sexta-feira, maio 16, 2008

Díli, 15 Mai (Lusa) - A União Nacional Democrática da Resistência Timorense (Undertim), do ex-comandante da guerrilha Cornélio Gama "L7", entrou formalmente na Aliança para Maioria Parlamentar (AMP), que sustenta o Governo de Timor-Leste.

"Nós aqui em Timor tivemos alguns problemas e precisamos de unir-nos para a paz na pátria", explicou hoje Cornélio Gama à Agência Lusa sobre as razões da sua adesão à AMP.

"Assinámos um compromisso e agora estamos à espera do visto do primeiro-ministro, Xanana Gusmão", acrescentou Cornélio Gama.

A entrada da Undertim para a AMP foi selada terça-feira passada num encontro das direcções dos partidos que integram a aliança no poder, realizado em casa de Fernando "La Sama" de Araújo, presidente do Parlamento e líder do Partido Democrático (PD).

A AMP, criada na sequência das eleições legislativas de 30 de Junho de 2007, ganhas pela Fretilin sem maioria absoluta, integrava até agora o Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), a coligação entre a Associação Social Democrática Timorense e o Partido Social Democrata (ASDT/PSD) e o PD.

Com a entrada da Undertim, que elegeu dois deputados, a AMP passa a ter uma base de apoio de 39 das 65 cadeiras do Parlamento Nacional, se os cinco deputados da ASDT se mantiverem fiéis à aliança liderada pelo primeiro-ministro, Xanana Gusmão.

O presidente e o secretário-geral da ASDT assinaram há duas semanas em Díli uma plataforma política com a Fretilin, o maior partido da oposição, mas até agora a bancada da ASDT não manifestou apoio ao novo compromisso do seu partido.

Antigo comandante das Falintil, Cornélio Gama, conhecido como ccomandante "L7", vive em Laga, 140 quilómetros a leste de Díli, onde se instalou com a Sagrada Família, um grupo religioso que surgiu em 1989 e que integra igualmente outros antigos guerrilheiros da resistência timorense.

Após a saída dos militares indonésios, em 1999, Cornélio Gama, que se encontrava no acantonamento de Aileu, admitiu não entregar o armamento de que dispunha, o que fez com que as Falintil lhe tivessem retirado as armas durante uma operação militar.

Desde então, passou a dedicar-se ao grupo Sagrada Família em Laga, onde a Undertim surgiu como força eleitoral em Fevereiro de 2007, primeiro no lançamento da candidatura presidencial de José Ramos-Horta e depois com uma lista própria nas legislativas.

"Eu não tenho armas. Tinha 50 mas assaltaram-me em 2000 em Aileu, e por isso, fiquei chateado. Não tenho nem sequer pistola, só espada. Mas agora não quero nada. A guerra já acabou e é preciso deixar o gatilho, é preciso pegar na enxada. O gatilho é crime", disse Cornélio Gama à Lusa durante a campanha de José Ramos-Horta.

"A Sagrada Família é um povo, uma só família, de Lospalos até à fronteira. Respeitamos uma só ideia, uma só língua, um só pensamento. Não matar nem bater uns nos outros e não fazer mal uns aos outros", explicou Cornélio Gama, que acrescentou que formou o movimento Undertim para poder intervir na vida política timorense.

"Como nós não queremos cometer erros contra o nosso Estado eu formei um partido, com veteranos e 600 pessoas em todo o país", explicou o ex-comandante.

Cornélio Gama tem 59 anos. Foi várias vezes ferido em combate e acredita que foi o respeito pelo catolicismo e pelos valores tradicionais timorenses o que o salvou das balas do exército indonésio durante os 24 anos de ocupação.

"Muitas balas entraram no corpo mas não mataram. Por todo o corpo, e não mataram porque respeitei os valores sagrados de Timor e as orações. O Pai Nosso três vezes, a Avé Maria três vezes, e o Salvé Rainha três vezes, e basta. Depois, é preciso pôr nove velas no bolso da direita. É preciso fazer todas as orações, todos os dias".

Cornélio Gama "L7" é o líder da bancada parlamentar da Undertim.

PRM/PSP.
Lusa/fim

1 comentário:

Anónimo disse...

Amigo Cornelio Gama, todos nos queremos Paz para a nossa querida patria, mas o veneno na AMP e o CNRT do Xanana com todos e todas as oportunistas que Timor ja viu em todos estes anos de resistencia. me,mbros da AMP, estejam alertas com essa manada de abutres e lobos que fazem parte do CNRT.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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