quarta-feira, maio 07, 2008

Fretilin e ASDT assinam plataforma política e defendem legislativas antecipadas

Díli, 07 Mai (Lusa) - A Fretilin e a Associação Social Democrática Timorense (ASDT) assinaram hoje em Díli uma plataforma política em que defendem um “governo de grande inclusão” e eleições legislativas antecipadas.

A “plataforma política da aliança estratégica ASDT/Fretilin” foi criada hoje numa declaração assinada perante a comunicação social pelos presidentes das duas formações partidárias, Francisco Xavier do Amaral (ASDT) e Francisco Guterres “Lu-Olo” (Fretilin).

Na assinatura de criação da plataforma política estiveram igualmente presentes os secretaria-geral da ASDT, Francisco Gomes, e da Fretilin, Mari Alkatiri.



PRM

Lusa/fim

2 comentários:

Anónimo disse...

Xanana Gusmão perde um aliado a favor da Fretilin

Público, 07.05.2008

A situação política em Timor-Leste registou esta semana uma evolução no sentido de se tornarem mais prováveis eleições antecipadas no decurso do próximo ano, pois um dos partidos da Aliança para a Maioria Parlamentar (AMP), a Associação Social Democrata Timorense (ASDT), de Francisco Xavier do Amaral, assinou um acordo político com a Fretilin, na oposição. As legislativas de 30 de Junho do ano passado concederam ao conjunto formado pela ASDT, o Partido Social Democrata (PSD), o Conselho Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) e o Partido Democrático (PD) um total de votos que lhes permitiu reivindicarem maioria absoluta no Parlamento, relegando a Fretilin para as fileiras da oposição. Mas agora começa a entender-se que a AMP, liderada pelo ex-Presidente Xanana Gusmão, não estará a revelar--se uma alternativa sustentável, com vozes crescentes a defenderem uma nova ida às urnas, em 2009.
O acordo com a Fretilin "é para fa-
zer uma coligação se as condições nacionais o exigirem e o permitirem", elucidou Francisco Xavier do Amaral, de 71 anos, que chegou a ser designado Presidente da República aquando da primeira proclamação da independência timorense, em 28 de Novembro de 1975. "Não admitimos que haja ministros a andar de avião pelo mundo, a gozar lá fora, enquanto o povo está a morrer à fome cá dentro", disse à Lusa o velho político, que não gostou de ter visto "quase 60 pessoas" na comitiva que na semana passada foi à Indonésia com Xanana; incluindo nove ministros. O actual Governo tomou posse a 8 de Agosto de 2007.

Anónimo disse...

Transcrição por não estar online:

A calma que se vive em Timor é aparente e deve ser aproveitado o actual momento de tréguas para se iniciar o diálogo

Vamos para Ataúro

Público, 7/05/08
Por Loro Horta

Depois da rendição de Gastão Salsinha e do seu grupo, uma certa atmosfera de optimismo e alívio caiu sobre Timor-Leste.

Se dúvida que o culminar pacífico das operações na sequência dos atentados de 11 Fevereiro é de saudar e pode abrir uma nova etapa na vida política timorense. Mas os problemas persistem e podem levar a uma nova onda de instabilidade e desunião política.

A calma que se vive em Timor é aparente e deve ser aproveitado o actual momento de tréguas para se iniciar um diálogo honesto. Infelizmente não há muito tempo e os sinais de tensão já começam a surgir.

A rivalidade entre Xanana Gusmão e Mari Alkatiri e a sua poderosa Fretilin continua por resolver e encontra-se neste momento numa fase dormente devido ao choque de 11 de Fevereiro. Este período de tréguas irá acabar muito rapidamente se não forem tomadas iniciativas urgentes para continuar o diálogo entre os vários senhores da guerra da ilha do sândalo.

Não deixa de ser sintomático que Mari Alkatiri, logo após a tentativa de assassinato contra Ramos Horta, irresponsavelmente tenha dado a entender que Xanana fez uso do que em Díli já começa a ser visto como o seu exército privado, a recém-criada task force, para deter certos membros da Fretilin pretensamente suspeitos de envolvimento no atentado de 11 de Fevereiro.

O ódio pessoal que existe entre Xanana e a Fretilin continua a ser um perigo para Timor-Leste e, enquanto não for resolvido, continuará a afectar a polícia e as forças armadas.

É imperativo que se inicie um diálogo urgente entre a Fretilin, Xanana, a Igreja Católica e as mais importantes forças políticas timorenses, como o PD, a ASDT e o PSD. Este diálogo deve ter como objectivo promover a criação de um pacto de estabilidade nacional onde certos princípios de conduta política sejam acordados por todas as partes envolvidas. Um governo de grande inclusão devia ser seriamente considerado, pois nem a Fretilin nem Xanana têm legitimidade suficiente para governar sozinhos.

Independentemente de quem ganhe as previstas eleições antecipadas, é pouco provável que uma só força consiga sobreviver sozinha. Xanana e a Fretilin têm de estar no mesmo governo porque, estando um de fora, haverá sempre a tendência para minar o outro. Com este objectivo, o general Taur Matan Ruak teria sugerido (1) um retiro na ilha de Ataúro de todas as personalidades influentes do país, para uma conversa franca e aberta em que tudo seja posto em cima da mesa. Muitos dos desentendimentos dos senhores da guerra de Timor são eventualmente resultado de questões pessoais e mesquinhas, que nada têm a ver com o interesse nacional. Porque é que Xanana odeia tanto a Fretilin? Será porque, quando estava no mato, era um indisciplinado e foi várias vezes castigado por comandantes das Falintil, que eram do Comité Central da Fretilin? Por que é que o primeiro-ministro Xanana Gusmão tem aparentemente tanto ódio a Rogério Lobato e cria a percepção de, através dos seus associados, tentar sabotar um indulto presidencial? Xanana foi capaz de receber aquele que é tido como um grande criminoso, Hércules, no meio de grandes abraços e espalhafato, mas não é capaz de perdoar a Lobato. Será que o prestigiado nome Lobato lhe faz sombra? A Igreja Católica, que prega o perdão, tem feito campanha contra o indulto e nada diz sobre a família de Rogério Lobato, incluindo crianças e mulheres queimadas vivas em 2006, por indivíduos ligados a facções supostamente apoiantes de Xanana, que já foram claramente identificados. São estas e outras questões que os líderes de Timor têm de abordar de forma aberta. Chega de golpes pelas costas, vamos abrir o jogo, vamos pôr os nossos medos. complexos e dúvidas cara a cara, como fizemos durante os 24 anos de luta para libertá-lo.

Vamos para Ataúro, onde Alkatiri poderá perguntar a Xanana o que é que ele sabe, sobre o que parecia ser um plano para raptar a família directa de Alkatiri, em plena crise de 2006.

Vamos para Ataúro, onde o general Ruak, outros veteranos da luta armada e Xanana podem deixar para trás eventuais desavenças e esclarecer desentendimentos do tempo da guerra.

Em Ataúro, os bispos podem esclarecer os seus medos e ódios à Fretilin e o seu escandaloso envolvimento em política, que contraria a sua própria doutrina de neutralidade.

Vamos para Ataúro para uma catarse nacional antes que seja tarde.

Timor-Leste tem uma liderança com muitas qualidades. Quantos países têm alguém com o prestígio e a rede internacional de Ramos Horta? Quantos têm um líder com a capacidade de Xanana de conduzir e entender a psicologia do povo timorense? Quem em Timor-Leste tem a capacidade e competência administrativa de Mari Alkatiri? Os bispos têm o respeito e a admiração do povo e a igreja, se o quiser, será sempre um elo forte de unidade nacional. Unidas as forças acima mencionadas trariam estabilidade e paz a um país tão rico como é Timor-Leste. É necessário humildade e perdão entre os timorenses. Todos cometeram erros. Vamos aceitar os nossos erros e discutir frente a frente. Aceitemos o desafio do general Matan Ruak, um dos poucos que se têm comportado com honra nesta tragédia, e vamos para Ataúro. Que se demore o tempo que for preciso, mas que se ponham as coisas frente a frente duma vez por todas.

Países como Portugal e a Austrália deveriam coordenar esforços para promover tal diálogo e a possível assinatura de um pacto de estabilidade nacional antes das eleições. Mas, no final, cabe aos líderes timorenses unir o seu país.

(1)Quando do diálogo de alto nível que teve lugar no Hotel Timor, na presença do corpo diplomático acreditado em Timor-Leste, mas na ausência de Mari Alkatiri.

Investigador na S. Rajaratnam School of International Studies da Nanyang Technological University de Singapura

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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