Por Paulo Rego, da Agência Lusa Díli, 5 Jun (Lusa) - Díli amanheceu hoje com novos confrontos entre ban dos rivais em vários pontos da cidade, causando pelo menos um ferido grave e rei nstalando o medo entre os populares, que procuram refúgio junto de instituições religiosas e centros comunitários.
Os momentos de maior tensão viveram-se no mercado de Comoro, junto ao e difício do Comité Central da Fretilin, e nos bairros de Becora e Bebonuk.
Na noite de domingo, cerca das 22:00 horas locais (14:00 horas em Lisbo a), houve disparos de pistola no bairro de Bebonuk e um grupo de residentes pedi u ajuda às irmãs carmelitas, do infantário Anjos da Caridade.
A irmã Arlyne, responsável pelo infantário, chamou a polícia malaia, qu e se encontrava a guardar a embaixada do seu país, localizada numa zona próxima do local dos confrontos.
Após revista a algumas casas, apontadas a dedo por populares, foram enc ontradas três armas de fogo e várias catanas e manchetes, mas não houve detençõe s.
"Pedi-lhes que nos acompanhassem ao hospital, mas negaram, alegando ter em ordens apenas para proteger a zona", queixou-se a madre Arlyne em declarações à agência Lusa.
"Pedi então ajuda à Cruz Vermelha que me aconselhou a esperar pela manh ã e só nessa altura conduzir o ferido ao hospital. Mas a vida humana está acima de tudo e, por isso, eu e mais duas irmãs decidimos correr o risco, às duas da m anhã, e transportámos o ferido ao hospital", explicou.
Hoje de manhã os confrontos voltaram ao bairro de Bebonuk, novamente "a o som de tiros", testemunhou a madre Arlyne.
Visivelmente assustada, quando a reportagem da Lusa chegou ao local, a madre Arlyne chamou desta vez os militares australianos, que em cinco minutos ac orreram ao local com um grupo de cinco soldados, fortemente armados, um deles ex pressando-se fluentemente em português.
Os militares australianos retiveram um jovem na posse de uma catana e d uas facas de grandes dimensões. Serenamente explicaram-lhe que deviam todos regressar a casa e evitar c onflitos.
"Deixem-nos fazer o nosso trabalho e vão para casa. Não quero voltar a ver-nos na rua com catanas na mão", ameaçou o oficial que comandava o grupo aust raliano, que dez minutos depois abandonava o local, deixando à madre Arlyne indi cações para que os contactasse em caso de necessidade.
Marco voltou a pegar na sua catana e foi juntar-se a um grupo de cerca de 40 jovens, que o esperava a cerca de 50 metros. A maioria deles ostentava catanas e machetes, instrumentos que no dia-a -dia usam para capinar, mas que em Timor-Leste rapidamente se transformaram em a rmas brancas nos confrontos entre bandos de bairros rivais.
Em declarações à agência Lusa, Marco, 21 anos, garantiu: "Digam o que d isserem os australianos, não vou abandonar os meus amigos nem vou deixar de defe nder o meu bairro. Estamos a ser atacados todos os dias por gente que vem de Bau cau. Queimam as nossas casas e ainda não percebemos porquê, mas vamos defender a s nossas coisas".
A família de Marco fugiu para Los Palos, na ponta leste do país, a exem plo de grande parte dos residentes de Bebonuk.
O bairro é visivelmente pobre, constituído por fileiras de casas de pal ha ou tijolo tosco, maioritariamente habitado por migrantes que vieram de várias zonas do interior do país, ainda durante a ocupação indonésia.
Os seus residentes não sabem pescar e, por isso, dedicam-se sobretudo a recolher pedras e areia junto a uma ribeira nas proximidades.
Segundo a madre Arlyne, muitos deles vivem com menos de 1 euro por dia.
Questionado sobre a propagada rivalidade entre 'loromunus' (zona ociden tal do país) e 'lorosais' (zona oriental), Marco desmentiu essa motivação.
"Nada disso faz sentido e nem percebo essa questão. Aqui vivem loromunu s e lorosais e nós só queremos proteger o nosso bairro", garantiu Marco, que se diz lorosae, abraça-se a um amigo que, a seu lado, explica ser loromunu, nascido em Aileu, centro do país.
Momentos antes, soldados australianos, em grande número, intervieram no utra rixa entre grupos rivais no mercado de Comoro, numa das principais avenidas da cidade.
Atitude, essa, que marcou hoje a diferença em relação à passividade com que os australianos têm nos últimos dias assistido a estas rixas na capital de Timor-Leste.
De um lado e do outro da estrada, jovens empunhando pedras, fisgas e ca tanas, alguns deles de cara tapada, ameaçavam-se mutuamente. Os soldados australianos isolaram a estrada e perseguiram os dois grupo s em fuga, criando um cordão militar que impediu o confronto.
Do lado do mercado de Comoro, que se mantém fechado e onde são visíveis sinais de confrontos e destruição, Jacinto assumiu-se como lorosae e queixou-se dos ataques que sofrem por parte de "residentes de Baucau".
Garante que estavam todos "apenas a guardar as suas casas quando foram atacados".
Do outro lado da estrada, escondidos atrás do casario que se prolonga p or picadas interiores, José explicou à Lusa os motivos da rixa.
segunda-feira, junho 05, 2006
Confrontos em Díli, australianos "reforçam" intervenção
Por Malai Azul 2 à(s) 15:50
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
8 comentários:
A Nova Zelândia parece que ofereceu à RRTL os direitos de transmissão dos jogos do Mundial. haverá tréguas?
Estes australianos são uns pandegos! Ora vejam esta notícia da LUSA: "Timor-Leste:Austrália quer mais militares e polícias de países da Ásia"
Pelos vistos eles é que dizem o que querem em Timor Leste! Os órgãos de soberania do país são meras "excrecências" sem voto na matéria...
Uns bacanos, estes tipos!...
Mas para me fazer rir prefiro ler as aventuras do Astérix, Obélix e companhia!...
Fora os militares e policias australianos que excedem o que foi pedido e que vieram sem que nada fosse dito aos timorenses.
Até que enfim alguém pergunta aos interessados (população) o que pensam. E é claro, não esperavamos outra coisa. Nada sabem sobre essa balela inventada dos lorosae e loromonu.
Ainda não percebi porque quando foi o avião com o pessoal da GNR, não foi ao mesmo tempo o avião com o material! Deve haver uma explicação, mas na minha ignorância de questões operacionais ainda não consegui perceber (ratando-se de uma intervenção de urgência), e se alguém souber gostava que me explicassem (ou será que ainda estão à espera da definição das competências e outras tretas?)
Bom, que tudo isto não passa de uma conspiração de caracter politico, já todos percebemos... mas alguem me explica quais as fações?
Será que Portugal está à espera que os Timorenses mostrem quem manda no país, e como se exerce a soberania e independência nacionais, e não deixem que quem quer que seja que veio de fora, lhes queira dar ordens em termos de gestão do país? Podemos estar atravessar um momento chave neste capítulo, os súbitos pedidos da Austrália a intervenção de terceiros (ONU, mais país asiáticos, quando me parece que quem deve fazer esses pedidos deve ser o Estado independende de Timor-Leste e os seus orgão de soberania, e não nenhum «padrinho» paternalista - pois, esta do padrinho até parece qu estamos a falar do filme e da máfia, neste caso estatal internacional), mas, dizia eu, a mudança de estratégia da Austrália agora parece ser a do «dividir para reinar», ou os métodos «indirectos» de dominação, já que não os estão deixar tomar conta sózinhõs da situação a seu bel-prazer. Senhores líderes timorenses está na altura de porem os pontos nos iis, e o Freitas parece que está disposta a ajudar batendo o pé às pretensões dos australianos. Não embarquem em jogadas dilatórias que dêem para manter a confusão e justificar que vos passem um atestado de menoridade. Organizem essa gaita e rapidamente. Esses gajos de ERmera amanhã a fazerem uma manif com 1000 em Dili também devem estar é a gozar, ou então estão a fazer o jogo não sei de quem (para além do deles). Senhores timorenses, neste momento todos os gestos que vocês fizerem têm sempre dois sentidos, o directo, o vosso, e o de ser passível de ser aproveitado por alguém. Conclusão: máxima serenidade e lucidez, tendo como norte o futuro de todo o Timor Leste soberano, próspero e independente (e isto contempla os designios espirituais mais profundos e máxima moralidade)
Confesso que ja naocomprendo nada!
"Em declarações à agência Lusa, Marco, 21 anos, garantiu: "Digam o que disserem os australianos, não vou abandonar os meus amigos nem vou deixar de defender o meu bairro. Estamos a ser atacados todos os dias por GENTE QUE VEM DE BAUCAU. Queimam as nossas casas e ainda não percebemos porquê, mas vamos defender as nossas coisas".
A família de Marco fugiu para Los Palos, na ponta leste do país, a exemplo de grande parte dos residentes de Bebonuk."
"Jacinto assumiu-se como lorosae e queixou-se dos ataques que sofrem por parte de "residentes de Baucau"."
Mas BAUCAU e a zona do pais donde a maior parte dos restantes efectivos das F-FDTL leais ao governo provem. Afinal o que se passa aqui?
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