém esquece o rígido controlo exercido pelos portugueses, que vezes sem conta impuseram a ordem à bastonada, após a independência. É pelos homens de azul-escuro que se suspira.
*Enviado DN/TSF
segunda-feira, junho 05, 2006
Prioridade máxima é dar assistência aos refugiados
Por Malai Azul 2 à(s) 00:26
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
26 comentários:
Um dos comentários:
Diz a notícia da Lusa: "Também o novo código penal, concluído, mas ainda por promulgar". Ora a promulgação compete ao PR.
Mas é muito grave que Timor não tenha Código Penal apenas por falta de promulgação.
Isto sim é sintomático da falta de noção do que é verdadeiramente importante na solidificação das instituições e de um Estado por parte dos responsaveis máximos de Timor Leste.
O que regula as sociedades é a lei. Como podem querer que exista um país sem lei?!
Prioridade máxima é dar assistência aos refugiados e assistência aos lideres timorenses sobre escala de prioridades a estabelecer para a construção de um Estado.
E a lei é sem duvida fundamental e indispensavel ao bom e regular funcionamento das sociedades e das instituições.
Interessante a questão da promulgação de um Código Peanl por parte do PR... pergunta-se como pode ele promulgar uma lei se não tem acessores juridicos qualificados para o aconselhar?
Quem está em Timor sabe que o Gabinete do PR é fértil em conselheiros do mais medíocre que há!
Nenhum deles consegue explicar ao PR aquela da "sociedade civil" estar preocupada por a difamação ser crime não passam de balelas ao serviço de "interesses".
Nenhum deles lhe consegue explicar que Timor sendo já um país onde o boato é o melhor meio de comunucação social está abrir terreno às "inteligências" mais ferteis para quando alguém desagrada e incomoda é só publicar um escandalozito nos jornais e tá a andar.
Fácil e de baixos custos!
Também nenhum deles foi capaz de dar conhecimento ao PR que a "sociedade civil" de que tanto se falou eram meia duzia de gatos que marcavam presença nos vários locais de debate e os que intervinham eram sempre os mesmos?
Enfim Senhor Presidente a difamação em nada põe em causa a liberdade de imprensa. Bem pelo contrário dignifica-a. E os timorenses poderão assim ter a certeza de que os seus jornalistas não estão ao serviço de interesses mas sim da informação.
Parece-me oportuno dizer:
Fiquem atentos porque a ABC Australiana, agência noticiosa do governo austrliano, desculpem, australiana já tem correspondentes timorenses em Timor.
Só falta mesmo a difamação não ser crime e os dados estão lançados.
Cuidado porque o tiro pode saír pela colatra!
Tendo sido o PR timorense um guerrilheiro duvido que não perceba mais esta manobra de diversão....
Mas que estupidez!
Até um leigo na matéria percebe que se um jornalista não é responsabilizado pelo que publica publica o que quiser!
Mas é preciso ser jurista qualificado para perceber isto?
Só falta agora quererem fazer crer o pessoal de que o Xanana é estúpido!
Se não há Código Penal o que vai acontecer a todos os que nos últimos dias cometeram crimes?
Ficam impunes? Vão em paz para casa até ao próximo contrato?
Timor tem novos magistrados.
Para quê se não tem lei?
Essa da difamação é ridícula!!!!!
Sem comentários!
Se um PR entende que o facto de a difamação ser crime pode ser um atentado à liberdade de imprensa, então começo a perceber melhor o contexto político de Timor e a entender
porque é tão fácil "fabricar crises" e
porque a Austrália sem qualquer despudor ingere nos assuntos internos do País e
porque a espôsa do PR se substitui à figura do Chefe de Estado e se permite às "liberdades" que todos nós conhecemos com a imprensa australiana.
o destino de Timor Leste depende da humildade dos seus actuais líderes em reconhecer a fragilidade dos seus conhecimentos sobre o que é um Estado Soberano.
Mas não está aí em Timor um constitucionalista ao mais alto nivel a acessorar o Xanana?
António Sampaio conta-nos lá esta história do Código Penal e da difamação.
Vá lá António, se não és tu o tal EL que pelos vistos não sai do Hotel Timor, ficamos sem perceber nada.
Maria Natércia, uma juíza que hoje tomou posse, disse à Lusa que a cerimónia ajuda a cimentar e a credibilizar os tribunais timorenses, fortalecendo um dos sectores mais fragilizados do país.
"Estamos prontos para assumir a responsabilidade dos nossos cargos. Estamos aqui para transmitir a imagem de que os tribunais funcionam e de que o povo deve acreditar nos tribunais e na Justiça", afirmou.
Estes jovens querem trabalhar, querem participar na construção de um Estado de Direito é só dar-lhes as ferramentas para que o possam fazer.
As ferramentas, neste caso, é a LEI.
desculpem lá ir ao baú das recordações... mas raios partam se encontro visões estratégicas deste género em quem as deveria ter... procuro procuro mas não encontro. Deve ser das "fontes"... ora leiam se tiverem tempo:
XANANA GUSMÃO POR OCASIÃO DAS CERIMÓNIAS OFICIAIS PARA A
COMEMORAÇÃO DO 28 DE NOVEMBRO Dili
28 de Novembro de 2002
Sua Excelência o Presidente Interino do Parlamento Nacional,
Sua Excelência o Primeiro Ministro,
Distintos Membros do Parlamento Nacional,
Distintos Membros do Governo,
Distinto Vice Representante Especial do Secretário Geral da ONU
Distintos Representantes das Missões Diplomáticas,
Senhoras e Senhores,
Esta é mais uma data para se celebrar a independência de Timor-Leste! A
independência não deveria ser celebrada, a independência deveria ser vivida
nos seus benefícios. E é este o nosso problema maior, depois de mais de duas
décadas de luta e depois de, mais recentemente e como ponto de referência, o
20 de Maio de 2002. O que é que deveria significar a independência?
Não será o conceito de “ou tudo ou nada”, mas temos a certeza deveria significar
alguma coisa. Não “deveria significar alguma coisa”, podemos orgulhar-nos de
termos uma bandeira, um hino e uma Constituição. Podemos afirmar também
que temos um Presidente da República, que temos um Parlamento com 88
membros, muitos dos quais estão sempre a faltar e um Governo com muitos ministros e vice-ministros, porque se diz que há muito trabalho a fazer.
Não “ou tudo ou nada”, podemos dizer que a independência significa, hoje em
dia, um país com muitos problemas, que não são resolvidos com o devido cuidado.
28 de Novembro é uma data da FRETILIN! 20 de Maio é também dia da FRETILIN!
A maioria no Parlamento é da FRETILIN! O Governo é essencialmente da FRETILIN!
A independêncai serviu para se atender aos quadros da FRETILIN! A independência
é para atender também Antigos Combatentes da FRETILIN!
Celebra-se o 28 de Novembro de 2002, com a sensação de mágoa, por causa dos
problemas de Uatu-Lari, com os problemas em Dili, com os problemas de Ualili e
Baucau, com os problemas de Same e Ainaro, com os problemas de Ermera e Liquiçá, com os problemas de Suai Maliana.
Infelizmente, nota-se que, criando problemas, pode-se levar algumas
pessoas a Ministro,e que essas pessoas, depois de serem Ministros, só
sabem aumentar os problemas.
Há poucas semanas atrás, dei posse a mais um Vice-Ministro de
Administração Interna, fazendo o apelo para que aquele Ministério
comece a resolver com vigor os problemas que afectam a establidade
e a segurança do país. O facto é que os problemas têm vindo a acumular-se.
Se a independência é só da FRETILIN, eu não tenho nada a comentar.
Se a independência para todos nós, todos os timorenses, eu aproveito esta
oportunidade para exigir ao Governo a demissão do Ministro da Administração
Interna, o Sr. Rogério Lobato, por incompetência e desleixo.
Conforme a Constituição, Timor-Leste ficou independente em 28 de
Novembro de 1975! Há 27 anos que se é independente – vejam
só! Presto a minha homenagem à FRETILIN!
Porém, para a Comunidade Internacional, ficámos independentes em 20
de Maio de 2002! Eu próprio fiquei sem saber como fazer um
discurso em 28 de Novembro, com tantos problemas que o Governo
tem nas suas mãose, ainda por cima, com duas datas nas minhas mãos!
A justificação de que só há seis meses atrás se recuperou a soberania,
não pode prolongar-se indefinidamente. A questão de que só pertence
a alguns a obrigação ou a legitimidade de gerir Timor-Leste é
reveladora não só de arrogância, como também de ausência de
maturidade política e da total falta de consciência das dificuldades do
país.
O que se nota é que as pessoas se deixam levar, muitas vezes, a assumir
que os quadros do Partido é que merecem ser nomeados para este ou para
aquele lugar!
Perdeu-se a noção dos “interesses nacionais”, perdeu-se a noção dos
“superiores interesses do povo e do país”, perdeu-se a noção da nova
conjuntura do processo, que exige a capacidade para cumprir e
dedicação para servir.
As pessoas ficam deslumbradas com o “poder”, as pessoas ficam
obsecadas por, como quadros do Partido, serem ou terem que
ser os que mandam. As pessoas só sabem exigir que os quadros do
Partido, não importa se são bons técnicos ou não, não importa se
fizeram alguma coisa à luta ou não fizeram nada, mas porque são
quadros do Partido têm que ser eles os “grandes”.
As pessoas começam, erradamente, a medir o número de lugares pelo
número dos quadros do Partido, para que todos se acomodem porque
o partido é grande, e as pessoas ficam insatisfeitas porque nem todos
sobem ou nem todos podem ir para cima. Esta é a doença que arrastou
muitos partidos e muitos países recém-independentes ao desmando,
à ineficiência, à corrupção e à instabilidade política, onde os governantes
vivem bem e o povo na miséria.
Hoje, o Povo vive as maiores dificuldades no seu dia-a-dia, mas
o Partido vive o problema de não poder acomodar todos os seus
quadros, com o perigo ainda de virmos a ter incompetentes
administrando distritos e sub-distritos.
Disto tudo, se nota que muitas pessoas se servem dos partidos e não
servem os seus partidos, e se servem os seus partidos não servem o país.
Hoje, celebra-se o 28 de Novembro e convido a todos a
pensar nos deveres de cada um como cidadão e,
sobretudo para alguns, nos deveres como governantes.
Muita gente ainda não sabe o quanto somos vulneráveis,
depois da independência. Os Partidos políticos vivem a
ilusão da independência, quando estamos, mais do que
nunca, tão dependentes! Dependentes dos favores de
outros, dependentes da grandeza e capacidade de outros,
dependentes da nossa própria fraqueza ... de sermos um
país pobre, pequeno e inexperiente.
Muita gente desconhece que levamos já como país
sub-desenvolvido um estigma, como que um pecado
original: a culpa de sermos pobres, pela qual temos que
“render graças” aos que mais sabem, aos que mais
podem, aos que decidem ... por nós, porque as regras de
jogo já estavam estabelecidas e o 28 de Novembro de
1975 não significou absolutamente nada.
Aqui dentro, aqui em Timor-Leste, iniciámos os primeiros
ensaios de aprendizagem política, tornando-nos mais
vulneráveis ainda, enquanto nação, enquanto povo. E os
que podem vão continuando a tentar ajudar-nos a criar a
sensação de sobrevivência, porque a tentação que existe
hoje, nos timorenses, é a satisfação das recompensas,
haja ou não haja motivos para isso. Perdemos a noção da
Nação, porque nos agarramos ao sentido dos interesses
partidários.
Repito: muita gente desconhece o quanto somos
vulneráveis, depois de 20 de Maio. E se não corrigirmos
as atitudes, se não corrigirmos as irresponsabilidades,
mais vulneráveis nos tornaremos, em cada ano que
passa.
Muitos não têm a noção de que vivemos de esmolas,
outros não têm a noção de que não podemos continuar a
viver de esmolas. Alguns pregam o sentido de realismo,
que eu diria de pactuação porque as leis do jogo não são
nem podem ser nossas, são dos que podem para não
dizer dos que mandam.
Nós os timorenses entretemo-nos, nas nossas politiquices
nos preocupando em saber do nosso papel, como país
independente, e das nossas obrigações, porque só temos
obrigações, como país pobre e sub-desenvolvido.
É lindo celebrarmos a independência, duas vezes por ano.
É triste, contudo, que o nosso povo tenha tantas
lamentações, por cada dificuldade não resolvida.
Apelo ao Governo, aos Partidos sobretudo e ao
Parlamento para considerarem seriamente os problemas
que estão a acumular-se, ameaçando a estabilidade do
País. Obrigado.
- 1:16 AM
Quinta-feira, Novembro 28, 2002
... isto é de Novembro de 2002... caros sapientes podem sempre repetir as leituras mas não há escape... o homem tem estado atento e vigilante... como sempre esteve mesmo em momentos em que se apressaram a condená-lo... a difamá-lo. Antes ou agora.
Ei pessoal, tá na hora de elogiar a Lusa.
Este António Sampaio é jornalista.
Finalmente temos notícias com alma.
Timor-Leste: GNR deve actuar com "autonomia" e "dureza" - José Ramos Horta
Por António Sampaio e Paulo Rego, da Agência Lusa.
Díli, 04 Jun (Lusa) - Os 120 efectivos da GNR desde hoje em Timor-Leste "têm que começar a actuar com autonomia e dureza" em toda a área da capital timorense, Díli, para restabelecer a lei e ordem, afirmou hoje José Ramos-Horta.
O ministro dos Negócios Estrangeiros e Defesa timorense confirmou hoje à agência Lusa que essa será a posição que defenderá num encontro marcado para a manhã de quinta-feira com os diplomatas e responsáveis da Defesa de Portugal, Austrália, Nova Zelândia e Malásia.
O encontro, explicou, definirá a forma e o método como as forças dos quatro países actuarão no terreno, com os efectivos da Austrália, Malásia e Nova Zelândia a funcionarem sob um comando único australiano e a GNR a actuar de forma "autónoma" e reportando directamente ao presidente da República Xanana Gusmão.
A GNR, afirma o governante, deve agir "com dureza, com firmeza e sem restrições em toda a cidade de Díli".
José Ramos-Horta disse "respeitar" a decisão do governo português de colocar a GNR fora do comando australiano da força internacional, afirmando que é essencial chegar a acordo na segunda- feira "sem falta", para que a GNR "possa ser operacional".
"Não poderemos permitir que face a algum impasse diplomático a GNR não opere", disse à agência Lusa.
"Os parceiros internacionais sabem da especialidade, da reputação da GNR e sabem que a GNR pode dar uma enorme contribuição a todos eles e, sobretudo, ao povo de Timor-Leste e à cidade de Díli para se parar com este vandalismo", afirmou.
A necessidade da actuação da GNR com "flexibilidade total" foi vincada hoje pelo governante timorense depois de uma viagem de 90 minutos, ao final da noite, que a reportagem da Lusa acompanhou, a alguns dos pontos mais tensos da cidade.
O governante timorense, guardado por soldados australianos de elite, e viajando num carro "civil", ouviu repetidas queixas sobre a falta de protecção dada pelos 1.300 soldados australianos já na cidade, considerando essa situação "inaceitável".
"É obvio que há uma frustração cada vez maior da parte da população timorense ante a aparente impunidade com que esses grupos continuam a incendiar e perante a aparente inoperância de quem de direito", lamentou.
Apesar de notar algumas melhorias na situação que se vive na capital, José Ramos-Horta afirmou que "continuam a haver incêndios e conflitos", com a população "a queixar-se que continuam a ver forças australianas a não intervirem, com os incidentes a acontecerem debaixo do seu nariz".
"Isso está a causar perplexidade e frustração enorme no seio da população e isso é perigoso, porque a população começa a sentir-se defraudada e não tem confiança nas forças internacionais", sublinhou.
Ramos-Horta recorda que a grande expectativa gerada ante a entrada das tropas australianas "começa a ser defraudada", sentimento que lhe é transmitido tanto em Díli como no interior do país, sendo "essencial lidar com a situação para que não haja uma descrença total e se comece a questionar a presença das forças internacionais aqui".
"Agora a expectativa está toda virada para a GNR. Esperamos que a GNR possa ter total flexibilidade operacional para que possa ser eficaz", afirmou.
O périplo nocturno teve início numa loja na zona da Areia Branca, alvo de um ataque incendiário ao início da noite de hoje. Logo aí Ramos-Horta deu nota da irritação instalada entre populares e partilhada pelo próprio ministro da Defesa e dos Negócios Estrangeiros.
"Os filhos da mãe, lá de cima, atacaram isto", refere, olhando para a montanha, iluminada pelos focos das armas dos soldados australianos que o acompanham.
Em cada paragem repetem-se as queixas da população. Ramos- Horta saltava do português para o inglês e para o tétum, afirmando, à frente da sua própria escolta: "É sempre a mesma coisa. Os australianos não actuam".
Nos locais visitados amontoavam-se deslocados, às centenas, com carências alimentares, sinais da prevalência de algumas doenças e, no caso do antigo complexo do Museu de Díli, hoje sede da instituição cultural Arte Moris, dormindo ao som regular de confrontos e da destruição de casas nos bairros vizinhos.
Ramos-Horta lembra que repetidamente pediu para que carros que circulam durante a noite sejam revistados, o que continua a não acontecer: "Já avisei várias vezes os australianos de que devia haver uma actuação muito mais robusta".
"Disse para revistarem, de alto a baixo, táxis, carrinhas e camiões, sobretudo que levem grupos de jovens", afirmou, "procedendo à detenção de qualquer pessoa que tenha armas consigo".
Sobre a origem e intenção dos ataques, o governante reportou à Lusa as informações de que dispõe: "São grupos organizados e as medidas têm que ser muito drásticas, de mão firme. Isto é puramente criminoso e é inaceitável que certos elementos continuem a fazer isto".
José Ramos-Horta garante que são atingidos alvos "seleccionados", maioritariamente casas e estabelecimentos comerciais "propriedade de populações da zona leste do país", aludindo à acção de elementos "vindos de Ermera e Aileu", a sudoeste da capital.
"E não pode ser só vandalismo. Têm que ter motivação política para destabilizar o país. Se fosse puro vandalismo atacariam qualquer propriedade. Isto são actos criminosos com uma agenda política para destabilizar o país", sublinhou.
Lusa/Fim
Não passa pela cabeça de ninguém pôr em causa o que simboliza Xanana Gusmão.
Mas Xanana Gusmão é um homem.
E os homens não são infalíveis e crescem com os seus próprios erros.
Xanana Gusmão continuará a crescer porque o povo precisa dele.
"Repito: muita gente desconhece o quanto somos
vulneráveis, depois de 20 de Maio. E se não corrigirmos
as atitudes, se não corrigirmos as irresponsabilidades,
mais vulneráveis nos tornaremos, em cada ano que
passa."
Xanana Gismão diz "somos vulneráveis" não se exclui.
E o reconhecimento da sua vulnerabilidade é o primeiro passo para corrigir os erros que comete. Porque os comete mesmo sendo Xanana Gusmão.
E a sua postura é pois bem mais flexivel e inteligente do que os que o rodeiam quando diz "Nós os timorenses entretemo-nos, nas nossas politiquices..."
E se Xanana Gusmão conseguir manter esta lucidez de análise Timor sobrevirá a esta e às "crises" vindouras.
E se Timor não tivesse petróleo não teria tantos amigos preocupados com a forma como Timor é ou não governado.
Mas como tem petróleo a "tentação que existe
hoje, nos timorenses, é a satisfação das recompensas,
haja ou não haja motivos para isso. Perdemos a noção da
Nação....."
Esperemos que os Timorenses resistam à tentação....
Na "Horta" também há camaleões?!
Este senhor dança mesmo conforme a música.
Tenho a certeza que é do signo Gémeos.
Nunca sabemos com qual dos Hortas estamos a falar.
Eu cá estou como diz o PM, "prefiro o Prémio Nobel".
E se o propusessem para o "Óscar" e não para Secretário Geral da ONU?
Grande António Sampaio!
A Lusa parece ter chegado agora a Timor.
Malta, calma lá com as leis o Prioritário é:
EVITAR EPIDEMIAS E A CRIANÇDAS MORREREM AOS MONTES.
SABER COMO VÃO DESCER OS PETICIONÁRIOS E AFINS. Se os peticionários descem á chapada não sei qual a reacção das tropas internacionais, não sei se foram abastecidos de armamento e por quem(?). Os GNR's não servem para isso.
O IMPORTANTE ERA QUE DESCECEM COMO CORDEIRINHOS PARA UM QUARTEL PARA LHES SEREM DISTRIBUIDOS FOLHETOS DE VOTOS PARA 2007
Isto penso eu ser o prioritário.
Até já!
So não se percebe esta afirmação:
"Forças estrangeiras contribuem para melhorar situação - Ramos Horta."
31-05-2006 17:58:00. Fonte LUSA. Notícia SIR-8040063
Ou será que Ramos Horta ainda não tinha saído à rua?
1 - Sou Gémeos e não sou camaleão!... Ser Gémeos é ter dois corações para amar a dobrar... :-)
2 - E se a gente enfiasse com mais 120 GNRs no avião que está para partir? Ou, pelo menos, 19 viaturas x 5 passageiros em cada uma = 95!... Já dava para "compor o ramalhete"...
O que se passa com os malaios (diferente de "malais")? Nunca se ouve falar deles! Não enviaram um grupo grande de "polícia de choque"? Ou estão armados em "flores de estufa" como os australianos? Da esplanada do City não se vê nenhum, "Malai azul"?
Pessoal, os 120 GNRs que estão em Dili vão chegar e sobrar para as encomendas. Esperemos por amanhã, altura em que eles devem começar a entrar em acção (após a famosa reunião de coordenação e divisão de responsabilidades),e vão o choques (tipo guarda-fato) a partirem a cabeça a três ou quatro chefes de grupos de artes marciais que vão ter que pôr a cabeça a jeito para não darem parte de fracos perante os seus correlegionários, e depois os choques mais os PNTL a controlarem a noite como se houvesse recolher obrigatório. A partir daí «os heróis» vão rapidamente «acalmar» até nova oportunidade de confusão (que há-de forçosamente surgir), em que eles vão de novo tentar levantar garimpa e levar com mais umas valentes cacetadas em cima (à mistura com uns palavrões em português de caserna) e vão outras encolher-se mais. E isto não é publicidade, perdão, isto não é «wishful thinking» como dizem aí os anglófilos, é que o caso é político de depois de ordem publica (pelos menos até este momento e no fundamental), o resto é questão política e pode naturalmente degenerar em questão militar violenta, se não houver sensatez e tacto (com excepção do caso do Reinado, que precisava de levar mesmo na tromba, porque pelo que parece o gajo nem sequer faz parte dos tais 600, mas que não acredito que os tenha no sítio para se opôr a qualquer ameaça séria de confronto), e é para isso que estão lá os militares do exército (australianos, neozelandeses e malaios), para eventuais situações com os militares, não para tratar de questões de ordem pública urbana para as quais não estão preparados(aliás veja-se a inteligência estratégica dos americanos no Iraque). É por isso que o pessoal exulta com os GNRs (o tal saber de experiência feito, que neste caso joga para os dois lados, timorenses e gnrs, ambos já sabem e o que os espera e como devem agir). Total confiança na competência técnica da GNR para gerir tumultos urbanos, desde que não passe disso (e aparentemente não me parece que haja neste momentos razões para que possa passar). O Salcedo parece ser boa pessoa (tendo em conta areportagem do Dentinho na RTP), o Reinado é que parece ser um palhaço, e é capaz de ser uma das chaves para perceber alguns dos aspectos mais sinistros que possam estar por detrás disto (que os outros aspectos relacionados com imaturidade de gestão, etc., parece-me que não carecem de explicação). Agradecem-se esclarecimentos em caso de desacordo bem fundamentado.
Atenção, segundo esta notícia da Lusa, o problema do Comando ainda não deve estar esclarecido!
"Por António Sampaio e Paulo Rego, da Agência Lusa.
Díli, 04 Jun (Lusa) - Os 120 efectivos da GNR desde hoje em Timor-Leste "têm que começar a actuar com autonomia e dureza" em toda a área da capital timorense, Díli, para restabelecer a lei e ordem, afirmou hoje José Ramos-Horta.
O ministro dos Negócios Estrangeiros e Defesa timorense confirmou hoje à agência Lusa que essa será a posição que defenderá num encontro marcado para a manhã de quinta-feira com os diplomatas e responsáveis da Defesa de Portugal, Austrália, Nova Zelândia e Malásia.
O encontro, explicou, definirá a forma e o método como as forças dos quatro países actuarão no terreno, com os efectivos da Austrália, Malásia e Nova Zelândia a funcionarem sob um comando único australiano e a GNR a actuar de forma "autónoma" e reportando directamente ao presidente da República Xanana Gusmão.
A GNR, afirma o governante, deve agir "com dureza, com firmeza e sem restrições em toda a cidade de Díli".
José Ramos-Horta disse "respeitar" a decisão do governo português de colocar a GNR fora do comando australiano da força internacional, afirmando que é essencial chegar a acordo na segunda- feira "sem falta", para que a GNR "possa ser operacional".
Se "respeita" e se têm de chegar a acordo é porque não está definido entre os pares... Por outro lado, Ramos Horta continua a queixar-se da inoperancia das tropas australianas!
TIMOR: os golpistas não passarão!
Viva Timor Lorosae! Força Mário Alkatiri! Não desistas nunca!
Um abraço solidário
INSIDE PCIJ: Stories behind our stories
A Filipina caught in the East Timor violence
June 1, 2006 at 4:00 pm · Posted by Alecks Pabico
Filed under In the News
EAST Timor (Timor-Leste to East Timorese) has again plunged into
violence as a week of bloodshed has already claimed at least 27 lives
while 70,000 people have reportedly sought refuge in churches,
embassies, United Nations shelters, the airport, and seaport around
the smoldering capital of Dili.
The latest round of violence brings to mind the orgy of violence
perpetrated by militias identified with the Indonesian military that
preceded East Timor's declaration of independence from Indonesia in
2002 following a U.N.-supported referendum three years earlier.
Sparked by the firing of 600 disgruntled soldiers from the
1,400-strong East Timorese army last March, the unrest started with
deadly riots staged last month by the dismissed troops, who are
threatening to wage a guerrilla war if they are not reinstated.
On Tuesday, Associated Press reporter Anthony Deutsch said they
attacked army soldiers, triggering the latest violence that has now
spilled over to the general population, which is divided into
pro-Indonesian and pro-independence camps. The AP report said that
East Timor, one of the world's youngest nations, is in danger of
plunging into a civil war.
Caught in the center of the storm is a Filipina, Jacqueline Siapno,
who works as a lecturer in political science at the University of
Melbourne. She moved to East Timor in 1999 and is now married to an
East Timorese, who happens to be a prominent opposition leader. East
Timor Prime Minister Mari Alkatiri has called the violence a plot to
overthrow him and accused the opposition, including Siapno's husband
Fernando de Araujo and her, of fomenting the unrest.
Below is her story:
We had a house in Dili
A few days ago my husband, Fernando de Araujo - leader of the Democrat
Party (PD) in Timor-Leste - and I, learned from a friend that our
family home in Dili had been burned to the ground. A group of men had
visited our house three times previously in the days beforehand, on
two occasions issuing threats, and on the third smashing everything
inside the house. On their final visit they fired shots at our friends
who had been guarding it for us, forcing them to flee, and then set
our home alight.
Obviously in the violence that has taken place in the past few days in
Dili this fate, and worse, has befallen many other East Timorese
families. Some people have commented to me that it is 'just a house',
which can be rebuilt and that at least we are not dead. It is true
that we can, and will, build another house. But I want to place the
destruction of our home in some context, both political and personal.
Leaders within the East Timorese government, the F-FDTL
(Falintil-Armed Forces of Timor Leste) and many media sources have
characterised this violence as the random acts of the 'irrational' and
'emotional' 'masses' acting without reason, and without direction.
This is simply not true. Many of the arson attacks witnessed in Dili
in the past few days have been ordered by government figures and
military commanders, carried out systematically by hiring civilians to
disguise the real criminals behind the acts.
The targeted nature of many of these arsons is reflected in the high
profile names of many of the victims: the families of Minister for
Internal Affairs (including police) Rogerio Lobato; Commander of the
PNTL (National Police of East Timor) Paulo Martins; and PNTL Deputy
Commander Ismail Babo have all suffered attacks on their homes.
Attributing the violence to anonymous masses is a means of avoiding
accountability by those responsible. Unidentified masses cannot be
taken to the International Criminal Court. Individuals, however, can,
and those individuals who must face justice over these attacks are the
Prime Minister Mari Alkatiri himself and leaders within the F-FDTL.
Entrusted with the responsibility for security, the government and
F-FDTL have violated this trust by arming civilians and terrorising
the communities they supposed to be protecting.
Unwilling to take responsibility for the current situation in
Timor-Leste, the Prime Minister Mari Alkatiri (The Age, May 15,
'Lecturer "sexed up" East Timor violence') and Foreign Minister Jose
Ramos Horta, (who later retracted when he visited Suai), have accused
my husband and I of 'instigating unrest'. This is a disgraceful
fabrication. I am a scholar. I spend every day of my life trying to
get people to think and reflect, discuss and analyse, in order to
understand and resolve, not create conflict. What I have called for is
a proper investigation into the killings at Taci Tolu on 28 April. The
government said only five people were killed. Numerous reports from
eyewitnesses have said the number was far higher. All I have demanded
is transparency and accountability.
Some commentators have falsely implied that Fernando is supporting
violent means. He is not. Whilst serving seven years in Cipinang
prison, Fernando de Araujo was classified by Amnesty International as
a prisoner of conscience. To attain this status, one must never have
advocated violence as a political weapon. Far from advocating
violence, Fernando supports the petitioners as victims of state
violence. It needs to be remembered that the original 591 petitioners
left their posts unarmed. They were hunted by F-FDTL soldiers, and
only later, after an unknown number of petitioners had been killed,
did members of the Rapid Response Unit (UIR) police and Military
Police (PM) leave their barracks with weapons to defend them. What
Fernando and the leaders of other political parties share in common
with the petitioners is that they have all been marginalised and
disempowered by the current government through the use of violence and
intimidation.
Our lives have been in serious danger since 1 pm, on April 28. This is
not just a conflict between the F-FDTL (army) and PNTL (police), or
between easterners and westerners- it is about a government that has
thoroughly discredited itself through its actions lashing out and
looking for scapegoats. Our house was destroyed as part of a concerted
attempt by the government to eliminate political opposition prior to
the 2007 elections.
The house Fernando and I built with help from so many people was a
small but special place for many reasons. When Fernando was released
from prison in 1998 he had nowhere to go and felt like he wanted to go
back to Cipinang. With material and moral support from many Timorese
and foreign friends, we struggled to create a warm and welcoming space
that brought lots of different people together from all over
Timor-Leste and also overseas. Students, scholars, NGO workers,
politicians (not only from PD), Falintil veterans visited and stayed
at our home which was also my son's playgroup. The bricks and mortar
can obviously be replaced but the attack was against more than that.
It was also an assault on our rights to free and democratic political
participation, and to feel secure in Timor-Leste as part of a
pluralist political landscape.
The flood of kind offers to help us rebuild our home and our lives in
Timor-Leste, gives us much strength and proves that this violence will
fail to achieve its aims.
Enviar um comentário